segunda-feira, 23 de maio de 2011

Declaração final do Foro de São Paulo

O XVII Encontro do Fórum São Paulo, reunido em Manágua, por ocasião do 50º Aniversário da fundação da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), da Nicarágua, e 116 anos do nascimento do General Augusto C. Sandino, contou com a participação de 640 delegados de 48 partidos membros pertencentes a 21 países e 33 convidados de 29 partidos pertencentes a 15 países da África, da Ásia e da Europa.

As organizações e participantes presentes no XVII Encontro debateram durante cinco dias temas de grande interesse para os povos latino-americanos e para toda a humanidade, tais como: o projeto alternativo das forças populares, progressistas e de esquerda na América Latina e no Caribe; as conquistas dos governos e parlamentos nacionais, estaduais e locais impulsionados pelos partidos do Fórum; a crise internacional, em todos seus aspectos -econômica, alimentar, energética, climática, social e política-; a luta pela descolonização e pela soberania nacional; as ameaças e tragédias causadas pelas políticas do imperialismo e pela direita, tais como o narcotráfico e o crime organizado, que atentam contra a paz, os direitos humanos e os direitos dos povos.

Debatemos, também, assuntos de importância transcendental, como a necessidade de democratização da informação, a comunicação e a cultura; a luta para ampliar os direitos e a participação das mulheres, dos jovens, das etnias e dos povos originários; a defesa dos direitos dos trabalhadores migrantes e de suas famílias; os desafios dos movimentos sociais; a temática da defesa e da segurança.

Os partidos políticos participantes no XVII Encontro que já governamos uma importante quantidade de países em nosso continente reafirmamos nossa firme disposição a continuar construindo uma mudança de época, o que inclui alcançar novos avanços da esquerda e das forças populares e progressistas latino-americanas e caribenhas nas eleições deste ano de 2011; na Argentina, para derrotar a direita e aprofundar as mudanças; no Peru, com um patriota identificado firmemente com a democracia e comprometido com que a prosperidade econômica chegue aos setores empobrecidos de seu país, Ollanta Humala; na Nicarágua, com o experimentado combatente e estadista, líder revolucionário sandinista, Comandante Daniel Ortega; e, na Guatemala, com a lutadora pelos direitos de nossos povos originários e Prêmio Nobel da Paz, Rigoberta Menchú, como candidata de todas as forças unidas da esquerda no que se constitui uma conquista histórica que nos enche de júbilo.

O Fórum de São Paulo felicita por sua valentia e sua vocação indeclinável pela democracia ao presidente Rafael Correa por ocasião do inquestionável triunfo obtido no referendo para o estabelecimento de políticas que aprofundem o processo de mudanças vivido no Equador.

As vitórias da esquerda desde a eleição do Comandante Hugo Chávez, em 1998, até o triunfo da Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), com Mauricio Funes, em 2009, expressam nossa fortaleza política, em parte como resultado do rechaço ao neoliberalismo e à política tradicional; porém, sobretudo, pela atividade política organizada da esquerda que, desse modo, alcançado não só por governos nacionais, mas também por governos locais, governos territoriais e espaços nos poderes legislativos. A partir dessas novas posições de poder político colocamos como objetivo a desmontagem do modelo neoliberal e a construção de uma alternativa que responda às demandas imediatas e históricas de nossos povos.

As políticas de governo impulsionadas pela esquerda e por forças populares e progressistas latino-americanas e caribenhas, orientadas para a redistribuição da riqueza, para o controle dos recursos naturais, para a crescente participação dos cidadãos e dos setores sociais na vida política e econômica acompanhada da correspondente institucionalização de tais processos, marcam o rumo para esse processo de mudança que tem como ponto de referência inicial a necessidade de formular e construir projetos alternativos ao neoliberalismo. A redistribuição do ingresso; a democratização da comunicação e da defesa da soberania nacional constituem bandeiras comuns e indeclináveis das forças de esquerda no continente.

A superação do neoliberalismo surgirá da diversidade dos processos nacionais, da unidade das forças progressistas e de esquerda, de sua consolidação, do aprofundamento das mudanças e, como parte dela, da radicalização da democracia, o que poderá habilitar etapas superiores do desenvolvimento social. A crise capitalista em curso representa novos desafios para os movimentos sociais não somente a denúncia do modelo neoliberal, mas também a construção de alternativas históricas.

