segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A RESSURREIÇÃO DO CAFÉ SÃO PAULO

Por Odelcir Marques
 
No distante ano de 1974,estando eu na Cidade de Itaetê/Vale do Paraguassu, fui chamado a socorrer humanos que estavam prestes a afogar-se nas águas transbordantes deste importante rio que banha vários municípios baianos. Ameaçado de afogar-se nas águas do magnífico rio, lá estava o Deputado Oscar Marques, que havia sofrido acidente na travessia de balsa do município de Boa Vista do Tupim ,no qual tinha uma fazenda. Eu e o médico José Amâncio Ramos Prisco cuidamos de retirá-lo das águas e levá-lo ao Posto Médico da pequenina cidade. Estava alí , diante de um farmacêutico-bioquímico e de um médico contratado pela Prefeitura local, o lendário Oscar Marques, também conhecido pelo nome de Oscar "Tabaréu".Examinado e medicado pelo competente e diligente médico,Oscar se refez rapidamente e a história se espalhou pela pequenina Cidade do Vale do Paraguassu como rastilho de pólvora a queimar-se. A ausculta cardíaca permitiu-nos constatar que ele era portador de válvula mitral artificial( o que foi confirmado pelo paciente) e naquele dia, não falamos de outro assunto ,senão do afogamento e salvamento,das revoltas águas do Paraguassu do lendário amigo de João Saldanha , Chico Pinto e Luis Carlos Prestes.
 
Hoje, resido aos sessenta anos , próximo do majestático e encantador Boulevard Shopping e sou assíduo frequentador do Dom Café, onde consumo prazeirosas goladas do mais apetitoso e cheiroso Coffea arábica de legitimidade inquestionável. Há,no Shopping ,uma Alameda cujo nome presta homenagem ao ex-deputado feirense: Alameda Oscar Marques. Sinto-me, assim, ligado à história deste homem, que além de ter o meu sobrenome,está muito próximo da minha memória neuronal.
 
Ocorre, nos dias atuais , fenômeno interessante: Oscar gostava, segundo seus amigos ainda encarnados, de frequentar o Café São Paulo,emblemático ponto comercial desta cidade que aglutinava pecuaristas e que funcionava como uma espécie de Bolsa de valores do Boi Gordo e suas variantes. Pecuaristas que o conheceram, movidos por uma onda de nostalgia e necessidade de novos espaços,tendo em vista que o imóvel que abrigava o café famoso tornou-se sede de uma Farmácia, resolveram voltar-se e fixar-se no Café do Dom/Boulevard,também conhecido como Cafe do Ponto,no endereço Alameda Oscar Tabaréu. Discutem ,hoje,como no passado, os preços da arroba do boi enquanto sorvem goladas generosas do mais autêntico café. Discutem política e relembram os tempos idos da Revolução e dos grandes líderes políticos feirenses ,seguidos pela atenciosa atenção dos mais jovens ,embora atentos frequentadores.
 
Perguntaram-me se a legislação eleitoral permite a publicação,nos jornais e blogs,de enquetes sobre o próximo pleito eleitoral. Consultei a Internet, a incontestável mestra dos internautas e seguidores do mundo digital e, estou certo que sim, a dar confiança à Resolução n° 21.576,art 19, que não permite confundir enquetes com pesquisas. "Devemos sempre esclarecer que na divulgação dos resultados das enquetes o orgão de informação deverá esclarecer que não se trata de Pesquisa Eleitoral, nos moldes do Art.33 da Lei 9.504/97, mas mero levantamento de opiniões, sem controle de amostra, não utilizando metodologia científica e cujos dados são coletados pela livre e espontânea manifestação da vontade dos participantes". Deste modo , busquei saber qual o pré-candidato preferido destes cidadãos do seleto grupo social de pecuaristas e proprietários rurais, nas Eleições 2012,para Prefeito desta amada terra de Oscar Marques. As respostas fluÍram sem o menor espaço para dúvidas e beiraram a unanimidade.O ex-prefeito considerado por todos um notável administrador foi o escolhido.
 
Não devemos esquecer, entretanto, que "política é como nuvem", a lembrar-nos do mineiro Magalhães Pinto, e só na data certa, cumprindo e obedecendo o que preceitua a Legislação Eleitoral vigente, obedecendo-se os prazos e os limites da lei , é que saberemos, de fato,quem vencerá.
 
