sexta-feira, 29 de julho de 2011

Fetag Bahia encerra Grito da Terra em ato com o governador Wagner

Mais de cinco mil trabalhadores rurais de todo o estado participaram das atividades do Grito da Terra Bahia 2011, que foi encerrado na tarde desta quarta-feira (27/7) com um ato político, que contou com a participação do governador Jaques Wagner, secretários de Estado, parlamentares e outras lideranças políticas. Organizado pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura da Bahia (Fetag-BA), o Grito da Terra garantiu ainda conquistas importantes para o segmento.

Fetag Bahia encerra Grito da Terra em ato com o governador Wagner
As atividades começaram na terça-feira, quando aconteceram as primeiras rodadas de negociação com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No mesmo dia, os trabalhadores participaram ainda de uma sessão especial na Assembleia Legislativa da Bahia, convocado pelo deputado Jean Fabrício Falcão (PCdoB), na qual entregaram a pauta de reivindicações ao presidente da Casa, deputado Marcelo Nilo.

Nesta quarta-feira, os trabalhadores rurais visitaram a Secretaria da Agricultura (Seagri), onde realizaram um ato político com a participação de parlamentares como o deputado federal e presidente do PCdoB na Bahia, Daniel Almeida, e o deputado estadual Jean Fabrício Falcão. O Vermelho Bahia acompanhou a manifestação, que pode ser conferida em vídeo.
 
Na parte da tarde, os agricultores fizeram ainda uma grande caminhada no Centro Administrativo da Bahia (CAB) indo até o prédio da Governadoria, onde foram recebidos pelo governador Jaques Wagner. O governador afirmou que a Bahia é o estado com o maior número de famílias vivendo da agricultura familiar. “Daí, a minha preocupação com essa área, que sustenta três milhões de pessoas querendo continuar vivendo na zona rural, mas precisam de condições dignas para isso”. Wagner enumerou as prioridades para a classe, citando a habitação rural, os programas Água para Todos e Luz para Todos, as estradas vicinais, o apoio à comercialização, e a extensão rural, para que os trabalhadores tenham acesso ao financiamento.

“Eu acho que deste jeito a gente transformará a agricultura familiar, conferindo competitividade e produtividade igualada a outras formas de produção. Para atender parte destas reivindicações, nós acabamos de lançar o Plano Safra 2011/2012, em parceria com o governo federal, a presidenta Dilma lançou o programa Brasil Sem Miséria, que tem como foco exatamente a questão da agricultura familiar e da segurança alimentar. Essa, hoje, é uma luta no mundo”, enfatizou Jaques Wagner
Vitórias e avanços
Segundo o presidente da Fetag Bahia, Cláudio Bastos, a atividade superou as expectativas, com a participação de mais de cinco mil pessoas mobilizadas em todo o estado, mais de 350 sindicatos de trabalhadores rurais presentes, diversas cooperativas e associações de agricultores.

“Tivemos também alguns avanços importantes na nossa pauta de reivindicações. Fomos recebidos pelo governador Jaques Wagner que anunciou a entrega de 15 mil títulos de terra ainda este ano, prometeu dobrar ainda o número de famílias atendidas pelo Programa Garantia Safra, que dá auxílio ao agricultor na perda da safra, além de ampliar a assistência técnica para os agricultores e revitalizar a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA)”, acrescentou Bastos.

O presidente da Fetag Bahia informou ainda que os trabalhadores aprovaram uma agenda de discussão com o governo da Bahia, que contempla pontos como o Programa Água para Todos, que é projeto estratégico para atender as famílias do semi-árido, além de programas estruturantes da agricultura familiar que é construção de agroindústrias, de frigoríficos nos territórios do estado para garantir o abate de animais, compra de tratores para ajudar na mecanização agrícola, compra de sementes para ajudar a agricultura familiar produzir. “Estes são apenas alguns pontos da pauta que aberta que acertamos com o governador”, ressaltou Bastos.

