terça-feira, 6 de setembro de 2011

Cheney, Rumsfeld e a obscura arte da propaganda

"Quando se mente, deve-se mentir grande e ser fiel a essa mentira", escreveu Joseph Goebbels, o ministro da Propaganda do Reich alemão em 1941. O ex-vice-presidente Dick Cheney parece ter adotado o famoso conselho nazi em seu novo livro: "Em meu tempo". Cheney continua sendo fiel a suas convicções em temas que vão desde a invasão do Iraque até o uso da tortura. Durante uma entrevista ao programa Dateline, da NBC News, ele disse em referência às revelações deste livro: “Elas farão rolar muitas cabeças em Washington”. As memórias de Cheney seguem as de seu colega e amigo Donald Rumsfeld. Enquanto ambos promovem sua própria versão da história, há gente que os desafia e enfrenta.

O título do livro de Rumsfeld, “Conhecido e desconhecido”, provém de uma tristemente célebre resposta que deu durante uma conferência de imprensa no Pentágono quando era ministro da Defesa. No dia 12 de fevereiro de 2002, quando tentava explicar a falta de evidências vinculando o Iraque às armas de destruição de massa, Rumsfeld disse: “Há conhecidos que conhecemos, há coisas que sabemos que sabemos. Também sabemos que há conhecidos que desconhecemos, o que quer dizer que sabemos que há algumas coisas que não sabemos. Mas também há coisas desconhecidas que desconhecemos, aquilo que não sabemos que não sabemos”. 

A enigmática declaração de Rumsfeld tornou-se famosa e emblemática de seu desdém pelos jornalistas. É considerada como um símbolo das mentiras e manipulações que levaram os Estados unidos à desastrosa invasão e ocupação do Iraque.

Uma pessoa que se convenceu graças à retórica de Rumsfeld foi Jared August Hagemann.

Hagemann se alistou no exército para servir seu país, para fazer frente às ameaças que repetidamente mencionava o ministro da Defesa Rumsfeld. Quando o soldado do comando do exército dos EUA recebeu a carta de notificação para seu mais recente deslocamento ao campo de batalha (sua esposa não lembra se era o sétimo ou oitavo), a pressão foi demasiada. No dia 28 de junho de 2011, Jared Hagemann, de 25 anos de idade, atirou em su mesmo na base conjunta Lewis-McChord, perto de Seattle. O Pentágono disse que Hagemann morreu por causa de um ferimento de bala “auto-infligido”, mas ainda assim não falou em suicídio.

Jared havia ameaçado se matar várias vezes antes. Não era o único. Segundo se informou, cinco soldados cometeram suicídio em Fort Lewis em julho. Estima-se que mais de 300 mil soldados que voltaram da guerra padecem de transtornos de stress pós-traumático e depressão.

A viúva de Hagemann, Ashley Joppa-Hagemann, inteirou-se de que Rumsfeld autografaria exemplares de seu livro na base. No dia 26 de agosto, Ashley entregou a Rumsfeld uma cópia do programa dos serviços fúnebres em memória de seu falecido esposo. Ela me contou: “Disse que queria ele tivesse vindo ao enterro do meus esposo e assim poderia conhecer o rosto de pelo menos um dos soldados que perderam a vida por causa de suas mentiras em relação a 11 de setembro”.

Perguntei acerca da resposta de Rumsfeld: “Todos o que lembro é ele dizendo: “Ah, sim, ouvi algo sobre isso”. E, logo em seguida, tudo o que lembro é de ter sido agarrada pelo pessoal da segurança, empurrada para fora e advertida para não regressar”. Infelizmente é o sargento Hagemann que nunca mais regressará á sua esposa e seus dois pequenos filhos.

Em sua entrevista para a NBC, Cheney afirmou ter um desempenhado um papel na renúncia do então secretário de Estado, Collin Powell. Sobre isso, consultei o ex-assessor de Powell, o coronel Lawrence Wilkerson, que respondeu: “Pelos trechos que li, não li todo o livro, a coisa mais impactante dita pelo vice-presidente em seu livro é que ele teve algo a ver com o afastamento de Colin Powel de seu cargo, em janeiro de 2005. Isso é um disparate total”. Mas importante, porém, é o chamado de Wilkerson, exortando a que os envolvidos em levar o país à guerra no Iraque sejam responsabilizados por seus atos, o que implicaria um castigo para ele próprio.

