terça-feira, 9 de agosto de 2011

ADPREV “RENOVA IPIRÁ”

No último dia 06 de agosto, o Escritório da  Advocacia Previdenciária e Outras Assessorias (ADPREV), coordenado pelo competente advogado da área previdenciária Noildo Gomes inaugurou sua mais nova sede no município de Ipirá. No evento que contou com a participação de cerca de 200 pessoas de várias regiões da Bahia estiveram presentes várias lideranças políticas e pessoas que se destacam nas mais variadas áreas. A equipe que ficará responsável pelo escritório local é formada pelos advogados Nadilson Gomes, Jerônimo Azevedo e Edmilson Azevedo.

Presentes ao evento estavam Genaldo de Melo e Rozete Evangelista do Diretório Municipal do PCdoB de Feira de Santana, Arismário Sena, coordenador da Delegacia Sindical da APLB-Sindicato da região de Ipirá e presidente do PCdoB no município, Zeca Mendes, assessor do Pólo Sindical do MSTTR na Chapada Diamantina, Sr. Ademir, presidente do Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais de Serra Preta, Auzenete Duarte, assessora do Sindicato dos Médicos para Feira de Santana, Zé Augusto, empresário e membro do Grupo “Renova Ipirá”, Iaiá, presidente do Sindicato dos Servidores/as Públicos de Ipirá, Ivo Barreto, da ADPREV de Ipirá, Mari, coordenadora da CIRETRAN de Ipirá, Genilson do Sindicato dos Trabalhadores/as Rurais de Palmeiras, Álvaro da Polícia Rodoviária Federal, Felipe Vieira, vereador de Anguera, Rogério, professor da Rede Estadual e Municipal em Salvador, Welber, professor da FTC e da UNEB, Normando Gomes, empresário do setor de transportes, bem como Rener, coordenador do movimento político “RENOVA IPIRÁ”.

Segundo Noildo “a iniciativa reveste-se de importância para esse grupo que coordenará o escritório local, primeiro porque era um sonho antigo, tanto de Noildo como de Nadilson Gomes, segundo porque no município não existe um espaço jurídico para fazer a defesa dos direitos previdenciários das pessoas mais carentes. Além disso, criamos o escritório não apenas com a finalidade de ganhar dinheiro, mas também de desenvolver o trabalho social que a população de Ipirá tanto precisa”.

Alinhado ao grupo que coordena o “Movimento Renova Ipirá”, o Escritório da ADPREV também se coloca como um instrumento político para que o município possa constituir de modo participativo um projeto para o povo de Ipirá, já que o atual grupo político que está no comando do município não tem de fato representado os interesses maiores daquela gente. O novo escritório da ADPREV tem essa filosofia profissional de ajudar o povo do município a ser referência na região.

Fonte: ASCOM/ADPREV

O imperialismo não é invencível

O ataque que as tropas de ocupação do imperialismo estadunidense e da Otan no Afeganistão sofreram no último sábado (6) representou um duro golpe para a estratégia imperialista, expondo as suas contradições . Ao longo do ano em curso, os agressores têm realizado bombardeios sistemáticos em localidades que identificam como “redutos do inimigo”. São operações especiais para caçar combatentes do Taliban, mas invariavelmente a população civil é atingida, provocando reações dentro do próprio governo títere de Hamid Karzai.

Desta vez, o grupo de elite denominado Seal, o mesmo que assassinou Osama Bin Laden, foi atingido pelas forças da resistência, resultando na morte de 31 soldados estadunidenses e sete oficiais do governo afegão. Foi a maior perda de vidas norte-americanas no Afeganistão num único incidente desde que a guerra começou há dez anos.

O imperialismo norte-americano e seus aliados da Otan - organização que ampliou o escopo da sua ação agressiva com a adoção no ano passado de uma nova doutrina estratégica - anunciou para efeitos propagandísticos um plano de retirada do país centro-asiático. O fato, porém, é que o Afeganistão continua ocupado por cerca de 133.000 soldados da Otan, a maioria deles membros das Forças Armadas dos EUA.

O presidente Barack Obama enalteceu o “heroísmo” dos soldados mortos dizendo que morreram em nome da segurança dos Estados Unidos e que o país continuará levando adiante a “guerra ao terrorismo”. A mídia monopolista internacional e a brasileira colonizada noticiaram a derrubada do helicóptero da Otan/EUA como um ato terrorista. Na verdade, foi um confronto, um episódio de guerra que, tal como outros tantos ocorridos ao longo de 2011, é revelador de que os agressores estão sofrendo sucessivos reveses e o número de baixas só tem aumentado.

Em 7 de outubro próximo, a ocupação do Afeganistão completará dez anos. As forças imperialistas vão iniciar a segunda década dessa inglória guerra sem conquistar nenhum dos propalados objetivos de promover a paz e a segurança internacional. É duvidoso que o reconhecimento do heroísmo dos caídos nessa guerra em nome da segurança dos EUA e dos países da Otan convençam as populações estadunidense e européia de sua legitimidade.

