quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A IMPORTANTE DECISÃO DOS TRABALHADORES/AS RURAIS DE ARAÇÁS


Os trabalhadores/as rurais do município de Araçás, na região do Litoral Norte da Bahia, estiveram reunidos em Assembléia Geral extraordinária no último dia 09 de agosto para deliberarem sobre temas importantes referentes à organização do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais daquele município. Participaram da atividade cerca de 200 trabalhadores/as filiados ao Sindicato, bem como diversas lideranças locais e de fora do município.

Na atividade os trabalhadores/as de forma unânime decidirão por afastar a atual Diretoria Executiva da Entidade, considerando que a mesma não estava mais representando os interesses da categoria, bem como vinha desenvolvendo ações que não correspondiam com os objetivos estratégicos dos trabalhadores/as rurais de Araçás. Do mesmo modo organizados, ao final da Assembléia todos fizeram uma grande passeata até a sede da Entidade, e de modo consciente entregaram aquele espaço dos trabalhadores/as a nova coordenação da Entidade, sob a liderança de Josenice Xavier.

Presentes na Assembléia estiveram Jean Carlos Machado, respectivamente Secretário de Formação e Organização Sindical da FETAG-BA e Secretário de Finanças da CTB-Bahia, Milton Sales, da Coordenação Regional da CTB de Feira de Santana, Rozete Evangelista, Assessora Regional da FETAG-BA, Renilda Santos e Edifrâncio Oliveira, ambos coordenadores da Delegacia Sindical da FETAG-BA de Feira de Santana, Recôncavo e Litoral Norte.

Segundo Jean Carlos da FETAG-BA “Os trabalhadores/as rurais de Araçás deram uma importante demonstração de força política para defender os interesses que lhes cabem, bem como também demonstraram coerência e competência para organizados decidirem sobre os rumos do Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais de Araçás, pois ele não deve ter donos, mas sim lideranças vinculadas com a defesa da categoria”.

Por Genaldo de Melo

Massacre na Noruega: adolescente faz relato arrepiante e diz que seguirá na política

Aos 18 anos de idade, ela respirou fundo e se preparou para morrer. Com pouca habilidade para nadar, a norueguesa Emma Martinovic pulou em um lago gelado, certa de que provavelmente afundaria antes de pisar na terra novamente. Mas o risco não foi apenas uma aventura ou uma brincadeira perigosa. A adolescente tentava fugir de Anders Behring Breivik, o homem que matou a tiros os participantes de um acampamento juvenil de verão do Partido Trabalhista norueguês, na ilha de Utoeya, no ultimo 22 de julho.
Arquivo pessoal

A estudante Emma Martinovic durante um evento do Partido Trabalhista da Noruega


Dos 69 mortos no ataque, 14 eram amigos próximos de Emma. Seis deles foram baleados na frente da estudante. Ela nadou para escapar da ilha e, embora tenha tido dificuldades para se salvar, ainda ajudou uma amiga e um menino desconhecido a fugir. Emma foi atingida no braço antes de ser resgatada pela tripulação de um barco. De todas as perdas e dificuldades que enfrentou, nada a impactou mais do que a lembrança do sorriso do terrorista enquanto atirava nas pessoas. Em entrevista ao Opera Mundi, Emma contou como se amparou na família e nos amigos para tomar fôlego entre uma braçada e outra naquele dia. Apesar do terror, ela diz se sentiu obrigada a continuar viva.

Como você percebeu que estava em meio a um tiroteio?
Eu meus amigos ouvimos o barulho e nos escondemos atrás de um morro. Não tínhamos como ver muita coisa de lá. Então começaram a chegar mensagens nos celulares, com perguntas sobre como era o atirador e se ele estava sozinho. Depois nos avisaram que era um homem vestido como policial e que ele estava vindo em nossa direção.
 
Primeiro eu rezei, mas tentei ao mesmo tempo acalmar os outros ao meu redor. Em seguida, enviei uma mensagem para o líder do movimento juvenil trabalhista. Ele disse que estava a salvo e eu perguntei o que deveria fazer, já que éramos quatro encurralados em um rochedo. A resposta foi simples e direta: “Nade!” 

