sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Os comunistas não fogem à luta

Editorial do Vermelho

Um dos principais aprendizados dos comunistas na trajetória de quase 90 anos de existência do Partido Comunista do Brasil é a de nunca esperar facilidades e jamais se curvar ante as adversidades e as dificuldades da luta.

O PCdoB não foge à luta - nunca fugiu. Enfrenta, agora, uma saraivada de ataques, mentiras e ironias que a mídia capitalista difunde na tentativa de enlamear essa história construída com dignidade e luta, de cabeça erguida, em defesa do socialismo, da democracia, dos trabalhadores e da Pátria.

Não é a primeira vez que o Partido e os comunistas são caluniados. O anticomunismo renitente de parcela das classes dominantes brasileiras – principalmente daquela parte da qual o noticiário baseado em calúnias é ventríloquo – hoje se manifesta através de mentiras e ironias. A tinta da outra violência, que foi intensa no passado e ainda está presente na luta social em que os comunistas atuam, é o sangue dos comunistas. Ele deixou a digital vermelha dos heróis do povo presos, torturados, deportados e assassinados, que marca a história brasileira de maneira indelével e sinaliza o preço pago pela ousadia de lutar contra os privilégios das classes dominantes, contra as ditaduras e contra as ameaças de dominação estrangeira em nosso país.

Os comunistas nunca baixaram a crista, não importa o preço a ser pago Não se enganam – nunca se enganaram – quanto ao tamanho da tarefa histórica civilizatória que lhes cabe e quanto às dificuldades para lutar por ela.

As adversidades de todos os tipos enfrentadas pelos comunistas desde 1922 foram, e são, manifestações da luta de classes. As classes dominantes também usam diferentes formas de luta – ora a violência sangrenta, sempre a violência da calúnia. É um embate sem escrúpulos, cujo único objetivo é erigir obstáculos à luta do povo pela democracia, pelo desenvolvimento nacional, pela soberania da Pátria – bandeiras democráticas e populares que os comunistas se orgulham de manter erguidas bem alto.

A tarefa dos comunistas é imensa e ambiciosa: derrotar o capitalismo, cuja manifestação mais radical, hoje, é o neoliberalismo e organizar as forças do progresso social (trabalhadores, empresários da produção e governo) e criar as condições para o início da transição a uma nova fase civilizatória, a construção do socialismo. Foi com esta bandeira que o Partido Comunista do Brasil cresceu no período neoliberal, contrariando o anúncio do “fim da história” e do fracasso do socialismo.

O PCdoB foi um dos construtores da vitória do presidente Luís Inácio Lula da Silva em 2002 e da abertura de uma nova página, promissora e progressista, na história brasileira. Assumiu suas responsabilidades perante o governo, e o trabalho do ministro Orlando Silva na pasta do Esporte é um exemplo do denodo, dedicação, responsabilidade e espírito público (republicano, como se diz) com que os comunistas assumem suas tarefas e desdobram-se em grandes esforços para fazer muito com pouco.

É uma situação nova na qual, contrariando as expectativas e vaticínios conservadores, o PCdoB cresceu, limpo e de peito aberto, vivendo hoje a melhor fase de sua longa história de noventa anos. Não ficou restrito ao gueto em que a direita espera confinar os partidos “revolucionários” que ela até pode aceitar desde que não alcancem o coração dos brasileiros.

O PCdoB não aceita ser confinado. Fala para milhões, ajuda o povo a compreender a luta política (luta de classes), a organizar-se, mobilizar-se e ser protagonista da mudança histórica que o país vive.

Daí o Partido ser transformado em alvo dos ataques da direita. Os comunistas, o PCdoB, nunca aceitaram, nem aceitam, qualquer forma de irregularidade, de mal uso do dinheiro público, de acomodação ao poder, de benefícios ilegais ou moralmente duvidosos. Não faz parte da tradição comunista compactuar com esse lodaçal, mas sim de combate-lo com vigor.

A tradição comunista, de Astrojildo Pereira, Luís Carlos Prestes, João Amazonas e das legiões de comunistas que estes nomes históricos representam, jamais aceitou qualquer facilidade ou desvio. Não é para isso que o PCdoB existe e mobiliza a vanguarda dos trabalhadores, mas para lutar pelo progresso social, por um novo avanço civilizatório, pelos interesses populares, dos trabalhadores, da democracia e da Pátria. O PCdoB é – sempre foi – um partido de luta, que não se intimida ante as adversidades. “Já enfrentamos ditaduras e detratores como esse há 90 anos. Isso não nos intimida”, indigna-se o presidente nacional Renato Rabelo. “O PCdoB não tem medo. É da história do PCdoB a luta pela verdade”, diz a deputada comunista deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC). O PCdoB não aceita calúnias, diz o senador comunista Inácio Arruda (PCdoB-CE). “Nós estamos prestes a completar 90 anos de idade porque topamos comprar e enfrentar todas as batalhas no campo político e ideológico”, disse com orgulho.

