segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O PCdoB de Feira de Santana renasce mais forte

Por Genaldo de Melo

O último sábado, dia 08 de outubro, foi um dia diferente em Feira de Santana, pois cerca de duas centenas de militantes e filiados ao Partido Comunista do Brasil do município participaram na Escola Estadual Luís Eduardo Magalhães da Conferência Municipal do Partido. No momento foi feita uma importante avaliação da conjuntura política e econômica, foi também feito a discussão e deliberação do documento sobre o Projeto Político e de Atuação Partidária. Além disso, no evento foi escolhida a nova direção da agremiação partidária no município, que ficará responsável por construir o processo de organização, bem como pensar as eleições de 2012.

Os destaques da Conferência foram a filiação de novas lideranças do mundo político e empresarial, de importantes dirigentes de empresas estatais e lideranças comunitárias. Filiaram-se ao Partido o advogado, Luciano Pereira, Noêmia Maximiliana, diretora do Centro Industrial Subaé, Luciana Maia, diretora da CERB, o ex-vereador do município, Osvaldo Ventura, o Pastor Samuel Ferreira, Clóvis Gomes, liderança do bairro Tomba, José de Araújo, do bairro Queimadinha, Maria de Lourdes, do Conjunto Feira VII, além de outras dezenas de lideranças comunitárias.

Presentes ao evento também estiveram o Deputado Estadual Zé Neto (PT); o Deputado Estadual (Álvaro Gomes (PCdoB); Messias Gonzaga, ex-vereador e Chefe de Gabinete da Deputada Estadual Kelly Magalhães (PcdoB); Edmilson Cerqueira, do Sindicato dos Bancários do município; Rozete Evangelista, assessora da FETAG-BA; Aroldo Rocha, assessor do Deputado Federal Daniel Almeida (PcdoB); José Batista, Delegado do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego; Gavião Filho, ex-presidente da União Nacional dos Estudantes; bem como Florisvaldo Campos, Coordenador Regional da CTB-BA.

Para Rozete que organizou a Conferência Municipal “o PCdoB começa um processo de renascimento político em feira de Santana, com um projeto claro em defesa dos interesses da população local, bem como a força suficiente para empreender um novo modo de fazer política, em que a população esteja em primeiro lugar e Feira seja mais humana e justa para todos”.




Votação massiva fortalece Partido Socialista na França

Participação do eleitorado nas primárias do Partido Socialista francês supermou as previsões mais otimistas que esperavam um milhão de votantes. Cerca de dois milhões de pessoas foram às urnas, para escolher o candidato socialista às eleições presidenciais de 2012. As previsões se cumpriram com uma surpresa: com 39% dos votos, saiu vencedor o ex-primeiro secretário do PS, François Hollande, seguido pela atual secretária do partido, Martine Aubry, com 31%. A supresa foi o terceiro lugar obtido pelo candidato da ala esquerda do PS, o deputado Arnaud Monteubourg, que fez 17% dos votos. Segundo turno entre Hollande e Aubry ocorre no próximo domingo.

O socialismo francês satisfez muito além das previsões mais otimistas as expectativas do primeiro turno das eleições primárias para designar um candidato às eleições presidenciais de 2012 : o PS havia fixado a barreira do êxito em um milhão de vontantes mas, ao final, cerca de dois milhões de pessoas participaram da disputa entre as cinco candidaturas em jogo, cinco socialistas e um radical de esquerda.

As previsões se cumpriram com uma surpresa : com 39% dos votos, saiu vencedor o ex-primeiro secretário do PS, François Hollande, seguido pela atual secretária do partido, Martine Aubry, com 31%. A supresa foi o terceiro lugar obtido pelo candidato da ala esquerda do PS, o deputado Arnaud Monteubourg, que fez 17% dos votos com o conceito de « desglobalizar » e um programa que apontou os bancos como a ovelha negra principal. Ele se converteu, assim, como o árbitro do segundo turno que ocorrerá no próximo domingo. Atrás dele, ficaram a candidata socialista nas presidenciais de 2007, Ségolène Royal, e o representante da ala direita do socialismo, Manuel Vals, com 6% dos votos.

A mobilização da sociedade foi um momento de história política particular. Nunca antes um candidato havia sido escolhido desta maneira e, menos ainda, tinha se conseguido mobilizar tante gente. As filas dianta dos 9.600 colégios eleitorais habilitados eram imensas. Inclusive nos bairros onde os socialistas são uma força quase clandestina, as pessoas saíram para votar como uma forma de enviar uma dupla mensagem : ao PS e ao presidente Nicolas Sarkozy. O Partido Socialista saiu fortemente favorecido ao final de um processo intrincado que, contudo, permitiu ao partido expor suas idéias para muito além de seu eleitorado. A primária socialista deu lugar a sete horas de debates televiisionados, decenas de comícios e discussões que projetaram seus valores em todo o país.