Os tempos atuais não são propícios a esse tipo de violência, embora esta seja cada vez mais típica dos métodos de exercício da “governabilidade” mundial pelas potências imperialistas. Muito ao contrário, o país centro-asiático está sendo o cenário de uma vergonhosa derrota dos militaristas e agressores estadunidenses e europeus. Desde o processo de descolonização que se intensificou e praticamente se completou durante a segunda metade do século 20, elevou-se a consciência dos povos para defender a soberania e a autodeterminação. As guerras imperialistas são um anacronismo, como é o próprio imperialismo. Inexoravelmente elas despertam a resistência dos povos. Estão certas as forças políticas e os movbimentos sociais que dizem que o imperialismo não é invencível e será derrotado. (Editorial Vermelho)

UMA 2º FEIRA COMO MANDA O FIGURINO NEOLIBERAL: AO SABOR DOS MERCADOS 'AUTORREGULÁVEIS'

A calmaria na manhã desta 2º feira era do tipo que antecede as tempestades. O  anúncio de que o Banco Central europeu compraria títulos da dívida pública espanhola e italiana reverteu a espiral de juros que os investidores vinham impondo a Roma e Madrid. Ao final da manhã, porém, recomeçou o vento forte e quente. Era Angela Merkel acionando o lança chamas conservador: a dama de ferro avisou que não haveria recursos adicionais para acudir economias  incendiadas pela crise mundial. A reticência da dama-de-ferro a uma ofensiva estatal contra a crise atiçou as labaredas da incerteza que alimentam fugas e ataques de capitais. Mais que isso deu aos mercados financeiros nova evidência de que o dinheiro é Rei. Manda e desmanda porque a Política resignou-se ao papel de  vassala que lhe coube no enredo do neoliberalismo. Países e lideranças apequenaram-se ao longo de décadas de submissão à agenda dos mercados. Agora revelam seu despreparo, tropeçam, emitem sinais contraditórios. Obama fala em confiança nos EUA: em seguida Wall Street desaba mais de 5%. A única certeza é a falta de qualquer certeza, exceto uma: a economia capitalista não volta ao trilho do crescimento sem uma ação estatal coordenada e contundente. Onde estão os recursos para isso? Estão com bancos e grandes corporações socorridos com trilhões em dinheiro público no colapso de 2008.  A agonia desse desencontro pode demorar anos em lenta espiral declinante. Faltam os atores principais para botar  o guizo no gato gordo rentista: líderes e partidos progressistas.  Quem aplica em ações e depende de  lucros para obter dividendos se acautela e  dispara ordens de vendas. Poucos se dispõem a aceitar o convite para a compra.  As bolsas despencaram em todo o mundo nesta 2º feira. Caiu a ficha: a crise dos mercados  desregulados requer ação política forte para devolver as manadas ao piquete. Se ninguém se apresenta para botar sela e bridão no dinheiro chucro ele continuará a distribuir coices urbi et orbi.
(Carta Maior; 3º feira, 09/08/ 2011)

Contribuição da América Latina para uma geosociedade

Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital
 
Por todas as partes no mundo cresce a resistência ao sistema de dominação do capital globalizado pelas grandes corporações multilaterais sobre as nações, as pessoas concretas e sobre a natureza. Está surgindo, bem ou mal, um design ecologicamente orientado por práticas e projetos que já ensaiam o novo. A base é sempre a economia solidária, o respeito aos ciclos da natureza, a sinergia com a Mãe Terra, a economia a serviço da vida e não do lucro e uma política sustentada pela hospitalidade, pela tolerância, pela colaboração e pela solidariedade entre os mais diferentes povos, demovendo destarte as bases para o fundamentalismo religioso e político e do terrorismo que assistimos nos EUA e agora na Noruega.

Entre muitos projetos existentes na América Latina como a economia solidária, a agricultura orgânica familiar, as energias alternativas limpas, a Via Campesina, o Movimento Zapatista e outros queremos destacar dois pela relevância universal que representam: o primeiro é o "Bem Viver” e o segundo a "Democracia Comunitária e da Terra”, como expressão de um novo tipo de socialismo.

O "Bem Viver” está presente ao longo de todo o continente Abya Yala (nome indígena para o Continente sulamericano), do extremo norte até o extremo sul, sob muitos nomes dos quais dois são as mais conhecidos: suma qamaña (da cultura aymara) e suma kawsay (da cultura quéchua). Ambas significam: "o processo de vida em plenitude”. Esta resulta da vida pessoal e social em harmonia e equilibrio material e espiritual. Primeiramente é um saber viver e em seguida um saber conviver: com os outros, com a comunidade, com a Divindade, com a Mãe Terra, com suas energias presentes nas montanhas, nas águas, nas florestas, no sol, na lua, no fogo e em cada ser. Procura-se uma economia não da acumulação de riqueza mas da produção do suficiente e do decente para todos, respeitando os ciclos da Pacha Mama e as necessidades das gerações futuras.

Esse "Bem Viver” não tem nada a ver com o nosso "Viver Melhor” ou "Qualidade de Vida”. O nosso Viver Melhor supõe acumular meios materiais, para poder consumir mais dentro da dinâmica de um progresso ilimitado cujo motor é a competição e a relação meramente de uso da natureza, sem respeitar seu valor intrínseco e sem se reconhecer parte dela. Para que alguns possam viver melhor, milhões têm que viver mal.

O "Bem Viver” não se identifica simplesmente com o nosso "Bem Comum”, pensado somente em função dos seres humanos em sociedade, num antropo-e-sociocentrismo inconsciente. O "Bem Viver” abarca tudo o que existe, a natureza com seus diferentes seres, todos os humanos, a busca do equilíbrio entre todos também com os espíritos, com os sábios (avôs e avós falecidos), com Deus, para que todos possam conviver harmonicamente. Não se pode pensar o "Bem Viver” sem a comunidade, a mais ampliada possível, humana, natural, terrenal e cósmica. A "minga” que é o trabalho comunitário, expressa bem este espírito de cooperação.