Não havia outra alternativa?
Era muito difícil achar um lugar para nos esconder. Fugir a nado pareceu mesmo a melhor opção. Quando pisei na água, vi um corpo boiando, com o rosto para baixo. Eu o puxei até a terra e vi que era um amigo -- havia um buraco na cabeça dele. Mas não tive tempo de reagir emocionalmente. Dei um beijo nele e voltei para o lago. Antes, ainda mandei mensagens de despedida para minha família e meu melhor amigo, Robin.

Você duvidou que poderia se salvar?
Não nado bem e parecia claro que acabaria afundando. Me senti preparada para morrer afogada. A morte estava muito próxima.

É difícil dizer de onde tirei forças. Provavelmente das pessoas que eu queria ver de novo. Cada vez que tirava a cabeça da água, pensava: "um fôlego para minha mãe, um para o meu pai, um para os meus amigos". Em um determinado momento, olhei para trás e vi o sorriso satisfeito no rosto do atirador. Ele apontou a arma na nossa direção e começou a disparar, rindo. Nunca irei me esquecer dessa cena. Foi naquele instante que nadei ainda mais depressa.

Quem te acompanhou na água?
Várias pessoas, mas me lembro em especial de um garotinho. Eu disse que ele era um excelente nadador e ele respondeu: "Meu pai está morto". Pedi que ele não pensasse naquilo e se concentrasse em nadar. O menino parecia confuso e disse: "Pensei que a polícia deveria ser boa conosco."

O assassino não queria deixar ninguém vivo. Um dos meus amigos estava prestes a pular na água, mas acabou sendo atingido, na minha frente. Vi a cabeça dele explodir. O terrorista atirava nos que estavam na terra e também naqueles que tentavam nadar. Um garoto que nadava próximo a mim foi baleado e o sangue dele se espalhou imediatamente na água.

Acho que alguns morreram afogados. Uma amiga minha gritou: "Emma, não consigo fazer mais nada". Voltei e pedi que mantivesse o ritmo, que respirasse por ela e por mim, pois logo estaríamos a salvo. Deixei que ela se agarrasse aos meus ombros e nadasse usando apenas as pernas. Nós estávamos em pânico. Eu mesma cheguei a quase desistir no meio do caminho. No fim, o garoto que perdeu o pai, minha amiga e eu fomos resgatados pelo mesmo bote. 

No seu blog você diz que foi atingida por uma bala. Como foi isso?
Minha amiga gritou atrás de mim: "Emma, você está sangrando!". Olhei para baixo e vi o sangue jorrando do meu braço esquerdo. Só naquele instante eu entendi porque doía tanto, mas não quis parar. Ainda era possível ouvir tiros, gritos e a risada, a inconfundível risada do desgraçado. Ele gritava e dizia que não escaparíamos.

Você frequentava o acampamento em Utoeya há quanto tempo?
Foi minha primeira vez. Todos os anos minha família viaja para a Bósnia e para Montenegro, mas esse ano eu quis ir para Utoeya e voltei mais cedo das férias.

Lá tinha todos os atrativos de um acampamento de verão tradicional. Durante cinco dias, nós jogamos futebol e vôlei, dançamos, vimos shows de música, organizamos festas. Esse tipo de coisa. O diferencial eram as atividades com ênfase na política. Havia barracas onde os jovens podiam escolher o assunto em que queriam se aprofundar, como política internacional, relações partidárias etc. Eu sempre gostei muito de política e queria fazer algo pela Noruega.

O massacre mudou seus planos profissionais?
De forma alguma. É importante que cada um de nós continue a atuar da forma que quiser. Assim o monstro não vai achar que conseguiu vencer nossa política pacífica.

Já na vida pessoal, tudo mudou. Tenho medo de tudo o que me cerca. Tenho de medo de barulho, fico olhando para trás sem parar e nunca saio sozinha. Meu melhor amigo está sempre comigo. Ele nunca me deixa só. As pessoas me perguntam coisas sobre Utoeya a todo instante e, quando não consigo responder, é meu amigo quem responde por mim. Mas, mesmo com ele, eu continuo assustada. Estou sempre preparada para correr e nem mesmo sei o porquê.