Um pilar central da invasão do Iraque foi o discurso de Powell no dia 5 de fevereiro de 2003 nas Nações unidas, no qual expôs o caso das armas de destruição em massa. Wilkerson assume plena responsabilidade pela coordenação do discurso de Powell: “Infelizmente, e já reconheci isso muitas vezes pública e privadamente, fui a pessoa que preparou a apresentação de Colin Powell ante o Conselho de Segurança das Nações Unidas no dia 5 de fevereiro de 2003. Provavelmente foi o maior erro da minha vida. Lamento este dia até hoje. Lamento não ter renunciado nesse momento”.

Perguntei ao coronel Wilkerson o que ele pensa de grupos como o Centro pelos Direitos Constitucionais e do advogado e blogueiro Glenn Greenwald que pediram o julgamento de Cheney, Rumsfeld e outros funcionários do governo Bush. Ele me respondeu: “Estaria pronto a testemunhar, e estaria disposto a enfrentar qualquer castigo que mereça”.

O coronel Wilkerson disse sobre o livro de Cheney: “É um livro escrito sem medo. Sem medo de que, algum dia, alguém faça de Dick Cheney um Pinochet”. O coronel Wilkerson se refere ao caso do ditador chileno Augusto Pinochet, que foi preso na Inglaterra e detido durante um ano antes de ser liberado. Um juiz espanhol queria que o extraditassem para julgá-lo por crimes contra a humanidade.

A poucos dias do décimo aniversário do 11 de setembro e enquanto aumentam as vítimas em todos os lugares, os livros de Rumsfeld e Cheney nos lembram uma vez mais qual é a primeira vítima da guerra: a verdade.

*Amy Goodman é apresentadora de Democracy Now! um noticiário internacional diário, nos EUA, de uma hora de duração que emite para mais de 550 emissoras de rádio e televisão em inglês e em 200 emissoras em Espanhol.

*Artigo originalmente publicado na Carta Maior.

Se é Bayer não é bom

Do blog Germinar:

Em todos os lugares do planeta as grandes multinacionais determinam o jogo político. Um dos maiores jogadores globais é a Bayer AG, presente em todos os países. As subsidiárias da antiga IG Farben (Basf, Bayer e Hoechst) dominam as indústrias químicas européias e têm um volume anual de 90 bilhões de euros. Nenhum governo, político ou instituição, pode escapar da influência deste poderoso mecanismo.

Maravilhas e perigos

As “maravilhas da química” um dia foram aplaudidas levemente como “avanços da raça humana”, mas os perigos da produção de venenos químicos nos converteram em reféns: ninguém pode escapar. Isto afeta a todos nós. Críticas e alternativas são necessárias. A coordenação contra os perigos da Bayer, que começou como uma iniciativa cidadã em 1978, está trabalhando para publicar os riscos da produção química em grande escala, eliminar os potenciais perigos e desenvolver alternativas.

Da aspira aos trabalhos forçados

A história da Bayer começou no século XIX e a aspirina não é o único produto relacionado à empresa. A companhia também é identificada com agentes de guerra química, com “medicamentos” como a heroína (marca registrada anteriormente pela Bayer) e com inumeráveis inseticidas e venenos caseiros. A companhia pensa somente em seus próprios benefícios e trabalha com ditadores e criminosos de guerra, como Hitler e Pinochet.

O diretor da Bayer, Carl Duisberg, fez propaganda pessoalmente para o trabalho forçado durante a Primeira Guerra Mundial. A idéia levou ao assassinato massivo no campo de concentração de propriedade da IG Farben: Auschwitz-Monowitz. A companhia foi acusada pelo seu grande envolvimento no planejamento, preparação e realização das duas guerras mundiais. O Tribunal Internacional de Crimes de Guerra declarou a empresa culpada por sua responsabilidade na guerra e por crimes da ditadura nazista.

Fonte: http://www.cbgnetwork.org

* Tradução de Sandra Luiz Alves.

Regulação da mídia divide parlamento

Do sítio Sul21:

Com a retomada dos debates sobre um novo marco regulatório para a mídia no 4º Congresso do Partido dos Trabalhadores (PT) neste domingo (4), o assunto também volta a ser discutido entre parlamentares no âmbito do Congresso Nacional. Assunto controverso na base governista e na oposição, um novo marco é tratado tanto como atentado contra a liberdade de imprensa quanto como uma possibilidade de democratizar a comunicação.