A sociedade terminou se entusiasmando com esse exercício inédito de democracia cidadã com o qual se rompeu o sistema de caixa forte que aponta o candidato entre os « elefantes » do partido. Uma volta pelos centros de votação abertos nos distritos 13, 5 e 14 de Paris permitiu constatar um fato sem precedentes: muitos jovens que não eram militantes socialistas deixavam seus dados pessoais a fim de constituir uma força espontânea para as eleições de 2012, um tipo de fenômeno de campanha como o que fez Barack Obama nos Estados Unidos.

O PS transferiu esse poder à sociedade. Os resultados não levantam a incerteza sobre o segundo turno. Martine Aubry, que defendeu sua candidatura com um discurso mais à esquerda, ficou em segundo, mas a posição de Arnaud Montebourg permite que ela jogue com a aritmética das alianças para desbancar François Hollande no próximo domingo. Os 5% obtidos pelo candidato da direita do PS, Manuel Vals, é menos do que se esperava e priva Hollande de um aliado de maior peso. A grande derrotada da noite foi Ségolène Royal, que deixou seu quartel general em lágrimas. A mulher que esteve a ponto de romper o PS em 2007 depois de sua derrota nas presidenciais, ex-companheira de François Hollande, saiu da disputa pela porta pequena.

Pela porta grande ongressam Hollande, um homem que era até algum tempo considerado um piadista sem estatura para o cargo, Martine Aubry, que restaurou o PS após sucessivas derrotas, e Arnaud Montebourg, que sofreu as ironias da imprensa por seu discurso contra os impérios bancários, as finanças e a globalização.

Para o PS, na noite de domingo, uma coisa estava clara : as primárias foram a grande vencedora do processo. Agora começam as negociações para o segundo turno. A única manifestação de voto foi dada por Manuel Vals, em favor de François Hollande. Somando-se as porcentagens do segundo e terceiro, Aubry e Montebourg, a opção mais à esquerda totaliza 48%. Não há dúvida de que a democracia cidadã e participativa levou a melhor no domingo. Mas também uma ideia que se acreditava sepultada, a persistência de um núcleo de esquerda que a cultura liberal mundializada não conseguiu eliminar.

Tradução: Katarina Peixoto

Reforma política democrática, só com Constituinte

 
Por Emir Sader
Durante a campanha eleitoral Lula e Dilma falaram de convocar Assembleia Constituinte exclusiva para a reforma política. Os argumentos a favor são claros: um Congresso eleito pelos benefícios das leis atuais, não iria dar tiro no pé e reformar essas leis.

Terminadas as eleições, não se falou mais no tema. Mesmo com Lula definindo a reforma política como uma das prioridades da sua atuação, não se voltou a mencionar mais a Constituinte. Lula mergulhou nas difíceis e trabalhosas negociações da reforma diretamente com os líderes do Congresso atual.

Logo o PMDB e o PSDB apresentaram suas próprias propostas, que têm em distintas versões do voto distrital seu eixo – retrocessos enormes em relação às precárias formas atuais de representação política. Tudo indica que o fazem sem esperança de que sejam aprovadas, mas para se contrapor o primeiro, e negociar o segundo, com o PT, com algo em mão em torno do qual fazer concessões, em troca de outras tantas por parte do PT e de Lula. Para que finalmente nada mude – condição para que o PMDB continue a ter o peso que tem tido até aqui.

Lula, o governo, o PT, a esquerda – entraram no jogo. Se deixaram levar pela solução mais fácil: negociar com o Congresso e com os partidos como eles existem hoje. Resultado: nem sequer o financiamento público de campanha deve ser aprovado. A reforma política está no limite de ser mais uma vez uma frustração e de termos de conviver com o financiamento privado das campanhas e todo o poder do dinheiro sobre elas; com as candidaturas avulsas em cara partido, em que tantos deles se tornam partidos de aluguel; sem fidelidade partidária, para que o mercado dos mandatos possa seguir correndo solto; para que a deformação da representação atual na Câmara siga favorecendo estados menores, que elegem deputados com dez e quinze menos votos que em outros estados.

