terça-feira, 3 de maio de 2011

A nova esperteza de meu primo

Tenho um primo aqui em Feira de Santana que é um danado em matéria de ter votos e enganar bases eleitorais e seus líderes. O peste consegue canalizar para si, atenções das mais variadas matizes ideológicas, e até fechar compromissos com o demônio, e depois como uma ave de rapina jogar todo mundo no chão e passá-los para debaixo de seu tapete persa.

Já vi o danado dizer que um dia ele será mais famoso que Osama. Talvez consiga, porque sempre encontra alguém para que possa passar a perna. O peste do meu primo é um “miseravão” em matéria de política. O peste sempre consegue ter os votos suficientes para manter seu “status quo”.

Agora que o Prefeito de São Paulo e seus correligionários estão a pautar o mundo político, com a criação de um novo partido político, meu primo arregalou os olhos e acha que de novo vai se dá bem na política. O peste pensa longe e mais rápido que qualquer militante da política. Cinicamente já se debandou para o novo partido e diz de alto e bom som que vai gastar até seu último tostão para comprar assinaturas, para completar as 500 mil exigidas pela Justiça Eleitoral para fundação de nova agremiação partidária no Brasil.

Olha caros leitores, como conheço meu primo, acho que o danado não vai gastar é nada! Mas simplesmente arranjar um financiador, que na ilusão de ganhar uma licitação pública fraudulenta de alguma emenda parlamentar, pode apoiá-lo. E ser enganado também...

Quem conhece as atitudes do meu primo tem dito a mim, que o peste pode se dá bem nesse novo processo, mesmo no meio de tantas cobras peçonhentas. Ora até Delúbio volta para tentar ser vereador, imagine a grande raposa que é meu primo!

Agora uma coisa me preocupa. Os mais próximos do circulo secreto, que nos seus rituais tem Logan e Odpar, tem me dito (já que meu primo não se preocupa com seus familiares e não os convidam para os seus deleites), que a arrogância do danado é tanta, que no auge da sua espiritual embriaguês escocesa, declama versos satânicos, em que o povo como bois se compra

Agora uma coisa me preocupa. Quantos na inocente certeza de que se darão bem junto do meu primo, se bandearão para esse abismo sem futuro, que somente um pode se dá bem, meu próprio primo?

Mas como a história é a prova dos nove, ficaremos todos que foram enganados até agora pelo danadão do sabido do meu primo, na “espinha mole”, observando a roda da história. Porque a pior crueldade que é provocada pela história é o desprezo. E o desprezo é mais política das vinganças. Tenho pena do meu primo, mais a carapuça cai sempre no lugar certo.

Genaldo de Melo

Lula vai procurar oposição para debater reforma política

Ex-presidente volta a negociar acordo sobre reforma política e deve abrir agenda em encontro com aliados tradicionais

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai procurar os partidos de oposição ao governo Dilma Rousseff para discutir a reforma política. Além disso Lula orientou seus assessores a incluírem debates sobre a reforma política em todas suas viagens públicas pelo Brasil.

Foto: AE Ampliar
Lula mandou assessores incluírem o tema da reforma política em suas viagens pelo País
 
Segundo interlocutores do ex-presidente, Lula deve iniciar as articulações pela reforma política com um evento reunindo o PT e seus aliados históricos, PSB e PC do B. Depois o ex-presidente vai procurar outros partidos da base do governo, principalmente o PMDB. O passo seguinte será a busca de diálogo com a oposição. Movimentos populares, sindicatos e setores organizados da sociedade também serão procurados.
De acordo com assessores, no primeiro momento Lula não vai apresentar propostas. A ideia é ouvir as sugestões e buscar os pontos de convergência.

Por enquanto a campanha de Lula pela reforma política será desvinculada dos movimentos do PT. O partido chegou a preparar uma resolução política na qual colocava o ex-presidente como protagonista da campanha pela reforma política. Mas o texto final, aprovado no sábado pelo diretório nacional petista, fala apenas em divulgar a reforma “com o ex-presidente Lula”.