Até lá, que cada um mantenha-se fiel aos seus princípios e convicções e,com respeito mútuo e exercitando-se na prática de uma sociedade cada vez mais democratizada,aguardemos o momento próprio de ungirmos ,com o sagrado direito de escolher, o próximo mandatário desta bela e generosa cidade.

Fonte: http://sdcidad.blogpot.com

Vamos aumentar o número de Vereadores em Feira de Santana!

Por Genaldo de Melo

Alguns formadores de opinião feirenses não concordam com meu ponto de vista, que é também opinião de muita gente de bom senso e juízo na cabeça. Acho que não cabe num município que congrega segundo dados do IBGE quase 600 mil habitantes, e que sabemos que é bem mais que isso, pois Feira de Santana recebe muita gente do seu entorno que acaba por pertencer aos dados populacionais de outros municípios, ter uma Câmara de Vereadores com apenas 21 cadeiras. Feira de Santana hoje é sede de uma importante região metropolitana, segundo maior colégio eleitoral da Bahia, maior entroncamento rodoviário do interior do Norte-Nordeste do país, maior que 08 capitais brasileiras, portanto o discurso de que não pode aumentar o número de vereadores é naturalmente um discurso anacrônico, e considero também revestido de ignorância cultural.

O município de Itabuna com apenas um terço da população feirense tem como representantes dos mais dos diversos setores da sociedade 21 vereadores. Vitória da Conquista com metade de nossa população também decidiu que o número de representantes que propõem políticas e fiscalizam o Poder Executivo deve ser de 21 vereadores também. Pois bem, por que somente Feira de Santana com toda sua grandiosidade populacional, e município também bem situado do ponto econômico no nosso Estado não deve aumentar a Câmara de Vereadores? Defender a tese de que aumentar o número de representantes da Casa da Cidadania feirense vai aumentar os gastos públicos com os novos representantes é um discurso pautado na inviabilidade de ideias, porque não vi em nenhum momento alguém mudar as regras constitucionais para aumentar o valor de repasse do Duodécimo para a realização de trabalhos do Parlamento.

Poderia aproveitar esse espaço de opinião para defender a tese contrária, caso entendesse que com aumento de cadeiras na Casa da Cidadania obrigasse o município a aumentar o Duodécimo. Mas não é esse o caso que estamos discutindo, o estamos falando é que a sociedade de Feira de Santana precisa aumentar o número de representantes no Legislativo, para que haja de fato mais representantes sérios e não grupinhos de vereadores que perde o tempo de trabalho para brigarem no Plenário. O precisa ser feito de fato é diminuir mordomias e gastos impróprios de gabinetes que muitas vezes não funcionam como deveriam para representar os interesses do povo.

Parece que a maior parte dos vereadores feirenses tem aversão a diminuição de recursos para seus gabinetes, e também acham que já estão eleitos de novo. A eleição acontece somente em outubro de 2012 e o povo não está tão bobo como pensam, e na sua grande maioria através das vozes das ruas não são contrário a proposta que não foi aprovada para aumentar o número de vereadores. Aumentar a representação na Câmara de Vereadores é aumentar a capacidade de pensar nosso município com vistas ao crescimento socioeconômico.

Que diminua então as mordomias dos gabinetes e os salários dos vereadores, ora...! Mas que Feira de Santana tenha mais representação, mais líderes pensando pelo povo, bem como mais partidos políticos com seus programas em função da sociedade feirense.

Noite dessas, em Atenas

E o dia a dia das gentes? Disso, quase não se fala. O que fazem os gregos, por exemplo, quando não estão em manifestações gigantescas? Eles, os gregos, quase foram consultados sobre o futuro. Quase. Nas tragédias gregas o verdadeiro protagonista é o coro. E o coro representa, reza a tradição, a voz do povo. Essa é a voz que agora quis, quer, se fazer ouvir, enquanto o poder, o sistema, faz ouvidos de mercador. Não escuta, não quer escutar. Não há tragédia grega sem catarse. Em todas elas, quem tem a palavra final é o coro. O artigo é de Eric Nepomuceno.