No encerramento do congresso, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, negou que o debate de um marco regulatório da mídia represente qualquer tentativa de se estabelecer uma censura aos veículos comunicação, inclusive na internet. Na ocasião, ele destacou que é necessário coibir o “jornalismo partidário” e os grandes grupos de comunicação que detêm mais de um veículo.

Falcão acrescentou que o partido vai pressionar os parlamentares em geral para conseguir a aprovação de um projeto com foco na “democratização da comunicação”, que garanta liberdade de imprensa, direito à opinião e nenhuma censura de conteúdo.

O senador pedetista Cristovam Buarque (DF) considera que antes de qualquer comentário sobre o assunto é necessário que se leia com atenção o que foi aprovado pelo PT. Buarque frisou dois pontos que devem ser modificados com urgência no marco regulatório. O primeiro diz respeito a políticos serem donos de rádios, jornais ou emissoras de televisão. “Sou radicalmente contra um político ter qualquer veículo de comunicação”, frisou ele. Entretanto, Cristovam julga que essa questão deve ser tratada no âmbito da reforma política e não em um marco regulatório para a mídia.

O outro ponto, segundo ele “o fato mais grave”, é o governo querer controlar a mídia por meio da veiculação de anúncios publicitários de autarquias e estatais em rádios, jornais, revistas e canais de televisão. “Temos que encontrar uma fórmula para evitar que o governo use o dinheiro público para controlar os veículos de comunicação”, destacou o senador. De acordo com Cristovam Buarque, o debate sobre um marco regulatório para a imprensa ainda não foi posto na pauta da Executiva Nacional do PDT.

O líder do PSB no Senado, Antonio Carlos Valadares (SE), ressaltou que a liberdade de imprensa “é uma questão de direito constitucional” e, por isso, “intocável”. Segundo ele, os países democráticos se caracterizam pela garantia dos princípios de liberdade de imprensa. “Esse é um assunto do PT, não do PSB”, ressaltou Valadares.

No PR, partido que perdeu o controle do Ministério dos Transportes e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) depois de denúncias vinculadas na mídia, a discussão desse tema está fora de questão. O líder do partido na Câmara, Lincoln Portela (MG), disse que a legenda “nunca se manifestou a favor da mordaça na imprensa”.

O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), integrante da cúpula do partido, disse que para iniciar qualquer discussão é necessário que exista, no Congresso, algo de concreto sobre o tema. “É complicado falar em tese”, acrescentou o parlamentar. Cunha ponderou, no entanto, que é contra a possibilidade de se proibir os políticos que já detenham veículos de comunicação de continuar no comando dessas empresas.

O presidente do DEM e senador José Agripino Maia (RN) disse que a moção do PT trata-se de “uma resposta do partido à faxina prometida pela presidenta Dilma Rousseff que não aconteceu”. Ele acrescentou que, diante dessa atitude da presidenta, os petistas tentam agora “silenciar a imprensa pela censura”.

O líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), tem a mesma opinião de José Agripino. Segundo ele, a moção “tenta jogar para debaixo do tapete” a faxina prometida pela presidenta. “Essa [regulamentação da mídia] é uma vocação autoritária do partido que não é nova. Várias tentativas já foram feitas”, disse o senador tucano.

CHARGE

Um sopro de vida orgânica no PT

O documento aprovado no Congresso do PT é uma tentativa de resgatar a organicidade política do partido que, depois de oito anos de governo Lula (e oito meses de Dilma) acabou se conformando como uma mera unidade pró-governo. É uma tentativa de sair da arena da luta meramente institucional com os partidos aliados e ganhar a opinião pública para suas bandeiras.

Não se recomenda reduzir o Congresso do PT, realizado no final de semana, a um mero jogo de cena. A ausência de debates acalorados ou a não explicitação de grandes divergências internas dizem mais do que isso. Ao longo de oito anos de governo, e no início de um terceiro mandato na Presidência, era inevitável que mudanças se produzissem num partido que sempre funcionou como uma frente de tendências de esquerda, setores sindicais e grupos ligados à Igreja Progressista.

O PT passa por um processo de mudança que se iniciou em 1998, após a terceira derrota de Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pela Presidência. Ao longo do tempo, sofreu defecções próprias de um partido que se consolidou na oposição e como partido de esquerda que, uma vez no poder, não teria condições de governabilidade se não optasse por uma política de alianças mais ampla e maleável.