Essa categoria do "Bem Viver” e do "Viver Bem” entrou nas constituições do Equador e da Bolívia. A grande tarefa do Estado é poder criar as condições deste "Bem Viver” para todos os seres e não só para os humanos.

Esta perspectiva, nascida na periferia do mundo, com toda sua carga utópica, se dirige a todos, pois é uma tentativa de resposta à crise atual. Ela poderá garantir o futuro da vida, da humanidade e da Terra.

A outra contribuição latino-americana para um outro mundo possível é a "Democracia Comunitária e da Terra”. Trata-se de um tipo de vida social, existente nas culturas da Abya Yala, reprimida pela colonização mas que agora, com o movimento indígena resgatando sua identidade, está atraindo o olhar dos analistas. É uma forma de participação que vai além da democracia clássica representativa e participativa, de cunho europeu. Ela as inclui, mas aporta um elemento novo: a comunidade como um todo; esta participa na elaboração dos projetos, de sua discussão, da construção do consenso e de sua implementação. Ela pressupõe já uma vida comunitária estabelecida na população.

Ela se distingue do outro tipo de democracia por incluir toda a comunidade, a natureza e a Mãe Terra. Reconhecem-se os direitos da natureza, dos animais, das florestas, das águas, como aparece nas constitições novas do Equador e da Bolívia. Faz-se uma ampliação da personalidade jurídica aos demais seres, especialmente à Mãe Terra. Pelo fato de serem vivos, possuem um valor intrínseco e são portadores de dignidade e direitos e por isso são merecedores de respeito.

A democracia será então sócio-terrenal-planetária, a democracia da Terra. Há os que dizem: tudo isso é utopia. E de fato é. Mas uma utopia necessária. Quando tivermos superado a crise da Terra (se a superarmos) o caminho da Humanidade seria este: globalmente nos organizarmos ao redor do "Bem Viver” e de uma "Democracia da Terra”, da "Biocivilização” (Sachs). Já existem sinais antecipadores deste futuro.

David Brooks: EUA - Luxo, fome e fúria

A demanda por artigos de luxo - desde sapatos de 800 dólares e cremes cosméticos de 1.300, até Mercedes Benz de 200 mil – vive um auge, enquanto quase 46 milhões de estadunidenses dependem mais do que nunca da assistência federal para comprar alimentos básicos e evitar a fome. Isto resume os Estados Unidos hoje em dia.

Por David Brooks, no La Jornada


O mercado de artigos de luxo registrou por 10 meses seguidos um incremento de vendas, reportou o jornal New York Times. As cifras de vendas da joalheria Tiffany’s, Givenchy, Louis Vuitton, Gucci, BMW, Porsche e Mercedes Benz, e outros, registrou fortes aumentos.

Por outro lado, o governo federal informou que quase 15 por cento da população depende de assistência alimentar, isto é, 45,8 milhões de pessoas, o nível mais alto registrado, 12 por cento mais que há um ano e 34 por cento mais que há dois anos. Para obter assistência alimentar federal (food stamps), a renda de um indivíduo deve ser em torno de 1.174 dólares ao mês (mais ou menos o que alguns ricos gastam com um par de sapatos Louis Vuitton).


A desigualdade econômica não se esconde. O economista prêmio Nobel, Joseph Stiglitz, indica que só nos últimos 10 anos, a renda do um por cento mais rico se elevou 18 por cento, enquanto a dos trabalhadores industriais caiu12 por cento. Segundo uma análise do Instituto de Política Econômica, a riqueza é ainda mais concentrada no setor mais rico: mais de um terço da riqueza nacional é concentrada por esse um por cento; 20 por cento dos lares na parte média da escala econômica só contavam com 4 por cento da riqueza nacional em 2007, e perderam parte disso na última recessão. De fato, em 2009, o um por cento mais rico dos lugares tinha um valor líquido 225 vezes maior que o do lar típico: uma desigualdade jamais vista.

Enquanto isso, os ricos pagam menos impostos que em qualquer período do último meio século, reconheceu o próprio Barack Obama. Um novo informe do Center for American Progress descobriu que os milionários pagam 25 por cento menos impostos hoje do que em meados dos anos 1990, e 1.400 milionários não pagaram nem um centavo de impostos em 2009. Isto ocorre em grande parte graças às reduções fiscais impulsionadas pelo governo de George W. Bush e prolongadas pelo de Obama.

A ira popular contra os representantes do povo em Washington segue fervendo, segundo as pesquisas, precisamente porque eles são responsabilizados por aplicar políticas que beneficiam uns quantos às custas de quase todos os demais. 82 por cento dos estadunidenses desaprova o desempenho do Congresso: o nível mais alto registrado pela pesquisa da CBS News/New York Times; uma sondagem da CNN descobriu quase a mesma coisa. Mais de 4 de cada 5 opinaram que o debate sobre a dívida tinha a ver mais com manobras políticas do que com a busca do melhor para o país.

As pesquisas também demonstram que Washington faz exatamente o oposto ao que o povo deseja. Por mais de dois contra um, os estadunidenses afirmam que a geração de emprego deveria ser uma prioridade mais alta que a redução do gasto federal. 63 por cento é a favor de elevar impostos sobre os mais ricos.