As políticas e avanços das forças de esquerda no governo a favor dos setores populares de nosso continente se manifestam em projetos de construção social que se correspondem, cada um deles, com as realidades dos países correspondentes, entre os quais sempre se destacou a Revolução Cubana, nesse momento empenhada uma vez mais em seu aperfeiçoamento, mediante a atualização de seu modelo econômico com a mais ampla participação popular, o que adquire um significado muito particular, levando em consideração que o processo revolucionário na maior das Antilhas tem sido fonte de inspiração para os revolucionários do mundo e que sem sua contribuição não teria sido possível o auge da esquerda e do movimento popular na América Latina, com a chegada do novo século.

Nos pronunciamos uma vez mais repudiando a terrível injustiça, a arbitrariedade, a falta de ética e a dupla moral aplicada pelo imperialismo norte-americano contra os cinco heróis cubanos lutadores contra o terrorismo, que são mantidos encarcerados enquanto, por outro lado, se protege e absolve de delitos menores a um terrorista confesso e delinqüente, como Luis Posada Carrilles, e enquanto se aplica, há cinquenta anos o mais prolongado bloqueio jamais exercido contra qualquer país do mundo, com o objetivo de render pela fome e pelas enfermidades a todo um povo pelo fato de ter decidido construir seu próprio destino de uma forma que não é do agrado dos poderosos do mundo.

Processos revolucionários e de mudança social progressista se desenvolvem na América Latina, mostrando com suas políticas e com o impulso de projetos alternativos, que os interesses populares somente podem ser defendidos com efetividade ao contar com uma força política organizada que faça guerra à direita, à oligarquia e ao imperialismo. Mostra disso e das políticas antes assinaladas, além da Revolução Cubana e de seu exemplo já mencionados antes, são: a Nicarágua, com sua Revolução Sandinista novamente em marcha, cristã, socialista e solidária; a Venezuela, com a Revolução Bolivariana e a construção do socialismo do século XXI; El Salvador, com o deslocamento do poder da oligarquia para a grande maturidade da FMLN em relação às suas alianças com o governo que começou mudanças favoráveis no país; bem como as grandes mudanças no Brasil e no Uruguai; a Bolívia, com a construção do Estado Plurinacional e o socialismo comunitário; o Equador, com a Revolução Cidadã; o Paraguai, alcançando melhorias notáveis nas condições de vida de seu povo; a Argentina, resgatando o país da prostração e da débâcle na qual o neoliberalismo o havia atirado e promovendo novos direitos.

Contudo, os êxitos obtidos nas lutas recentes não devem levar-nos a desconhecer o perigo que nos ameaça, com o contra-ataque do imperialismo, da direita e das oligarquias locais em nosso continente, a serviço de quem as bases militares estrangeiras em diversos países e territórios coloniais encontram-se prontas para atuar em qualquer momento. Da mesma forma, em seus ataques contra os governos progressistas e revolucionários a direita tem recorrido sistematicamente à fraude eleitoral, cujo exemplo mais evidente é o do México; e tem retomado o uso de golpes de Estado que foram derrotados pelas forças populares na Venezuela, na Bolívia e no Equador.

O Fórum de São Paulo reafirma seu apoio à Frente Nacional da Resistência Popular de Honduras (FNRP) em sua luta de resistência contra o governo atual que não é senão uma prolongação do golpe de Estado perpetrado contra o governo de José Manuel Zelaya. Acompanhamos o processo de mediação em curso para o regresso do Presidente Zelaya.

Reafirmamos que, enquanto as demandas da FNRP não sejam cumpridas, não aceitamos o regresso de Honduras aos espaços internacionais dos quais foi corretamente expulsa, tais como a Organização dos Estados Americanos (OEA) e do Sistema de Integração Centro-americano (Sica), que se encontra em uma verdadeira paralisia como parte de toda uma crise gerada pelo golpe de Estado.

Reiteramos nossa firme convicção de que o conflito interno na Colômbia, com profundas raízes históricas e socioeconômicas, somente pode ser resolvido pela via da negociação política. Reafirmamos nosso apoio ao Polo Democrático Alternativo, partido da unidade da esquerda colombiana e único partido da oposição.

Expressamos nossa solidariedade com a luta do povo haitiano pela reconstrução de seu país, pela superação das consequências das políticas que o levaram à miséria, incluídas as desenvolvidas ante os desastres naturais e em defesa de sua soberania frente ao intervencionismo dos Estados Unidos e outras potências imperialistas.

