terça-feira, 21 de junho de 2011

PMDB tenta retomar com Ideli indicações no segundo escalão

Partido vai ajudar ministra a resgatar nomes que foram apresentados a Palocci e a Luiz Sérgio
 
Foto: AE
A nova ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, na cerimônia de posse

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Ideli Salvatti, marcou para esta terça-feira uma reunião com a cúpula do PMDB. O encontro visa discutir votações no Congresso e as nomeações em cargos de segundo escalão. O partido pretende ajudá-la a reaver a memória dos pleitos feitos ao então ministro Antonio Palocci (Casa Civil).

Assessores próximos a Ideli confirmaram que ela e a atual chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, solicitaram às respectivas pastas (e também aos colegas de Esplanada) dados sobre nomeações realizadas durante a gestão de Palocci e Luiz Sérgio, que deixou a SRI e migrou para o Ministério da Pesca. O PMDB se colocou à disposição de Ideli para retomar nomes e currículos de indicados.

“Acho que esta reunião não vai tratar apenas de nomeações. Muita coisa já foi conversada antes, mas podemos ajudá-la no que for preciso para retomar esses nomes”, disse o presidente interino do PMDB, o senador Valdir Raupp (RR). Segundo ele, Ideli leva vantagem nas negociações com o Senado porque foi senadora entre 2003 e 2010.

Além de Raupp, foram convidados para a reunião Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado, Romero Jucá, líder do governo no Senado, e Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara dos Deputados. Presidente nacional do PMDB licenciado, o vice-presidente da República Michel Temer será informado depois sobre os desdobramentos da conversa.

Nomeações arrastadas

A negociação sobre cargos de segundo escalão foi iniciada ainda na primeira semana do governo da presidenta Dilma Rousseff. O PMDB ameaçou votar contra o aumento salário mínimo de R$ 545 caso não fosse atendido. Na reta final da votação, deputados peemedebistas resolveram dar 100% dos votos para o governo.

Contudo, ainda durante a votação, começaram cobranças nos bastidores. Parte dos pedidos foi aceita. No entanto, no auge da crise envolvendo então ministro Palocci, líderes peemedebistas fizeram chegar à presidenta que o partido gostaria de mais 50 cargos para apoiar a permanência do chefe da Casa Civil.

Dilma não aceitou a chantagem e acabou forçando a demissão de Palocci, que acabou resultando também na saída de Luiz Sérgio da Articulação Política. Os peemedebistas, então, resolveram apoiar o nome do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) para a pasta das Relações Institucionais. Não deu certo. Dilma decidiu pelo nome de Ideli para a função. (Adriano Ceolin - iG)
 

Temor por governabilidade faz Dilma liderar ação política

Preocupada com vácuo deixado com a saída de Antonio Palocci, presidenta se lança em negociações políticas
 
Foto: AE
Presidenta fez mais política nos últimos dez dias do que em cinco meses de governo, diz auxiliar

Sob intensa pressão do PT paulista e do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), logo após demissão de Antonio Palocci da Casa Civil, a ponto de temer pela governabilidade, a presidenta Dilma Rousseff surpreendeu e passou a trabalhar intensamente nos bastidores da política para debelar crises. Nos últimos dez dias Dilma fez mais política do que nos cinco primeiros meses de governo, conta um auxiliar.

Primeiro, escolheu a senadora Gleisi Hoffmann para substituir Palocci de forma solitária, sem nem consultar seu padrinho Luiz Inácio Lula da Silva. Depois, ignorou articulação feita pelo presidente da Câmara com petistas de São Paulo para levar o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), para a coordenação política. Optou pela ex-senadora Ideli Salvatti.

Em seguida, exigiu de Vaccarezza, do líder do PT, Paulo Teixeira (SP), do ex-presidente da Câmara Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do ex-presidente nacional do partido Ricardo Berzoini (SP) que assinassem uma trégua. Afirmou que a crise alimentada pela briga deles desde a eleição de Marco Maia, em fevereiro, ameaçava contaminar o governo, a base aliada e o próprio partido.

Por fim, Dilma resolveu acertar as contas com Marco Maia, que ameaçava votar dois projetos - a regulamentação da Emenda Constitucional 29 e a Proposta de Emenda Constitucional 300 - que podem causar um rombo de R$ 40 bilhões no Tesouro. De acordo com funcionários do Planalto, foram quatro conversas, as três primeiras muito tensas, ríspidas, chamando o presidente da Câmara à responsabilidade. A última conversa, na quinta-feira, já foi mais tranquila. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

'Eleição de Humala é uma vitória para o Brasil', diz cientista político

A vitória de Ollanta Humala no Peru modificou as peças do cenário político da América Latina. Antes o Peru poderia ser enquadrado no grupo de países conservadores e mais alinhados aos Estados Unidos, distante dos processos de integração regional, mas conforme as primeiras declarações do presidente eleito, esse panorama deve mudar.   

Para Carlos Antonio Romero, Doutor em Ciência Política professor titular no Instituto de Estudos Políticos da UCV (Universidade Central da Venezuela), além de a vitória de Humala reforçar o componente progressista latino-americano, é uma inquestionável vitória do governo brasileiro, que ganhou mais um aliado e parceiro.    