Mas, além de reprovar seus líderes, haverá consequências políticas? Alguns dizem que todos os políticos eleitos enfrentarão a ira popular em 2012. Contudo, outros creem que Obama, embora tenha gerado enorme desilusão entre suas bases, não terá graves problemas, por um simples e cínico cálculo. Como disse um estrategista democrata ao jornal Washington Post: o fato é que os liberais e progressistas não têm alternativa a não ser votar em Obama e seu partido. Igualmente, um pesqusador democrata comentou ao New York Times que, no caso de Obama, apesar de críticas de suas bases liberais a uma ou outra de suas iniciativas, no terreno eleitoral no final das contas estão seguras de uma coisa: vão odiar os candidatos republicanos. Então, sinceramente não me preocupa muito uma base sólida ou entusiasta, disse. Ou seja, o cálculo é que para as bases progressistas, não há alternativas no terreno eleitoral.

Necessitamos de uma praça Tahrir não violenta, opina o ex vice-presidente Al Gore. Em face do acordo para cortar bilhões no gasto público, exigido pelos republicanos, e diante das necessidades sociais, se requer uma primavera estadunidense (em referência à primavera árabe) para resgatar o país das mãos dos direitistas, disse no canal Current TV. Mas para isso, disse seu entrevistador, primeiro é preciso haver fúria.

“Eu creio que o público está furioso, mas também deprimido pela falta de liderança e a ausência de um sentimento de que pode ganhar. Os chamados populares a que Wall Street preste contas não levaram a nenhum lugar, enquanto o dinheiro de Wall Street mantém disciplinados os políticos e os ativistas se tuitam entre si até o ponto de se distraírem. Os ativistas condenam o presidente on line, mas fazem pouco para enfrentá-lo e demandar outro tipo de ação”, considerou o veterano jornalista Danny Schechter em sua coluna em Reader Supported News.

A imagem da classe política em mãos dos mais ricos é documentada por todas as partes, com doadores milionários que financiam candidatos de ambos os partidos. De fato, um novo informe do Center for Responsive Politics demonstra que Obama recebe ainda mais de Wall Street para sua reeleição do que o obtido em 2008.

Para alguns, as políticas econômicas de Obama até o momento não são tão diferentes das de seu antecessor, como tampoco a continuação que deu às duas guerras lançadas por ele, e a omissão em exigir contas aos financistas e empresários que levaram a esta crise.

Talvez por isso, não surpreende tanto que Obama dance no compasso da mesma música que seu antecessor, literalmente.

Mark Knoller, da CBS News, reportou que a campanha eleitoral de Obama está usando a canção Só na América, de Brooks e Dunn, em seus atos. George W. Bush a usou muito em sua campanha de reeleição em 2004.

Fonte: Cubadebate

Guido Mantega: Brasil não está imune às crises na Europa e nos EUA

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu nesta segunda-feira (8) que o Brasil "não está imune" à crise protagonizada por países da Europa e pelos Estados unidos, que teve a nota de classificação de sua dívida rebaixada pela primeira na história na sexta-feira pela Standard & Poor's.


Na avaliação do ministro, que fez um relato da conjuntura econômica internacional à presidente Dilma Rousseff, por enquanto o Brasil tem condições de manter as atuais variáveis econômicas. No caso das turbulências no exterior, no entanto, o ministro admitiu que o governo pode lançar mão das reservas internacionais para ampliar o crédito e apelar para que bancos públicos e privados auxiliem na recuperação do mercado interno.

"Não quero me antecipar porque pode ser que tudo isso acabe ainda nesta semana. O perigo não é aqui no Brasil. O Brasil não está no epicentro da crise, mas sofremos as consequências dela", disse Mantega.

O ministro da Fazenda afirmou ainda que não falta "armamento" para o governo enfrentar uma eventual piora na crise internacional. Para ele, a crise global de 2008 e 2009 nunca terminou nos países desenvolvidos.

De acordo com Mantega, o Brasil, por sua vez, tem uma situação fiscal sólida mas prometeu que ela será reforçada. "Vamos continuar fortalecendo a posição fiscal do país", afirmou. O ministro disse ainda que se os Estados Unidos decidirem fazer um "quantitative easing 3" será ruim para o Brasil.
Sem confiança
O ministro da Fazenda disse que os mercados perderam a confiança na recuperação da economia global e criticou os líderes europeus pela demora na solução da crise na região.


Para ele, a crise entra cada vez mais em uma fase "crônica" e os países desenvolvidos não vão se recuperar brevemente.

Da redação Vermelho, com agências

Emir Sader: Onde estava você no golpe militar?

Os países costumam ter momentos fundamentais, em que se decidem os seus destinos. Nesses momentos cada pessoa, cada força política, cada meio de comunicação, todos, revelam suas posições profundas, os interesses que defendem, de que lado estão. O golpe militar de 1964 foi esse momento decisivo na história do Brasil, quando a democracia foi questionada e finalmente derrubada e destruída por uma ditadura militar.

Por Emir Sader


Reprodução
 
Daí que faz todo sentido perguntar para cada um: Onde estava você no golpe militar?

Havia dois discursos, antagônicos. Um, o da defesa da democracia e extensão das suas conquistas, com a incorporação de setores cada vez mais amplos aos seus direitos fundamentais. A favor da extensão da democratização do Brasil – da sociedade e do seu Estado.