O XVII Encontro do Fórum de São Paulo acontece em momentos particularmente complexos e dramáticos em âmbito mundial. As rebeliões populares nos países árabes, entre as quais se destacam Tunis e Egito nos mostram que os povos não permanecem passivos eternamente; porém, também nos recordam que a reação mundial e o imperialismo não permanecerão nunca indiferentes e farão o que seja para frustrar o impulso revolucionário dessa rebeldia.

Destacamos a flagrante violação da soberania nacional da Líbia, cujo povo está sendo bombardeado pelas forças da Otan no que se constitui um ataque massivo das potências imperialistas do mundo contra uma só nação soberana e independente que, portanto, tem o direito de escolher por si mesma o regime socioeconômico e político que mais lhe convenha e que corresponda às suas próprias aspirações, à sua cultura e à sua forma de ver o mundo e a vida; bem como resolver sem imposições externas seus problemas e conflitos internos.

O Fórum de São Paulo demanda o cessar da agressão imperialista contra o povo líbio, começando com a suspensão imediata dos bombardeios; da mesma maneira que propõe a necessidade de um cessar fogo por ambas as partes em conflito dentro da Líbia, pondo fim na confrontação fratricida,com a finalidade de alcançar uma solução pacífica a guerra civil, sem condições prévias que somente obstaculizam os esforços que possam ser feitas para alcançar a paz.

Nesse sentido, fazemos nossas todas as iniciativas que promovem a paz na Líbia, tais como as que a Alba (Aliança Bolivariana entre os Povos de Nossa América), da União Africana e do grupo integrado pelo Brasil, pela Rússia, pela Índia, pela China e pela África do Sul.

Nos solidarizamos com a luta do povo palestino pela criação de um Estado nacional independente e saudamos o acordo entre suas diversas forças políticas ao mesmo tempo em que exigimos o restabelecimento das fronteiras existentes em 1967. Saudamos e manifestamos nosso apoio ao povo Saharaui e da República Árabe Saharaui Democrática pelo reconhecimento de sua soberania nacional e chamamos à Organização das Nações Unidas (ONU) para intensificar os esforços para que o povo saharaui possa exercer seu direito à autodeterminação mediante um referendo de acordo ao direito internacional.

O Fórum de São Paulo reitera sua posição de que o terrorismo não se pode combater com mais terrorismo, desprezo à soberania nacional, violência contra civis e execuções individuais;

As elites de poder nos países dominantes recorreram ao estigma do terrorismo para criminalizar a justa luta dos povos por sua liberdade e em defesa de seus direitos, enquanto, por outro lado, se pratica o terrorismo de Estado e, para alcançá-lo, faz-se uso do pretexto das ações "humanitárias”. Denunciamos também a pretensão dos EUA de impor sua agenda de Segurança Hemisférica, particularmente em alguns países cujos governos de direita impulsionam a militarização da segurança pública, ameaçando a democracia, a paz e os direitos humanos.

Em um mundo globalizado, onde as forças da reação mundial e do imperialismo atuam de maneira cada vez mais agressiva e em um momento caracterizado por uma das mais profundas e integrais crises do sistema capitalista, são mais necessários do que nunca os processos de integração, uma das garantias para que nosso continente tenha uma identidade e um peso específico com capacidade de influência no mundo atual.

Nesse sentido, é oportuno destacar a derrota da iniciativa norte-americana da Aliança de Livre Comércio das Américas (Alca) e o impulso de alternativas como a Aliança Bolivariana dos Povos da América Latina e do Caribe (Alba), iniciativa que se destaca entre os espaços de integração e de união latino-americana e caribenha, pela prática sistemática da solidariedade entre os povos, o melhoramento nas condições de vida e em defesa dos direitos sociais dos setores populares nos países que fazem parte dessa aliança e em outros que, sem ser membros, beneficiaram-se de seus projetos específicos.

Uma importantíssima expressão de integração continental soberana é a Unasul, onde os países sul-americanos avançam na defesa dos interesses comuns de nossos povos. Saudamos o papel da Unasul contra os golpes de Estado na Bolívia e no Equador e com o acordo colombo-venezuelano de Néstor Kirchner como primeiro secretário geral desse organismo.