Arquivo pessoal

Romero: "Humala será menos próximo dos EUA e do poder empresarial do Peru, porém, sem enfrentamentos"

O que se pode esperar do governo de Humala?   

Ainda é cedo para especulações, principalmente porque o Humala desse ano era diferente do candidato das eleições de 2006. A aliança naquele ano era basicamente de esquerda e com tendência militarista. Já a desse pleito era mais moderada, aberta a setores conservadores e empresariais, que não estiveram presentes na campanha anterior. Além disso, a polarização no segundo turno fez com que muitos eleitores escolhessem Humala por não quererem Keiko Fujimori, como é o caso de Vargas Llosa. Consideraram que Humala era “um mal menor”.   

De início, Humala chega com uma postura menos radical , mas ainda paira a suspeita que ele terá um programa de governo ao estilo do presidente Hugo Chávez. No entanto, me atrevo a dizer que Humala será mais populista e reformista, ao estilo dos governos do PT (Partido dos Trabalhadores) no Brasil. Mas isso depende também da coalizão de forças, de quem vai ocupar os ministérios, como serão seus primeiros passos etc. Acho que o governo de Humala será bem diferente do de Alan García, menos próximo dos EUA e do poder empresarial do Peru, porém, sem enfrentamentos. Há importantes setores que apoiaram Humala, como os liderados pelo ex-presidente Alejandro Toledo. 

O Brasil foi o primeiro país a ser visitado pelo presidente eleito e ele já anunciou favoravelmente em direção ao Mercosul e à Unasul. O que isso representa?

Indiscutivelmente, a eleição de Humala é uma vitória para o Brasil. Profissionais da Ciência Política, especialistas eleitorais e de opinião brasileiros, próximos ao PT, ajudaram Humala a deixar sua imagem mais moderada. No âmbito latino-americano, os primeiros passos de Humala devem ser o de seguir o modelo do Brasil. Ele disse que o Peru vai se direcionar ao Mercosul, contrapondo a visão de Alan García, que tampouco era pró-andina, mas em direção ao Pacífico.

Além disso, a CAN (Comunidade Andina de Nações) está fraca há tempos, não será culpa de Humala caso o Peru saia dela. A Bolívia segue muito comprometida com a Alba (Aliança Bolivariana para as Américas), ainda que siga como membro da Comunidade Andina. O mais provável é que o Peru não saia da CAN, mas tenha interesse maior no Mercosul. 
Opera Mundi


Em 2006, a ligação entre Humala e Chávez era evidente. Já nestas eleições, houve um afastamento. Como deve ser a relação entre Peru e Venezuela daqui em diante, com relação à integração regional?   
 
Em primeiro lugar, quando Chávez pensou a Alba, o fez com o propósito de que toda a América Latina a integrasse. Mas o organismo está estancado. Nenhum outro país ingressou e Honduras saiu. Em segundo lugar, Chávez já foi mais populista. Naquela época, ele radicalizou muito a política exterior, em temas como o Irã, e isso o afastou de alguns países da América Latina, inclusive dentro da Alba. Dessa forma, acho que Chávez aprendeu que a ideia de que a Alba foi uma resposta latino-americana a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) não se concretizou. Ele precisa entender que tanto a Unasul quanto a Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) são instâncias muito menos ideológicas e radicais e mais plurais do que a Alba. No entanto, não acho que a aproximação de Humala com os mecanismos como o Mercosul e a Unasul modifique a postura de Chávez dentro de sua participação política na América Latina.

Como devem ficar as relações entre Peru e Chile?

É muito interessante porque as dificuldades o governo de Peru teve com o Chile não são ideológicos, mas sim históricos. Dentre eles, a limitação da fronteira e das áreas marítimas e submarinas. É um tema de caráter geopolítico, muito difícil para Humala. Para o presidente chileno também não é fácil. É bonito estarmos falando de integração econômica, abertura econômica, democracia e, no meio disso, surgirem temas tão espinhosos como a disputa territorial e sentimentos negativos entre as nações.    

Como o Sr. vê o surgimento de blocos regionais na região. Qual a importância desses processos de integração para a união e desenvolvimento da América Latina?

Há nesse momento uma intoxicação de ofertas de integração. Sempre fui cético quando os processos de integração se voltam para a política. Na essência, esses mecanismos são de integração econômica, basicamente orientados à promoção do intercâmbio entre os países latino-americanos. Mas este continua sendo o grande problema dos países latino-americanos, que não desenvolvem o comércio intra-regional. Quando o foco é a política, esses esquemas começam a acumular muitas exigências e, na hora da verdade, não funcionam. Há grandes dificuldades aduaneiras, a exemplo de Argentina e Brasil e assimetrias econômicas – no caso venezuelano, é o problema do controle de câmbios. Portanto, existe uma prática de caráter basicamente bilateral e isso está limitando os mecanismos. No fundo, não há uma vontade de integração: muitos países firmaram TLCs (Tratados de Livre Comércio) unilaterais com os EUA e o Mercosul e a CAN não atingiram uma tarifa externa comum.   

