segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A incompetência nossa de cada dia

Por Genaldo de Melo

Muita gente boa que forma opinião em nossa sociedade acha exatamente o que nós outros achamos em relação aos nossos representantes parlamentares na atualidade. É de fazer tremer como se estivéssemos diante de um túmulo o que a atual safra de políticos brasileiros apresenta como proposituras legislativas nos parlamentos. Mal assessorados, já que preferem profissionais em seus gabinetes donos de verdadeiros currais eleitorais e não técnicos e pensadores, na sua grande maioria apresenta projetos de leis absurdos, que em suma nunca serão levados a sério pela própria sociedade, bem como não servem para nada mesmo.

Se fosse necessário fazer um levantamento dos absurdos e propostas ridículas dos “nobres”, chegaríamos a conclusão do porque boa parte da população olha desconfiada para os políticos, principalmente quando não estamos em períodos eleitorais, momento exato de sedução e mentiras prometidas. Como o fato da manutenção de cargos através de votos é colocado como mais importante do que o ato próprio de legislar, as proposituras ridículas enchem os anais das casas legislativas.

No Congresso Nacional o chamado “Baixo Clero”, sem ter o que fazer, ou mesmo o que pensar, apresenta propostas tão absurdas, que faria até mesmo Bafhomet jogar água fria para apagar o fogo dos infernos, de tanta vergonha de tantos pecadores falsários representarem seus interesses de forma tão mal. Nas assembleias legislativas o cúmulo do ridículo tomou conta dos bons de votos, mas péssimos de juízo. Exemplo clássico está na Bahia, defender criação de centro de referência para cornos, pelo amor de Deus, amigos leitores, pelo amor de deus...!

Tenho que vim para outro parágrafo, pois sou humano e não animal! Nas câmaras de vereadores não é diferente, pois partidos políticos e grupos do esoterismo político de nossa sociedade descobriram que é melhor fazer péssimos parlamentares, mas obedientes aos critérios e regras impostas pelos chamados financiadores de campanhas, do que fazer vereadores que cumpram de fato a sua missão de legislar. Os maiores absurdos em relação a projetos de leis estão em duas cidades que conheço muito bem, Feira de Santana e Aracaju.

Pedimos a Deus todos os dias para que o povo e as vozes das ruas comecem a mudar esse quadro em 2012, pois precisamos de gente séria, comprometida e que consiga de fato pensar nossos parlamentos e nossa realidade de fato. Precisamos é de propostas que viabilizem Políticas Públicas que possam solucionar os problemas do mundo em vivemos, e não de esquisitices de gente doida.

O ano que deixou a desejar

Por Genaldo de Melo

Analisando politicamente o ano de 2011 concluímos que foi um período diferente de outros anteriores no Brasil. Considerando a inoperância de alguns atores políticos, inferimos que foi um ano ímpar do ponto de vista do atraso e da incapacidade, e até mesmo da falta de respeito para com os cidadãos brasileiros que cumprem seus papéis dentro da sociedade. Refiro-me especificamente do nosso Congresso Nacional, que não soube e parece que não sabe pautar o Governo, para que o mesmo trabalhe melhor pelo povo. Enquanto o Palácio do Planalto deu um verdadeiro show de competência, ficaram os nobres parlamentares a desejar.

Com poucas e raras exceções, o que vimos foi mais uma vez, e de modo mais intenso, deputados e senadores fracos, incapazes de apresentar proposituras legislativas que de fato melhore a vida do povo e construa o nosso desenvolvimento. Nesse cenário, principalmente fracos foram os parlamentares que se dizem de oposição, pois não conseguiram honrar os votos do povo. O máximo que conseguiram foi projetar imagens falsas de alguns deles em espelhos, talvez comprados a Narciso.

Foi uma verdadeira falta de respeito de parlamentares, que na sua grande maioria vendem ilusões nos períodos que precedem os outubros eleitorais, e depois de eleitos somente conseguem manter seus gabinetes luxuosos, suas mordomias romanas e suas equipes de cabos eleitorais, que vivem para receber altos salários e não conhecem nada da realidade do chão das ruas.

Enquanto isso, o Governo conseguiu pautá-los sem ser pautado, apresentando mais de 80% das proposições debatidas e aprovadas no Congresso. Foram eleitos para o que mesmo? Parece que se elegeram para um laboratório de três anos e meio para aprenderem novas formas e novos métodos de iludir o povo! Somente quem conseguiu pautar o Governo para derrubar ministros, sérios e não sérios, foi o jornalismo da obediência, coordenado pelo Partido da Imprensa Golpista, dirigido por poucas famílias que todo o Brasil conhece.