Um verdadeiro acontecimento histórico está se gestando desde o momento em que unanimemente os países membros do Grupo do Rio decidiram a conformação de uma nova organização continental que agrupará a todos os países da América Latina e do Caribe: a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac). Demandamos a inclusão de Porto Rico nesse organismo como uma forma de avançar na luta para conseguir o reconhecimento pleno de seu direito à soberania nacional.

A persistência do colonialismo constitui uma situação particularmente grave em nosso continente que atinge diretamente a Porto Rico, a Martinica, a Guadalupe, a Curaçao, a Aruba, a Bonaire, a "Guiana Francesa” e às Ilhas Malvinas argentinas, o que constitui um obstáculo para a realização completa do processo de integração ao mesmo tempo em que representa uma ameaça à soberania dos povos da América Latina e do Caribe. O Fórum de São Paulo reafirma sua solidariedade com os povos de todos os continentes que lutam pelo respeito de sua soberania e se opõem à dominação e à exploração.

O imperialismo, a direita continental e as oligarquias pretendem retardar e impedir a integração continental. Esse foi o propósito da Alca, bem como dos Tratados de Livre Comércio e também do Acordo do Pacífico, assinado em Lima e que reuniu aos governos do México, da Colômbia, do Peru e do Chile interessados em um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados Unidos e alinhados à política exterior de Washington.

Destacamos que o Fórum de São Paulo realizará seu próximo encontro em Caracas em solidariedade com a Revolução Bolivariana, com motivo da instalação da Celac e no marco do Bicentenário de nossas independências.

Deve-se ressaltar a vital importância que nesse XVII Encontro do Fórum de São Paulo teve o debate sobre os temas da estratégia e do modelo alternativo da esquerda latino-americana e caribenha, e a unidade dos povos de nosso continente para a defesa de seus interesses frente às ações das grandes potências e pretendem perpetuar sua dominação histórica que nos sumiu na miséria e nas injustiças sociais. Somente unidos poderemos vencer e essa é a razão de ser do Fórum de São Paulo como espaço de encontro das forças populares, progressistas e revolucionárias que lutam por um continente com justiça, liberdade e prosperidade e um futuro socialista para nossos povos.

É importante destacar que a Nicarágua, país sede desse XVII Encontro do Fórum de São Paulo, dispõe-se a um novo triunfo da esquerda latino-americano e caribenha no mês de novembro com seu candidato, o Comandante Daniel Ortega, a quem oferecemos todo o nosso apoio. O XVII Encontro do Fórum de São Paulo conclui expressando sua profunda gratidão ao povo nicaragüense e manifestando seu mais firme respaldo ao triunfo da Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN).

Viva a Unidade dos Povos da América Latina e do Caribe!

Manágua, 20 de maio de 2011.