O que você sabe sobre o atirador?
Sei que ele foi preso e que escreveu um manifesto de ódio. Mas eu não posso lê-lo. Não tenho condições de saber como ele planejou nos matar. Jamais vou perdoá-lo, mas não sinto nada por ele. A sensação é de vazio ao pensar naquela pessoa. Na verdade, chego a sentir ódio por dez segundos, só por causa das pessoas que ele tirou de mim. Mas depois esse sentimento ruim vai embora e não sobra nada mesmo. 

Fonte: Ernani Lemos e Juliana Yonezawa | Londres (Opera Mundi)

Mídia e espionagem nos governos tucanos

Por Marco Aurélio Weissheimer, no blog RS Urgente:

As revelações sobre episódios de espionagem política patrocinados por governos tucanos em São Paulo e no Rio Grande do Sul lançam um pouco de luz em uma zona sombria da relação entre poder político, aparato policial e mídia que não fica devendo nada ao escândalo Murdoch.


Em setembro de 2010, o governo Yeda Crusius (PSDB) foi alvo de novas denúncias envolvendo o uso do aparato de segurança do Estado para espionar jornalistas, adversários políticos e outras autoridades. As denúncias surgiram a partir da prisão do sargento César Rodrigues de Carvalho, da Brigada Militar, que estava lotado na Casa Militar do governo tucano, onde trabalhava como segurança da então governadora, entre outras funções. O Sargento foi preso acusado de extorquir proprietários de máquinas caça-níqueis e de obstaculizar as investigações sobre o caso. Amílcar Macedo, promotor que conduziu o caso, revelou mais tarde que o sargento também tinha a atribuição de executar serviços especiais de espionagem.

A lista de espionados era longa, incluindo políticos, filhos de políticos, jornalistas (entre os quais estou incluído), delegados, oficiais de polícia e das forças armadas, uma desembargadora, entre outros. Segundo as investigações da promotoria, o sargento fazia, pelo menos, dois tipos de investigações: uma para levantar dados sobre a vida do investigado e outra para saber se a pessoa estava sendo investigada por alguma instituição.

Agora, em agosto de 2011, a revista IstoÉ publicou reportagem afirmando que os governos tucanos em São Paulo desenvolveram uma prática similar a essa atribuída ao governo Yeda Crusius. Intitulada “Central tucana de dossiês”, a matéria de Pedro Marcondes de Moura afirma que “mais de 50 mil documentos encontrados no Arquivo Público de São Paulo mostram como a polícia civil se infiltrou e investigou partidos políticos, movimentos sociais e sindicatos em pleno governo de Mário Covas”. A reportagem afirma:

“Agentes infiltrados em movimentos sociais, centenas de dossiês sobre partidos políticos, relatórios minuciosos com os discursos de oradores em eventos políticos e sindicais. Tudo executado por policiais, a mando de seus chefes. Estas atividades, típicas da truculenta ditadura militar brasileira, ocorreram no Estado de São Paulo em plena democracia, há pouco mais de dez anos. Cerca de 50 mil documentos, até então secretos e que agora estão disponíveis no Arquivo Público do Estado, mostram como os quatro governadores paulistas, eleitos pelas urnas entre 1983 e 1999, serviram-se de “espiões” pagos com o dinheiro dos contribuintes para monitorar opositores. Amparados e estimulados por seus superiores, funcionários do Departamento de Comunicação Social (DCS) da Polícia Civil realizavam a espionagem estatal”.

Entre os alvos dessas operações na administração do PSDB, diz ainda a matéria, aparecem principalmente lideranças do PT e a Central Única dos Trabalhadores (CUT). “Há dezenas de dossiês com informações sobre as duas entidades e seus principais expoentes. Já as investigações a respeito dos tucanos e seus aliados foram suspensas a partir de 1995, quando Covas assumiu o governo de São Paulo”.