Na mídia capitalista, conservadora e neoliberal, há os que dizem que o Partido é “fora de moda”; outros alegam que é pequeno ante suas responsabilidades no governo (entre elas o Ministério do Esporte).

Nada disso é estranho: causaria espanto se, ao contrário, estes ventríloquos conservadores concordassem com o Partido e elogiassem sua política e suas atitudes. Algo estaria errado com o Partido se alcançasse alguma forma de complacência no campo conservador.

É preciso insistir: trata-se da luta de classes, da qual o Partido e os comunistas não fogem, e na qual lutam com todas suas forças contra o conservadorismo e a nostalgia fascista mal disfarçada destes pregoeiros da “modernidade” neoliberal.

Os comunistas têm um programa claro para a verdadeira modernidade do Brasil e de seu povo. Querem o desenvolvimento nacional e a transição para o socialismo. Querem o futuro, e não o passado; enfrentam os desafios contemporâneos no campo onde eles se colocam e lutam pelo bem estar do povo, pela democracia e pelo socialismo, e contra todas as manifestações do imperialismo. São alvos de ataques indignos e mentirosos justamente por não se omitirem– nunca foram omissos – mas se empenharem com vigor nesta luta que é a velha e permanente luta de classes. Venceremos!

Gilberto Carvalho diz que relação do governo com PCdoB continua 'sólida' e 'fraterna'

O ministro disse ainda que o governo pretende tratar o tema com "cuidado e serenidade" e ponderou que o policial militar João Dias Ferreira, autor das acusações, neste momento não merece crédito. "Há uma acusação de uma pessoa que tem se mostrado...

Brasília - Ao se reunir com o presidente do PCdoB, Renato Rabelo, hoje (20) no Palácio do Planalto, o ministro Gilberto Carvalho tranquilizou o presidente da legendo dizendo que a relação do governo com os comunistas continua "sólida" e "fraterna". "Não é uma crise como essa que vai abalar uma relação como essa", disse o ministro.

O PCdoB enfrenta uma crise após as denúncias que atingem o ministro do Esporte, Orlando Silva. Na reunião, que durou cerca de 40 minutos, também estiveram presentes as ministras Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Ideli Salvatti, de Relações Institucionais. "O que fiz foi assegurar, asseverar que a relação do governo com o PCdoB continua sólida e fraterna", declarou Gilberto Carvalho.

O ministro disse ainda que o governo pretende tratar o tema com "cuidado e serenidade" e ponderou que o policial militar João Dias Ferreira, autor das acusações, neste momento não merece crédito. "Há uma acusação de uma pessoa que tem se mostrado desqualificada na denúncia", disse Gilberto Carvalho que também considerou que não há, até agora, provas contra Orlando Silva.

O ministro lembrou que qualquer decisão sobre o futuro do Ministério dos Esportes será tomada exclusivamente pela presidenta Dilma, que mesmo em sua viagem pela África acompanhou com atenção todos os acontecimentos. "Ela [Dilma] tomará essa decisão com muita serenidade. É preciso pensar que há um ser humano, e um governo que é sério", disse.

Gilberto Carvalho disse ainda que o governo se preocupa com a imagem internacional do país devido as ações de organização da Copa do Mundo de 2014. "Cada crise tem sua face", disse o ministro. No entanto, Gilberto Carvalho ressaltou que as posições tomadas pelo ministro do Esporte até agora, são posições do governo.

Fonte: Agência Brasil

AGU processa PM e motorista que acusaram ministro Orlando Silva

Orlando Silva foi acusado de receber propina de desvios de verba da pasta. AGU afirma que acusações são calúnia; advogados não responderam.

A Advocacia-Geral da União (AGU) ajuizou nesta quinta-feira (20) na Justiça Federal de São Paulo uma ação contra o policial militar João Dias Ferreira e o motorista Célio Soares Pereira a pedido do ministro do Esporte, Orlando Silva. Dias e Soares acusaram o ministro de receber propina de verba desviada do ministério.

O ministro pede a condenação do policial e do motorista pelo crime de calúnia e afirma serem mentirosas as acusações. Segundo a queixa apresentada pelo ministro, Célio Soares seria um "faz-tudo", uma "espécie de mensageiro" do grupo responsável pelo controle do suposto esquema de desvio de verba pública.