Fonte: Adital

Notícias do Mundo em Movimento

Obama tenta tranquilizar Israel sobre visão do Oriente Médio
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, procurou acalmar a fúria de Israel no domingo sobre suas novas propostas de paz no Oriente Médio, deixando claro que o Estado judeu será provavelmente capaz de manter alguns assentamentos em qualquer acordo final com os palestinos.
Obama, dirigindo-se aos maiores defensores de Israel nos Estados Unidos, repetiu sua opinião de que as negociações de paz congeladas há muito tempo devem começar a ser discutidas com base nas fronteiras do Estado judeu de 1967.
A afirmação enfureceu Israel, expôs um abismo profundo nas relações do país com Washington e levantou ainda mais dúvidas sobre a perspectivas de paz.
Mas Obama, em seu discurso para o mais poderoso grupo de lobby pró-Israel, procurou aliviar as tensões com o aliado dos EUA sobre seu apoio, três dias antes, a uma antiga reivindicação palestina quanto às fronteiras de seu futuro Estado.
Obama salientou esperar que os dois lados negociem um acordo que inclui a troca de terras, levando em conta as "novas realidades demográficas no solo", sinalizando que Israel teria permissão para manter alguns assentamentos judaicos construídos em territórios ocupados.
O discurso aconteceu após um encontro na Casa Branca, na sexta-feira, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que alertou Obama contra a busca da paz "com base em ilusões" e afirmou que Israel nunca vai recuar para as fronteiras antigas, que ele considera "indefensáveis."
Netanyahu rapidamente manifestou o seu apreço pelos comentários de Obama no domingo, dizendo em um comunicado: "Estou determinado a trabalhar em conjunto com o presidente Obama para encontrar formas de retomar as negociações de paz."
A presença de Obama na assembleia anual do American Israel Public Affairs Committee (AIPAC) serviu como um lembrete austero de que sua nova fórmula de paz no Oriente Médio pode lhe custar o apoio entre os eleitores judeus e pró-Israel e dos doadores de campanha, no momento em que se prepara para a reeleição em 2012.
A questão principal é que Obama acolheu uma exigência muito importante para os palestinos: a de que o Estado que eles reivindicam nos territórios ocupados da Cisjordânia e da Faixa de Gaza deve ser, em grande parte, desenhado ao longo das linhas existentes antes da guerra de 1967, quando Israel conquistou os territórios e Jerusalém Oriental.
A proposta levaria à troca de terras para compensar a manutenção de alguns assentamentos israelenses na Cisjordânia.
"Por definição, isso significa que as próprias partes -- israelenses e palestinos -- vão negociar uma fronteira que é diferente daquela que existia em 4 de junho de 1967. Isso é o que mutuamente acordamos sobre o significado de troca de terras", disse Obama. (Matt Spetalnick e Caren Bohan | Reuters)
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Talibã do Afeganistão diz que líder está "vivo e bem"
CABUL (Reuters) - O Taliban afegão desdenhou nesta segunda-feira como "propaganda" relatos da mídia de que seu recluso líder, o mulá Mohammad Omar, foi morto no Paquistão, dizendo que ele está vivo no Afeganistão e que promete continuar a insurgência.
Autoridades de segurança paquistanesas e diplomatas, comandantes militares dos EUA e funcionários do governo do Afeganistão questionaram os relatos de que Omar, um dos homens mais procurados do mundo, foi assassinado enquanto viajava entre Quetta e o Waziristão do Norte, no Paquistão.
"Ele está vivo e bem no Afeganistão", disse Zabihullah Mujahid, porta-voz do Taliban, à Reuters por telefone de um local não revelado. "Rejeitamos com veemência essas alegações sem fundamento de que o mulá Mohammad Omar foi morto."
"Isto é propaganda do inimigo para enfraquecer o moral dos combatentes."
Um porta-voz da agência de inteligência afegã, o Diretório Nacional de Segurança (NDS na sigla em inglês), disse que suas fontes sabiam que o mulá Omar vinha residindo na cidade paquistanesa de Quetta, na região do Baluquistão, mas que recentemente desapareceu.
"Podemos confirmar que ele desapareceu de seu esconderijo em Quetta, no Baluquistão, nos últimos quatro ou cinco dias", declarou Lutfullah Mashal, porta-voz da NDS, em coletiva de imprensa.
"Não podemos confirmar se ele está vivo ou morto."
Omar, que usa uma longa barba e é caolho, raramente é visto em público. Com uma recompensa de 10 milhões de dólares por sua cabeça, ele fugiu com o resto da liderança do Taliban afegão depois que sei governo foi derrubado por forças afegãs apoiadas pelos EUA no final de 2001. Eles formaram a "shura de Quetta", ou conselho de liderança.
O Taliban foi deposto por se recusar a entregar o líder da Al Qaeda, Osama bin Laden, após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
Bin Laden foi morto por uma equipe de elite dos fuzileiros navais dos EUA em uma cidade pouco distante da capital paquistanesa, Islamabad, encerrando uma perseguição que se arrastou por mais de dez anos.
A morte de Bin Laden foi um golpe a uma Al Qaeda já fragmentada, mas seu efeito em grupos armados dispersos como o Taliban do Afeganistão e do Paquistão não ficou tão evidente.
(Reportagem de Ismail Sameem em Candahar, Hamid Shalizi em Cabul, Christopher Allbritton, Kamran Haider e Rebecca Conway em Islamabad)