Alguns blocos deveriam ser priorizados?

Deve haver uma profunda reflexão sobre alguns dos mecanismos de integração. Temos aproximadamente 10 mecanismos regionais e alguns deveriam ser fechados, como a ALADI (Associação Latino-Americana de Integração), a CAN, e até mesmo o Mercosul, para que outros fossem reforçados, como a Unasul e a Celac. A OEA (Organização dos Estados Americanos) é outra instituição que pertence ao passado, até por razões econômicas.   

Lula disse uma vez que nunca sabia em qual reunião estava, porque eram muitos encontros e sempre com os mesmos personagens. Ia a uma reunião da OEA e lá estavam todos os presidentes da América Latina, Já no Mercosul, outras figuras conhecidas. Ele nunca sabia em qual reunião estava.
Fonte: Opera Mundi

Dilma garante: “Vai ficar mais fácil comprar casa própria”

Dilma
Dilma trabalha para realizar o Minha Casa, Minha Vida 2

A presidenta Dilma Rousseff disse nesta segunda-feira que o brasileiro de baixa renda terá mais facilidade para comprar a casa própria com a segunda etapa do principal programa habitacional do governo. Segundo Dilma, o Minha casa, minha vida 2 tem o mesmo propósito do Brasil sem miséria, principal ação de combate à pobreza de seu governo: oferecer mais oportunidades na vida às pessoas.

– Não demora muito para a gente perceber que o investimento feito na área social, rapidamente retorna em benefícios e oportunidades para toda a sociedade – afirmou Dilma no Café com a presidenta.
Em seu programa semanal de rádio, Dilma explicou algumas das novidades da segunda etapa do Minha casa, minha vida. Segundo ela, os imóveis vão ganhar mais espaço e acabamento de melhor qualidade. As mulheres casadas, ressaltou a presidenta, não precisarão mais da assinatura do marido para comprar a casa por meio do programa. O governo quer priorizar o atendimento às famílias com renda mensal inferior a R$ 1,6 mil.

– O governo vai pagar uma parte da compra para essas famílias. Elas só pagarão, essas famílias que ganham até R$ 1.600,00, 10% da sua renda durante dez anos. Para aqueles que ganham de R$ 1.600,00 a R$ 3.100,00, vai ter juros menores e também uma parte o governo vai pagar. Isto significa que até R$ 23 mil, da casa, o governo pagará. Além disso, para as famílias que ganham entre R$ 3.100,00 a R$ 5 mil por mês, haverá juros mais baixos e um fundo que irá garantir o pagamento para os bancos – declarou.

Leia a íntegra do Café com a Presidenta:

Apresentador: Presidenta, a senhora acaba de lançar a segunda etapa do programa Minha Casa Minha Vida, com novas regras e mais investimentos. Vai ficar mais fácil comprar a casa própria?

Dilma: É, Luciano, vai ficar mais fácil, sim, comprar a casa própria. Nós vamos contratar a construção de 2 milhões de casas e apartamentos até 2014. E a maioria dessas casas vão ser destinadas a pessoas que ganham até R$ 1.600,00. Ou seja, aquelas pessoas de renda mais baixa. Nós estamos incluindo famílias que nunca puderam comprar sua casa ou apartamento porque ganhavam muito pouco. Todas as famílias querem ter uma casa própria, onde possam criar seus filhos, receber seus parentes, desenvolver seus laços afetivos com amigos, ter abrigo e ter segurança. É um sonho de cada brasileiro e brasileira.

Presidenta, a essa hora muita gente já deve estar fazendo as contas para saber se dá para entrar na segunda fase do programa. Quem vai ter direito ao financiamento?

– A partir de agora, como eu disse, a atenção vai ser dada a quem tem renda mais baixa, começando por quem ganha até R$ 1.600,00 por mês. Essas famílias vão ter direito a um subsídio, Luciano. O governo vai pagar uma parte da compra para essas famílias. Elas só pagarão, essas famílias que ganham até R$ 1.600,00, Luciano, 10% da sua renda durante dez anos. Para aqueles que ganham de R$ 1.600,00 a R$ 3.100,00, vai ter juros menores e também uma parte o governo vai pagar. Isto significa que até R$ 23 mil, da casa, o governo pagará. Além disso, para as famílias que ganham entre R$ 3.100,00 a R$ 5 mil por mês, haverá juros mais baixos e um fundo que irá garantir o pagamento para os bancos.

– Então, vamos imaginar uma família com renda R$ 500,00 por mês. Quanto ela vai pagar de prestação na compra de uma casa de R$ 55 mil, por exemplo?

– Se a renda é de R$ 500,00, a prestação não pode passar de R$ 50,00 por mês. Outro exemplo: vamos supor uma família que tem renda de R$ 1.600,00. A prestação vai ser, no máximo, R$ 160,00 por mês. Prestações fixas, Luciano, não vão aumentar, durante dez anos.

– Mas, presidenta, nesses dois exemplos a prestação não paga uma casa de R$ 55 mil em dez anos.

– Não paga mesmo. No programa Minha Casa Minha Vida, as famílias mais pobres pagam apenas uma parte da moradia – aquela parte que elas têm condições de pagar. A outra parte o governo completa.