O outro, assumido por toda a mídia, junto com os partidos de oposição e o governo dos EUA, era de que os riscos à democracia que representaria o governo de Jango, justificariam um golpe militar preventivo. Argumento típico da guerra fria, que mobilizou forças contra a democracia, promovendo golpes militares em muitos países do continente. Foi exatamente o que aconteceu no Brasil.

“Nas palavras do presidente (sic) Castello Branco proferidas na solenidade de posse há uma nítida convocação para que a obra de reconstrução se faça com a colaboração indistinta de todas as classes, das produtoras e das trabalhadoras, das armadas e das civis, das eventualmente saudosistas do antigo regime e das que se regozijaram com a sua deposição.” O ditador é tratado, no título do editorial, como: “O Presidente de todos”, pelo jornal dos otavinhos. A manchete do dia do golpe – primeiro de abril – foi: “Ademar: 6 estados sublevam-se para derrubar Goulart.” Nenhuma menção à palavra golpe, menos ainda a ditadura e à intervenção dos militares, aliados com o grande empresariado, com os partidos de oposição, com a hierarquia da Igreja Católica e com o governo dos EUA.

Nesse momento crucial da nossa história, que mudou a nossa história de forma tão radical na direção da ditadura contra a democracia, de um modelo econômico excludente contra a inclusão social, pela aliança subordinada com os EUA contra a soberania nacional – nesse momento, cada um mostrou sua cara, disse de que lado está. Do lado da democracia ou da ditadura, dos interesses nacionais ou do entreguismo, da inclusão social ou da exclusão social.

É fácil, depois que a resistência popular derrubou a ditadura, tergiversar com a palavra democracia, esconder o passado, tentar embaralhas as coisas, para buscar impedir que se recorde onde estava cada um no dia primeiro de abril. Mas tudo está consignado pela história. O editorial mencionado acima é apenas um dessa empresa e de todas as outras – à exceção da Última Hora, que por isso mesmo não sobreviveu -, de apoio e incentivo ao golpe e à instauração da ditadura militar. Que venham a publico desmentir ou se arrependerem, se consideram que cometeram o pior erro que se pode cometer, de atentado grave e reiterado á democracia.

Todos os que estivemos do lado de cá, de defesa da democracia, não temos nada a esconder, nos orgulhamos disso e seguimos coerentes com essa luta. Estávamos, no primeiro de abril, e seguimos estando, do lado da democracia, dos interesses populares e nacionais.

Fonte: Carta Maior

Celso Amorim é o homem certo no lugar certo, diz Dilma

Na tarde desta segunda (8), o novo ministro da Defesa, Celso Amorim, tomou posse no salão nobre do Palácio do Planalto em Brasília e afirmou que priorizará a proteção das fronteiras e dos recursos nacionais do Brasil, como o pré-sal. Também prometeu dar continuidade ao processo de modernização das Forças Armadas Brasileiras, mantendo o "espírito crítico".


O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, não pôde comparecer à cerimônia, mas elogiou Dilma pela escolha: "O Celso Amorim foi o grande artífice da política externa brasileira, conseguiu colocar o país em um novo patamar no cenário mundial. É o nome mais indicado para esse ministério, tem uma postura progressista e consegue visualizar o real papel da defesa na construção da nação que o Brasil pode se tornar"

Amorim, no discurso de posse, também elogiou Dilma e aproveitou para agradecer a oportunidade de fazer parte do que identificou como “novo Brasil”. Prometeu atenção com os direitos humanos, sem descuidar da defesa dos interesses nacionais.

“Um país pacífico não pode ser confundido com um país desarmado”, ressaltou. Observou que, no entanto, "há um descompasso entre a crescente influência internacional brasileira e nossa capacidade de resguardá-la no plano da defesa".

Para contornar esse impasse, afirmou que trabalhará em coordenação com os ministérios do Desenvolvimento e da Ciência e Tecnologia, além de se empenhar "em conseguir os recursos indispensáveis para obter os equipamentos adequados às Forças Armadas".

O novo ministro afirmou ainda que pretende intensificar a cooperação entre países sul-americanos e o relacionamento de defesa dos países africanos.
Em paz com as Forças Armadas
Fez questão de destacar o papel do serviço militar como instrumento de ascensão social, afirmando que as Forças Armadas devem, cada vez mais, refletir as características do povo brasileiro. E elogiou a instituição: "O panorama de defesa nacional é qualitativamente distinto" do cenário durante o processo de redemocratização.  Acrescentou: “Identifico nos militares valores dignos de admiração”.

A presidente Dilma Rousseff enalteceu as qualidades do novo ministro, em um nítido esforço de contemporizar a suposta insatisfação gerada nos meios militares pela escolha de Celso Amorim para substituir o demissionário Nelson Jobim.

“Mudanças importantes sempre provocam tensão, mas requerem cuidado, elas cobram sensatez e exigem escolhas bem refletidas”, disse Dilma ainda na abertura de seu discurso.

Explicou a escolha: “Eu convoquei o Amorim porque tenho a convicção de que ele é o homem certo no lugar certo”. Acrescentou que o novo ministro “tem qualidades pessoais que o aproximam muito dos senhores militares de longa formação”, disse, destacando características como cultura e preparo técnico, moderação em manifestações públicas, método na atividade como homem público e, sobretudo, disciplina e o respeito à hierarquia.
Os desafios do Ministério da Defesa
Dilma foi eloqüente quando definiu o posicionamento do novo ministro no atual contexto da defesa no país: “Celso Amorim é um patriota, um homem talhado para essa fase do Brasil, que é um País de cabeça erguida, consciente da sua soberania”, disse.