De Salvador,
Eliane Costa - Vermelho

Feira de Santana: no trânsito manda quem pode, obedece quem tem juizo

Por Genaldo de Melo

Tenho dito reiteradas vezes a alguns amigos que existem algumas maluquices e muita falta de respeito no trânsito, com as pessoas que andam pelas ruas centrais de Feira de Santana. E alguns não concordam com minha opinião, mas entendo. Eles transitam de carro e não andam a pé como a maioria dos feirenses.
Peço desculpa para estes amigos, pois respeito a opinião deles, mesmo não concordando, mas continuo dizendo que o trânsito de Feira de Santana tem problemas sérios que precisam serem sanados. Parece que ele é feito apenas para os motoristas, e não para todos.
Depois de ouvi várias reclamações da gente do povo sobre a falta de educação de alguns motoristas, bem como do próprio sistema de sinalização eletrônica do trânsito, que somente favorece a quem está dentro de um carro, vi pessoalmente esta semana um dos fatos mais absurdos no cruzamento da Rua Rio Branco com a Avenida Sampaio. Quando o sinal vermelho fecha, o outro rapidamente esverdeia-se, e não dá tempo nenhum para que as pessoas possam atravessar as ruas.
Por isso que acho que isso está errado, pois o trânsito de uma cidade não deve ser feito apenas para o usufruto de motoristas. E o povo que trafega nas ruas da cidade? E as pessoas da terceira Idade? E os portadores/as de deficiências? Vi foi duas senhoras quase serem atropeladas, depois de ficarem em torno dez minutos tentando atravessar a rua.
Todo mundo sabe de quem é a culpa por essa falta de organização. Mas a Câmara de Vereadores que deveria respeitar a opinião das ruas e levantar um debate sério sobre esse assunto, fica calada. Afinal de contas são as pessoas que andam nas ruas de Feira de Santana, investidas na qualidade de pedestres, que são os cidadãos, que votam em outubro do próximo ano, e naturalmente merecem um pouco de respeito.
Porque não se imita pelo menos outras metrópoles que educam o povo e os motoristas para naturalmente diminuir os índices de acidentes? Por que Feira de Santana deve ter um trânsito desse modo, tão desorganizado? Uma hora amigos o povo reveste-se da revolta e vinga politicamente.

Obama e a grande chantagem da dívida

A direita nos Estados Unidos já conseguiu entronizar como verdade absoluta a ideia falaciosa de que a maioria da população quer apertar o cinto dos gastos excessivos de um governo gastador. Obama contribuiu para esse triunfo e entregou sua presidência aos conservadores numa bandeja de prata. Na verdade, a Casa Branca capitulou faz tempo.

Por Alejandro Nadal, no La Jornada


Sabia que o estímulo fiscal aprovado no início da administração era insuficiente e sua duração demasiadamente curta. Ao negar-se a lançar um novo pacote fiscal, Obama colocou a corda no pescoço.

A coerção é a arma política preferida em Washington. Frente à necessidade legal de elevar o teto do endividamento do governo federal, o Partido Republicano e todas as forças da direita conservadora têm ameaçado o chefe do Executivo: ou se encara realmente o problema do déficit com fortes cortes no gasto público, ou será negada a autorização para elevar o teto de endividamento.

A direita nos Estados Unidos já conseguiu entronizar como verdade absoluta a ideia falaciosa de que a maioria da população quer apertar o cinto dos gastos excessivos de um governo gastador. Obama contribuiu para esse triunfo e entregou sua presidência aos conservadores numa bandeja de prata.

Na verdade, a Casa Branca capitulou faz tempo. Sabia que o estímulo fiscal aprovado no início da administração era insuficiente e sua duração demasiadamente curta. Ao negar-se a lançar um novo pacote fiscal, Obama colocou a corda no pescoço. Quando o efeito do primeiro estímulo se esgotou, Obama foi alvo das críticas pelo fracasso de seu plano.