O G1 tentou entrar em contato com os advogados do PM e do motorista, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

Queixa-crime é um tipo de denúncia feita à Justiça pela parte ofendida para que seja iniciado um processo contra a outra parte. Segundo a lei brasileira, a pena para o crime de calúnia é prisão de 6 meses a 2 anos e pagamento de multa.

Em depoimento no Senado na quarta (19), Orlando Silva afirmou que entraria com a queixa-crime. Silva disse ainda que é um "homem honrado" e que não iria descansar "enquanto não prender os delinquentes que me tratam de forma vil".

"Já se passaram cinco dias [da publicação] das falsidades que me acusam. É inaceitável, onde estão as provas?", reiterou. Orlando Silva disse que vai acionar judicialmente João Dias.

Denúncias

João Dias Ferreira é o pivô das denúncias contra Orlando Silva, publicadas em reportagem da revista "Veja" do último fim de semana. Em entrevista, ele disse que o ministro teria recebido um pacote com notas de R$ 50 e R$ 100 na garagem do ministério.

O policial foi preso no ano passado na Operação Shaolin, deflagrada pela Polícia Civil do DF para investigar fraudes no programa Segundo Tempo, destinado a promover o esporte em comunidades carentes. As ONGs de João Dias, relacionadas ao kung-fu, são suspeitas de desviar verba de convênios assinados com o Ministério do Esporte.

A Controladoria-Geral da União pede a devolução de mais de R$ 4 milhões repassados pelo Ministério do Esporte a entidades de João Dias.

Proteção policial

A Polícia Federal informou nesta quinta que João Dias dispensou, durante depoimento na noite de quarta, oferta de proteção policial. "Ele não pediu e inclusive dispensou proteção policial", afirmou a assessoria da PF.

A informação contradiz declarações feitas por Dias ao deixar a superintendência da corporação após prestar depoimento por mais de sete horas.

Autor das denúncias de que o ministro do Esporte, Orlando Silva, estaria envolvido em um esquema de desvio de recursos do ministério, Dias disse que o Ministério da Justiça havia concedido a ele proteção policial.

O ministro da Justiça, Eduardo Cardozo, também negou que o PM tenha solicitado apoio da PF. "A informação que eu tive é que ele não pediu a proteção policial, que ele dispensou a proteção policial. Se a pessoa dispensa proteção é porque não se sente ameaçado."

Fonte: G1

LÍBIA, PETRÓLEO E DEMOCRACIA

Quatro semanas de bombardeios intensos dos caças da Otan precederam a captura e morte de Kadafi, nesta 5ª feira, na Líbia.  Sirte, a cidade nuclear no centro das operações, foi reduzida a ruínas. Mais de 100 pessoas morreram nos últimos 10 dias. Há centenas de feridos e encarcerados. A violência não se limita aos combates.Um relatório da Anistia Internacional, de 13 de outubro, "Detention Abuses Staining the New Libya", denuncia a persistencia de prisões arbitrárias, sem julgamento, por parte de milícias incorporadas ao governo provisório rebelde. A prática da tortura é generalizada nas prisões, seja por vingança, seja como método sancionado de coleta de  informação. Se o Conselho Nacional de Transição (CNT) não der mostras de "uma ação firme e imediata", diz o Relatório da Anistia, a Líbia corre "um risco real de ver algumas tendências do passado repetirem-se.O documento resume as conclusões de uma delegação da Anistia Internacional que, entre 18 de agosto e 21 de setembro, recolheu os testemunhos de perto de três centenas de prisioneiros em 11 instalações de detenção da capital, Tripoli, bem como de Zawiyah e outras regiões do país. As imagens de Kadafi banhado em sangue, com o rosto desfigurado, morto após captura, ocuparam hoje um espaço de destaque, algo jubiloso, em veículos tradicionalmente empenhados em cobrar o respeito aos direitos humanos, sobretudo de regimes cujos governantes, em sua opinião, não comungam valores democráticos.  Carta Maior repudia a tortura, o arbítrio e a opressão --política e econômica, posto que são indissociáveis--  em qualquer idioma e latitude. Não se constrói uma sociedade justa e libertária com o empréstimo dos métodos que qualificam o seu oposto. A história dirá se o que assistimos hoje na Líbia atende às justas aspirações das etnias líbias por liberdade e justiça social, ou configura apenas uma cortina de fumaça feita de bombas e opacidade midiática para lubrificar o assalto das potências ao petróleo local.
(Carta Maior; 6ª feira, 21/10/ 2011)

O vocabulerolero da velha mídia


Por Emir Sader

Aqui algumas indicações sobre como ler a velha mídia. Nada do que é dito vale pelo seu valor de face. Tudo remete a um significado, cuja arte é tratar de camuflá-lo bem.