Muita água rolou debaixo da ponte desde a formação do PT, em 1980. Sofreu rachas que resultaram no PSTU e no PSol; não apenas perdeu setores ligados à Teologia da Libertação, como os que lá permaneceram vivem o ostracismo a eles imposto nos dois últimos papados (de João Paulo II e de Bento XVI); amargou as crises do chamado Mensalão e dos "Aloprados", que resultaram não apenas em desgaste popular, mas em perdas de quadros importantes para a dinâmica interna, sangria iniciada na formação do Ministério petista; foi de alguma forma redimido pelo sucesso dos governos Lula, mas para isso teve que pegar carona na popularidade de um líder carismático que detinha o poder do presidencialismo.

O resultado foi um esvaziamento de quadros dirigentes, uma crise interna que se estendeu no tempo, inclusive pela falta de mediadores com o peso de Lula, e uma perda de peso relativo em relação aos demais partidos da base aliada, embora permaneça com uma grande bancada no Congresso.

Essa conjunção de desgraças poderia ter reduzido o partido a pó, à semelhança do que acontece com o desidratado DEM, ex-PFL. Não foi o que aconteceu. Primeiro, porque continua partido do governo - e num sistema presidencialista, isto não é pouco, nem para o PT (embora, por justiça, é preciso lembrar que o partido, desde a sua criação, teve um crescimento eleitoral contínuo, mesmo na oposição, e apenas sofreu uma queda eleitoral em 2006, quando era governo e apesar da reeleição de Lula). Em segundo lugar, porque a sangria de quadros não alterou a realidade de que o partido ainda é o único que dispõe de quadros, não apenas os nascidos de sua organização mas também os originários da esquerda pré-redemocratização.

A vantagem disso é que, mesmo com a proliferação de grupos articulados em torno de líderes paroquiais (isso também existe no PT), prevalece, inclusive numericamente, a ideia de que a organicidade partidária é a grande vantagem de que desfruta em relação aos partidos da base aliada, nas contendas com o governo.

As dificuldades que o governo Lula e o PT enfrentaram a partir de 2005 também colocaram como questão eleitoral para o partido a atração dos movimentos sociais, afastados nos primeiros anos de governo petista, e a inclusão dos setores que ascenderam à sociedade de consumo nesse período graças às políticas de inclusão do governo petista. Se o partido não capitalizar esses setores agora, não conseguirá dividir esse legado com Lula. Ou o perderá para o PSDB, que investe na "nova classe média" partindo do conceito clássico de que esse setor social tem grande tendência ao conservadorismo. O PSDB quer conquistar os setores que emergiram no governo petista pela direita; o PT tenta fidelizá-lo com um discurso mais progressista, para não perder o apoio das classes mais baixas que, se não chegaram às classes médias, ascenderam à sociedade de consumo nos governos petistas.

A defecção de grupos de esquerda e a divisão das responsabilidades de governo com tendências que se desentendiam internamente permitiram o milagre da unidade, num momento de crise em que se apostaria na fatalidade da desunião. A saída de Lula do governo e uma aposta na incapacidade da presidenta Dilma Rousseff nas questões de natureza política reiteravam essa previsão. Não foi tão ruim assim. E, pensando bem, pode ser uma grande chance para o PT encontrar o equilíbrio entre os interesses do partido e as exigências do governo.

O documento do PT, aprovado no encontro, é uma tentativa de resgatar a organicidade política do partido que, depois de oito anos de governo Lula (mais oito meses de Dilma) acabou se conformando como uma mera unidade pró-governo. É uma tentativa de ter suas próprias bandeiras, no suposto de que o partido deve assumir o papel de abrir espaço, na sociedade, para medidas de caráter mais progressista. Entenda-se a manifestação política do Congresso do PT como uma tentativa de sair da arena da luta meramente institucional com os partidos aliados e ganhar a opinião pública para suas bandeiras. Por enquanto, o único mérito é tentar retomar o seu papel de intelectual orgânico. Será um grande mérito, contudo, se conseguir levar essa missão a bom termo.

(*) Colunista política, editora da Carta Maior em São Paulo.

Presidentes de partidos de oposição criticam decisão do PT de proibir coligação em eleições majoritárias

Brasília – A proibição de formar chapas majoritárias com o PPS, PSDB e DEM, aprovada no 4º Congresso do PT, no último fim de semana, recebeu críticas, mas também foi interpretada como um recado político à presidenta Dilma Rousseff entre os presidentes das três legendas de oposição.