A presidente afirmou ainda ter certeza de que Amorim ajudará o Ministério da Defesa a vencer seus maiores desafios, tanto os mais urgentes quanto os mais estratégicos. “A experiência de Amorim será valiosa para o Ministério da Defesa. O Brasil enfrentará importantes questões que envolvem diretamente as nossas Forças Armadas. Há acordos bilaterais em andamento, há negociações para compra de armamento e aquisição de tecnologia bélica, além da inadiável exigência de proteção e controle de nossas fronteiras terrestres e nosso mar territorial”.

Ao concluir seu discurso, Dilma disse que o “partido do Ministério da Defesa é a pátria” e que a ideologia do ministério da Defesa “é a da submissão aos interesses nacionais”. “Trocas de comando fazem parte da rotina, desde que se troque o comandante, mas não se deixe de fazer o que precisa ser feito”, observou.

Redação do Vermelho, com agências

EUA, Europa e o pânico na economia

Por Altamiro Borges

A economia capitalista volta a tremer. Na quinta-feira passada, as bolsas de valores dos principiais países desabaram e registraram o pior dia desde a quebra do Lehman Brothers, no final de 2008. O repique da crise fez crescer o temor de que o capitalismo estaria entrando numa nova fase, ainda mais aguda, de recessão econômica.


O derretimento ianque

Os sinais de pânico partem dos dois principais centros do capitalismo – EUA e Europa. A aprovação do pacote Obama, que elevou o teto da dívida e fez drásticos cortes em programas sociais, não serviu para animar a economia. O índice Dow Jones recuou 513 pontos (4,3%), na pior quinta-feira desde 2008 – e que anulou todos os ganhos da Bolsa de Nova York acumulados neste ano.

O derretimento da economia fictícia decorre da piora da economia real. O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA cresceu magros 0,9% neste primeiro semestre. Estudos da semana passada confirmam que os indicadores da indústria e do consumo também são os piores dos últimos dois anos. O clima é de pessimismo e os tais “analistas de mercado” já dão como certa uma nova recessão.

A tensão na zona do euro

Na Europa, o cenário também é de tensão. Os primos pobres da zona do euro, os chamados PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), afundam na crise e já abalam as economias mais fortes do velho continente. Até o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, já admite que “não estamos mais administrando uma crise somente na periferia da zona do euro”.

Segundo a Eurointelligence, centro de investigação da economia européia, “do ponto de vista do risco-país, Itália e Espanha estão agora na posição em que estavam Irlanda e Portugal quando foram socorridos; a Bélgica está onde a Espanha costumava estar faz apenas um mês. E a França subiu para onde costumava estar a Bélgica”. A sensação é de que toda a economia está bichada!

Brics não estão salvos

Neste quadro, as únicas economias que ainda se salvam são as dos chamados países em desenvolvimento, em especial as dos Brics (Brasil, Rússia, Índia e China). Mas elas não estão imunes à crise capitalista mundial. No caso do Brasil, a semana passada também registrou queda recorde na bolsa de valores, que derreteu 5,72% e liderou as perdas no mundo, na maior queda desde 2008.

Diante das perspectivas sombrias, os neoliberais de plantão sugerem maior arrocho monetário e fiscal, com aumento dos juros e redução dos gastos públicos. Na prática, eles propõem lançar o ônus da crise capitalista nas costas dos trabalhadores, salvando os lucros dos rentistas. Esta política seria desastrosa para o país, como demonstram o colapso das economias dos EUA e Europa.

Dilma na encruzilhada

As crises capitalistas exigem ousadia e não covardia. Em outros momentos históricos, a crise das potências capitalistas resultou em oportunidades na periferia do sistema. Foi assim com Getúlio Vargas e, em menor dimensão, com Lula na crise de 2008. Medidas de estímulo ao mercado interno e de restrição aos rentistas ajudaram a impulsionar a economia, gerando emprego e renda.

Dilma está diante desta encruzilhada. Na reunião com sindicalistas na semana passada, a presidenta mostrou preocupada com o agravamento da crise mundial. Afirmou que ela se parecia com uma “pneumonia”. E concluiu: “Na crise aguda você reage de uma forma. Na crise crônica, mudamos de reação”. O Brasil demanda ousadia para enfrentar a nova pneumonia capitalista!

Globo: princípios, credibilidade e prática

 
Por Venício Lima, no sítio Carta Maior:

Deve ter sido coincidência. Todavia, não deixa de ser intrigante que os “Princípios Editoriais das Organizações Globo” tenham sido divulgados apenas algumas semanas após o estouro do escândalo envolvendo a News Corporation e um dia depois que um ex-jornalista da própria Globo tenha postado em seu Blog – com grande repercussão na blogosfera – que havia uma orientação na TV Globo para tentar incompatibilizar o novo Ministro da Defesa com as Forças Armadas.


Credibilidade: questão de sobrevivência

A credibilidade passou a ser um elemento absolutamente crítico no “mercado” da notícia. O monopólio dos velhos formadores de opinião não existe mais. Não é sem razão que as curvas de audiência e leitura da velha mídia estejam em queda e o “negócio”, no seu formato atual, ameaçado de sobrevivência.