Em suma, abandonando a ideia da Assembleia Constituinte autônoma, estamos caminhando para uma grande derrota. Não estaremos aproveitando a grande derrota que impusemos à direita nas eleições de 2010, para eleger uma Assembleia Constituinte com uma composição muito melhor, perdendo a possibilidade de promover uma nova geração de políticos jovens, que representem as camadas emergentes e a juventude.

Se não reconsiderarmos o caminho aparentemente sem saída que trilhamos, faremos de uma vitória, uma derrota, estaremos perpetuando um sistema eleitoral deformado, socialmente injusto, economicamente determinado.

Ainda é tempo. Basta Lula e Dilma se recordarem das posições que defenderam durante a campanha e recolocarem a proposta de convocação de uma Assembleia Constituinte Autonoma. Certamente o PT e os outros partidos de esquerda seguirão por esse caminho e o Brasil poderá renovar, de forma mais acelerada e transparente, seu sistema politica e sua democracia.

Eduardo Graeff e o submundo tucano

Por Altamiro Borges

O sítio Brasil-247 noticia hoje (9) que o tucano Eduardo Graeff acaba de lançar um livro virtual, e-book, intitulado “Corruption in Brazil – From Sarney to Lula”. Escrito em inglês, coisa bem típica das mentes colonizadas, a obra está disponível na Amazon, maior livraria online do mundo. O convite para fazer o download do livro tem sido disparado pelo Instituto FHC, informa o sítio.

FHC e o reino da ética. Patético

A obra é uma nulidade, segundo o Brasil-247. “Escrito com verniz acadêmico, o livro poderia oferecer uma boa contribuição para o debate ético no Brasil, não fosse um vício de origem: o viés partidário, expresso no próprio título. Ou seja: segundo Graeff, a corrupção só fez crescer no Brasil entre Sarney e Lula, tendo tido como único hiato a era FHC. Será que alguém acredita nisso?”.

Na própria apresentação, Graeff diz que um dos seus objetivos foi fazer justiça com FHC, que teria sido alvo do denuncismo vazio. O livro relata os casos de corrupção nos governos Collor, Sarney e, principalmente, no de Lula. “Quando chega a era FHC, o Brasil se transforma no reino da ética pura e todos os escândalos são injustiças decorrentes do denuncismo”, ironiza o sítio Brasil-247.

O pitbull e o exército de trolls

Eduardo Graeff não deve mesmo ser levado muito a sério. Ele representa o submundo da política tucana. Foi secretário-geral da Presidência da República no triste reinado de FHC, ocupou altos cargos no PSDB e ajudou a comandar a campanha de Serra em 2010. Nesta última empreitada, ele tirou a máscara de vez, sendo responsável pelas baixarias e pelo tom fascistóide da disputa presidencial.

O blogueiro Luis Nassif desmascarou Graeff. “Fomos amigos por bom tempo. Sujeito doce, aparentemente manso. Na campanha se transformou em um pitbull comandando o exército de trolls contratados por Serra. Dançou quando passei a fazer cruzamentos dos seguidores dos trolls no Twitter com os nomes cadastrados na Rede PSDB. A trama foi desmascarada. Graeff caiu”.

“Subsolo do esgoto mais fétido”

Em outro artigo, Nassif decretou: “Esta eleição deixará indelevelmente no ex-Eduardo Graeff a marca da infâmia. Pelos próximos anos, toda vez que o virem passar, os seus ex-amigos saberão que ali está a pessoa que ajudou a transformar a face mais visível do partido de Vilmar Faria e de dona Ruth, de Vilma Motta e do Grama, no subsolo do esgoto mais fétido que a Internet já produziu”.

“Toda vez que se contar a história da Internet brasileira, Eduardo Graeff será lembrado como a pessoa que... montou blogs apócrifos para atacar adversários, contratou profissionais da difamação e montou uma rede – Rede PSDB – com pessoas que deram ao seu partido a feição mais indigna que uma organização poderia ter”.

Escândalos de corrupção do tucanato

Este é o sujeito, saído do “subsolo do esgoto mais fétido”, que escreve um livro – em inglês – para tratar dos casos de corrupção no Brasil. Bajulador de FHC e do seu “reino da ética”, ele pode até se afogar na banheira junto com o ex-presidente. Quem sabe num próximo livro, escrito em português, ele inclua os escândalos de corrupção de FHC. Para ajudá-lo, relembro alguns casos:

Denúncias abafadas: Já no início do seu primeiro mandato, em 19 de janeiro de 1995, FHC fincou o marco que mostraria sua conivência com a corrupção. Ele extinguiu, por decreto, a Comissão Especial de Investigação, criada por Itamar Franco e formada por representantes da sociedade civil, que visava combater o desvio de recursos públicos. Em 2001, fustigado pela ameaça de uma CPI da Corrupção, ele criou a Controladoria-Geral da União, mas este órgão se notabilizou exatamente por abafar denúncias.