Prontamente, por um passe de mágica, a crise começou a ser percebida como estando relacionada mais com o mau manejo da economia sob Obama do que com os 20 anos de desregulação e abusos no setor financeiro. A discussão passou da necessidade de enquadrar o setor financeiro para a urgência de cortar o déficit.

A realidade é que é absurdo querer resolver o problema do déficit fiscal no meio de uma recessão. Há, na atualidade, um altíssimo nível de desemprego nos Estados Unidos (ao redor de 20 milhões de pessoas em situação de desemprego total ou parcial) e os salários encontram-se deprimidos.

O que, em um certo momento, permitiu aos consumidores manter sua demanda foi o valor de suas casas, mas agora o preço desses ativos segue caindo. A demanda agregada desabou e as empresas não estão contratando mais trabalhadores, o que conduz a um círculo vicioso que só pode ser rompido com um estímulo fiscal. Isso permitiria incrementar a arrecadação e reduzir o déficit.

O Congresso e Obama escolheram outro caminho: a única coisa que se fala em Washington é sobre a necessidade de reduzir o gasto para abater o déficit.

Na verdade, um governo pode reduzir o déficit de duas maneiras: pode aumentar suas receitas fiscais ou pode reduzir o gasto público.

As pesquisas revelam que a maioria dos estadunidenses está a favor do aumento de impostos para os setores mais ricos, que se beneficiaram do modelo neoliberal durante décadas. Mas a classe política em Washington (quer dizer, os partidos Democrata e Republicano) já aceitou que incrementar a arrecadação não é o caminho para reduzir o déficit.

Aqui fica demonstrado quem detém o poder real na democracia estadunidense. Em troca, os políticos em Washington preferem reduzir o gasto público, o que necessariamente provocará uma maior contração da economia desse país. Os conservadores não parecem muito preocupados com isso porque o desgaste político será de Barack Obama.

Ao invés de apresentar opções com liderança, Obama preferiu acomodar-se às prioridades dos conservadores. Em vez de enfrentar com outras opções o problema das finanças públicas, escolheu submeter-se. A verdade é que não é necessário incrementar o endividamento porque existem muitas alternativas. Além de aumentar a arrecadação, um corte no gasto militar é uma opção evidente, mas o orçamento do Pentágono aumentou todos os anos sob a administração Obama.

O mais importante teria sido uma verdadeira reforma no sistema de saúde. Hoje em dia esse sistema está integrado pela seguridade social e pelos programas Medicare e Medicaid.

O gasto nestes setores é o fator mais importante no crescimento do déficit. Mas o custo do sistema de saúde deve-se ao controle dos monopólios na indústria farmacêutica e nas seguradoras. Os dados da OECD (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) revelam que o gasto no sistema social de saúde nos EUA é superior ao de países como Alemanha ou Suíça.

Mas, em termos de qualidade, o serviço nos estabelecimentos estadunidenses está muito abaixo do desses países. A realidade é que o complexo farmacêutico-securitário é tão ou mais poderoso do que o complexo militar-industrial quando consideramos seu impacto nas contas públicas.

A proposta em Washington para reduzir o gasto no sistema de saúde pública não passa por controlar os oligopólios. A redução será feita cortando o número de pessoas cobertas por esses serviços e piorando a qualidade dos mesmos.

A chantagem funcionou. Diz-se (em ambos os partidos) que, se não se aceitar o plano dos conservadores, sobreviria uma hecatombe. Isso teria que ser analisado com cuidado. No momento, a classe política em Washington abraçou essa argumentação porque o que interessa a ela é desmantelar os últimos vestígios do estado de bem-estar nos Estados Unidos.

Fonte: Carta Maior

Paulo Paim conclama trabalhadores a pressionarem o Congresso

Há grandes chances de acabarmos com o fator previdenciário ainda neste governo, mas tem que haver uma grande mobilização por parte dos trabalhadores em cima do Congresso”. Com essa afirmação, o senador Paulo Paim (PT/RS) abriu a sua fala no Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região, na noite de quarta-feira (27). 