Há algumas semelhanças gritantes entre as denúncias que surgem agora envolvendo governos do PSDB em São Paulo e aquelas feitas ao governo de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul. Os dois casos envolvem o uso do aparato de segurança do Estado para espionar adversários políticos, contando com o silêncio e, possivelmente, a cumplicidade de setores da mídia. O desenrolar das investigações e dos processos em curso no Rio Grande do Sul talvez possam inspirar algum procedimento semelhante em São Paulo.

Acusado de espionagem era informante da RBS

Em maio deste ano, o juiz Fernando Alberto Corrêa Henning, da 3ª Vara Criminal de Canoas, recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público contra o sargento da Brigada Militar, o ex-chefe de gabinete de Yeda Crusius, Ricardo Luís Lied, e Frederico Bretschneider Filho (tenente-coronel da reserva e ex-assessor de gabinete da ex-governadora) por acesso ilegal ao Sistema de Consultas Integradas da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

A acusação feita pelo Ministério Público e aceita pela Justiça atualizou denúncias feitas pelo ex-ouvidor da Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul, Adão Paiani, que deixou o governo Yeda fazendo justamente essa acusação: uma estrutura de espionagem política ilegal havia sido montada no Palácio Piratini. Ao longo das investigações, essa estrutura apresentou ramificações midiáticas um tanto obscuras, envolvendo a RBS, o maior grupo de comunicação da região sul do país.

O sargento César Rodrigues de Carvalho era informante de jornalistas do Grupo RBS. O fato foi admitido pela própria empresa em uma nota publicada no dia 10 de setembro de 2010 no jornal Zero Hora. “O nome do sargento até agora não havia sido mencionado nas reportagens dos veículos da RBS em respeito ao princípio constitucional de proteção do sigilo de fonte”, disse a nota. Ainda segundo a RBS, “as informações se referiam a passagens por presídios, situação de criminosos foragidos e o tipo de crime em que estavam envolvidos, incluindo, em alguns casos, fotos”
.
No mesmo período, um email foi enviado a vários jornalistas do Estado afirmando que o sargento “prestava serviços a jornalistas no acesso a dados”, em especial para a RBS. Segundo o jornalista Vitor Vieira, do site Vide Versus, jornalistas do grupo teriam recebido dez senhas de acesso ao Sistema de Consultas Integradas. Esse sistema, cabe lembrar, é de uso exclusivo das forças de segurança do Estado, não se destinando a servir como fonte privilegiada para jornalistas. Protegidas pelo sigilo que cerca o processo, há muitas informações sobre esse caso que ainda não vieram a público. Os veículos da RBS, como era de se esperar, não tocaram mais no tema da relação entre seus jornalistas e o sargento acusado de espionagem política e outros crimes.

As revelações sobre episódios de espionagem política patrocinados por governos tucanos em São Paulo e no Rio Grande do Sul lançam um pouco de luz em uma zona sombria da relação entre poder político, aparato policial e mídia que não fica devendo nada ao escândalo Murdoch.

Dilma usa crise mundial para apoiar e tentar seduzir microempresas

Depois de lançar pacote para grandes e médias indústrias enfrentarem crise econômica mundial, Dilma Rousseff anuncia apoio fiscal a microempresariado. Incentivo também tem motivação política. “[Setor] Constitui a base do tecido social que permite que nós caminhemos cada vez mais para nos tornarmos um país de classe média”, diz Dilma, que vai criar ministério específico. No Congresso, PT assume Frente da Micro Empresa.

BRASÍLIA – O governo ainda não sabe ao certo qual será o tamanho da crise econômica mundial, mas acredita que ela já está numa fase “crônica”, vai durar ao menos dois anos e, por isso, anunciou nesta terça-feira (09/08) novas medidas para tentar proteger empresas e o mercado interno. Depois de um pacote para grandes e médias indústrias, volta-se agora às micros e pequenas empresas e microempreendedores, que terão redução de impostos.

O benefício virá com a alteração de um tributo chamado Supersimples. Nele, as pequenas empresas entregam um percentual do faturamento ao setor público que considera, assim, que todos os tributos estão quitados.