Caso Sivam. Também no início do seu primeiro mandato, surgiram denúncias de tráfico de influência e corrupção no contrato de execução do Sistema de Vigilância e Proteção da Amazônia (Sivam/Sipam). O escândalo derrubou o brigadeiro Mauro Gandra e serviu para FHC “punir” o embaixador Júlio César dos Santos com uma promoção. Ele foi nomeado embaixador junto à FAO, em Roma, “um exílio dourado”. A empresa ESCA, encarregada de incorporar a tecnologia da estadunidense Raytheon, foi extinta por fraude comprovada contra a Previdência. Não houve CPI sobre o assunto. FHC bloqueou.

Pasta Rosa. Em fevereiro de 1996, a Procuradoria-Geral da República resolveu arquivar definitivamente os processos da pasta rosa. Era uma alusão à pasta com documentos citando doações ilegais de banqueiros para campanhas eleitorais de políticos da base de sustentação do governo. Naquele tempo, o procurador-geral, Geraldo Brindeiro, ficou conhecido pela alcunha de “engavetador-geral da República”.

Compra de votos. A reeleição de FHC custou caro ao país. Para mudar a Constituição, houve um pesado esquema para a compra de voto, conforme inúmeras denúncias feitas à época. Gravações revelaram que os deputados Ronivon Santiago e João Maia, do PFL do Acre, ganharam R$ 200 mil para votar a favor do projeto. Eles foram expulsos do partido e renunciaram aos mandatos. Outros três deputados acusados de vender o voto, Chicão Brígido, Osmir Lima e Zila Bezerra, foram absolvidos pelo plenário da Câmara. Como sempre, FHC resolveu o problema abafando-o e impedido a constituição de uma CPI.

Vale do Rio Doce. Apesar da mobilização da sociedade em defesa da CVRD, a empresa foi vendida num leilão por apenas R$ 3,3 bilhões, enquanto especialistas estimavam seu preço em ao menos R$ 30 bilhões. Foi um crime de lesa-pátria, pois a empresa era lucrativa e estratégica para os interesses nacionais. Ela detinha, além de enormes jazidas, uma gigantesca infra-estrutura acumulada ao longo de mais de 50 anos, com navios, portos e ferrovias. Um ano depois da privatização, os seus novos donos anunciaram um lucro de R$ 1 bilhão. O preço pago pela empresa equivale hoje ao lucro trimestral da CVRD.

Privatização da Telebras. O jogo de cartas marcadas da privatização do sistema de telecomunicações envolveu diretamente o nome de FHC, citado em inúmeras gravações divulgadas pela imprensa. Vários “grampos” comprovaram o envolvimento de lobistas com autoridades tucanas. As fitas mostraram que informações privilegiadas foram repassadas aos “queridinhos” de FHC. O mais grave foi o preço que as empresas privadas pagaram pelo sistema Telebras, cerca de R$ 22 bilhões. O detalhe é que nos dois anos e meio anteriores à “venda”, o governo investiu na infra-estrutura do setor mais de R$ 21 bilhões. Pior ainda, o BNDES ainda financiou metade dos R$ 8 bilhões dados como entrada neste meganegócio. Uma verdadeira rapinagem contra o Brasil e que o governo FHC impediu que fosse investigada.

Ex-caixa de FHC. A privatização do sistema Telebras foi marcada pela suspeição. Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa das campanhas de FHC e do senador José Serra e ex-diretor do Banco do Brasil, foi acusado de cobrar R$ 90 milhões para ajudar na montagem do consórcio Telemar. Grampos do BNDES também flagraram conversas de Luiz Carlos Mendonça de Barros, então ministro das Comunicações, e André Lara Resende, então presidente do banco, articulando o apoio da Previ para beneficiar o consórcio do Opportunity, que tinha como um dos donos o economista Pérsio Arida, amigo de Mendonça de Barros e de Lara Resende. Até FHC entrou na história, autorizando o uso de seu nome para pressionar o fundo de pensão. Além de “vender” o patrimônio público, o BNDES destinou cerca de 10 bilhões de reais para socorrer empresas que assumiram o controle das estatais privatizadas. Em uma das diversas operações, ele injetou 686,8 milhões de reais na Telemar, assumindo 25% do controle acionário da empresa.