Esperamos todos que deputados e senadores voltem de suas polpudas férias pensando de fato o Brasil, pois o povo brasileiro já compreendeu porque nos tornamos a sexta economia do mundo (por enquanto para poucos), e precisa de gente no Parlamento para pensar no povo e no Estado Brasileiro. Pois isso aqui é nosso!

O que move o partido impresso

Por Gilson Caroni Filho:

A leitura diária dos jornais pode ser um interessante exercício de sociologia política se tomarmos os conteúdos dos editoriais e das principais colunas pelo que de fato são: a tradução ideológica dos interesses do capital financeiro, a partitura das prioridades do mercado. O que lemos é a propagação, através dos principais órgãos de imprensa, das políticas neoliberais recomendadas pelas grandes organizações econômicas internacionais que usam e abusam do crédito, das estatísticas e da autoridade que ainda lhes resta: o Banco Mundial (BIrd), o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial do Comércio (OMC). É a eles, além das simplificações elaboradas pelas agências de classificação de risco, que prestam vassalagem as editorias de política e economia da grande mídia corporativa.



Claramente partidarizado, o jornalismo brasileiro pratica a legitimação adulatória de uma nova ditadura, onde a política não deve ser nada além do palco de um pseudo-debate entre partidos que exageram a dimensão das pequenas diferenças que os distinguem para melhor dissimular a enormidade das proibições e submissões que os une. É neste contexto, que visa à produção do desencanto político-eleitoral, que deve ser visto o exercício da desqualificação dos atores políticos e do Estado. Até 2002, era fina a sintonia entre essa prática editorial e o consórcio encastelado nas estruturas de poder.

O discurso “modernizante” pretendia — e ainda pretende — substituir o ”arcaísmo” do fazer político pela “eficiência” do economicamente correto. Mas qual o perigo do Estado para o partido-imprensa? Em que ele ameaça suas formulações programáticas e seus interesses econômicos?

O Estado não é uma realidade externa ao homem, alheia à sua vida, apartada do seu destino. E não o pode ser porque ele é uma criação humana, um produto da sociedade em que os homens se congregam. Mesmo quando ele agencia os interesses de uma só classe, como nas sociedades capitalistas, ainda aí o Estado não se aliena dos interesses das demais categorias sociais.

O reconhecimento dos direitos humanos, embora seja um reconhecimento formal pelo Estado burguês, prova que ele não pode ser uma instituição inteiramente ligada aos membros da classe dominante. O grau maior ou menor da sensibilidade social do Estado depende da consciência humana de quem o encarna. É vista nesta perspectiva que se trava a luta pela hegemonia.

De um lado os que querem um Estado ampliado no curso de uma democracia progressiva. De outro os que só o concebem na sua dimensão meramente repressiva; braço armado da segurança e da propriedade.

O partido-imprensa abomina os movimentos sociais os sindicatos (que não devem ter senão uma representatividade corporativa), a nação, antevista como ante-câmara do nacionalismo, e o povo sempre embriagado de populismo. Repele tudo que represente um obstáculo à livre-iniciativa, à desregulamentação e às privatizações.

Aprendeu que a expansão capitalista só é possível baseada em ”ganhos de eficiência”, com desemprego em grande escala e com redução dos custos indiretos de segurança social, através de reduções fiscais.

Quando lemos os vitupérios dos seus principais articulistas contra políticas públicas como Bolsa Família, ProUni e Plano de Erradicação da Pobreza, dentre outros, temos que levar em conta que trabalham como quadros orgânicos de uma política fundamentalista que, de 1994 a 2002, implementou radical mecanismo de decadência auto-sustentada, caracterizada por crescentes dívidas, desemprego e anemia da atividade econômica.

Como arautos de uma ordem excludente e ventríloquos da injustiça, em nome de um suposto discurso da competência, endossaram a alienação de quase todo patrimônio público, propagando a mais desmoralizante e sistemática ofensiva contra a cultura cívica do país. Não fizeram — e fazem — apenas o serviço sujo para os que assinam os cheques, reestruturam e demitem.

São intelectuais orgânicos do totalitarismo financeiro, têm com ele uma relação simbiótica. E é assim que devem ser compreendidos: como agentes de uma lógica transversa.

Merval Pereira, Miriam Leitão, Sardenberg, Eliane Catanhede, Dora Kramer e outros mais necessitam ser analisados sob essa perspectiva. É ela que molda a ética e o profissionalismo de todos eles. Sem mais nem menos.