Editorial do Vermelho
O filme que o mundo assiste na Líbia pós Kadafi e pró-Otan não é novo e pode ter um final trágico para o povo líbio. Ele já foi visto, por exemplo, nas últimas décadas da história afegã.
A intervenção dos EUA no Afeganistão desde meados da década de 1970, quando o país derrubou a monarquia e iniciou um regime laico e progressista, fortaleceu os mujahidin (“guerreiros de Deus”, que os americanos chamavam, então de “combatentes da liberdade”) e abriu uma guerra civil contra o governo afegão que indicava a intenção de iniciar a transição ao socialismo, com apoio soviético.
Intervenção estrangeira e pró-fundamentalista que se concluiu, em 1996, com a proclamação da “República Islâmica do Afeganistão”, com base da sharia, a severa lei islâmica, e dirigida pelo grupo fundamentalista Taleban, formado pelo extremismo estudantil (taleban, em pachto, significa “estudante”) que os EUA e o Ocidente haviam fortalecido na luta contra o comunismo e a república democrática e laica do Afeganistão. Esta é a raiz da instabilidade atual agravada pela agressão militar por tropas dos EUA (desde 2001) que alimenta um conflito sangrento que parece interminável .
Há um forte paralelo entre aqueles acontecimentos e a situação a que a Líbia foi reduzida após a interferência militar agressiva e ilegal dos EUA e da Otan, com bombardeios aéreos contra cidades líbias e apoio descarado a milícias anti-Kadafi.
Um forte sinal do desenrolar de um roteiro semelhante ao afegão no cenário líbio foi dado dia 12 por Mustafa Abdel Jalil, líder interino do chamado Conselho Nacional de Transição. Ele foi claro: a Líbia patrocinada pela Otan e pelos EUA deixará de ser um estado laico e passará a ser regida pela sharia. "Somos uma nação muçulmana, a favor de um islamismo moderado, e nos manteremos neste caminho", que será “a principal fonte de legislação”, disse. Intenção confirmada por outro dirigente da Líbia que emerge dos ataques dos EUA e da Otan, o xeque Abdel Ghani Abu Ghrass, para quem é "preciso destacar o caráter islâmico do novo Estado líbio" que será governado de acordo com a sharia.
O conflito na Líbia ainda não terminou, embora o apoio à situação de fato tenha sido ampliado com a decisão do governo chinês de reconhecer o Conselho Nacional de Transição (CNT) como novo governo do país. A China era o único membro permanente do Conselho de Segurança da ONU que não havia tomado essa decisão.
A instabilidade está escrita no horizonte, seja pela determinação de Muamar Kadafi e seus apoiadores de não desistirem e continuarem a luta contra os novos colonizadores, seja pela própria divisão entre os que se arrogam ao domínio do país mas, presos a divisões tribais que permanecem, não se entendem sobre o futuro.
O CNT, que fala em formar um governo de transição dentro de uma semana, mesmo havendo ainda inúmeros pontos de resistência, promete uma normalidade constitucional para 20 meses – quase dois anos! – depois que a Líbia for considerada “livre”.
Outro sinal da divisão e da intolerância são as denúncias que começam a surgir, chanceladas pela Anistia Internacional, da prática de tortura, espancamentos de adversários, perseguições políticas, assassinatos e crimes de guerra cometidos pelas tropas do CNT – justamente aquelas que foram apoiadas pelos EUA e Otan a pretexto de massacres semelhantes que teriam sido praticados pelas tropas de Kadafi.
Estes crimes são movidos inclusive pelo racismo e incluem o linchamento de combatentes negros suspeitos de lutarem ao lado das tropas de Kadafi.
A agressiva hipocrisia militarista dos EUA e da Otan prometeram ao mundo uma Líbia “democrática” mas o resultado de sua agressão e do apoio armado, logístico e financeiro às forças mais retrógadas da sociedade líbia acena com um futuro turbulento e instável. Mas favorável ao fortalecimento do controle pelas nações imperialistas do petróleo da região e a um regime reacionário. Da mesma forma como o Afeganistão, o Iraque, a Arábia Saudita, Israel e os outros governos que servem os interesses do imperialismo na região.