Juiz Lalau. A escandalosa construção do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo levou para o ralo R$ 169 milhões. O caso surgiu em 1998, mas os nomes dos envolvidos só apareceram em 2000. A CPI do Judiciário contribuiu para levar à cadeia o juiz Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do TRT, e para cassar o mandato do senador Luiz Estevão, dois dos principais envolvidos no caso. Num dos maiores escândalos da era FHC, vários nomes ligados ao governo surgiram no emaranhado das denúncias. O pior é que FHC, ao ser questionado por que liberara as verbas para uma obra que o Tribunal de Contas já alertara que tinha irregularidades, respondeu de forma irresponsável: “assinei sem ver”.

Farra do Proer. O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional (Proer) demonstrou, já em sua gênese, no final de 1995, como seriam as relações do governo FHC com o sistema financeiro. Para ele, o custo do programa ao Tesouro Nacional foi de 1% do PIB. Para os ex-presidentes do BC, Gustavo Loyola e Gustavo Franco, atingiu 3% do PIB. Mas para economistas da Cepal, os gastos chegaram a 12,3% do PIB, ou R$ 111,3 bilhões, incluindo a recapitalização do Banco do Brasil, da CEF e o socorro aos bancos estaduais. Vale lembrar que um dos socorridos foi o Banco Nacional, da família Magalhães Pinto, a qual tinha como agregado um dos filhos de FHC.

Desvalorização do real. De forma eleitoreira, FHC segurou a paridade entre o real e o dólar apenas para assegurar a sua reeleição em 1998, mesmo às custas da queima de bilhões de dólares das reservas do país. Comprovou-se o vazamento de informações do Banco Central. O PT divulgou uma lista com o nome de 24 bancos que lucraram com a mudança e de outros quatro que registraram movimentação especulativa suspeita às vésperas do anúncio das medidas. Há indícios da existência de um esquema dentro do BC para a venda de informações privilegiadas sobre câmbio e juros a determinados bancos ligados à turma de FHC. No bojo da desvalorização cambial, surgiu o escandaloso caso dos bancos Marka e FonteCindam, “graciosamente” socorridos pelo Banco Central com 1,6 bilhão de reais. Houve favorecimento descarado, com empréstimos em dólar a preços mais baixos do que os praticados pelo mercado.

Sudam e Sudene. De 1994 a 1999, houve uma orgia de fraudes na Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), ultrapassando R$ 2 bilhões. Ao invés de desbaratar a corrupção e pôr os culpados na cadeia, FHC extinguiu o órgão. Já na Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a farra também foi grande, com a apuração de desvios de R$ 1,4 bilhão. A prática consistia na emissão de notas fiscais frias para a comprovação de que os recursos do Fundo de Investimentos do Nordeste foram aplicados. Como fez com a Sudam, FHC extinguiu a Sudene, em vez de colocar os culpados na cadeia.

O beco sem saída do PSDB

Por Luis Nassif, em seu blog:

Dilma vai para a Europa e faz recomendações aos governos nacionais. Em editorial, o Estadão critica sua postura professoral. Aí o senador Álvaro Dias ecoa as críticas no Senado, em mencionar a fonte. E o mesmo faz José Serra no Twitter. Na entrevista de Aécio Neves ao Estadão, a falta absoluta de ideias.

E só. Consultem os jornais, rádios, as últimas declarações de políticos e lideranças tucanas. Resumem-se a isso, críticas pontuais, em geral pautadas pela mídia.

Há dois tipos de políticos que aspiram a presidência. Aquele que traz novas ideias que mudam primeiro seu partido, depois o país; ou aquele que reflete as ideias e valores de determinados grupos e, especialmente, de seu partido político.

Obviamente Aécio não é gerador de ideias próprias. Mas e o PSDB? Como solta assim no ar o balão do seu candidato, sem sequer ter se dado ao trabalho de costurar um programa, um conjunto mínimo de ideias que fosse? Cadê seus pensadores, seus estrategistas? Como é que se monta um discurso oco em cima de uma mera pesquisa de opinião?

Ouso supor que o partido está em um beco sem saída.

O núcleo financista do partido – hoje em dia encastelado na Casa das Garças – tem interesses próprios. O PSDB foi apenas a escada para se lançarem ao poder. Embarcaram de carona na onda neoliberal, traduziram os bordões e o jogo de interesses para o português, usaram o partido que tinham à mão. E nada mais.

O núcleo desenvolvimentista sumiu. Os irmãos Mendonça de Barros resolveram aderir ao mercadismo do dia-a-dia e núcleo FGV-SP – de Bresser-Pereira e Nakano - está fora do barco faz tempo.