Na contemporaneidade, são muitas as fontes de informação disponíveis para o cidadão comum e as TICs ampliaram de forma exponencial as possibilidades de checagem daquilo que está sendo noticiado. Sem credibilidade, a tendência é que os veículos se isolem e “falem”, cada vez mais, apenas para o segmento da população que compartilha previamente de suas posições editoriais e busca confirmação diária para elas, independentemente dos fatos.

O escândalo do “News of the World” explicitou formas criminosas de atuação de um dos maiores conglomerados de mídia do mundo, destruiu sua credibilidade e levantou a suspeita de que não é só o grupo de Murdoch que pratica esse tipo de “jornalismo”. Além disso, a celebrada autorregulamentação existente na Inglaterra – por mais que o fato desagrade aos liberais nativos – comprovou sua total ineficácia. As repercussões de tudo isso começam a aparecer. Inclusive na Terra de Santa Cruz.

Os Princípios da Globo

No Brasil ainda não existe sequer autorregulamentação e as Organizações Globo, o maior grupo de mídia do país, não tem um único Ombudsman em suas dezenas de veículos para acolher sugestões e críticas de seus “consumidores”. Neste contexto, a divulgação de princípios editoriais – sejam eles quais forem – é uma referência do próprio grupo em relação à qual seu jornalismo pode ser avaliado. Não deixa de ser um avanço.

A questão, todavia, é que o histórico da Globo não credencia os Princípios divulgados. Em diferentes ocasiões, ao longo dos últimos anos, coberturas tendenciosas que se tornaram clássicas, foram documentadas. E alguns pontos reafirmados e/ou ausentes dos Princípios agora divulgados reforçam dúvidas. Lembro dois: a presunção de inocência e as liberdades “absolutas”.

Presunção de inocência

O Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, adotado pela FENAJ, acolhe uma garantia constitucional (inciso LVII do artigo 5º) que tem origem na Revolução Francesa e reza em seu artigo 9º: “a presunção de inocência é um dos fundamentos da atividade jornalística”.

Não é necessário lembrar que o poder da velha mídia continua avassalador quando atinge a esfera da vida privada, a reputação das pessoas, seu capital simbólico. Alguém acusado e “condenado” pela mídia por um crime que não cometeu dificilmente se recupera. Os efeitos são devastadores. Não há indenização que pague ou corrija os danos causados. Apesar disso, a ausência da presunção de inocência tem sido uma das características da cobertura política das Organizações Globo.

Um exemplo: no auge da disputa eleitoral de 2006, diante da defesa que o PT fez de filiados seus que apareceram como suspeitos no escândalo chamado de “sanguessugas”, o jornal “O Globo” publicou um box de “Opinião” sob o título “Coerência” (12/08/2006, Caderno A pp.3/4) no qual afirmava:

“Não se pode acusar o PT de incoerência: se o partido protege mensaleiros, também acolhe sanguessugas. Sempre com o argumento maroto de que é preciso esperar o julgamento final. Maroto porque o julgamento político e ético não se confunde com o veredicto da Justiça. (...) Na verdade, a esperança do PT, e de outros partidos com postura idêntica, é que mensaleiros e sanguessugas sejam salvos pela lerdeza corporativista do Congresso e por chicanas jurídicas. Simples assim.”

Em outras palavras, para O Globo, a presunção de inocência é uma garantia que só existe no Judiciário. A mídia pode denunciar, julgar e condenar. Não há nada sobre presunção de inocência nos Princípios agora divulgados.

Aparentemente, a postura editorial de 2006 continua a prevalecer nas Organizações Globo.

Liberdades absolutas?

Para as Organizações Globo a liberdade de expressão é um valor absoluto (Seção I, letra h) e “a liberdade de informar nunca pode ser considerada excessiva” (Seção III).

Sem polemizar aqui sobre a diferença entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa – que não é mencionada sequer uma única vez nos Princípios – lembro que nem mesmo John Stuart Mill considerava a liberdade de expressão absoluta. Ela, como, aliás, todas as liberdades, têm como limite a liberdade do outro.

Em relação à liberdade de informar, não foi exatamente o fato de “nunca considerá-la excessiva” que levou a News Corporation a violar a intimidade e a privacidade alheia e a cometer os crimes que cometeu?

O futuro dirá

Se haverá ou não alterações na prática jornalística “global”, só o tempo dirá. Ao que parece, as ressonâncias do escândalo envolvendo o grupo midiático do todo poderoso Rupert Murdoch e a incrível capilaridade social da blogosfera, inclusive entre nós, já atingiram o maior grupo de mídia brasileiro.

A ver.

Oposição assume as bandeiras da mídia

Por José Dirceu, em seu blog:

Na oposição, as viúvas do udenismo estão à solta cada vez mais enfurecidas com o êxito do governo. Sentem tanta saudade da velha UDN que, agora, só falta as marchadeiras voltarem para as ruas empunhando os estandartes do falso moralismo. Nos fins de semana, as revistas, no dia a dia, os jornais promovem o mais desbragado denuncismo. Evidente que acusações dessa natureza devem ser apuradas e os responsáveis por atos de corrupção punidos.


Mas, o fato é que os oposicionistas assumiram a bandeira da mídia. Agora querem atingir o PMDB. Liderança nacional do seu partido e presidente do PPS, o deputado Roberto Freire (SP) não esconde e diz abertamente: "O PMDB não é o PR. Se começar a mexer com o PMDB, [o governo] pode começar a sofrer problemas graves de atrito na base". Pronto, textualmente entregou a estratégia da oposição para desgastar o governo, agora fazendo do PMDB, aliado à base, a bola da vez.