Por exemplo, quando dizem liberdade de imprensa, querem liberdade de empresa, das suas empresas, de dizerem, pelo poder da propriedade que tem, de dizer o que pensam.

A chave está em fazer passar o que pensam pelo interesse geral, pelas necessidades do país. Daí que nunca fazem o que deveriam fazer. Isto e’, dizer, por exemplo: “A família Frias acha que...” Ou: “A família Civita acha que...” e assim por diante.

A arte da manipulação reside em construções em que os sujeitos (eles) ficam ocultos. Usam formulas como: “É mister”, “Faz-se necessário”, “É fundamental”, “É’ indispensável”.

Sempre cabe a pergunta: Quem, cara pálida? Eles, os donos da empresa. Sempre tentar passar a ideia de que falam em nome do país, do Brasil, da comunidade, de todos, quando falam em nome deles. A definição mais precisa de ideologia: fazer passar interesses particulares pelos interesses gerais.

Quando dizem “fazer a lição de casa”, querem dizer, fazer duro ajuste fiscal. Quando falam de “populismo”, querem dizer governo que prioriza interesses populares. Quando falam de “demagogia”, se referem a discursos que desmascaram os interesses das elites, que tratam de ocultar.

Quando falam de “liberdade de expressão”, estão falando no direito deles, famílias proprietárias das empresas monopolistas da mídia, dizerem o que bem entendem. Confundem liberdade de imprensa com liberdade de empresas – as deles.

No Vocabulerolero indispensável para entender o que a mídia expressa de maneira cifrada, é preciso entender que quando falam de “governo responsável”, é aquele que prioriza o combate à inflação, às custas das políticas sociais. Quando falam de “clientelismo”, se referem às politicas sociais dos governos.

Quando falam de “líder carismático”, querem desqualificar os discursos os lideres populares, que falam diretamente ao povo sobre seus interesses.

Quando falam de “terrorismo”, se referem aos que combatem ou resistem a ações norte-americanas. “Sociedades livres” são as de “livre mercado”. Democráticos sao os países ocidentais que tem eleições periódicas, separação dos três poderes, variedade de siglas de partidos e "imprensa livre", isto é, imprensa privada.

“Democrático” é o pais aliado dos EUA – berço da democracia. Totalitário é o inimigo dos EUA.

Quando dizem “Basta” ou “Cansei”, querem dizer que eles não aguentam mais medidas populares e democráticas que afetam seus interesses e os seus valores.

Entre a velha mídia e a realidade se interpõe uma grossa camada de mecanismos ideológicos, com os quais tentam passar seus interesses particulares como se fossem interesses gerais. É o melhor exemplo do que Marx chamava de ideologia: valores e concepções particulares que pretendem promover-se a interesses da totalidade. Para isso se valem de categorias enganosas, que é preciso desmistificar cotidianamente, para que possamos enxergar a realidade como ela é.

A ONU e a espiritualidade

Na próxima semana, a humanidade comemora o aniversário da ONU, criada em 1948, para cuidar do diálogo entre os povos e da paz no mundo

Por Marcelo Barros - Brasil de fato

Na próxima semana, a humanidade comemora o aniversário da ONU, criada em 1948, para cuidar do diálogo entre os povos e da paz no mundo. Neste aniversário de 63 anos, o presente que a humanidade quer oferecer à ONU é a reforma de seus estatutos e que as Nações Unidas aceitem como membros, não só os governos, mas também a sociedade civil internacional.

Nestes dias, se completam dez anos da invasão do Afeganistão, realizada pelo governo dos Estados Unidos. O pretexto era a tal guerra preventiva e de que ali se escondia o Al Qaeda. Muitas pessoas inocentes foram assassinadas e o país inteiro destruído. Alguns anos depois, o presidente Bush teve de reconhecer que mentiu ou se enganou. Entretanto, tudo continuou como estava. Até hoje o país é ocupado por tropas estrangeiras. A ONU se pronunciou contra a invasão, mas nada fez para impedi-la. Também não denunciou a ilegalidade da invasão americana no Iraque, nem deixou claro que ao invadir o Paquistão, para assassinar Bin Laden, o presidente Obama se mostrou absolutamente igual ou mais ilegal do que o inimigo friamente massacrado. A recente recusa da ONU em reconhecer o Estado Palestino e assim assegurar a paz no Oriente Médio é mais um fato que revela a urgência de novas regras internacionais para o seu funcionamento e para que possa cumprir bem o seu objetivo de uma comunidade das nações.