De seu lado, Serra transformou seu entorno no mais puro esgoto político. Jogou pelo ralo as ideias de um grupo de técnicos respeitáveis, assumiu sua própria ignorância econômico-político-administrativa, passou a exigir dos seguidores provas seguidas de vilania e trouxe à tona a cara de um partido que já não tinha ideias para oferecer. Nem o DEM, na fase mais iracunda, conseguiu chegar perto da imagem medieval que Serra conferiu ao PSDB.

Sempre torci para que o PSDB conseguisse se refundar, apresentar-se como uma oposição legitima e civilizada, exorcizando os fantasmas da última eleição. Seria o amadurecimento final do modelo político brasileiro.

Apostei em Aécio como uma alternativa do partido ao cenário de trevas representado pelo Serra, muito mais pela concepção administrativa que seu governo desenvolveu. Mas não tem fôlego para se impor. A sorte do país é que, com Aécio ou sem Aécio, também não há retorno para Serra.

A cada dia que passa fica cada vez mais claro que o partido entrou em um caminho sem futuro. Perdeu massa crítica de pensadores. Com Serra, perdeu legitimidade junto aos meios intelectuais e à opinião pública esclarecida. Os sociólogos e cientistas políticos da USP desempenham apenas papel de viúvas de FHC, sem conseguir entender ou elaborar o novo. O próprio FHC recolheu-se a uma merecida aposentadoria. Faltava apenas o reconhecimento de fora para aplacar suas angústias. Dilma forneceu-lhe o reconhecimento.

Cumprir-se-á o vaticínio de José Sarney que, em 2009, previu que a oposição sairia do seio das forças coligadas à situação.

Jogo de xadrez

Passados mais de 20 anos da primeira eleição direta do país pós-64, é interessante notar como se deu o xadrez político.

Fernando Collor surgiu com o discurso novo, que mudou o país. Não colheu os frutos por ser um desastre político. FHC herdou o discurso modernizante de Collor, e atraiu – meramente pelo efeito imã do poder – as melhores ideias acumuladas ao longo dos dez anos anteriores.

Havia um genuíno sentimento centro-esquerda em curso, aspirando a modernização mas com responsabilidade social.

Fosse um político de visão, FHC teria avançado nas privatizações mas, ao mesmo tempo, fechado o campo para a oposição, entrando decididamente na área social. Tinha quadros, novas ideias amadurecidas pelo país e uma grande conselheira em casa, dona Ruth.

Mas limitou-se a entrar na onda financista mundial. Recebeu as ideias de mão beijada e não teve fôlego para elaborar em cima delas.

Não teve nem visão para perceber a armadilha cambial, montada pelo lado financista, nem sensibilidade para entender que a chave para os vinte anos de poder – ambicionados por Sérgio Motta – estava em dona Ruth, não nos Bachas da vida.

Como nunca teve visão apurada dos grandes Estadistas, deixou uma avenida aberta para o discurso social do PT.

Eleito, Lula deu as cabeçadas iniciais previstas. Mas a bandeira social foi tão forte que ajudou-o a resistir ao episódio do “mensalão”.

Depois, consolidou-se mapeando todos os diferenciais apregoados pela oposição e ocupando o espaço. Com sua intuição, fez o que FHC deveria ter feito no seu governo, para não abrir espaço para a oposição.

Com o Banco Central de Meirelles aplacou a oposição mercadista (a um custo alto para o país). Com as políticas sociais não populistas, consagrou-se mundialmente como o homem da inclusão. Com o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) levantou a bandeira da gestão dos investimentos públicos. Absorveu os movimentos sociais, trouxe o PT mais para o centro e foi jogando gradativamente o PSDB para a direita.

Esvaziou a campanha sistemática dos que o apontavam como ameaça à democracia, golpista etc.

Finalmente, indicou para a presidência uma candidata com todas as características enaltecidas pelos seus próprios críticos – características acessórias, que não mudavam a essência do governo. Uma presidenta sem arroubos oratórios, classe média, estudada, mais comedida na política internacional, com mais gestão (em cima das bases plantadas), sem entrar em guerra com a mídia e encarnando a figura da “faxina” e pragmatismo nas questões de concessão e privatização.

Entende-se a sinuca de bico do PSDB.