Para o presidente nacional do DEM, senador José Agripino Maia (RN), os integrantes do PT mandaram um recado para a presidenta Dilma Rousseff. “Eu acho que eles quiseram, com isso, constranger a presidente Dilma, que dava todos os sinais de aproximação com Fernando Henrique Cardoso, com o [o governador de São Paulo Geraldo] Alckmin, com o PSDB”, avaliou Agripino.

Na opinião de Agripino, o PT está questionando o poder de liderança da presidenta. “Eles fizeram isso com ela presente para dizer 'você aqui não é líder'. Foi um recado”, completou o presidente do DEM.

Já no PPS, que, por anos, foi aliado PT, tendo inclusive participado do início do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a decisão causou irritação.

O presidente do partido, deputado Roberto Freire (SP), lembrou que as duas agremiações ainda têm coligações pontuais em alguns municípios. “É um sinal de arrogância equivocado do PT. Em alguns municípios, temos alianças que combatem velhos coronéis oligárquicos e até grileiros”, disse Freire.

Ele também considerou que o PT deverá se explicar para a sociedade sobre porque está mudando de lado. “Se o PT prefere fazer alianças com eles [coronéis e grileiros] e não conosco, eles que se expliquem. O PPS não faz nenhuma opção por essas forças que o PT está fazendo”, concluiu o deputado.

O presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), disse que não entendeu a decisão do PT. “É uma decisão esquizofrênica”, declarou. “Por que tanta conversa para tomar uma decisão? Por que pode a coligação na [eleição] proporcional [para vereadores e deputados] e não pode na majoritária [prefeitos, governadores, senadores e presidente]?”, perguntou.

Guerra ressaltou ainda que o PSDB não tem intenção de fazer coligação com o partido da presidenta da República. “Nós queremos é combatê-lo”, disse. O presidente do PSDB não soube informar se existe alguma coligação entre os dois partidos em municípios.

Já o líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), defendeu seu partido e disse que não há mudanças na postura do partido. “Eu acho que a nova política de alianças é um fato adiante na formulação do nosso partido.

Primeiro, porque já estamos governando o país há nove anos e estamos praticando uma política de alianças no governo. É natural que essa política de alianças se reproduza no Parlamento e no processo eleitoral”, avaliou.

Para Vaccarezza, o partido foi coerente com seu posicionamento ideológico e com as alianças que têm firmado para dar sustentação ao governo da presidenta Dilma. “Porque se você faz uma aliança para governar, é porque você pode fazer uma aliança para ganhar o governo.

A política anterior do PT, que já era ampla, falava de uma aliança de centro-esquerda, com prioridade para os partidos de esquerda. Hoje, nós falamos de uma política de centro-esquerda que envolve todos os partidos da base de sustentação do governo da presidenta Dilma”, esclareceu.

Nesse fim de semana, 1.350 delegados do PT, que representam todos os filiados do partido, reuniram-se em Brasília, para deliberar sobre a reforma estatutária e divulgar uma resolução política. Junto com as mudanças no estatuto, eles incluíram o dispositivo que proíbe aos diretórios de todo o país que façam coligações com os três partidos de oposição nas eleições majoritárias.

Fonte: Agência Brasil

Novo clero do Congresso bate de frente com líderes tradicionais

Nova forma de Dilma se relacionar com deputados e senadores esvazia poder de caciques dos partidos aliados


Novo clero do Congresso bate de frente com líderes tradicionais
O jeito Dilma Rousseff de se relacionar com o Congresso criou uma nova classe na Câmara dos Deputados e no Senado. Trata-se de uma espécie de novo clero que começa a se destacar e causar problemas a lideranças políticas mais tradicionais, que se desvalorizaram nos últimos meses.

“A Dilma despersonalizou e desmitificou interlocutores que só falavam por si e pelos outros sem ouvi-los”, afirma a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES). Atual primeira vice-presidente da Casa, ela se tornou uma das expoentes desse novo clero.

Por conta disso, ela já se movimenta para alçar voos mais altos. Rose é apontada como nome alternativo do partido à presidência da Câmara em 2013. Em princípio, o PT fez um acordo para apoiar o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), que tem 11 mandatos na Casa.