São tempos cor de cinza na Europa. Em alguns países – Portugal, Espanha, Grécia, Itália –, são, mais que cinzentos, tempos de desalento. A linguagem fria dos analistas traz previsões geladas. Recessão, estagnação. As perspectivas indicam que talvez – talvez –, a partir do segundo semestre do ano que vem, as economias comecem, lentamente, a reagir. E que o desemprego, que se espalha com a amplidão e a rapidez das grandes maldades, persistirá, impassível, até pelo menos o final de 2013.

Está bem: em termos de tempo histórico, é menos que um suspiro. Mas e em tempo de vida, de anos de juventude, qual o tamanho dessa demora?

Os jornais se espalham em análises e previsões, contam de manifestações que reúnem milhares de pessoas, traçam projeções sobre o que pode acontecer, reviram possibilidades de alternativas, especulam sobre o que aconteceria se tal caminho fosse tomado, buscam balizas para se guiar no meio do temporal de informações desencontradas.

E o dia a dia das gentes? Disso, quase não se fala. O que fazem os gregos, por exemplo, quando não estão em manifestações gigantescas? Eles, os gregos, quase foram consultados sobre o futuro. Quase.

Recebo, de Eugenia, que vive em Atenas, uma proposta para o referendo que acabou não acontecendo. Dizia ela que, ao invés de perguntar ao povo se aceitava ou não o tal programa de ajuste econômico, o então primeiro-ministro Yorgos Papandreu, que nós chamados de Jorge e os gregos chamam de Yorgakis, Jorginho, deveria ir direto ao assunto: “Vocês preferem se matar ou serem mortos?”. Como depois se viu, acabou que ninguém perguntou nada a ninguém, e uns poucos decidiram por todos.

Leio agora mesmo, num jornal europeu, que apareceu uma nova desconfiança para os italianos: será que, em 2011, o governo do país fraudou dados da economia para conseguir receber títulos de sua dívida soberana e entrar na chamada zona do euro? Ou seja: terá o governo italiano, a exemplo do governo grego, feito artimanhas para enganar os donos do dinheiro? A pergunta aparece no mesmo dia em que se fortalece o nome de Mario Monti para a vaga de primeiro-ministro, que um bufão sinistro chamado Silvio Berlusconi deixa de ocupar.

Mario Monti é um nome que tranqüiliza o sacrossanto mercado. Da mesma forma que Papandreu, na Grécia, é substituído por outro tranqüilizante, Lucas Papademos. Da tranqüilidade das pessoas não se fala, porque não é prioridade para ninguém. A salvação é a das finanças.

E o engodo, o embuste, as artimanhas contábeis do passado? Melhor não mexer nisso. Que a Grécia falsificou números a granel, já se sabe. E a Itália? Bem, naquele 2001 o responsável pelos dados fiscais se chamava Mario Draghi, considerado um ás dos números. Hoje, ele é o presidente do Banco Central Europeu. É quem dá as cartas, ou melhor, quem distribui as cartas dadas pela dupla Nicolás Sarkozy-Angela Merkel. Homem de total confiança do sistema, teria ele, naquele distante 2001, iludido o mesmo sistema do qual agora aparece como leal escudeiro?

Mas, e os outros enganados? E o dia a dia das gentes, dos não-consultados, dos não-perguntados?

Da Grécia, Eugenia manda notícias. Conta como os políticos lançam afirmações enfáticas que eles mesmos desmentem em seguida. Conta que ninguém mais acredita em nada.

Eugenia conta que todos se sentem enganados o tempo inteiro. Que os tais acordos impostos pela União Européia, e que os políticos dizem ter sido arduamente negociados, não significam nada, porque ninguém consegue entender nada, a não ser que estão perdidos. Em todos, a certeza de que medidas duríssimas serão aplicadas sem contemplação alguma. Mais sacrifícios, mais humilhações, para que as finanças se salvem. Que finanças?

Eugenia conta que, noite dessas, quando o mundo inteiro estava com os olhos cravados na Grécia, numa praça de Atenas se juntaram trabalhadores, estudantes, funcionários públicos, artistas, donas de casa. E começaram a cantar e a rir e a dançar. Eram mais de quatrocentas pessoas, convocadas por ninguém. Todas dançando, todas cantando, todas rindo. Para espantar os demônios, para convocar a vida.
Eugenia estava na praça, naquela noite. E cantou, e dançou, e riu, reivindicando seu direito à alegria e à esperança.