Ser professor

Augusto César Petta - Vermelho

Em 15 de outubro, comemora-se o Dia do Professor. Esta data é consagrada à educadora Santa Tereza D’ Ávila, que viveu na Espanha, no século XVI. Em 15 de outubro de 1827, D.Pedro I baixou um decreto que criou o ensino elementar no Brasil. Mas, foi somente em 1947, que aconteceu a primeira comemoração de um dia dedicado ao professor. Na época, o segundo semestre letivo estendia-se de primeiro de junho a quinze de dezembro, tendo apenas 10 dias de férias. Os professores do Ginásio Caetano de Campos, em São Paulo, resolveram estabelecer que, naquele segundo semestre de 1947, no dia 15 de outubro, as aulas não aconteceriam e que o dia seria reservado à comemoração e à reflexão sobre o trabalho do professor.

Trata-se de uma profissão da maior importância para a formação das novas gerações. Com raras exceções daqueles que não têm possibilidades de freqüentar escolas, os seres humanos têm na sua formação, a presença marcante dos professores, desde o nível da educação infantil até os níveis superiores de ensino. No entanto, mesmo havendo socialmente – sobretudo dos trabalhadores - um reconhecimento considerável da importância do papel do professor, a profissão não está entre aquelas com melhor remuneração e nem entre aquelas com melhores condições de trabalho. Ao contrário, a grande maioria dos professores recebe salários baixos e vivem condições de trabalho inadequadas. Para conseguir se manter e manter a sua família, muitos professores se submetem a uma jornada estafante, chegando a atingir 50 a 70 aulas semanais! Diferentemente de outras profissões, o professor mantem contatos com crianças, jovens e adultos, numa situação mais propícia para transmissão de conhecimentos e valores. Por isso, um professor consciente e engajado pode desempenhar um papel fundamental na formação das pessoas.

Iniciei meu trabalho no magistério em 1968, sendo professor do Colégio Progresso e da Escola Supletivo Evolução, ambos de Campinas. Lecionei também em várias instituições de ensino superior privado, até 1981, quando fui eleito Presidente do Sindicato dos Professores de Campinas. Assumi, posteriormente no movimento sindical, várias funções, entre elas a de Presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino – CONTEE.

A partir de 2003, com muita satisfação , voltei a lecionar, desta vez para transmitir a experiência e os conhecimentos adquiridos para os sindicalistas, em cursos, palestras, seminários de Planejamentos Estratégicos Situacionais promovidos pelo Centro de Estudos Sindicais, com a CTB ou com outras entidades. Estas atividades de formação sindical acontecem em várias cidades do Brasil, nas 4 regiões. Transmito o que aprendi e tenho tomado conhecimento de muitas das peculiaridades, no que se refere às questões sociais e políticas, deste imenso país. É muito gratificante adquirir esta convicção – proporcionada pelo que dizem os próprios participantes dessas atividades - de estar contribuindo para a formação política e sindical dos sindicalistas.

Aqueles que, como eu, acreditam que é possível a construção de uma sociedade justa e fraterna, precisam trabalhar no sentido de contribuir para o processo de formação dos militantes e dirigentes sindicais, dos jovens e das mulheres, enfim de todos os trabalhadores. Para que haja uma mudança significativa em nossa sociedade, é imprescindível que os trabalhadores e as trabalhadoras compreendam o processo de exploração a que estão submetidos, fruto do modo de produção capitalista. E que se disponham a lutar rumo à conquista do socialismo.

Neste 15 de outubro, quero homenagear todos os professores e professoras, pelo árduo trabalho que desenvolvem na formação integral de crianças, jovens e adultos!

Estados Unidos: muitos pobres num país rico

Cinco décadas depois de criado o Programa Social nos Estados Unidos, mais de 46,2 milhões de pessoas vivem na pobreza total, 15,1% da população nacional, o que evidencia a vulnerabilidade de seu sistema.


Trata-se do indicador mais alto desde 1983, quando começaram a ser preparados estes relatórios, que incluem os desempregados, com dados que chegam a 22 milhões de estadunidenses.

A este respeito, o Departamento de Comércio informou, no final de julho, que a economia do país cresceu menos que o esperado no segundo trimestre de 2011, o que evidencia a persistência da crise econômica e financeira local. Os números, divulgados por esta instância, revelaram que o Produto Interno Bruto, somente de janeiro a junho, foi de 1,8%, muito abaixo dos 2,3% estimados para a data.

As famílias sem moradia aumentaram em 50% em algumas cidades, e 38,4 milhões recebem cupons de alimentação - mais que em qualquer momento dos 50 anos de história do programa social.

Há ampla evidência das crescentes atribulações econômicas. Há um padrão utilizado comumente para medir a taxa de pobreza, do Escritório do Censo dos Estados Unidos, o qual se usa para guiar grande parte das despesas federais e estatais.