– E o projeto da casa mudou, não é, presidenta?

– Ah, mudou para melhor. Mudou para dar mais conforto e segurança aos moradores. Por exemplo: as casas e os apartamentos vão ser maiores, mais espaçosos, com piso de cerâmica em todos os cômodos, e azulejos na cozinha e no banheiro. Também são casas modernas. Sabe por que, Luciano? Porque nós vamos adotar o aquecimento solar térmico. O aquecimento solar dispensa o chuveiro elétrico, que é a parte mais pesada, quase 30%, na conta de luz. Então, nós temos aí também uma boa economia de dinheiro para a família que vai morar nessa casa do Minha Casa Minha Vida.

– Essa é uma notícia que agrada a toda dona de casa. Por falar nisso, qual foi a mudança no financiamento da casa própria para mulheres?

– Ah, Luciano, foi uma mudança muito importante. Agora, a mulher que quer comprar sua casa pode fazer o contrato e receber a escritura do imóvel sem precisar da assinatura do marido. Acabou esse tipo de dependência. Outra novidade, Luciano, é que as famílias que vivem na zona rural também vão receber um financiamento, inclusive para a reforma da casa.

– Obrigado pelas informações, presidenta, voltamos na semana que vem.

– Olha, Luciano, eu que agradeço a oportunidade de falar sobre a segunda fase do Minha Casa Minha Vida. Até o final do ano passado, nós já fechamos contrato para construir 1 milhão de moradias. Agora nós vamos dar um salto. Nós queremos construir 2 milhões de moradias. Nós vamos dar oportunidade para todos que querem conquistar a sua casa própria, para as populações de mais baixa renda e também para aqueles que constituem a nova classe média. E veja o que acontece, a construção de milhões de moradias movimenta as fábricas, o comércio e o mercado de trabalho. É um motor que dá impulso a toda a economia. Então, Luciano, não demora muito para a gente perceber que o investimento feito na área social, rapidamente retorna em benefícios e oportunidades para toda a sociedade. E também, uma coisa: o Minha Casa Minha Vida é um programa que tem tudo a ver com o ‘Brasil sem Miséria’, porque garantir a casa própria é um passo também para que a pessoa tenha mais oportunidades na vida.

– Mais uma vez, obrigado, presidenta Dilma, e até a semana que vem!

– Até lá, Luciano. Um abraço para nossos ouvintes. Tchau!


Fonte: Correio do Brasil

PCdoB reafirma decisão de lançar candidaturas próprias na Bahia

O vice-presidente estadual do PCdoB e diretor presidente da Bahiagas, Davidson Magalhães, foi um dos gestores PCdoB no seminário nacional “Governar para um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento”, realizado no último final de semana em Brasília. O evento debateu a participação do partido na área institucional e promoveu a troca de experiência entre gestões comunistas de diversas partes do Brasil.

“O seminário nacional sobre participação nos governos - participação na área institucional para o novo projeto de desenvolvimento nacional - faz parte de uma tentativa de sistematização da participação dos comunistas na área institucional. Este é um desafio novo, que vem exatamente da compreensão que o partido teve a partir da 9ª Conferência, sobre a área institucional como fonte importante de acúmulo para a atuação estratégia partidária no Brasil, para fazer avançar a luta pelo socialismo. A partir da daí, do 11º Congresso e do 12º Congresso que reafirmou a importância estratégica da participação na área institucional, nós não tínhamos tido ainda uma primeira tentativa de sistematização das nossas participações. Então, este seminário foi exatamente para trocar estas experiências de participação e definir, do ponto de vista dos nossos princípios norteadores de participação na área institucional, os nossos riscos e desafios de atuação nesta área”, afirmou Magalhães.

Segundo o vice-presidente do PCdoB na Bahia, foi um debate intenso, que passou em revista a experiência e o acúmulo teórico do partido sobre esta participação. “Foi a partir daí que se viu a necessidade de organizar e articular melhor nossa participação nas áreas institucionais. Como consequência prática, vamos desdobrar isso em seminários nos estados, principalmente naqueles em que o partido tem uma participação institucional mais destacada, como é o caso da Bahia. Ao lado disso, foi lançado um livro que sistematiza a participação dos comunistas em administrações públicas tanto a nível federal, estadual e municipal, e isso deve servir como referencial de leitura e debate nas fileiras do partido”, disse.

O comunista baiano explicou ainda que o seminário nacional serviu para reforçar a estratégia do partido de lançar candidaturas majoritárias nas principais cidades brasileiras. “Na medida em que a participação institucional se destaca como um aspecto estratégico para a política partidária, o desdobramento natural disso é a necessidade de ter candidatos a prefeitos nas principais cidades e ampliar o número de vereadores eleitos pelo PCdoB, já que esta passa a ser uma área destacada para a nossa participação política, para acumular forças políticas para a construção do socialismo. Nós temos que lançar um grande número de candidatos, então está na ordem do dia preparar um número grande nas principais cidades do estado da Bahia”, concluiu Magalhães.