Freire detalhou assim, com todas as letras, que esse é o objetivo: desmontar a maioria governista e desfazer a coalizão que lhe dá sustentação. Tentam por aí, já que não conseguem fazer oposição ao governo no campo social e econômico, nem no político, uma vez que as urnas, a soberania popular, deram ampla maioria no Congresso Nacional a presidenta Dilma Rousseff.

Freire deixa escapar a estratégia da oposição

Sem verem e sem traçarem outra alternativa, os oposicionistas apelam de novo para o denuncismo. Esquecem-se, ou imaginam que a opinião pública não percebe que nenhum governo tucano ou de outros partidos da oposição resiste a uma análise rigorosa sobre a ocupação de cargos por indicação dos partidos que os apoiaram e elegeram.

Para ficar em apenas dois exemplos, os governadores tucanos de São Paulo e Minas Gerais, os do período imediatamente anterior, José Serra e Aécio Neves, e os atuais, Geraldo Alckmin e Antônio Anastasia não resistiriam a uma análise dessa natureza.

Tiveram e têm, em suas administrações, integrantes nomeados por indicação dos partidos que os apoiaram e elegeram. O prefeito reeleito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM-PSDB, agora PSD), está na mesma situação.

Ante denúncias, presidenta toma todas as providências

Mas, mesmo assim, os oposicionistas querem transformar a participação dos partidos no governo em fisiologismo e divisão espúria do poder. Querem associar essa participação a corrupção, a despeito de a presidenta Dilma ter tomado todas as medidas cabíveis no caso das denúncias.

Para onde vai e o que quer a oposição? Está ficando cada vez mais claro que o seu objetivo é criar um clima de escândalo no país e desestabilizar o governo. Como a UDN nos 20 anos em que viveu (1945-1965) gostava de criar e chafurdar.

É preciso denunciar a oposição e seus aliados na mídia. E não recuar frente ao denuncismo. Pelo contrário, devemos devolver a acusação revelando a composição dos governos tucanos em cada Estado. Muitas delas formadas com os mesmos partidos e forças políticas que compõem com o governo federal.

Estudo revela abismo educacional entre classes média e alta

Com a adesão de cerca de 40 milhões de pessoas na última década, a classe média tornou-se majoritária no Brasil, englobando 52% da população. Mas a ambição do grupo por novas chances de ascensão pode ser bloqueada pelo abismo educacional que o separa...

Estudo revela abismo educacional entre classes média e alta
Com a adesão de cerca de 40 milhões de pessoas na última década, a classe média tornou-se majoritária no Brasil, englobando 52% da população. Mas a ambição do grupo por novas chances de ascensão pode ser bloqueada pelo abismo educacional que o separa da classe alta, segundo uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência (SAE).

Feito com base na última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios), de 2009, o levantamento revela que, embora os índices educacionais da classe média tenham avançado bastante nos últimos anos, seguem distantes dos da classe alta: ao passo que 87% dos brasileiros mais ricos concluem o ensino médio, apenas 59% da classe média alcançam o mesmo estágio.

O grupo também fica muito atrás quanto a anos de estudo e gastos com educação. Enquanto cada membro da classe média despende, em média, R$ 52 com educação por mês, entre os mais ricos, o gasto chega a R$ 220.

Batizada de A Classe Média em Números, a pesquisa traça os perfis das três faixas de renda brasileiras (baixa, média e alta) conforme critérios educacionais, habitacionais e regionais e define como classe média os brasileiros com renda familiar mensal entre R$ 1.000 e R$ 4.000.

Segunda faixa mais numerosa, a classe baixa representa 34% da população; já a classe alta é engloba 12% do total dos brasileiros.

Acesso às universidades

Para o secretário de Assuntos Estratégicos da SAE, Ricardo Paes de Barros, "o acesso à educação é a grande diferença entre as classes média e alta".

Segundo ele, o levantamento mostra que a classe média dá crescente importância à educação - o grupo vem investindo quantias cada vez maiores com os estudos.

Para reduzir a distância que a separa da classe alta, porém, Paes de Barros diz ser necessário dar maior ênfase à qualidade do ensino médio público e ampliar o acesso da classe média às universidades e ao ensino técnico.

O acesso à cultura também se mostra uma grande barreira entre os dois grupos: enquanto cada integrante da classe média gasta R$ 37 por mês com recreação e cultura, os mais ricos gastam R$ 127.

Nesse caso, o secretário afirma que a classe média tem a desvantagem de crescer mais em cidades médias e pequenas, onde a oferta de bens culturais é menor. "Precisamos ver como levar cultura até eles", disse à BBC Brasil.

Bens e serviços

A pesquisa revela ainda disparidades entre os grupos populacionais quanto ao acesso a bens e serviços.

Apenas 30% da classe média tem acesso à internet em casa, índice bem inferior ao da classe alta (72%). O telefone fixo está presente em 48% dos domicílios de classe média e em 81% dos lares mais ricos.

Há ainda diferenças significativas no acesso a saneamento adequado (76% na classe média, 92% na alta) e gastos com saúde (R$ 135 por mês por pessoa na classe média, R$ 438 na alta).

Fonte: VoteBrasil