Há quem pense que um assunto como este nada tem a ver com a fé e a espiritualidade. Entretanto, todas as grandes tradições espirituais mostram que Deus tem um projeto divino para o mundo e este projeto é a paz e a aliança (shalon) entre todos os seres humanos. Antigos escritos hindus dizem que o mundo inteiro deve ser uma só sangha, uma única fraternidade humana. Buda ensinava que o mundo deveria ser organizado a partir da compaixão, solidariedade com todos os seres vivos. O Corão propõe organizar o mundo a partir da justiça e da misericórdia. As tradições afro-brasileiras falam no Axé, energia vital de amor, como princípio organizador da sociedade. A Bíblia diz que Deus tem um projeto para o mundo: a organização da humanidade em uma só família humana. O Evangelho diz que Jesus morreu “para reunir na unidade todos os filhos e filhas de Deus dispersos pelo mundo” (Jo 11, 52). Paulo escreveu que, na cruz, Jesus aboliu o muro de inimizade que separava os povos e fez de povos diferentes um só povo (Cf. Ef 2, 13 ss). Hoje, a Carta da Terra afirma que, junto com todos os seres do planeta, somos uma só comunidade da vida.   

Nestes dias, os meios de comunicação mostram, em vários países do mundo, manifestações da sociedade civil e principalmente da juventude pedindo outra forma de organizar o mundo. Nos últimos dias, somente nos Estados Unidos,  marchas e manifestações pacíficas reuniram mais de 50 mil pessoas. Elas se manifestaram em 53 cidades e fizeram uma caminhada até Washington para protestar contra o fato do governo norte-americano agir, não como representante do povo e sim como mero funcionário dos grupos financeiros internacionais.

As transformações sociais e políticas, para serem profundas, devem ter como base uma profunda renovação cultural. Sem isso, as mudanças permanecem superficiais. Uma espiritualidade ecumênica e humana, não necessariamente ligada  às religiões e sim à sacralidade da vida, ao respeito à natureza e à dignidade de todo ser humano, sem dúvida, serão fermento de um modo de organizar o mundo e a vida de forma mais justa e amorosa. Então, a ONU merecerá parabéns por seu aniversário e por ser sinal e instrumento de uma humanidade renovada.

Marcelo Barros é monge beneditino

A linguagem envenenada transnacional

Claudia Korol
Editora de América Libre, jornalista da Rádio Nacional da Argentina, coordenadora do programa de rádio Espejos Todavía, em FM La Tribu
Adital
Tradução: ADITAL

Estamos em um julgamento ético às transnacionais. É um julgamento às empresas que concentram os máximos lucros acumulados pelo capital nos últimos séculos à custa de repressões, genocídios, ecocídio, destruição e saqueio. Queremos denunciá-las nesse julgamento popular. E queremos denunciar a linguagem criada a partir do poder, para lutar com cada uma de suas palavras.

O capitalismo patriarcal e racista no qual vivemos engatilha uma rajada de palavras transgênicas. Palavras cujo sentido morre no mesmo momento em que são pronunciadas; porém, ao fazê-lo, envenenam a linguagem até torná-la um instrumento contra nós mesmos.

Por isso, habitamos uma linguagem envenenada e envenenadora, tanto quanto o glifosato utilizado na produção de soja, ou como o cianureto, da mineração a céu aberto.

Com palavras transgênicas, descrevemos o mundo transnacionalizado do capital.

A linguagem envenenada é a linguagem do poder.

Com seu vocabulário, feito de poucas palavras que são disparadas desde os grandes meios de comunicação, das academias, dos governos e dos parlamentos, construímos esse breve dicionário.

Eles chamam desenvolvimento à destruição e ao saqueio dos povos e da natureza.

Chamam civilização ao sistema capitalista, patriarcal, racista, baseado na exploração dos/as trabalhadores/as pela burguesia; dos povos recolonizados pelos países imperialistas e pelas corporações transnacionais, na violenta dominação dos povos invadidos pela bárbara cultura dos vencedores; na opressão das mulheres e das dissidências sexuais; pelos homens beneficiários da cultura androcêntrica.

Chamam progresso à negociação da identidade e da história dos povos e à implantação de uma cultura hegemônica, que tem como sujeito central ao homem branco, burguês, proprietário, heterossexual, ocidental e cristão.

Chamam democracia ao modelo político de dominação criado para garantir a governabilidade desse sistema de morte e que garante a liberdade para o capital e a escravidão de todas/os as/os excluídas/os.

Chamam comunicação à saturação de nossa subjetividade com valores alienadores que nos mantêm incomunicados; e chamam informação à multiplicação de dados que encobrem a realidade que vivemos e sofremos.