Em outro flanco, Lula prepara um esforço para popularizar o tema. Assessores foram orientados a criar eventos sobre a reforma política em todas as viagens do ex-presidente pelo Brasil. A interlocutores próximos Lula têm dito que a reforma política é a “mãe de todas as reformas” no Brasil. Segundo ele, o assunto não pode ficar nas mãos da classe política, que tem interesse direto no tema e pode manipular a reforma de acordo com interesses pessoais. (iG)

Dirceu desqualifica oposição e defende PT longe do PSD

O ex-ministro José Dirceu desqualificou a oposição e disse não ver nenhuma ação de partidos contrários ao governo da presidente Dilma Rousseff que possa ameaçar a atual hegemonia petista no Executivo e Legislativo nacionais. Ao participar de uma série de eventos em Belo Horizonte, hoje, Dirceu foi irônico ao falar sobre a oposição e afirmou que seu partido, o PT, e o governo não podem mudar de rumo por causa de possíveis crises entre legendas como PSDB e, principalmente, DEM. E defendeu que o PT mantenha distância do PSD, do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Na avaliação de Dirceu, o PT deve se importar com uma possível fusão entre PSDB e DEM para as eleições presidenciais de 2014. Apesar da possibilidade de as legendas unidas crescerem, inclusive no quinhão que poderiam abocanhar do Fundo Partidário, o ex-ministro ressaltou que "tamanho não é documento" e que isso "não seria problema para o PT". "É um direito deles buscarem a fusão. (Mas) o problema deles não é tamanho. É ter proposta, é ter ...", disparou, batendo com o dedo indicador na própria cabeça.

Pouco antes, Dirceu até havia elogiado o ex-governador de Minas Gerais e atual senador Aécio Neves, apontado como possível candidato tucano à Presidência em 2014 e alguém que, na avaliação do ex-ministro, "tem que respeitar". Mas ressaltou que o mineiro tem mais problemas dentro do próprio partido que diante de uma eleição contra o PT. "Primeiro, ele (Aécio) tem que derrotar o (ex-governador de São Paulo José) Serra. Depois, o (atual governador Geraldo) Alckmin", disse. "Ainda vai chover muito na Serra da Mantiqueira", acrescentou, referindo-se à cadeia de montanhas que fica na divisa de Minas com São Paulo.

Já sobre a postura do prefeito paulistano, Gilberto Kassab, que deixou o DEM para fundar o PSD, Dirceu foi ainda mais irônico: "o partido do Kassab ainda não está constituído. Na hora em que o partir se constituir e reunir a bancada, vai ter que saber se é governo ou oposição na Câmara e no Senado. Se não for nada, é inédito no Brasil", disparou, referindo-se à postura do prefeito de elogiar governos tucanos e a presidente Dilma.

Dirceu descartou qualquer possibilidade de aliança para o governo de São Paulo em 2014. "Acho que o PSD vai ter candidato. Pode ser o próprio Serra", ressaltou, indicando que, para ele, o ex-governador, padrinho político do prefeito paulistano, estaria por trás da deserção de Kassab do DEM e da criação da nova legenda. (Agência Estado)

Bahia: PCdoB ressalta alinhamento

A direção estadual do PCdoB voltou a se reunir ontem para ratificar o alinhamento político para 2012. Nessa rodada de conversas, além de Salvador, onde o partido já ressaltou a apresentação de uma candidatura própria, Vitória da Conquista também foi definida como “menina dos olhos”.

“Traçamos estratégias para os municípios que forem possíveis de apresentarmos candidaturas e onde temos lideranças. Estamos acompanhando essa diretriz”, disse o presidente estadual do partido, deputado federal Daniel Almeida.

Ele voltou a confirmar que está em jogo para as eleições em Salvador o seu próprio nome e o da deputada Alice Portugal. “Mas vamos ver qual que se encaixa melhor ao projeto e vamos deliberar sobre isso.

Vale salientar também que temos o governador Jaques Wagner como condutor do projeto na Bahia, por isso vamos consultá-lo”, enfatizou. Apesar dos debates em torno do assunto, Daniel afirmou que “uma definição haverá mais pra frente”.  

A decisão de entrar na disputa na capital baiana foi baseada na conclusão de um maior “protagonismo” do partido nas ultimas eleições no país.

“O PCdoB em Salvador reúne condições de lançar e sustentar uma candidatura majoritária e inclusive com possibilidade de ir para a disputa do segundo turno. Fomos o segundo partido mais votado na cidade para deputado estadual em 2010”, disse o presidente do PCdoB em Salvador, Geraldo Galindo. (LM)

Partidos constroem alianças inusitadas para 2012

A ânsia pela conquista do poder municipal em 2012 tem feito alguns partidos romperem até mesmo as fronteiras estabelecidas pela formação de blocos e bancadas nos legislativos na Bahia. Nas arrumações para as eleições do próximo ano em Salvador, um dos exemplos inusitados tende a ser protagonizado pelo PR.