Recentemente, Rose e Eduardo Alves bateram de frente por causa dos problemas enfrentados por Pedro Novais no Ministério do Turismo. Também deputado, Novais foi indicado ao posto por Alves, mas nunca teve o aval completo da bancada.

Com Rose à frente, peemedebistas insatisfeitos defenderam a saída imediata de Novais da pasta após a deflagração da Operação Voucher, da Polícia Federal. Isso enfureceu o líder do PMDB, que resolveu tratar do assunto publicamente e com críticas diretas à deputada capixaba. “Quem demite é só a presidenta Dilma”, disse.

Esse não foi o único momento em que Alves se viu fragilizado com a bancada que lidera. A indicação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para a relatoria do Código de Processo Civil causou protestos por parte de um grupo de deputados.

Nesse caso, acabou se destacando como representante do “novo clero” o deputado Danilo Forte (PMDB-CE). Ele questionou a indicação de Cunha. Disse que o nome deveria ter sido discutido na bancada. Resultado: Cunha foi pressionado e desistiu da relatoria.

“O que acontece é que esse governo não mistura ação administrativa com ação política”, diz Forte. “É preciso se adaptar ao estilo da Dilma. São novos tempos”, completa o deputado. Ele integra um grupo de deputados em primeiro mandato chamado “novos do PMDB”.

No PMDB, além dos “novos”, outro grupo independente é “os jovens”. São deputados com menos de 40 anos que têm como líder informal Renan Filho (PMDB-AL), filho do senador Renan Calheiros (AL). “A gente não é contra ninguém. Só quis um espaço para ser ouvido”, diz o jovem. “Não fizemos algo programado, articulado, de propósito”.

PP

Em outros partidos, também há representantes desse novo clero. É o caso do PP. Um grupo capitaneado pelo deputado Eduardo da Fonte (PE), em segundo mandato na Câmara, e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), primeiro mandato no Senado.

Os dois impuseram uma derrota ao ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), ex-líder da bancada da Câmara, quando montaram uma estratégia para destronar do posto de líder Nelson Meurer (PR), uma espécie de herdeiro do deputado falecido José Janene (PR).

Meurer tornou-se líder no começo do ano, logo depois que Negromonte foi nomeado ministro. Antes do paranaense, o líder era João Pizzolatti (PP-SC), que demorou para tomar posse por causa da Lei da Ficha Limpa.

A principal queixa contra Meurer é que ele não fazia reuniões com a bancada e tomava decisões sozinho. Isso acabou gerando uma onda de descontentamentos e da Fonte e Ciro acabaram reunindo assinaturas para colocar Agnaldo Ribeiro (PP-PB) no lugar de Meurer.

Marco Maia

A própria chegada de Marco Maia à Presidência da Câmara foi, de certo modo, o começo da era do “novo clero”. Ele não era o favorito para o posto, mas acabou sendo produto de uma insatisfação de setores do PT com a falta de discussão dentro da bancada.

Líder do governo até o fim do governo Luiz Inácio Lula da Silva, o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) era visto por todos como o principal nome para assumir a Câmara. No meio da disputa, uma pessoa próxima avisou-o que ele estava com uma estratégia errada, pois privilegiava a conversa com líderes e não com todos os deputados.

Vaccarezza deu a seguinte resposta: “Eu não tenho de falar com toda a porcada. É só falar com o dono da porcada”. O principal trunfo dele era o suposto apoio da presidenta Dilma Rousseff à sua candidatura. Na prática, ela acabou não se envolvendo. Quando Maia se uniu a Arlindo Chinaglia (PT-SP), outro candidato, Vaccarezza teve de desistir da disputa.

Ex-presidente do PT e ex-ministro da Previdência, o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP) foi um dos articuladores da campanha de Maia. Alijado do grupo de Vaccarezza, resolveu se unir aos insatisfeitos em torno de Maia. “Dilma não quis se meter naquela disputa. Para ela, é melhor que as coisas definidas aqui, com conversa”, afirmou Berzoini.

Também eleita na chapa encabeçada por Maia, a primeira vice-presidente Rose de Freitas acrescenta uma impressão sobre como Dilma vê o Congresso: “Ela não vai ficar aqui correndo atrás da gente, mandando votar. Ela quer mostrar que os projetos são bons e será bom para o País. Se quiser votar, vota. Precisamos ter essa consciência”, disse a peemedebista.
Fonte: Último Segundo

Polêmica: Obama deu ou não entrevista à blogueira cubana?