Até agora, só participava do sistema quem faturava até R$ 2,4 milhões por ano. O limite subiu para R$ 3,6 milhões. Empresas que estavam fora por pouca diferença poderão aderir. E aquelas que estavam abaixo, mas perto, e seguravam seus preços para manter o benefício, ganham margem para aumentá-los para lucrar mais. Segundo o ministério da Fazenda, 4 milhões de empresas estão no sistema.

Existe um sistema igual válido para microempreendedores indivuais, firmas com apenas um funcionário, que sofrerá o mesmo tipo de mudança. O limite de faturamento para permancer no sistema, que era de R$ 36 mil, passará a R$ 60 mil.

O governo topou as mudanças porque as micros e pequenas empresas são as maioras geradoras de emprego. E a criação de vagas está na origem do crescimento atual brasileiro, segundo o governo.

"Estamos numa fase crônica da crise", disse nesta terça-feira (09/08) o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que mais uma vez defendeu a adoção de medidas que protejam o mercado interno para que o país atravesse turbulências que, para ele, vão durar pelo menos dois anos.

Aliança política
Mas o governo também teve motivação política, explicitada pela presidenta Dilma Rousseff, ao decidir-se pelo incentivo aos microempresários. “O empresariado que dirige pequenas empresas constitui a base do tecido social que permite que nós caminhemos cada vez mais para nos tornarmos um país de classe média”, disse Dilma, ao anunciar as novas regras.

Cativar a classe média é um dos objetivos político-eleitorais do governo Dilma, que nesta segunda-feira (08/08) realizou seminário para tentar entender como é a nova classe média e como o peso que ela adquiriu impõe mudanças na construção de políticas públicas.

Para o governo e o PT, as micros e pequenas empresas são um canal de contato com a parte da nova classe média. Não por acaso, Dilma mandou ao Congresso projeto que cria o ministério da microempresa, cuja titular deverá ser pessoa da confiança dela, o atual secretário-executivo do ministério do Desenvolvimento, Alessandro Teixeira. Ex-diretor do departamento de microempresa do ministério, ele compôs a equipe de campanha de Dilma na eleição do ano passado.

No front legislativo, o PT movimentou-se para aproximar-se do microempresariado ao tomar a bandeira de defesa do segmento simbolizada pela Frente Parlamentar da Micro e Pequena Empresa. Durante muito tempo controlada por um deputado do PP gaúcho que, hoje, é ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Augusto Nardes, a Frente é dirigida por outro deputado gaúcho, mas do PT, Pepe Vargas.

Na própria cerimônia em que a mudança no Supersimples foi alterado, Dilma fez questão de dividir a paternidade da iniciativa com a Frente.

BA: Chapa 01 vence eleições da APLB-Sindicato

Mesmo com a contagem de votos ainda em andamento, a Chapa 1 – Avançar com Experiência, Renovação e Unidade, que concorre às eleições da APLB-Sindicato, garantiu expressiva vitória nas urnas, já que no início da noite de segunda-feira (8) possuía mais de 20 mil votos de frente, tornando nula qualquer tipo de virada.


A esmagadora e incontestável vitória, que contou com o voto da categoria de todo o Estado, deveu-se, sobretudo, à unidade dos trabalhadores em educação, à democracia sindical e à atuação autônoma e classista proposta pela Chapa 1, ligada à CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil. Uma chapa plural, composta por professores, funcionários, coordenadores pedagógicos e demais funcionários da educação pública da Bahia. Uma chapa formada por quem fez e continuará fazendo história e garantindo vitórias cada vez mais expressivas. Uma chapa que, também, constituirá uma diretoria repleta de caras e ideias novas, oxigenadas.

As eleições, realizadas nos dias 4 e 5 de agosto, ocorreram sem maiores problemas nos quatro cantos do Estado. Na capital, onde mais de 70 urnas circularam, também não houve dificuldades mais sérias, embora integrantes da Chapa 2 tenham buscado inviabilizar ou atrasar a saída de diversas urnas, numa tentativa desesperada e frustrada de criar um fato político que desabonasse o processo eleitoral e afastasse o eleitorado das urnas e do seu objetivo maior.