O partido que integra a oposição na Assembleia Legislativa e forma bloco com o PSDB na Casa está a caminho de se aliar a PSL e PRB – siglas que atualmente agregam a base do governador Jaques Wagner (PT) – com o claro objetivo de construir uma candidatura única para o pleito que decidirá o comando da prefeitura de Salvador.

A construção dessa aliança foi discutida ontem em uma reunião na Assembleia, entre fortes representantes dos partidos. Nesse clima de unificação, já surgiram até mesmo os possíveis nomes para disputa. Entre os mais cotados estão os deputados federais Maurício Trindade (PR) e Bispo Marinho (PRB) e os estaduais Deraldo Damasceno (PSL) e Sidelvan da Nóbrega (PRB).

Conhecido pela atuação como delegado e com grande votação em Salvador nas últimas eleições estaduais, o deputado Deraldo Damasceno não esconde o desejo de encarar um possível embate eleitoral em 2012.

“Meu nome está cotado justamente por eu ser um dos mais bem votados na capital baiana, mas há outros nomes também. Não descarto, pois sou muito bem quisto e quero muito o bem de nossa cidade. Estou aqui para apoiar e ser apoiado,” enfatizou.

O presidente do PSL na Bahia, Toninho Oliveira, contou que há muito tempo as legendas discutem as possibilidades de uma aliança.

“Todo o diretório estadual e os deputados são favoráveis e tem tudo para dá certo”, confirmou, ressaltando que novas rodadas de conversas definirão o cenário do grupo. O dirigente desconsidera a existência de possíveis barreiras motivadas por alianças pré-existentes.

Questionado sobre o contexto do PR que integra a força contrária ao governo Wagner, Oliveira disse que “nada é empecilho”. “Não estamos discutindo eleição de estado, mas sim do município e continuamos firmes na base do governador. Além disso, todos estão na base do governo da presidente Dilma”, desconversou.

Ele também admitiu a possível busca por mais aliados. “O adversário de hoje pode ser o aliado de amanhã. Fomos buscar o PR porque eles tem um bom tempo de televisão e nós queremos ampliar o nosso tempo”, disse. 

O deputado Sandro Régis, líder do PR/PSDB na Assembleia disse que desconhecer a provável aliança para 2012 e a reunião entre os partidos. “A única coisa que tenho certeza é a de que somos oposição”, frisou. A reportagem não conseguiu falar com os dirigentes do PR no estado. (Lilian Machado – TB)


O tempo de Obama

A morte de Bin Laden pode ser descrita como último capítulo da administração George W. Bush escrito pelos democratas, e o primeiro do que poderá se converter em um novo tempo para a gestão Obama. Mesmo com as revisões de missão no Iraque e Afeganistão, estas eram as guerras de W. Bush, travadas segundo seus referenciais. Agora, pós-Bin Laden, os conflitos serão os de Obama. Passado este momento de união nacional breve, o vazio moral e de esperança que tem caracterizado o último ano nos EUA tende a reaparecer com intensidade em meio às pressões da corrida à Casa Branca. O artigo é de Cristina Soreanu Pecequilo.

Separados por quase uma década, o setembro de 2001 e o maio de 2011 parecem conformar um pequeno momento histórico da política interna e externa dos Estados Unidos (EUA). De uma prova de fraqueza a uma de força da hegemonia, este ciclo teve Osama Bin Laden como sua personagem principal, e a Al-Qaeda e o terrorismo transnacional fundamentalista islâmico, como simbólicas da violência contra a democracia.

Apesar das diferenças partidárias do republicano George W. Bush (2001/2008) e do democrata Barack Obama (2009/2011), Bin Laden continuou sendo definido, do auge da guerra contra o terror até 2011, como o inimigo número 1 da América.