A intervenção dos EUA no Afeganistão desde meados da década de 1970, quando o país derrubou a monarquia e iniciou um regime laico e progressista, fortaleceu os mujahidin (“guerreiros de Deus”, que os americanos chamavam, então de “combatentes da liberdade”) e abriu uma guerra civil contra o governo afegão que indicava a intenção de iniciar a transição ao socialismo, com apoio soviético.
Intervenção estrangeira e pró-fundamentalista que se concluiu, em 1996, com a proclamação da “República Islâmica do Afeganistão”, com base da sharia, a severa lei islâmica, e dirigida pelo grupo fundamentalista Taleban, formado pelo extremismo estudantil (taleban, em pachto, significa “estudante”) que os EUA e o Ocidente haviam fortalecido na luta contra o comunismo e a república democrática e laica do Afeganistão. Esta é a raiz da instabilidade atual agravada pela agressão militar por tropas dos EUA (desde 2001) que alimenta um conflito sangrento que parece interminável .
Há um forte paralelo entre aqueles acontecimentos e a situação a que a Líbia foi reduzida após a interferência militar agressiva e ilegal dos EUA e da Otan, com bombardeios aéreos contra cidades líbias e apoio descarado a milícias anti-Kadafi.
Um forte sinal do desenrolar de um roteiro semelhante ao afegão no cenário líbio foi dado dia 12 por Mustafa Abdel Jalil, líder interino do chamado Conselho Nacional de Transição. Ele foi claro: a Líbia patrocinada pela Otan e pelos EUA deixará de ser um estado laico e passará a ser regida pela sharia. "Somos uma nação muçulmana, a favor de um islamismo moderado, e nos manteremos neste caminho", que será “a principal fonte de legislação”, disse. Intenção confirmada por outro dirigente da Líbia que emerge dos ataques dos EUA e da Otan, o xeque Abdel Ghani Abu Ghrass, para quem é "preciso destacar o caráter islâmico do novo Estado líbio" que será governado de acordo com a sharia.
O conflito na Líbia ainda não terminou, embora o apoio à situação de fato tenha sido ampliado com a decisão do governo chinês de reconhecer o Conselho Nacional de Transição (CNT) como novo governo do país. A China era o único membro permanente do Conselho de Segurança da ONU que não havia tomado essa decisão.
A instabilidade está escrita no horizonte, seja pela determinação de Muamar Kadafi e seus apoiadores de não desistirem e continuarem a luta contra os novos colonizadores, seja pela própria divisão entre os que se arrogam ao domínio do país mas, presos a divisões tribais que permanecem, não se entendem sobre o futuro.
O CNT, que fala em formar um governo de transição dentro de uma semana, mesmo havendo ainda inúmeros pontos de resistência, promete uma normalidade constitucional para 20 meses – quase dois anos! – depois que a Líbia for considerada “livre”.
Outro sinal da divisão e da intolerância são as denúncias que começam a surgir, chanceladas pela Anistia Internacional, da prática de tortura, espancamentos de adversários, perseguições políticas, assassinatos e crimes de guerra cometidos pelas tropas do CNT – justamente aquelas que foram apoiadas pelos EUA e Otan a pretexto de massacres semelhantes que teriam sido praticados pelas tropas de Kadafi.
Estes crimes são movidos inclusive pelo racismo e incluem o linchamento de combatentes negros suspeitos de lutarem ao lado das tropas de Kadafi.
A agressiva hipocrisia militarista dos EUA e da Otan prometeram ao mundo uma Líbia “democrática” mas o resultado de sua agressão e do apoio armado, logístico e financeiro às forças mais retrógadas da sociedade líbia acena com um futuro turbulento e instável. Mas favorável ao fortalecimento do controle pelas nações imperialistas do petróleo da região e a um regime reacionário. Da mesma forma como o Afeganistão, o Iraque, a Arábia Saudita, Israel e os outros governos que servem os interesses do imperialismo na região.
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