De Salvador,
Eliane Costa - Vermelho

Investimento feito na área social retorna em benefícios e oportunidades, diz Dilma

Em seu programa semanal Café com a Presidenta, ela lembrou que a previsão é entregar 2 milhões de casas e apartamentos até 2014 e que a maioria das unidades será destinada a pessoas de baixa renda ...

Investimento feito na área social retorna em benefícios e oportunidades, diz Dilma

Brasília – Ao comentar o lançamento da segunda edição do Programa Minha Casa, Minha Vida, a presidente Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira que o investimento feito pelo governo na área social retorna em benefícios e oportunidades para a sociedade.

Em seu programa semanal Café com a Presidenta, ela lembrou que a previsão é entregar 2 milhões de casas e apartamentos até 2014 e que a maioria das unidades será destinada a pessoas de baixa renda – com ganho mensal de até R$ 1.600.

“Nós estamos incluindo famílias que nunca puderam comprar sua casa ou apartamento porque ganhavam muito pouco”, disse. “O governo vai pagar uma parte da compra para essas famílias. Elas só pagarão 10% da sua renda durante dez anos”, completou.

Para famílias com renda mensal entre R$ 1.600 e R$ 3.100, parte do valor total da casa também será paga pelo governo. Elas terão ainda a possibilidade de menor taxa de juros para o restante do valor. Famílias com renda mensal entre R$ 3.100 e R$ 5 mil vão contar com juros mais baixos e de um fundo que garante o pagamento ao banco.

A presidenta destacou que o projeto das moradias foi alterado na segunda edição do programa, com previsão de casas e apartamentos com mais espaço, com piso em cerâmica em todos os cômodos e com azulejos na cozinha e no banheiro, além de sistema de aquecimento solar. “Mudou para dar mais conforto e segurança aos moradores”, explicou. (VoteBrasil)

Wagner defende Lula fora de 2014

Governador baiano diz que ex-presidente não deveria arriscar ser avaliado novamente, já que saiu com 85% de aprovação popular

O governador Jaques Wagner (PT) movimentou o cenário político nacional ao declarar que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu amigo e correligionário, não deveria voltar ao comando do país. Em entrevista ao programa “É Notícia”, da Rede TV, na madrugada de ontem, o chefe do Executivo baiano avaliou que, com a marca histórica que conseguiu na simpatia do povo brasileiro, Lula não deveria arriscar ser avaliado novamente. “Ele saiu com 85% de aprovação. Eu preferiria preservar esse registro histórico do que voltar para botar esse registro a teste. [...] Tem que dar chance para a fila andar”, disse Wagner, que já foi apontado pelo próprio PT como um dos nomes à sucessão nacional. Contudo, o governador fez questão de ressaltar que essa decisão cabe ao Lula e à presidente Dilma Rousseff (PT).   

O petista também destacou a participação “importante” do ex-presidente na crise instalada no governo Dilma por conta do enriquecimento repentino e exorbitante do ex-ministro Antônio Palocci (Casa Civil). Wagner, no entanto, disse que ainda permanecem “dúvidas” no caso, mas garantiu que a crise foi diferente do “mensalão” (o maior escândalo do governo Lula) e que o desgaste não afetou a base de Dilma. “Não foi a crise do governo, foi a crise de um ministro. Neste episódio, não teve nada que tangenciasse o governo”, disse. Ele esclareceu que, ao contrário do que foi veiculado, não achou “natural” a evolução patrimonial do ex-ministro. 

 Ainda na entrevista, o governador baiano elogiou os nomes escolhidos pela presidente Dilma para os ministérios da Casa Civil e das Relações Institucionais. Sobre a fama de “brigona” da nova articuladora política Ideli Salvatti, Wagner comparou a ministra com o líder do governo na Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Zé Neto (PT). “Eu tinha aqui um deputado, Zé Neto, que era um deputado muito guerreiro, sem ser líder do governo. Eu chamei para ser líder e muitos disseram: ‘o senhor é doido, ele é de guerra’. E, agora, o pessoal está adorando. A única sugestão que eu dei a Ideli é que ela tenha boas pessoas para fazer articulação. Bons coronéis que possam operar”, pontuou o governador petista. Wagner ressaltou ainda a criação do PSD. “A Bahia vai ser uma das unidades do PSD mais fortes. É para dar a tranquilidade àqueles que queriam se aproximar do governo”, disparou Wagner. (Romulo Faro - TB)

BAHIA: Aliados do PT reforçam candidaturas

A pesar de avaliarem como naturais, as declarações do deputado federal Rui Costa (PT), que em entrevista à Tribuna disse que o PT será o grande vencedor na sucessão ao Palácio Thomé de Souza, aliados do partido, como o PDT e PCdoB, voltaram a mandar recado e ratificarem suas pré-candidaturas à prefeitura da capital baiana em 2012. 
Mesmo concordando com a possível conjuntura de entendimento entre as siglas que compõem a base do governador Jaques Wagner (PT), dirigentes partidários confirmam a aposta nos nomes já anunciados. O PDT tem como pré-candidato o deputado federal Marcos Medrado e o PCdoB deve seguir com o nome da deputada federal Alice Portugal.
 