 
Clayton Stumpf
  Senador Paulo Paim, no Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul.

Paim, que cumpriu agenda em Caxias do Sul, visitando o Sindicato dos Aposentados e Pensionistas, Prefeitura, Câmara de Vereadores e Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC), defendeu o fim imediato do fator previdenciário e a redução da jornada de trabalho.

Instituído após a Reforma da Previdência, no governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) como forma de reduzir as aposentadorias pagas e, consequentemente, poupar recursos da Previdência, o mecanismo tem sido alvo de críticas das centrais sindicais e dos trabalhadores desde sua criação. Paim, que bate no fator há 12 anos, afirmou ter conversado com o ministro da Previdência, Garibaldi Alves, para negociar o fim do fator e diz que o governo tem sinalizado positivamente. “A Dilma (presidente Dilma Rousseff) só precisa ver a mobilização acontecer.”

Aos metalúrgicos, Paim falou de uma mobilização que a categoria já está acostumada. “É preciso pressionar para abrir a mesa de negociação, exatamente como acontece na discussão do dissídio”. No ano passado, Paim conseguiu aprovar a derrubada do fator por unanimidade no Senado, mas a proposta foi vetada pelo ex-presidente Lula. O próprio Garibaldi, na ocasião, votou a favor da proposta.

Assis Melo

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, o deputado federal Assis Melo (PCdoB/RS), não haverá avanços se o fator não for extinto imediatamente. “É preciso primeiro acabar com ele e depois discutir outras alternativas, pois se formos negociar perdendo, vamos continuar perdendo. Ou seja, não dá para iniciar uma negociação, partindo de uma situação ruim”. Assis defende que os trabalhadores se unam e participem das mobilizações que serão realizadas no segundo semestre para que os parlamentares se sintam na obrigação de derrubar o fator. “Não basta colocar o projeto na pauta se não tivermos a maioria, por isso precisamos de muita luta, pois o mercado continua dando as ordens, então temos que fazer mais pressão”.

Paim, que, junto com Inácio Arruda (PCdoB-CE), é autor do projeto de lei da redução da jornada, apresentado ainda em 1995, também defendeu em Caxias do Sul a mobilização dos trabalhadores como forma de pressionar a aprovação da proposta. “Está instalado um debate pela redução da folha de pagamento. Então se querem, vamos discutir, mas a redução da jornada também tem que entrar. O que não dá é para aceitar o tudo ou nada”.

Substituição do fator

No Congresso, tramitam diversos projetos que afetam as aposentadorias. As propostas vão desde o fim do fator previdenciário até a mudança dos seus cálculos e a limitação do período de aplicação. O fator previdenciário prejudica quem começou a trabalhar mais cedo, que geralmente recebe uma remuneração mais baixa. Desde a reforma de 1998, não existe mais a idade mínima para a aposentadoria integral, que leva em conta 30 anos de contribuição para mulheres e 35, para homens. Apenas a proporcional tem o critério da idade mínima de 53 anos.

Do Veremelho, Colaborou Claiton Stumpf

O novo despertar no Peru

A tomada de posse do novo presidente peruano, Ollanta Humala, nesta quinta-feira (28), no mais elevado posto da República vizinha é acontecimento de grande relevância para o avanço das lutas democráticas e anti-imperialistas da atualidade, que em cada momento e lugar se revestem de formas e ritmos peculiares.

É fato auspicioso que merece o mais entusiástico apoio das forças progressistas dos países irmãos. Sem sombra de dúvidas, a instalação do novo governo corresponde a um despertar nacional, abre novo ciclo político no país andino e cria condições para superar o período de neoliberalismo, conservadorismo, repressão política e corrupção desbragada que caracterizaram os governos peruanos no último quarto de século.

Como se fosse o tema principal, adquiriu relevância o debate se Ollanta Humala seguirá o modelo “lulista” ou o “chavista”, sem que um e outro sejam definidos com precisão.