Chamam segurança à criminalização da pobreza, justificando a judicialização do protesto, a militarização dos territórios onde as populações resistem ao saqueio, ao gatilho fácil contra os jovens, ao isolamento de homens e mulheres, crianças e adolescentes pobres em cárceres e lugares de encerro, nos quais seus direitos humanos são, cotidianamente, violados.

Chamam terroristas aos que combatem esse sistema de morte; e chamam justiçaàs leis e às pessoas que os reprimem.

A linguagem envenenada, encobridora e alienadora do poder burguês, patriarcal, racista, nomeia como "provida”aos fundamentalistas religiosos da inquisição atual, que negam o direito das mulheres a decidir sobre nossos corpos, sobre nossas vidas...; condenando milhares de mulheres à morte, em abortos clandestinos.

Nesse jargão envenenado, chamam crimes passionais aos atos brutais de violência contra as mulheres. À condenação das mulheres como escravas do lar, chamam amor. À organização patriarcal de base chamam família. E à ideologia dos vencedores chamam cultura universal.

Há uma dose suplementar de linguagem envenenada, destinada especialmente a mutilar as sementes a cultura rebelde. É a linguagem biodegradável da posmodernidade. Uma linguagem que diz que, depois do fim da história, "estamos de volta”. Porém, "estamos de volta”, aggiornados/as, pasteurizados/as, reciclados/as.

A linguagem posmodernizada, biodegradável colocou no liquidificador as palavras carregadas de sentidos e de atos que nomeiam à revolução, ao socialismo, ao feminismo, às batalhas anticolonialistas e anti-imperialistas, à legitimidade da violência popular frente à violência do poder. Identificar a linguagem envenenada e a linguagem desmobilizadora da posmodernidade é uma tarefa artesanal de autodefesa de massas, que necessitamos realizar a partir de nossos próprios territórios.

Quanto dessa linguagem do poder é disparada a partir de nossas próprias filas? Quanto já tragamos desse veneno; e continuamos a tragar nesses anos? Quanto já cuspimos para cima?

Recuperar a linguagem subversiva e recriá-la sem perder sua densidade nem seu poder de fogo é parte da batalha atual de ideias.

Há 10 anos, nos dias 19 e 20 de dezembro, defender a rebeldia daquelas jornadas é uma das tarefas emancipatórias frente aos discursos carregados de ‘sem sentido’, que dispararão projéteis carregados de cepticismo; repetidos para desmobilizar; para tentar convencer-nos de que o legado dessa rebelião é "o governo que soubemos realizar”..., financiado pela expansão da soja e da mineração a céu aberto.

Há 10 anos, nos dias 19 e 20 de dezembro, necessitamos recuperar e recriar uma linguagem que vá além, inclusive, da rebelião, para dar corpo a um sujeito social que exercite o poder popular.

Uma linguagem que nomeie atos; que multiplique exemplos permanentes. Como chamar a solidariedade com os nomes de Pocho Lepratti, de Darío Santillán, de Mariano Ferreyra, de Carlos Fuentealba, de Julio López, de Silvia Suppo.

Palavras com corpo. Palavras férteis, que continuam crescendo e multiplicando sementes com sua semeadura.
Uma linguagem que torne visíveis as vidas, as histórias, a presença de todas/ as/os negadas/os pelo poder dos vencedores. Uma linguagem com rostos, com mãos, com pele, com desejo, com alegria e dor. Uma linguagem com sentido.

Uma linguagem que expresse nosso amor e nosso ódio como trama de uma subjetividade de combate, de largo alento, que não se detenha ante a primeira pedra do caminho que nos é oferecida por àqueles que fazem da cooptação uma arma predileta para a domesticação e para a neutralização dos movimentos populares, transformando aos militantes em funcionários do poder.

Uma linguagem que conjugue, com coragem, o NÓS coletivo e plural da luta e da criação popular em uma chave na qual, de verdade, os gestos de unidade imprescindível recuperem força para derrotá-los e à sua linguagem de morte.

Na semana em que recordamos ao Che, quero fazê-lo como ‘compa’ que soube colocar o seu corpo e a sua vida em cada palavra. O ‘compa’ que pensou o marxismo como a linguagem da América Latina e com o rosto e os sonhos de todas as rebeliões. Que riu dos dogmas e das oligarquias. O comunicador que ensinou que devemos comunicar somente a palavra verdadeira. Junto com ele, recordamos a todas/os as/os lutadoras/res que falaram com suas vidas e, por isso, não puderam ser calados com suas mortes.