Para Obama, a continuidade dos esforços para a captura de Bin
Laden tornou-se simbólica de uma das principais promessas de sua campanha, a de lutar a “guerra certa” (Afeganistão e Paquistão) e não a “guerra de escolha” (Iraque). Com a morte de Bin Laden no Paquistão, associada à retirada do Iraque e o cronograma de saída do Afeganistão, na Casa Branca parece-se dizer, enfim, “missão cumprida”. Mas será que a morte de Bin Laden deterá todos os impactos internacionais que tem se atribuído a ela? Ou trata-se mais de um reposicionamento tático da presidência Barack Obama às vésperas do décimo aniversário do 11/09, em meio a uma economia sem vigor e com suas reformas trancadas pela pauta eleitoral de 2012 e a pressão dos grupos de interesse?

Dificilmente, em termos comparativos, Obama buscará capitalizar os eventos relativos à morte de Bin Laden da mesma forma que W. Bush o fez em 2001, com base na tragédia e no medo. Além de representarem eventos diferentes em magnitude e escala, a vitória representada pelo desaparecimento de Bin Laden tende a ser curta e rapidamente esvaziada pela realidade doméstica. Ainda que possam celebrar nas ruas o desaparecimento de seu maior adversário, atitude que condenaram, e condenam em outras nações em eventos semelhantes, os norte-americanos têm diante de si uma sociedade economicamente debilitada e socialmente fragmentada. Passado este momento de união nacional breve, o vazio moral e de esperança que tem caracterizado o último ano tende a reaparecer com intensidade em meio às pressões da corrida à Casa Branca. Na verdade, considerando-se o passado político recente de Obama, seria incorreto atribuir ao Presidente a tentativa de manipular o imaginário norte-americano em torno exclusivamente do tema Bin Laden.

Mais do que nunca, este foco de discussão tentará ser superado à medida que o pleito neoconservador sustentou-se durante grande parte da década passada no trinômio Bin Laden-Al Qaeda-Guerra Global contra o Terrorismo. Embora a Secretária de Estado Hillary Clinton tenha afirmado que a “luta continua”, a mensagem precisa ser lida de duas maneiras: a luta, hoje, será travada nos termos definidos pela Casa Branca, nos teatros e batalhas vistos como prioritários pelos democratas e, segundo, a luta contra os que acusaram Obama de, ao longo de seus dois primeiros anos de mandato, de diminuir os esforços contra o terror e enfraquecer o país. Mesmo com as revisões de missão no Iraque e Afeganistão, estas eram as guerras de W. Bush, travadas segundo seus referenciais. Agora, pós-Bin Laden, os conflitos serão os de Obama.

Entretanto, ao fazer estas afirmações não estaríamos incorrendo em apenas uma mudança de semântica? Não se repetiria apenas um jogo de palavras que esconde os mesmos interesses norte-americanos? Sim e não. Pois, se dentro de casa a morte de Bin Laden deve ser entendida como uma “limpeza de agenda”, privando os neoconservadores do discurso do medo, também no exterior ela deve ser percebida desta forma. Falar em reposicionamento tático não significa afirmar que a hegemonia deixou de projetar poder ou abdicará de sua condição imperial, mas indicar que a mesma está se reajustando para tentar minimizar suas recentes perdas.

Basta uma breve contextualização do cenário do Oriente Médio para se perceber esta demanda urgente por uma adaptação: a queda de Hosni Mubarak no Egito, as operações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) na Líbia, a instabilidade na Síria, as revoltas no Iemen, somente para mencionar alguns acontecimentos indicam a dificuldade dos EUA em controlarem o cenário regional. As conversações entre o Hamas e o Fatah, o processo de paz Israel-Palestina em estagnação são igualmente componentes deste processo. Apesar da alegada “sombra” da Al-Qaeda em muitos destes eventos, apontada tanto pelo Ocidente quanto pelo Oriente, a quase totalidade dos processos deu-se à margem do que era, ou foi, a influência de Bin Laden. A morte de Bin Laden apenas formaliza, principalmente para o público norte-americano, aquilo que já havia se tornado patente, a dinâmica própria que as nações têm assumido em paralelo, escapando às tentativas de controle pelos EUA, e que demandam contenção para minimizar a perda de influência.

Não deixa de ser sintomático que em meio a todas as transformações , a pergunta dominante tenha sido “o que mudará sem Osama Bin Laden” como se o ato terrorista perpetrado em 2001 fosse a única origem da nova ordem mundial em formação. Exagerada, a expectativa de que tudo mudará no pós-Bin Laden, esconde as transformações graduais e táticas que Obama busca imprimir em sua administração para a campanha presidencial de 2012. Em meio a uma oposição republicana que o acusa de não ser norte-americano e que faz de sua plataforma discursos radicais anti-governo, pró-armas, pró-religião e maniqueísta, que se concentra em nomes como os de Sarah Palin e Donald Trump, Obama precisa diferenciar-se por projetos e visões positivas de esperança como o fez em 2008.