“Eu espero que o PCdoB seja tão vencedor quanto o PT. Se o PT quer ganhar em 100 prefeituras, nós pretendemos ganhar em 40. Estamos de acordo com o cenário positivo para a conquista dos partidos de esquerda nas administrações da Bahia e que a base do governador é quem deve sair com vitória, mas nos diferenciamos quanto à defesa do nome do candidato. Nós continuamos apostando no nome de Alice”, defendeu o presidente estadual do partido, deputado federal Daniel Almeida.  Ainda segundo ele, deve haver uma compreensão dentro da base em torno de um projeto para a capital baiana.
 
Embora também compreenda o posicionamento do deputado, e o contexto de unidade da base, o dirigente estadual do PDT, Alexandre Brust, também enfatizou que a legenda defende o nome de Marcos Medrado para a prefeitura de Salvador. 
 
“Tenho a impressão de que fomos nós os primeiros a anunciar que teríamos candidato ao governador Jaques Wagner e continuamos mantendo o nosso posicionamento”, disse. 
 
Brust ainda considerou as mudanças da política, “que é como uma nuvem. Uma hora está aqui, depois está ali. Ninguém tem bola de cristal para adivinhar o que vai acontecer daqui a um ano e meio”.
 
Já o presidente do DEM baiano, José Carlos Aleluia, ironizou a declaração de Costa relacionada à oposição. “O prefeito João Henrique está afinado com Wagner e Dilma e a cidade está abandonada. A parceria em âmbito municipal, estadual e federal não garante nada. Essa administração é a prova”, criticou. 
 
Na entrevista, Rui Costa disse não acreditar que a maioria da população vote em quem confronta com o governo da presidente e do governador, a exemplos dos deputados ACM Neto e Antonio Imbassahy. (Lilian Machado - TB)

MERCADOS DÃO ULTIMATO À GRÉCIA: DUAS SEMANAS PARA SE AUTO-IMOLAR, OU MORTE

Dirigentes da União Européia decidiram endurecer o jogo contra a Grécia: não vão liberar o segundo frasco de soro financeiro (12 bilhões de euros) de que o país necessita desesperadamente, enquanto o condenado não galgar o cadafalso por livre e espontânea vontade. Ou seja, enquanto não der demonstrações de que aceitou deflagrar um duro ajuste que inclui demissões em massa de funcionários públicos, cortes em aposentadorias, congelamento de salários e aumentos de impostos. A meta é reduzir a 1/3 o déficit público. Hoje a dívida da Grécia é superior a 135% do PIB. A escolha,portanto, parece ser entre a morte por livre escolha ou a represália asfixiante dos credores. Mais de 50% da população grega é contra o suicídio da primeira alternativa. É o que as ruas tem demonstrado com notável convicção.  Ainda assim, o governo ‘socialista' de Papandreu tenta obter amanhã um voto de confiança do Parlamento para implementar o auto-imolação. Se passar pela prova legislativa os mercados vão respirar aliviados: é sinal de que até o dia 28, prazo-limite dado pela UE, a Grécia conseguirá  aprovar o plano de ajuste exigido pelos credores. Caso contrário, ameaçam o FMI o BC europeu, Merckel & Sarkozy, ‘será o Kaos'. Muitos analistas acham que a Grécia não deve ceder. Os recursos prometidos em troca de sacrifícios não visam recuperar o país, mas sim gerar liquidez para restituir o dinheiro dos credores, sobretudo bancos europeus  que aplicaram em títulos da dívida grega. Concluído esse resgate, o país desabará exaurido pelo desemprego e a recessão e rejeitado pelos bancos e financiadores que vão tratá-lo a pão e água. Morrerá então pela segunda vez. A única chance da Grécia, desse ponto de vista, seria esticar a corda e mostrar sua disposição de levar os bancos europeus  junto para a cova, caso as condições de ajuste não sejam suavizadas. Mas qual partido expressará essa vontade crescente das ruas?
(Carta Maior; 3º feira,21/06/ 2011)

O paradoxo do progresso social e a reação econômica

 

Fizemos um espantoso progresso em três décadas nos Estados Unidos a respeito de questões envolvendo tolerância e inclusão. A sociedade se tornou mais inclusiva com respeito aos direitos da mulher, dos afro-americanos, da comunidade LGBT, das pessoas portadoras de necessidades especiais. Por outro lado, tornou-se mais desigual economicamente. Por que estamos andando para trás, quando se trata de justiça econômica? Isso se deve ao poder. Os proprietários da riqueza financeira se tornaram cada vez mais poderosos politicamente, enquanto os movimentos que lhes são contrários se tornaram drasticamente enfraquecidos. O artigo é de Robert Kuttner.

O Estado de Nova York está prestes a se tornar o sexto estado da federação a legalizar o casamento homoafetivo, o presidente Obama pondera se apoia explicitamente a união de gays e lésbicas, e a questão está se tornando mais uma dor de cabeça divisória para os republicanos do que um tema para fortalecer sua base social. A revista Time não está do lado da direita, porque a orientação sexual é cada vez menos uma questão importante para eleitores mais jovens.