Linguagem de corpos rebelados; do desejo que se torna ato; da esperança que não espera; da insurgência do coração; da subversiva maneira de andar neste mundo, com o sonho na mão e a alegria como caminho.

4 de outubro / 2011

Oxfam alerta para necessidade de investimento na pequena agricultura

Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital
 
Direito a Produzir: Investir mais e melhor na pequena agricultura da América do Sul. Esse é o título do novo informe produzido por Oxfam International no marco da Campanha Crece. A publicação se soma ao chamado feito pela organização internacional aos ministros da agricultura reunidos no Encontro de Ministros da Agricultura das Américas, evento que acontece desde ontem (19) na Costa Rica.

Com base em informações de seis países sul-americanos (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru), o relatório destaca a importância da pequena agricultura no combate à fome e à pobreza. Para Oxfam, a agricultura é um setor estratégico na geração de emprego e no crescimento econômico.

Prova disso é que o setor contribui, em média, com 12% do Produto Interno Bruto (PIB) da região. "Segundo os cálculos realizados para o informe mundial sobre Agricultura para o Desenvolvimento do Banco Mundial, o crescimento na agricultura resulta entre dois e três vezes mais eficaz na redução da pobreza que o crescimento em outros setores”, revela.
Destaque para a pequena agricultura. Oxfam aponta que, na América do Sul, é a produção de pequenos agricultores e pequenas agricultoras que vai parar na mesa dos sul-americanos. A pequena agricultura é responsável por 70% dos alimentos consumidos no Brasil e no Peru. No Equador, a pequena agricultura produz 70% do milho e 64% das batatas destinadas a consumo interno.

Apesar da importância, os governos não têm aumentado o investimento no setor. Ao contrário, o relatório revela que o gasto público na agropecuária caiu nos últimos 30 anos, ficando entre 1% e 3% do orçamento. A exceção é Paraguai e Bolívia, países que destinam um pouco menos de 10% do orçamento para a agropecuária.

Além disso, os investimentos vão para empresas e grandes proprietários rurais. "O gasto público para o desenvolvimento agrícola na América Latina tem caído até ficar abaixo dos níveis de vinte anos atrás. Mas o mais preocupante é que o investimento costuma beneficiar os produtores mais vantajosos, capazes de aproveitar as novas oportunidades como as que surgem com os novos tratados comerciais ou a expansão de mercados emergentes como o dos biocombustíveis. Enquanto os pequenos produtores e produtoras devem fazer frente por si só com riscos cada vez mais graves e ingovernáveis, com um acesso mais limitado aos recursos e sem ter a seu alcance os serviços que necessitam para manter seus meios de vida”, afirma.

Segundo o relatório, estima-se que 52 milhões de pessoas vivam com fome na América do Sul. Ademais, a maioria das pessoas que vivem na pobreza ou na pobreza extrema depende da agricultura. No Peru, por exemplo, conforme a publicação, 60% das pessoas pobres vivem da agricultura. Na Bolívia, seis de cada dez habitantes de áreas rurais vivem na pobreza extrema.

Por conta desse quadro, Oxfam pede aos governos sul-americanos que: assegurem o acesso equitativo à terra e à água; aumentem o gasto público destinado à pequena agricultura; ampliem a participação dos pequenos produtores nas decisões relevantes; levem em consideração as necessidades específicas das mulheres; entre outros.

Encontro de Ministros

Desde ontem (19), Costa Rica sedia o Encontro de Ministros da Agricultura das Américas. O evento, que vai até sexta-feira (21), reúne representantes de todos os países do continente com o objetivo de alertar os governantes a investir em inovações e tecnologias que auxiliem no combate à mudança climática e na garantia de segurança alimentar.

Arthur Virgílio ataca o PCdoB e Dilma

Por Altamiro Borges

No artigo “A casa está caindo”, publicado hoje (20), o ex-senador tucano Arthur Virgílio, aquele que prometeu dar “uma surra” no presidente Lula e acabou levando uma surra dos eleitores amazonenses em outubro passado, revela quais são os reais interesses da oposição demotucana e da sua mídia na atual campanha de linchamento público do ministro Orlando Silva, dos Esportes.


Anticomunismo do ressentido

Raivoso como sempre, ele afirma que as acusações sem provas do policial João Dias – um escroque que já foi processado e preso por corrupção – “atingem, em cheio, o PCdoB, partido que aparelhou, em favor dos seus militantes, a pasta dirigida, primeiro por Agnelo Queiroz e depois por Orlando Silva”. Só por esta afirmação leviana o ex-senador já mereceria um processo judicial.