O novo presidente peruano tem certamente afinidades políticas com os mencionados líderes, mas não faz sentido apostar que as escolhas políticas que fará a partir de agora serão condicionadas por alinhamentos de qualquer natureza.

Importa mais observar os sinais emitidos no ato de posse e principalmente a mensagem que pronunciou para inferir sobre o rumo que o novo governo adotará.

O destaque principal corresponde à luta pela maior presença do Estado na economia, a inclusão social e o combate ao mal endêmico da corrupção. Ademais, na mensagem inaugural Humala anunciou uma política exterior independente e integracionista, com prioridade para a região andina e a América do Sul.

Os gestos simbólicos do novo presidente foram também reveladores dos seus propósitos. No momento da posse, por uma questão de rito e protocolo, Humala fez o juramento sob a égide da Constituição neoliberal vigente. Mas rompendo a fórmula tradicional, ele jurou também pelo “espírito”, os “princípios” e “valores” da carta magna nacionalista de 1979, justamente aquela que os golpistas e os neoliberais revogaram e substituíram pela atual, em 1993. Foi sob o manto da Constituição neoliberal que os governos privatizaram a economia e praticamente alijaram o Estado nacional da gestão da vida econômica.

Lugar destacado na mensagem presidencial coube ao juramento de acabar com a exclusão social. O novo presidente prometeu com solenidade apagar "o lacerante rosto da exclusão e a pobreza do país". É algo que cala fundo na consciência do povo em se tratando de um país em que a desigualdade social é gritante e a pobreza é um flagelo.

“Soldado da democracia”, Ollanta Humala firmou ainda o compromisso de realizar profundas transformações, através de um governo “para todos”, em que pontificarão conceitos como reforma, democracia, liberdade, inclusão, redistribuição, crescimento, paz com justiça, segurança, soberania, transparência e acordo.

Há, portanto, fundadas razões para a esperança. O povo peruano, com o novo governo, tem amplas possibilidades para construir um caminho próprio, um modelo nacional de desenvolvimento, democracia, inclusão social e soberania nacional. Parafraseando o pensador socialista José Carlos Mariátegui, um modelo que não será decalque nem cópia de modelos externos, mas criação heroica do próprio povo.

Também a América Latina tem muito a ganhar, pois a incorporação do Peru à grande coalizão de nações soberanas fará avançar o processo de integração e criará uma nova correlação de forças a favor da ampliação da luta anti-imperialista.

Editorial Vermelho

Brasil é o 10º maior doador de alimentos para a África

O governo brasileiro anunciou que enviará ao Chifre da África, como é chamada a região no extremo leste do continente, o equivalente a R$ 34,5 milhões em alimentos. O valor da doação brasileira é a 10º maior da lista de 30 países. A área está atravessando uma das piores secas de sua história, e em duas regiões do sul da Somália, foi declarada a fome.O transporte será feito com ajuda dos governos dos Estados Unidos e da Espanha. Segundo o Brasil, serão enviadas 38 mil toneladas para a Somália e 15 mil para a Etiópia e o Quênia.

O coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome do Itamaray, Milton Rondó Filho, falou à Rádio ONU sobre a situação precária da Somália.

“A situação é de fome, no sul da Somália. O número de refugiados que atravessa a fronteira da Somália em direção ao Quênia e à Etiópia é muito grande. É fundamental que a comunidade internacional se una. Como dizia o Josué de Castro, que foi o presidente do Comitê Brasileiro da FAO nos anos 50, a fome não é um fenômeno natural, mas sim político. Se um bilhão de pessoas passam fome no mundo, isso não é um fenômeno natural. Nós temos condições de erradicar a fome no mundo hoje”, afirmou.

A crise no Chifre da África levou o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur) a revisar, nesta quinta (28), em mais de US$ 8,6 milhões o apelo humanitário anunciado no início deste mês. A quantia total demandada agora é de cerca de US$ 145 milhões, ou mais de R$ 232 milhões.