A edição de domingo do The New York Times deu três páginas inteiras para uma história do dia dos pais a respeito de uma família ampliada, composta de uma mãe, seu bebê, o jovem pai doador e seu parceiro gay. Em alguns poucos anos, essa história não ocupará mais do que um pequeno espaço a respeito de como casais heterossexuais divorciados e casados de novo e seus filhos administram relações complexas que vão muito além dos núcleos familiares tradicionais.

Vale a pena refletir a respeito de duas questões. Em primeiro lugar, como fizemos esse espantoso progresso em três décadas a respeito de questões envolvendo tolerância e inclusão? E como é que, durante o mesmo período, demos passos tão pesados para trás em questões econômicas? A sociedade se tornou mais inclusiva com respeito aos direitos da mulher, dos afro-americanos, da comunidade LGBT, das pessoas portadoras de necessidades especiais – e muitíssimo mais desigual e precária economicamente.

Isso não é dizer, é claro, que as lutas por tolerância e inclusão se esgotaram. A intolerância ainda persiste; ela é especialmente nociva no que concerne aos imigrantes. E a questão dos direitos dos imigrantes está conectada com a econômica. Num tempo de declínio das oportunidades e da segurança, imigrantes, que facilmente podem ser explorados e compelidos a trabalhar ganhando menos do que é pago são vistos como uma ameaça aos trabalhadores locais.

Ainda assim, para invocar Dr. [Martin Luther] King, há poucas dúvidas a respeito a respeito de se a balança está pendendo para a justiça. O momento é em direção a mais aceitação e menos intolerância.

Então, o que aconteceu? Não é como se a homofobia e o racismo tivessem sido exatamente derrotados.

Toda a ordem social baseada no privilégio dos brancos é muito acessível se ocorre de você ser caucasiano. Os negros fazem todo o trabalho pesado e o fazem por baixos salários, reservando os bons empregos para os caras brancos. O mesmo se passa com o privilégio dos homens: é muito conveniente para o homem. E os gays e lésbicas foram o último grupo que pôde ser abertamente ridicularizado mesmo em ambientes liberais polidos.

O que aconteceu foi, simplesmente, luta política – e desde o início. Rever os vários documentários celebrando o aniversário de 50 anos de manifestações públicas e de marchas pela liberdade é apreciar a total disparidade daquelas lutas e a extraordinária bravura pessoal. Desafiar a ordem racista, especialmente no sul significou arriscar-se à ruína e à morte. As feministas e os gays foram objeto de escárnio. O direito dos portadores de necessidades especiais sequer aparecia na tela do radar. Atos individuais dos gays lentamente vieram a engendrar compaixão. A epidemia de HIV passou de um objeto de nojo para um de empatia.

Mas esses atos individuais de heroísmo só ganharam força porque foram combinados com movimento social. Eles mudaram normas e então leis, que reforçaram a mudança nas normas.

Lentamente nos tornamos uma sociedade mais agradável e inclusiva.

Por que, então, estamos andando para trás, quando se trata de justiça econômica? Isso se deve ao poder. Os proprietários da riqueza financeira se tornaram cada vez mais poderosos politicamente, enquanto os movimentos que lhes são contrários se tornaram drasticamente enfraquecidos.

Eu escrevi recentemente a respeito da bravura da faxineira do Sofitel da Times Square que denunciou o ataque de Dominique Strauss-Kahn. Mas ela pôde dar esse passo sem medo porque não estava sozinha. O Sofitel da Times Square, como quase todos os grandes hotéis de Nova York tem seus trabalhadores vinculados a sindicatos. E o sindicato dela, que atende aos trabalhadores do hotel e do restaurante, apoiado por um poderoso acordo com um conselho de hotéis e motéis, é um dos mais fortes sindicatos da América – não é forte por conta dos dirigentes sindicais, mas porque o sindicato está imerso na vida cotidiana do local de trabalho.

Quando o gerente do Sofitel se recusou a autorizar que algumas faxineiras se juntassem numa vigília em apoio a sua colega na manhã em que Strauss-Kahn foi denunciado, os trabalhadores do hotel disseram-lhe que suspenderiam suas atividades e ficariam sentados no lobby do hotel. O gerente rapidamente cedeu.

Uma faxineira num hotel em que trabalhadores não fossem sindicalizados pensaria duas vezes antes de denunciar um ataque de um rico e poderoso hóspede. Ela teria sido demitida. Na indústria da “hospitalidade”, por definição, os hóspedes sempre vêm em primeiro lugar. Mas os membros do sindicato Local 6 são protegidos por um contrato que exige o devido processo legal e todo um sistema de delegados sindicais que asseguram o cumprimento do direito.

Uma faxineira de um hotel não sindicalizado na maioria da América faz oito ou nove dólares por hora. Em Manhattan, uma faxineira sindicalizada faz quase 25 dólares por hora, ou 50 mil dólares por ano, o bastante para viver uma vida de classe média, até em Nova York. A diferença entre um salário mínimo e um salário de fome afeta a conta do cliente do hotel em poucos trocados.

Não há boa razão por que todas as pessoas que trabalham no setor de serviços, de funcionários da Wal-Mart a assistentes de enfermeiros e professores do pré-escolar não possam ser pagos com salários mínimos. Mas isso requereria luta política e movimentos sociais – assim como avanços nas lutas por inclusão o fizeram.