De tragédia, ela e os gregos entendem.

Eugenia conta que nas tragédias gregas o verdadeiro protagonista é o coro. E que o coro representa, reza a tradição, a voz do povo. Essa é a voz que agora quis, quer, se fazer ouvir, enquanto o poder, o sistema, faz ouvidos de mercador. Não escuta, não quer escutar.

Eugenia, enfim, lembra que não há tragédia grega sem catarse. E que em todas as tragédias gregas, quem tem a palavra final é o coro.

Olavo de Carvalho foge do hospício

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Não lhes aconselho a ler o artigo de Olavo de Carvalho, publicado hoje na Folha. Minha breve carreira de analista de mídia, contudo, já me ensinou a não subestimar nem esnobar ninguém, sobretudo os próceres do conservadorismo tupi. Eu uso essa intimidade, chamando-o de Olavão, porque já briguei tanto com ele em minha trajetória – essa um pouco mais longa – de blogueiro de esquerda, que sinto aquele carinho exótico de um oficial de guerra por outro. Isso não me impede, porém, de desprezá-lo profundamente. A ele e às suas ideias. A ele, porque ele é o protótipo da desonestidade intelectual. Às suas ideias, porque são positivamente fascistas, além de esquizofrênicas. Vamos organizar:

- Desonestidade intelectual. Em seu artigo na Folha, Olavo ensaia uma breve história intelectual da USP. Começa razoavelmente. A partir do segundo parágrafo, todavia, vemos os primeiros espamos da grave e melancólica epilepsia ideológica de que sofre o filósofo. Seu erro nasce, como aliás é tão comum em acadêmicos, da arrogância e esquematização com que trata fenômenos históricos, políticos e mesmo psicológicos. Mas os delírios realmente assustadores (maior característica do Olavão) ainda estão por vir.

- O paroximo da esquizofrenia olaval se mostra a partir do oitavo parágrafo, quando afirma que “bilionários globalistas passam a patrocinar movimentos esquerdistas por toda parte”. É uma afirmação completamente desvairada.

- Aí já temos um espetáculo deprimente: um filósofo brasileiro berrando insanidades como um louco furioso num jornal de grande circulação nacional. Sem a mínima preocupação de ater-se à realidade, Olavo repete seus conhecidos chavões de que a mídia brasileira é esquerdista.

- Conclui o artigo dizendo que todo mundo no Brasil é esquerdista, aprova o uso de maconha na USP e simpatiza com os radicais de ultra-ultra-esquerda que ocuparam a reitoria. Todos partilham da “Ideologia”. Todos: deputados, senadores, professores, reitores, ministros de Estado e empresários de mídia. Sem explicar muito bem que sinistra ideologia seja essa, o leitor é fatalmente levado a pensar que deve ser alguma variação particularmente maligna do esquerdismo contemporâneo. Olavo esqueceu, porém, de mencionar, dentre os que sofrem dessa doença, garis, astrofísicos, jogadores de sinuca, viciados em crack e representantes da indústria de tecidos.

- Olavão agora é presidente do Inter-American Institute for Philosophy, Government and Social Thought, um nome bonito para associação dos fascistas brasileiros doentes mentais que vivem de esmolas do Tea Party.

Eu uso uma linguagem particularmente agressiva com Olavo porque conheço a figura. Durante anos, ele tinha uma coluna no jornal O Globo, e era idolatrado por escritores analfabetos politicamente. Então um dia fui à biblioteca do CCBB e li seus livros. Ele é ainda mais doente, rancoroso e delirante em seus livros. A pretexto de falar de filosofia, ele simplesmente faz um proselitismo ideológico vagabundo, onde a sigla PT aparece mais do que o nome de qualquer pensador. Lembra até o Nietzsche da última fase, já louco por causa da sífilis, xingando os cristãos por páginas a fio, mas sem o talento literário do alemão, e substituindo os cristãos por petistas.

E Olavo usava seu espaço na mídia, praticando todo o tipo de pilantragem intelectual, para perseguir covardemente aqueles com os quais ele discutia na internet. É, definitivamente, um crápula.