Até agora, o Acnur distribuiu pacotes de ajuda de emergência para mais de 100 mil pessoas no centro-sul da Somália, onde a seca é mais severa. Mais suprimentos estão sendo distribuídos para um adicional de 114 mil pessoas afectadas pela seca.

Fonte: Rádio ONU em Nova York.

O ponto a que chegamos: o mundo nas mãos do TEA PARTY

Os republicanos querem manter Obama sob rédea curta e aprovar uma elevação do endividamento público dos EUA suficiente para mais seis meses à base de pão e água. Depois, negociam mais meia cuia de água. Assim por diante, até Obama chegar às eleições de 2012 como um cachorro velho, mudo e sem dente. Um cão arrastado pelo rabo. Mas a extrema direita do partido, meia centena de membros do Tea Party, acha pouco e entornou o caldo da votação do pacote conservador na Câmara, deixando as finanças do mundo de cabelos em pé. O Tea Party quer recolher Obama/'a gastança' na carrocinha e é já. Um clamor uníssino de vozes  cortou a narrativa dominante do Financial Times ao Globo, qualificando os indômitos seguidores de Sarah Palin de demenciais. É preciso cautela. O  Tea Paty pode ser tudo, mas não é um hospício encastoado na alavanca republicana que embalou Bush, concluiu a desregulação das finanças até o colapso de 2008, dizimou o Iraque, retalhou o Afeganistão e agora incendeia a Líbia, entre outras miudezas do ramo. O neonazista norueguês que encravou balas dum-dum nas vísceras de um pedaço da juventude progressista do seu país tampouco é um demente, como querem rapidamente resolver o caso certos veículos e personagens do conservadorismo urbi et orbi. Tea Patty e Andres Behring Breivik  são um produto refinado da história. De anos --décadas--  de ódios e pregação conservadora contra o Estado, contra a justiça fiscal; contra o pluralismo religioso; contra os valores que orientam a convivência compartilhada. Sobretudo, o princípio da igualdade e da solidariedade que norteia a destinação dos fundos públicos à universalização do amparo aos doentes, à velhice, aos desempregados, aos famintos, aos loosers brancos ou negros, nacionais ou imigrantes. Breivik e o Tea Party assimilaram o cânone.  Se agora escapam ao criador, louve-se a competência da madrassa  neoliberal. Na crise, ambos apenas confirmam a esférica densidade da formação que receberam e investem contra a desordem. Com fé no mercado e o dedo no gatilho.
(Carta Maior; 6º feira, 29/07/ 2011)
 

Murdoch e o espírito do capitalismo

Para romper o véu ideológico que encobre as empresas de comunicação, as comparo com os donos dos velhos armazéns de secos e molhados, sempre de olho na possibilidade de comprar os estabelecimentos dos concorrentes, sonhando com a formação de grandes redes de lojas.

A falta de leitura dos clássicos nos cursos de comunicação – O Capital, entre eles – obriga-me, muitas vezes, a recorrer a comparações singelas para explicar em palestras para estudantes a formação dos monopólios na mídia.

Preciso, antes de tudo, dessacralizar as empresas de comunicação. Por ingenuidade ou má fé, elas são vistas ou apresentadas apenas como instituições sociais, obscurecendo a natureza capitalista de suas estruturas básicas.

Para romper esse véu ideológico, as comparo com os donos dos velhos armazéns de secos e molhados, sempre de olho na possibilidade de comprar os estabelecimentos dos concorrentes, sonhando com a formação de grandes redes de lojas.

Essa mesma lógica, da acumulação capitalista, tão bem descrita por Marx na sua principal obra, preside a formação dos conglomerados de comunicação. De um jornal isolado, empresários mais audazes e bem relacionados, formam redes que, de locais passam a regionais, nacionais e, hoje, são globais. Exemplo a News Corporation, de Rupert Murdoch.

Alguns países impõem limites internos ao processo de concentração. No entanto, as rápidas e recentes transformações tecnológicas têm facilitado a superação desses obstáculos por empresas globalizadas.