O ódio do tucano aos comunistas não surpreende. Afinal, ele se considerava imbatível no Amazonas, tinha o apoio dos poderosos da região e da maior parte da mídia. Mesmo assim, foi derrotado pela candidata do PCdoB, Vanessa Grazziotin, na eleição para o Senado. O metido a valentão até hoje não engoliu a surra. Seu ressentimento é patético! Seu anticomunismo beira o fascismo!

“Governabilidade corrupta de Lula”

Mas Arthur Virgílio não quer apenas se vingar do PCdoB. Ele pretende se aproveitar de mais esta crise política fabricada pela mídia demotucana para sangrar, sem piedade, o atual governo. Para ele, o mais importante “é que tudo que está acontecendo deriva da ‘governabilidade’ corrupta que Lula montou em seu próprio benefício e, a seguir, transmitiu a Dilma Rousseff”.

Ele ataca o PCdoB, mas o seu alvo principal é Dilma. “Orlando Silva será o quinto ministro a cair sob acusação de corrupção. O sexto, se incluirmos Nelson Jobim, que discordou do governo e ‘pediu as contas’. Tudo isso em apenas nove meses e meio de gestão. Dá a impressão de apodrecimento. De casa caindo”. Este é o maior desejo do ex-homem forte de FHC.

A estratégica da direita

Arthur Virgílio, sempre metido a valentão, explicita no artigo a estratégia da oposição de direita e de sua mídia na atual crise. A preocupação não é com a ética – até porque os demotucanos são mais sujos do que pau de galinheiro. O objetivo é desgastar e, se possível, derrubar o governo Dilma.

A presidenta deveria ficar esperta diante destas manobras golpistas. Qualquer cedência dará ainda mais fôlego aos ressentidos e patéticos tucanos, rejeitados pelas urnas e que tentam ressuscitar.

João Dias: fonte da Veja é assassino?

Por Altamiro Borges

A revista Veja e seus “calunistas” amestrados, com o seu jornalismo de esgoto, podem ter entrado em outra fria. No episódio da tentativa de invasão do apartamento do dirigente petista José Dirceu num hotel de Brasília, a ação mafiosa foi desbaratada e virou caso de Polícia, que concluiu seu inquérito. O ex-ministro já anunciou que processará a revista e o repórter criminoso.


Já no episódio do linchamento público do ministro Orlando Silva, a principal fonte da Veja se enrola a cada dia que passa. Agora, surge a denúncia de que o João Dias teria assassinado um policial que investigava suas maracutaias. A informação bombástica foi publicada no final da noite desta quinta-feira (20) no sítio Brasil-247 – que nem morre de amores pelo ministro Orlando Silva:

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Pivô da crise nos esportes está ligado a assassinato

Dois anos atrás, em outubro de 2009, um policial foi assassinado em Brasília. Luiz Carlos Ferreira Soares, que tinha o apelido de Clark, foi encontrado morto num Renault Clio, com um tiro no peito e a cabeça virada para trás. Sem explicações para a morte, a polícia civil do Distrito Federal fechou a investigação concluindo pela hipótese de latrocínio.

Um detalhe no corpo de Clark chamou a atenção dos investigadores, mas jamais foi investigado a fundo. O policial tinha o pulso quebrado. De acordo com uma testemunha, Michael Vieira da Silva, Clark havia sido vítima do policial João Dias, mestre em artes marciais e também na técnica relacionada à quebra do pulso – o que pode levar à morte.

O motivo: Clark investigava as fraudes no Ministério dos Esportes e o policial João Dias, que recebeu R$ 2 milhões do governo para a sua ONG, era um dos alvos. A Operação da qual Clark participava se chamava Kung-Fu. Tempos depois, ela foi rebatizada como Shaolin e acabou levando João Dias à prisão...


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A mídia investigará o assassinato?

João Dias, principal fonte da inescrupulosa revista Veja, é alvo do inquérito 47406, da Polícia Federal. Ele é acusado por lavagem de dinheiro, apropriação indébita e formação de quadrilha. Ele desviou mais de R$ 2 milhões do Ministério do Esporte. Usou parte desta grana para comprar uma mansão de luxo em Sobradinho, carros importados e duas academias de ginástica.

Por isso, foi penalizado pelo Ministério, que exigiu ressarcimento dos recursos aos cofres públicos. Desesperado, ele partiu para a vingança e chantagem. A Veja deu guarita ao criminoso. Agora, surge a denúncia de que ele participou de um assassinato. Será que a revista investigará o caso? Será que Fantástico, da TV Globo, reconhecerá de deu espaço para uma pessoa acusada de homicídio?
 
Fonte: Blog do Miro