Se houver mudanças nos EUA, as mesmas não serão motivadas pelo fator Bin Laden, mas residirão em iniciativas democratas. Iniciativas estas interligadas em cenários internos e externos, que variam desde a reforma de saúde e as incursões de Obama mais próximas à população em tragédias nacionais (do atentado a Gabrielle Giffords à destruição dos tornados), até a reavaliação das alianças estratégicas regionais e globais.

Nesta trajetória, a morte de Bin Laden pode ser descrita como último capítulo da administração W. Bush escrito pelos democratas, e o primeiro do que poderá se converter em um novo tempo para a gestão Obama. (Cristina Soreanu Pecequilo - CM)


 

Aldo apresenta texto final do Código Florestal: sem mais debates

A manutenção da legislação atual que obriga um trecho de 30 metros de mata ciliar para os cursos d’água de até 10 metros de largura vai garantir a aprovação, sem maiores debates, do Código Florestal, previsto para esta semana. O relator da matéria, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), destacou essa como a principal mudança no relatório final que apresentou na tarde/noite desta segunda-feira (2), em concorrida entrevista coletiva à imprensa, na Câmara dos Deputados.

Ag. Câmara
Aldo apresenta texto final do Código Florestal: sem mais debates As mudanças feitas foram no sentido de buscar “a votação mais consensual possível”, destacou Aldo Rebelo.
Apesar das declarações contrárias às mudanças, Aldo Rebelo não admitiu insatisfação e aposta que, na votação em plenária, não haverá apresentação de destaques (propostas feitas pelos deputados para alterar o texto do relator). As mudanças feitas por ele no documento final foram no sentido de buscar “a votação mais consensual possível”, destacou.

O deputado fez uma série de alertas sobre os resultados práticos das concessões feitas aos ambientalistas. Ele lembrou que a maior parte do território brasileiro é composta de pequenas propriedades rurais – de até quatro módulos – e que terão suas atividades comprometidas pela obrigatoriedade de manter a mata ciliar nesse padrão. Ele defendia uma redução para 15 metros nos pequenos cursos d’água.

Ele apresentou como proposta defendida por ele, para amenizar a situação dos pequenos agricultores, a obrigatoriedade de recomposição de até 15 metros para quem já desmatou e a manutenção de trechos menores para quem já possui a essa situação até 2008. Na prática, quem tem, por exemplo, 28 metros de mata ciliar, mantêm os 28 metros, sem necessidade de recomposição de mais dois. E, quem só tem dois metros de mata ciliar, é obrigada a recompor até os 15 metros.

Segundo Aldo Rebelo, 27 federações de agricultores haviam pedido que a redução da mata ciliar fosse de 7,5 metros, ainda menor do que a proposta por ele, destacando que a retirada dessa terra das populações ribeirinhas pode inviabilizar seu sustento. “Eu não concordo que o homem que vive na beira do rio seja extirpado como uma erva daninha”, disse o parlamentar.

A preocupação do relator é que, para a maioria dos ribeirinhos, a recomposição de 15 metros de mata ciliar vai representar o fim de terra para plantar. E citou o caso das populações do Rio Jurus, no Amazonas, que plantam na várzea do rio. “Eles serão empurrados para dentro da floresta”, alerta o deputado.

Ele acredita que muitas propriedades vão desaparecer e manifestou essa preocupação em conversas com o Ministério do Meio Ambiente, alertando para o impacto social da medida e a necessidade de se pensar em alguma atividade que não inviabilize esses trabalhadores.

Outra mudança
Outra mudança – que atende aos pedidos do Ministério do Meio Ambiente e dos ambientalistas – é que as encostas e áreas semelhantes continuem a ser consideradas Áreas de Preservação Permanente (APP). Aldo anunciou que, dentro das negociações, conseguiu que fosse mantida a possibilidade de se preservar algumas atividades produtivas naquelas áreas.

E citou como exemplo a cabra montanhês. “Ela não tem esse nome por acaso”, destacou, para lembrar que o pastoreio extensivo daquele animal deve ser feito em encostas.