Sons e imagens, emitidos de qualquer parte do planeta, circulam quase sem nenhuma possibilidade de restrições. O que, em princípio, pode parecer um avanço na liberdade de informação e opinião, com o processo de acumulação capitalista, torna-se um retrocesso, na medida em que reduz globalmente os criadores e emissores desses produtos.

Se como no caso dos supermercados os monopólios liquidam com a concorrência nas duas pontas, impondo preços aos produtores e aos consumidores, no caso da mídia as conseqüências são ainda mais graves.

Os bens por ela oferecidos não se esgotam, como qualquer mercadoria, no ato do consumo. Ao venderem valores, hábitos e idéias seus produtos permanecem nos corações e mentes do público por muito tempo depois de consumidos, às vezes por toda a vida.

Se a concentração dá ao dono da rede de supermercados um poder brutal para o enriquecimento econômico, ao empresário da comunicação esse poder é somado e combinado com o que lhe dá a possibilidade de impor a sua visão de mundo ao mundo e nele interferir diretamente. É ainda muito mais brutal.

Exemplo dessa imposição é o da invasão do Iraque pelos Estados Unidos. Mais de 200 editores das empresas de comunicação de Murdoch, espalhadas pelo mundo, foram obrigados a publicar matérias inverídicas justificando o ataque.

Poder político global combinado com uma acumulação de capital tão grande faz com que seus possuidores se sintam senhores do mundo. Não apenas para autorizar bisbilhotagens telefônicas mas para romper com qualquer obstáculo às suas pretensões de seguir ampliando os poderes conquistados.

A crise gerada pela revelação do uso de escutas ilegais pelos jornais de Murdoch permitiu a descoberta de outras práticas, usadas para ampliar ainda mais o seu império. O sonho do magnata australiano de possuir uma rede de televisão no Reino Unido estava prestes a se concretizar.

Num país onde as regras para a concessão de canais abertos são rigorosas e passam por um amplo debate público a empreitada de Murdoch não era fácil. Mas ele encontrou um atalho.

Depois de apoiar o Partido Conservador nas últimas eleições gerais (na anterior havia apoiado o Trabalhista, de Blair), Murdoch se achou no direito de lançar uma nova cartada.

Seus executivos iniciaram contatos diretos com o primeiro ministro David Cameron buscando autorização do governo para comprar por oito bilhões de libras (aproximadamente 20 bilhões de reais) a maior rede de TV por satélite do pais, a BSkyB, com cerca de 10 milhões de assinantes.

O negócio, ao que tudo indica, está suspenso. O que não quer dizer que esteja acabado. A lógica da acumulação é inexorável.

Se há 20 bilhões de reais para serem investidos eles serão, de uma forma ou de outra. Resta saber se Murdoch insistirá no sonho inglês ou buscará ocupação para o seu dinheiro em outras plagas.

As escutas telefônicas realizadas pelos jornais da News Corporation são, sem dúvida, um crime grave. Mas o pensamento único globalizado, produto da acumulação do capital, é um crime ainda mais grave, praticado contra a humanidade.

De positivo, a partir dessas revelações, temos a esperança de que a conversa fiada sobre liberdade de imprensa no capitalismo seja, pelo menos, um pouco mais relativizada.

Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.

Brasil sobe para 5º em ranking de investimentos estrangeiros, diz ONU

O Brasil pulou do 15° lugar, em 2009, para 5° no ranking dos países que mais receberam investimentos estrangeiros diretos (IED) em 2010, afirma um relatório da Unctad (agência da ONU para o comércio e o desenvolvimento) divulgado nesta terça-feira.

Brasil sobe para 5º em ranking de investimentos estrangeiros, diz ONU
Os IED no Brasil aumentaram 84,6% em 2010 na comparação com o ano anterior, totalizando US$ 48,4 bilhões, de acordo com o estudo Investimento no Mundo 2011 da Unctad.

Em 2009, em razão da crise econômica internacional, o Brasil havia sofrido uma diminuição de 42% no volume de IED, uma queda acima da média mundial naquele ano.