Para as estatísticas de Washington, consideram-se pobres as pessoas que são parte de famílias de quatro pessoas cujos rendimentos não superam os 22.314 dólares anuais.

O Escritório do Censo norte-americano revelou recentemente que a pobreza cresceu, entre 2010 e 2011, para os brancos não-hispânicos e para os afro-americanos, mas, de qualquer forma, os brancos permanecem como o grupo étnico menos afetado pelo problema, com uma taxa de 9,4%; por outro lado, os estadunidenses de raça negra sofrem com uma taxa de 25,8%.

A pobreza segue sendo também bem mais alta que a média entre os hispânicos, com 25,3%, indicou o reporte. Os dados oficiais indicam que 49,9 milhões de pessoas não contam com um seguro médico no país.

Economistas da Universidade de Columbia estão convencidos de que as cifras federais diminuem a importância da pobreza e começaram a utilizar diferentes critérios para operar seus programas sociais.

Ao mesmo tempo, economistas conservadores advertem que uma mudança na fórmula a um limite que conta mais gente como pobre poderia levar a um aumento inaceitável no custo dos programas federais e estatais de serviço social.

Quando o Escritório do Censo publicou novas cifras de 2011 em outubro, os especialistas predisseram que mostrarão um forte aumento na taxa de pobreza. Um pesquisador independente calcula que os dados revelarão o maior aumento de ano em ano na história dos Estados Unidos.

Segundo Walter Wilkinson, um ex-analista no Escritório Federal de Administração e Orçamento, os dados que já estão disponíveis sobre taxas de emprego, salários e registro para cupons alimentícios sugerem que outros 6,1 milhões de pessoas foram oficialmente pobres em 2011.

Isso eleva a quantidade total de pessoas com rendimentos sob o limite federal de pobreza a mais de 46 milhões. A taxa de pobreza, espera Wilkinson, chegará a 16% - um aumento em relação ao 14,1% de 2008, quando a crise começou a surtir efeito.

Não obstante, as novas cifras do Escritório do Censo, oferecerão só um quadro parcial de como a estragada economia da nação afeta os estadunidenses mais pobres -um problema que deve ser encarado pelos funcionário do Estado e o governo de Obama. Utilizando uma medida atualizada, a Cidade de Nova York estabeleceu que os jovens - receptores de programas de assistência social - eram mais pobres do que se pensou originalmente.

À medida que os Estados têm cada vez mais inconvenientes, devido à diminuição dos rendimentos e à crescente quantidade de gente necessitada, mais de uma dúzia deles têm estabelecido comissões para ajudar famílias de baixos rendimentos e muitos têm fixado objetivos de redução da pobreza.

Entre eles, Minnesota e Connecticut utilizaram fórmulas similares à da Academia de Ciências para avaliar a efetividade de medidas contra a pobreza.

Neste cenário, também continuam as dificuldades no mercado trabalhista, em que 9,1% de desemprego afetam toda a nação.

É o que demonstram os dados sobre o comportamento do desemprego em agosto, que, apesar de apontarem uma diminuição do índice de desemprego, decepcionaram os prognósticos dos especialistas.

A isso se somam os postos eliminados pelas empresas minoritárias, que chegaram a 6.600, devido ao estancamento das despesas dos consumidores, o que representa dois terços da economia nacional, revelou o Departamento de Trabalho.

Também assinalou que os resultados do setor privado aumentaram o desalento, pois foram abertas só 39 mil vagas das 190 mil estimadas. Especialistas de Wells Fargo Bank consideram que isso é mais lento que o pretendido e até falam de uma distorção das cifras.

Preveem que, se a tendência atual se mantiver, diminuirá o crescimento econômico do segundo trimestre do ano. Também explicaram que, para mostrar uma criação sustentada de emprego, é necessário que os pedidos semanais de seguro desemprego caiam abaixo de 425 mil, o que não tem acontecido.

Reiteram que a economia estadunidense deve crescer a um ritmo dois ou três vezes maior para reduzir a taxa de desemprego, ainda acima de 9%.

A consultora Challenger, Gray & Christmas informou que as empresas estadunidenses anunciaram mais demissões em outubro.

Por sua vez, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico sublinhou em seu último relatório, em meados de julho, que continuarão as dificuldades no mercado trabalhista dos Estados Unidos, um dos mais golpeados desde o início da crise global em 2007.

Fonte: Prensa Latina

CONFERÊNCIA DO PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL/FEIRA DE SANTANA