Ele relatou ainda que o prazo para legalização dos agricultores que hoje se encontram irregulares será reduzido de cinco anos, como ele propunha, para um ano, como queria o governo. No entanto, destacou que, durante as negociações, conseguiu junto ao Ministério do Meio Ambiente, que o prazo de um ano seja contado a partir da efetiva implantação, nos órgãos ambientais e nas prefeituras, do programa de regularização; e não após a sanção da lei, para permitir maior espaço de tempo para os agricultores se cadastrarem para a regularização.

Para o deputado Aldo Rebelo, que percorreu todo o país durante os dois anos em que elaborou o relatório, a maior parte dos casos de desrespeito à natureza não é por ganância. Ele admite que esses casos existam, mas a maioria deles ocorre por desconhecimento e falta de recurso dos agricultores. Por isso, defende fortalecimento da fiscalização e da educação ambiental.

Ele explicou ainda que as multas por descumprimento da legislação, pelo texto atual, ficam interrompidas para que se cumpra o programa de regularização. E, uma vez cumprida essa etapa, elas serão convertidas para o Fundo Ambiental.

A cor da camisa
O relator disse ainda que as áreas acima de 1.800 metros serão mantidas como APPs. Ao enfatizar que esse era um caso único no mundo, foi indagado por uma jornalista se estava “recuando insatisfeito”. Ele riu, fez piada, mas respondeu com seriedade: “Eu posso até estar insatisfeito por uma outra razão que não tem a ver com o código, tem a ver com a cor dessa camisa. Eu estou muito feliz por ter construído uma possibilidade de acordo. Mas não posso iludir ou esconder que o acordo impõe limitações e concessões de parte a parte”.

Antes de pontuar as mudanças feitas no seu texto original, Aldo Rebelo repetiu, como vem fazendo costumeiramente, que o esforço feito por ele, com ajuda de todos que ouviu ao longo dos dois anos de trabalho, foi de produzir uma legislação que possa ser cumprida, adequando a lei a realidade do país e conciliando a agricultura com a preservação do meio ambiente.

“Não interessa a ninguém essa situação de incerteza jurídica”, disse, lembrando que se a lei não for aprovada até o dia 11 de junho, é certo que a Presidente da república, Dilma Rousseff, a exemplo do que fez o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, reedite o decreto que suspende os dispositivos do atual Código Florestal.

Isso porque, segundo Aldo Rebelo, a atual legislação coloca na ilegalidade 90% dos agricultores brasileiros. Para ele, se a lei não for aprovada dentro desse prazo, as outras possibilidades são a reedição do decreto ou uma “enxurrada” de multas e sanções. O novo texto do Código Florestal, na opinião do deputado, concilia a agricultura com o meio ambiente. E enfatizou que para administrar esse contencioso levou em consideração essas duas preocupações.

De Brasília
Márcia Xavier

‘PSD é um balcão de negociação’, critica Tasso Jereissati

FORTALEZA - O ex-senador Tasso Jereissati (PSDB) fez críticas pesadas ao novo partido político, o PSD, criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. "Isso não é um partido, é um balcão de negociação. É o que está virando a política no Brasil e a gente fica triste por causa disso", disse o tucano no sábado, durante convenção do partido em Fortaleza (CE) que elegeu o empresário Pedro Fiúza como presidente do diretório municipal da legenda.
Tasso também comentou sobre a possibilidade de fusão entre os três partidos da oposição: PSDB, DEM e PPS. "Acho que é uma coisa que tem de ser analisada. Acho muito precipitado fazer isso nesse momento. Mas, provavelmente, é uma boa ideia que ela se realize."
Logo após as eleições de 2010, nas quais não conseguiu a reeleição como senador, o tucano disse que se afastaria da política para "cuidar dos netos". Apesar de reafirmar que não disputará nenhum cargo eletivo, ponderou que tem responsabilidade com o PSDB, com a juventude e com Fortaleza, que, segundo ele, vive um momento muito difícil.
Tanto que defendeu a criação de uma oposição "forte e de qualidade" e não poupou críticas ao PT, partido que governa a capital cearense. Tasso considera "um crime" o retorno de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido, acusado de envolvimento no escândalo do mensalão. "Um ladrão confesso do dinheiro público, É um crime. Um absurdo e um desrespeito ao povo brasileiro", afirmou. "A volta dele é uma consagração do roubo e da corrupção. Um tapa na cara da nossa dignidade."( Carmen Pompeu – AE)