À medida que os banqueiros dão o tom em ambos os partidos e a economia se tornou mais precária para a classe média trabalhadora, a base política para uma sociedade justa necessita ser reconstruída de baixo para cima. Por todas as esperanças que depositamos na administração Obama, isso não será construído de cima para baixo.

(*) Robert Kuttner é co-editor do The American Prospect e Membro Senior Fellow do think-tank Demos. Seu último livro é "A Presidency in Peril" (Uma Presidência em Perigo).

Em artigo no Guardian, Lula defende candidatura de José Graziano da Silva para a FAO


O acesso à comida é crucial para os mais pobres do mundo. Tomar a frente nesta questão jamais foi tão urgentemente necessário. As credenciais do Brasil no combate à fome e à pobreza estão bem estabelecidas. O programa Fome Zero, criado em 2003 e coordenado pelo Dr. José Graziano da Silva combina ações emergenciais com medidas estruturais de segurança alimentar. Foi o ponto de partida para todas as outras políticas implementadas nos anos seguintes, como o programa Bolsa Família. O artigo é de Luiz Inácio Lula da Silva, publicado neste domingo no jornal inglês.

A luta contra a fome e a pobreza deve ocupar o topo da agenda dos governos, das instituições multilaterais e das Organizações Não-Governamentais. Em 2050, a população mundial chegará a 9 bilhões de pessoas. Para garantir suas necessidades a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sua sigla em inglês) aponta a necessidade de um robusto crescimento no fornecimento mundial de alimentos. A produção africana terá de aumentar cinco vezes; a latino-americana dobrará.

A FAO estima que 90% dessa demanda será obtida com ganhos em produtividade. Nós também sabemos, no entanto, que o problema da fome é essencialmente um problema de acesso ao alimento. Os desafios globais relativos ao fornecimento de alimento são particularmente complexos e a FAO pode – e deveria – jogar um papel central para combater a fome, para estimular a produção sustentável de alimentos e fortaleça a segurança alimentar global.

A liderança – e a parceria – nesse cenário nunca foi tão urgentemente exigida. Fome e pobreza vão de par, assim, ao nos voltarmos para o fornecimento de alimento podemos abarcar desafios mais amplos na conquista do desenvolvimento global sustentável num tempo em que o sofrimento e a instabilidade são crescentes em muitas regiões. As famílias estão enfrentando pressões relativas à vulnerabilidade do fornecimento de alimentos com pouca esperança ou confiança no futuro próximo. Só neste mês a FAO prevê que a alta e a volatilidade dos preços das commodities agrícolas provavelmente seguirão assim até 2012.

Com efeito, há a expectativa de que a conta da importação internacional de alimentos chegue ao seu mais alto nível neste ano – 1,29 trilhões de dólares -, mas o fardo desse custo não será igualmente distribuído. A ONU avalia que os países menos desenvolvidos gastarão 30% a mais com a importação de alimentos em 2011, aumentado seu gasto em aproximadamente 18% de suas importações, comparado com a média de algo como 7% do resto do mundo. Essa situação não é condizente com a economia global e com a estabilidade social.

As credenciais do Brasil no combate à fome e à pobreza estão bem estabelecidas. O programa Fome Zero, criado em 2003 e coordenado pelo Dr. José Graziano da Silva combina ações emergenciais com medidas estruturais de segurança alimentar. Foi o ponto de partida para todas as outras políticas implementadas nos anos seguintes. Programas de transferência de renda como o Bolsa Família – que beneficia mais de um quarto da população – combina segurança alimentar, acesso à educação e medidas de estímulo ao desenvolvimento local, especialmente em áreas rurais.

O fortalecimento da agricultura familiar foi fundamental para o sucesso das políticas sociais no Brasil. O setor é responsável por 70% do consumo de alimentos das famílias e representa 10% do PIB brasileiro. Esses resultados não teriam sido possíveis sem a pesquisa em agricultura, sem a reforma agrária e sem a pacificação do campo, sem a assistência técnica e sem acesso ao crédito e à seguridade, dentre outras coisas. Com isso, 32 milhões de brasileiros (mais de 16% da população) superaram a pobreza.

De modo consistente com isso, o Brasil tem trabalhado internacionalmente por uma ordem global mais igualitária e equilibrada. Nossa perspectiva está baseada na construção de parcerias igualitárias com países em desenvolvimento em todo o mundo.

Pôr a luta contra a fome a pobreza no topo das prioridades internacionais é um compromisso estabelecido pelo meu país. Foi precisamente por essa razão que, como presidente do Brasil, no ano passado eu apresentei Graziano da Silva como candidato para ser diretor geral da FAO.

Nenhum país pode alcançar o desenvolvimento sustentável sem a melhoria das condições de vida de seu povo, e a experiência brasileira mostra que a superação da fome requer ações coordenadas, vontade política e a participação de toda a sociedade. Com a candidatura brasileira de Graziano da Silva para a FAO o Brasil reafirma seu compromisso com a agenda universal do combate à pobreza e à fome.

Tradução: Katarina Peixoto