Em 2010, os Estados Unidos lideram novamente o ranking do estudo da Unctad, com ingresso de US$ 228 bilhões em investimentos diretos estrangeiros, o que representou um aumento de 49%.

A China e Hong Kong são classificados de maneira distinta e ocupam, respectivamente, o segundo e o terceiro lugares, com IED de US$ 106 bilhões e US$ 69 bilhões. Em quarto, ficou a Bélgica, com US$ 62 bilhões em investimentos.

O salto do IED no Brasil em 2010 foi impulsionado pela entrada de mais de US$ 15 bilhões em dezembro, dos quais US$ 7,1 bilhões se referem à venda de 40% da unidade brasileira da companhia espanhola Repsol ao grupo petrolífero chinês Sinopec.

O IED representa investimentos voltados para a produção, como a criação de fábricas e diversas operações empresariais internacionais, como fusões e aquisições, compra de participações acionárias, empréstimos para filiais e reinvestimento dos lucros.

De acordo com o relatório, os investimentos estrangeiros diretos na América Latina e no Caribe em 2010 se concentraram em operações realizadas por multinacionais asiáticas dos setores de petróleo e gás, principalmente chinesas e indianas.

O estudo da Unctad foi divulgado em um momento de valorização do real em relação ao dólar, situação favorecida pela entrada de recursos estrangeiros. Nessa segunda-feira, o dólar comercial caiu para R$ 1,543, menor valor desde janeiro de 1999.

América do Sul

A América do Sul foi a região do mundo que registrou a maior alta do IED em 2010. O aumento do ingresso de investimentos foi de 56%, totalizando recursos de US$ 86 bilhões. O Brasil representou sozinho 56% desse volume, afirma a Unctad.

No total, o IED para América Latina e Caribe foi de US$ 159 bilhões em 2010, aumento de 13% em relação ao ano anterior.

"A América Latina e o Caribe registraram uma repentina aceleração das fusões-aquisições internacionais, que passaram de valores negativos, em razão dos desinvestimentos, em 2009, para US$ 29 bilhões em 2010, um recorde na região desde 2000", diz o estudo.

"Essa evolução testemunha a retomada do interesse das companhias estrangeiras pela aquisição de empresas na América Latina após uma década de morosidade", afirma a Unctad.

As multinacionais da América Latina, estimuladas pelo forte crescimento econômico em seus países, também multiplicaram investimentos no exterior, sobretudo nos países desenvolvidos, diz o estudo.

"Os fluxos de capitais que saíram da América Latina e do Caribe aumentaram 67%, atingindo US$ 76 bilhões em 2010, a mais forte progressão regional no mundo", diz o relatório.

A alta significativa é devida ao aumento dos investimentos de multinacionais brasileiras e mexicanas, as principais investidoras da região.

No caso do Brasil, a saída dos recursos foi de US$ 12 bilhões no ano passado, em razão dos investimentos no exterior de empresas como Vale, Braskem, Petrobras, Camargo Correa, Votorantim e Gerdau.

Os dados preliminares de 2011 indicam que as entradas de IED na América Latina continuam aumentando, enquanto as saídas, ou seja, os investimentos realizados por empresas da região no exterior, estão diminuindo, diz o relatório.

Emergentes

O estudo da Unctad também revela que os países emergentes foram em 2010 os "novos pesos pesados" do IED mundial.

Os países em desenvolvimento e em transição absorveram pela primeira vez mais da metade dos fluxos mundiais de investimentos estrangeiros diretos (entradas de recursos), que totalizaram US$ 1,24 trilhão em 2010.

Esse montante cresceu 5% em 2010, mas ainda permanece 37% inferior ao recorde registrado em 2007, diz a Unctad.

A agência da ONU prevê novo crescimento do IED em 2011, que deverá atingir entre U$ 1,4 trilhão e US$ 1,6 trilhão neste ano.

Fonte: VoteBrasil