Aliás, estratégias nada convencionais foram utilizadas pela chapa derrotada para inviabilizar as eleições. Recorreram até às práticas do período militar. Enquanto o seu representante recebia documentos da Comissão Eleitoral, outro membro solicitava intervenção do Ministério Público no processo eleitoral. E isso piora! Já na véspera das eleições, enquanto a Comissão fazia os últimos acertos com as representações das duas chapas, um dos integrantes da Chapa 2 solicitava, na Justiça do Trabalho, intervenção do sindicato, suspensão das eleições e nomeação de uma junta temporária. A justiça e a categoria deram um NÃO à Chapa 2.

Para Pascoal Carneiro, secretário-geral da CTB Nacional, que acompanhou todo o processo de disputa, a expectativa é de que ao final do processo de apuração a Chapa 1 conquiste cerca de 75% dos votos. "A categoria sabe o que quer. Sabe que precisa avançar na luta. E pra avançar, entendeu que a melhor opção era garantir a turma classista na direção do seu sindicato. A APLB continuará na vanguarda do movimento sindical baiano", concluiu.

Por Vermelho, com informações da Ascom/APLB - Sindicato

A Globo e Celso Amorim

Jaime Sautchuk *

 
Causou estranheza o estardalhaço feito pela Rede Globo, suas emissoras de rádio, jornais, revistas e páginas na internet do chamado sistema Globo sobre sua linha editorial “independente”, na semana passada.

O extemporâneo documento tinha, porém, bons motivos por parte da vênus platinada. Circulavam na internet notas com notícias vazadas da Globo sobre a própria Globo, mais propriamente sobre o jornalismo praticado pelos órgãos de comunicação da família Marinho.

Esse jeito de fazer jornalismo é corriqueiro na casa, mas este caso chamou mais atenção. Foi uma ordem da direção global para que seus jornalistas providenciassem matérias contra a indicação do embaixador Celso Amorim para o cargo de ministro da Defesa.

A pauta elaborada pela direção de jornalismo do grupo era de criar matérias dando conta de que a indicação de Amorim estaria causando reação nos meios militares. As matérias teriam que dizer que Amorim não era bem-visto nas casernas e que isto traria problema à presidente Dilma Rousseff.

É o estilo do Dr. Godinho, personagem de Eça de Queiroz, como dono de jornal, no romance O Crime do Padre Amaro, quejá citei aqui em outra ocasião. Ferrenho anticlerical, ele determinava: “contra o clero, havendo denúncias, publiquemo-las; não havendo, inventemo-las”.

O mais grave, entretanto, é que o caso da Globo não é apenas com Celso Amorim. É com toda uma ala do Itamaraty, muito forte no Instituto Rio Branco, que forma nossos diplomatas, que defende a chamada política externa independente. A vênus prefere os que seguem os ditames de Washington.

Mesmo durante a ditadura militar, fielmente apoiada pelo sistema Globo, houve certos estremecimentos nesse campo. O principal foi durante o governo do general Ernesto Geisel (1974/79), em que o ministro das Relações Exteriores era Azeredo na Silveira.

Silveira deu corda toda ao embaixador Ítalo Zappa, então chefe do Departamento da África do Itamaraty, que implantou a chamada política pan-africana. Era a simples aproximação com aquele continente, com ações práticas.

O Brasil foi, por exemplo, o primeiro país a reconhecer a independência de Angola. E apoiava os movimentos anti-apartheid na África do Sul e na antiga Rodésia. Zappa foi, também, o principal promotor da aproximação brasileira com a Ásia, em especial com a China.

A Globo ficava tiririca, pois, afinal, apoiou os mais de vinte golpes de estado promovidos pelos EUA e aliados europeus na África, nas décadas de 1960 e 70. E apoiava a invasão estadunidense do Vietnã, que Zappa levou o Itamaraty a uma postura equidistante e, depois, de reconhecimento do governo socialista daquele país.

A política externa dos governos de Luis Inácio Lula da Silva mudou o rumo das coisas nesse campo. A diversificação de parceiros comerciais desatrelou por completo o Brasil dos EUA. E a postura política, em especial na Ásia, Norte da África e Oriente Médio deu ao Brasil um lugar de destaque na diplomacia mundial.