O portal de notícias Cubadebate publicou nesta segunda (5) um documento revelado pelo Wikileaks que coloca em xeque a versão da blogueira cubana Yoani Sánchez -- que faz oposição ao governo -- de que o presidente dos Estados Unidos teria lhe respondido uma entrevista em 2009.


Segundo o portal, que costuma publicar os artigos do ex-presidente Fidel Castro, não foi Obama que respondeu o questionário enviado pela blogueira, mas, sim, o Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Cuba (Sina, na sigla em espanhol).

O site disponibilizou cópias das repostas dadas pelo Sina e a versão original publicada por Sánchez na tentativa de mostrar o que, segundo eles, são diferenças "mínimas" entre as versões.

De acordo com documentos do Wikileaks, divulgados na semana passada, as perguntas foram enviadas, em espanhol e por e-mail, pela oposicionista em 28 de agosto de 2009, e as respostas devolvidas em 18 de novembro por um diplomata.

Estados Unidos e Cuba romperam as relações diplomáticas há meio século, mas os dois países mantêm, em suas capitais, escritórios que atuam em relação às gestões consulares e outros trâmites.

Yoani Sanchéz conquistou notoriedade internacional com seu blog Generación Y, no qual faz críticas à realidade cubana, o que a levou a ganhar prêmios na Europa e nos Estados Unidos, quase todos relacionados à luta pela liberdade de expressão. 

Fonte: Ansa

Matérias importantes para o governo estão na pauta parlamentar

O pedido de celeridade para que o Senado aprove a Medida Provisória (MP) 533, que autoriza a União a repassar a municípios e ao Distrito Federal recursos destinados à manutenção de creches cujas matrículas não foram computadas no último Censo Escolar, foi um dos principais assuntos da reunião de hoje (5) do Conselho Político do governo. A MP perde a validade no dia 20 se não for votada.


Segundo o líder do governo na Câmara dos Deputados, Cândido Vaccarezza, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), prometeu que lá as matérias serão votadas no menor período de tempo possível.

Em relação ao reajuste salarial pleiteado pelo Poder Judiciário, Vaccarezza disse que, diante da situação econômica do país, não será possível aprovar o aumento de mais de 50%. Segundo ele, o reajuste deverá ser aprovado no mesmo patamar do que será concedido aos servidores do Executivo. “Entendemos a posição do Judiciário, mas esse é um processo de discussão”.

Votação da DRU

Vaccarezza informou também que a votação da admissibilidade da proposta de emenda à Constituição (PEC) que prorroga a desvinculação das receitas da União (DRU) deverá ocorrer na terça-feira da semana que vem (13) na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ).

O governo trabalha para que, após a aprovação da admissibilidade, seja criada e instalada a comissão especial para analisar o mérito da emenda. O governo precisa prorrogar a DRU antes do fim do ano, quando vence a atual regra.

A desvinculação das Receitas da União é um mecanismo que permite ao governo usar livremente 20% da receita tributária.
Emenda 29
A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse nesta segunda-feira (5) que o governo não se oporá à votação da regulamentação da Emenda Constitucional nº 29 – que fixa percentuais mínimos a serem investidos anualmente em saúde pela União, por estados e por municípios. Perguntada se o governo iria se opor à votação, Ideli disse: “Ninguém vai ser contra”.

Ideli também voltou a dizer que o debate está aberto no Congresso Nacional e que a presidente Dilma Rousseff espera que haja capacidade de se chegar a alguma alternativa. “O que a presidente tem dito é que uma mera votação não acrescenta recursos nem será a solução”.

A ministra também disse que a melhoria da saúde se dará com o aporte de novos recursos se a Câmara tiver condições de estabelecer esse debate. “Os governadores estão vindo e trazendo sugestões. Nós esperamos que o mês de setembro traga não só a primavera, mas também a solução para a saúde”. A votação do projeto foi marcada para o dia 28 de setembro.

A Emenda 29 é do ano 2000. Ela obrigou a União a investir em saúde 5% a mais do que havia investido no ano anterior e determinou que nos anos seguintes esse valor fosse corrigido pela variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB). Os estados foram obrigados a aplicar 12% da arrecadação de impostos em saúde e os municípios 15%. A regra era transitória e deveria ter existido até 2004, mas continua em vigor por falta de uma lei complementar que a regulamente.

Com informações da Agência Brasil