Quem abriu essas portas, quem devolveu o norte soberano à nossa diplomacia foi Celso Amorim. Há analistas mundo afora que dizem, inclusive, que se não fosse a aproximação de Brasília com Teerã, muito provavelmente o Irã já teria sido invadido, como o Iraque e o Afeganistão.

O documento divulgado pela Globo revela que o grupo maioral da comunicação social brasileira percebeu que não é mais soberano. Além de outros grupos fortes, a rede de internautas também adquiriu força capaz de fazer os arautos do Jardim Botânico virem se explicar de público.

Mas, se o sistema Globo já percebeu essa mudança, talvez não tenha percebido outras, de igual relevância. Uma delas, a mais importante no caso, é a de que também os militares brasileiros não são mais os mesmos. Nas três forças armadas do Brasil de hoje, soberania nacional é palavra de ordem. E Celso Amorim é sinônimo dessa postura.

Mais do que isso, a experiência do novo ministro da Defesa no campo militar é enorme. Afinal, o tema é parte inerente às relações internacionais. Nem o Itamaraty, nem os comandos militares vêem com bons olhos, por exemplo, a presença de tropas dos EUA na Colômbia, bisbilhotando as fronteiras daquele país com a Venezuela, Peru e Brasil.

Uma das reivindicações primordiais do Exército, Marinha e Aeronáutica é de que o governo de Dilma siga firme no reequipamento das forças armadas, com foco especial nas áreas de fronteiras. E esse foi tema do discurso de posse de Amorim no ministério.

Quanto à Globo, fica só comprovado, uma vez mais, que dali não sai muita lição de bom jornalismo.

* Trabalhou nos principais órgãos da imprensa, Estado de SP, Globo, Folha de S.Paulo e Veja. E na imprensa de resistência, Opinião e Movimento. Atuou na BBC de Londres, dirigiu duas emissoras da RBS.

A vida desmente os “Princípios Editoriais” da Globo

No momento em que o programa Fantástico divulgava os “Princípios Editoriais das Organizações Globo”, que consistem num conjunto de regras para a prática do jornalismo nas redações sob o comando da família Marinho (entre elas noticiários de TV, o jornal O Globo e a revista Época), o jornalista Rodrigo Vianna fazia uma denúncia extremamente grave que compromete a qualidade e a ética do jornalismo praticado na TV Globo.

Rodrigo recebera informação de fonte fidedigna de que a orientação a ser adotada para com o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, era a de dar apenas notícias negativas e só divulgar a tese de que sua escolha gera “turbulência” entre os militares.

A denúncia coloca sob suspeita as declarações de “boa intenção” dos “Princípios Editoriais” e confirma as práticas manipuladoras das Organizações Globo, uma rede nacional de televisão que nasceu em 1965 sob as bênçãos da ditadura militar de 1964.

O item “manipulação jornalística” na folha corrida da Globo é extenso e vale lembrar alguns deles. Em 1982, ela foi pivô de uma tentativa de fraude para impedir a vitória de Leonel Brizola para o governo do Rio de Janeiro, tendo sido parte fundamental no rumoroso “caso Proconsult”, que envolvia a manipulação da contagem dos votos naquela eleição.

Em 1984, o vexame foi tentar esconder a campanha pelas “Diretas Já” com o esforço patético de noticiar o comício que ocorreu na Praça da Sé, em São Paulo, no dia 25 de janeiro daquele ano (que reuniu mais de 300 mil pessoas), como comemoração do aniversário da cidade! "A cidade de São Paulo festeja os 430 anos de fundação", proclamou o Jornal Nacional...

No final da década de 1980, a manipulação ajudou a derrotar Lula e eleger Fernando Collor de Mello para a presidência da República. O truque consistiu em editar de forma favorável ao candidato da direita o debate ocorrido na emissora em 14 de dezembro de 1989. Era o “antiLula” em andamento, que permaneceu nos anos seguintes pautando o noticiário da emissora, chegando a nossos dias.

E que se manifestou, mais tarde, na tentativa de emporcalhar a campanha de Lula, em 2006, num conluio entre jornalistas da Globo e policiais em busca de notoriedade no episódio dos “aloprados”. A farsa, que envolvia a foto manipulada de pacotes de dinheiro, para aumentar sua dimensão visual, foi prontamente denunciada e desmontada por jornalistas que não se coadunam com a manipulação do noticiário.

Na eleição de 2010, a tomada de partido claramente a favor do tucano José Serra ficou nítida na entrevista feita com Dilma Rousseff no Jornal Nacional, no início da campanha eleitoral, durante a qual William Bonner chegou a perder a compostura ante uma candidata que não se curvava às pressões e alegações do “sábio” da telinha.

São apenas alguns episódios de uma extensa lista de manipulações e desrespeito ao direito público à informação cometidos por esse padrão de jornalismo de baixa qualidade exposto claramente, no final de 2005, quando um grupo de professores de comunicação visitou a redação do Jornal Nacional e assistiu, estarrecido, à maneira como as notícias são escolhidas para publicação. O critério usado por William Bonner, editor-chefe do Jornal Nacional, era escolher as notícias que ele considerava ao alcance do entendimento de “Homer”, o apelido desrespeitoso dado ao espectador médio da Globo. Homer é o imbecilizado, preguiçoso e pouco inteligente pai da família Simpsons, um desenho animado norte-americano. E sua escolha como parâmetro indica a avaliação preconceituosa e depreciativa que a direção do jornalismo da Globo faz de seus espectadores.

O desrespeito à verdade e o uso de versões favoráveis aos interesses não confessados dos próprios veículos transparece ainda em “reportagens”, como a publicação requentada de denúncias falsas contra a Agência Nacional do Petróleo (ANP) pela revista Época, há duas semanas. Motivo da republicação mentirosa, ofensiva e desrespeitosa: foi uma retaliação (revanche?) da revista por não ter sido incluída pela ANP na campanha publicitária que comemorou os altos índices de não adulteração dos combustíveis alcançados pela fiscalização da agência, e que beneficia os consumidores.

Este passado (e presente) jornalístico desmente os “Princípios Editoriais” anunciados pela Globo, cuja leitura atenta não autoriza a conclusão de que as coisas possam mudar. Esta declaração de boas intenções proclama a necessidade de “isenção, correção e agilidade” como base do bom jornalismo, mas ela é desmentida em alguns pontos vitais. Por exemplo, repetindo o guru máximo desse tipo de jornalismo, o decadente e fragilizado Rupert Murdoch, assegura que “pessoas públicas – celebridades, artistas, políticos, autoridades religiosas, servidores públicos em cargos de direção, atletas e líderes empresariais, entre outros – por definição, abdicam em larga medida de seu direito à privacidade”, uma pretensão que só encontra amparo na dos donos da mídia, e não na legislação. Além disso, defende o “uso de microcâmeras e gravadores escondidos” como legítimo, desde que seja “o único método capaz de registrar condutas ilícitas, criminosas ou contrárias ao interesse público”.

É sempre bom lembrar, neste particular, que nem os tribunais acatam “provas” obtidas de forma ilegal como escutas clandestinas e métodos semelhantes. Outro ponto: a Globo se declara apartidária, independente e laica, e defensora intransigente da democracia, da livre iniciativa e da liberdade de expressão. E embute, neste ponto, a rejeição de qualquer regulamentação da mídia ao dizer ser imperioso defender o “modelo de jornalismo de que trata este documento” contra “qualquer tentativa de controle estatal ou paraestatal”.

É uma declaração que pode indicar o motivo que levou a Globo a adotar seus “Princípios Editoriais”. Num mundo em que crescem as exigências democráticas de regulamentação da mídia, em que mesmo Rupert Murdoch, o magnata que levou sua escandalização ao paroxismo, está fragilizado e assiste à ruína de seu poder, há um sabor de autodefesa no movimento feito pela Globo. Que conflita com a exigência de democratização dos meios de comunicação: a regulamentação da mídia não é uma tarefa que cabe aos próprios veículos ou a seus proprietários. Ela é uma tarefa que cabe à sociedade e implica o reconhecimento por jornalistas e os donos da mídia de que também devem submeter-se às leis, da mesma maneira que todos os demais cidadãos.
Fonte: Editorial do Vermelho