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México apresentará candidatura de Agustín Carstens para comandar o FMI
México apresentará formalmente a candidatura de Agustín Carstens, presidente do Banco Central, para dirigir o Fundo Monetário Internacional (FMI), dando um passo à frente na luta das potências emergentes para dirigir o organismo.
O secretário da Fazenda, Ernesto Cordero, "apresentará a candidatura de Agustín Carstens, atual presidente do Banco do México (Banxico-central) para ocupar a posição de diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional", disse indicou a Secretaria em um comunicado à imprensa.
A extensa trajetória de Carstens "no setor financeiro, tanto no México como em nível internacional, o coloca como o candidato idôneo para ocupar o posto de diretor-gerente" do FMI, organismo do qual chegou a ser vice-diretor-gerente, indicou a Secretaria da Fazenda e de Crédito Público.
O México, segunda maior economia da América Latina, defendeu que a escolha dos chefes de organismos internacionais seja realizada de maneira aberta, transparente e baseada em méritos, princípio refletido nos acordos do G-20, acrescentou o documento, seguindo as declarações recentes de países emergentes como Brasil e China.
Carstens, governador do Banxico desde janeiro de 2010, ocupou no passado o cargo de ministro da Fazenda e teve que enfrentar a crise financeira internacional desencadeada no final de 2008 nos Estados Unidos, que arrastou a economia mexicana com uma queda do PIB de 6,5% em 2009. (Lionel Bonaventure - AFP)
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Partido Popular assume liderança em eleições locais na Espanha
MADRI (Reuters) - O Partido Popular espanhol, de centro-direita, assumiu a liderança nas eleições locais de domingo, que devem trazer grandes derrotas para os socialistas após uma semana de protestos contra o desemprego elevado no país.
Com 47 por cento dos votos apurados, o PP tem 36 por cento dos votos, enquanto os socialistas têm 28 por cento. O restante foi dividido entre um leque de partidos menores.
Dezenas de milhares de espanhóis protestaram em cidades de todo o país durante a semana inteira, exortando os eleitores a rejeitar os dois principais partidos políticos da Espanha.
No sábado à noite, cerca de 30 mil pessoas protestaram na Puerta del Sol, centro de Madri, segundo testemunhas. Analistas disseram que os protestos teriam apenas um impacto marginal sobre a votação, com as pesquisas já mostrando derrotas para os socialistas.
"Eu votei para o PP, porque os socialistas estão fazendo um trabalho muito ruim... É verdade que houve uma crise mundial, mas Zapatero não reagiu a tempo", disse Jesús Lopes, um homem aposentado que votou em Madri.
Os espanhóis vão eleger mais de 8.000 administrações de municípios e 13 das 17 câmaras regionais.
O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodriguez Zapatero, aplaudido no exterior por sua disciplina fiscal durante a crise da zona do euro, tornou-se impopular em seu país com a estagnação da economia.
Quase metade dos espanhóis com idades entre 18 e 25 está desempregada, mais do que o dobro da média da União Europeia.
Os socialistas devem perder em regiões como Castilla-La Mancha, ao sul de Madri, onde eles têm controlado a câmara regional ao longo de décadas, assim como em Sevilha, onde estão no poder há 12 anos.
Os socialistas, na administração nacional desde 2004, também devem perder as próximas eleições gerais, previstas para março de 2012, mas podem ter uma recuperação se grandes perdas no domingo desencadearem mudanças na liderança dentro do partido. (Fiona Ortiz - Reuters)
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Crise política invade agenda de governadores do PT
Na esteira da crise envolvendo o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, o presidente do PT, Rui Falcão, vai se reunir hoje com os cinco governadores petistas, em Brasília. O encontro será na residência do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, em Águas Claras. A pauta oficial é a reforma política, bandeira que o PT tem levantado na tentativa de aprovar no Congresso o financiamento público das campanhas eleitorais.
Embora a reunião tenha sido marcada antes de estourar o escândalo que atingiu o principal articulador político do Planalto, a estratégia de defesa de Palocci não escapará das conversas reservadas e da avaliação conjunta dos governadores petistas. Não é só: os governadores, que vão assinar ali a Carta de Brasília, também estão de olho na montagem do segundo escalão do governo federal, pois todos indicaram nomes para vagas em estatais.
O problema é que, muitas vezes, há mais de um apadrinhado para a mesma cadeira e várias disputas entre Estados. No Ceará, por exemplo, o governador Cid Gomes, que é do PSB, assiste a uma poderosa briga entre petistas para definir quem será o novo presidente do Banco do Nordeste (BNB).
Mesmo com Palocci alvejado, a distribuição dos cargos deve ser acelerada nesta semana para conter as insatisfações na base aliada. Todos os nomes têm passado pelo crivo da presidente Dilma Rousseff, que até agora optou pela tática de tensionamento, para não ceder à pressão dos envolvidos. (Vera Rosa -AE)
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Kassab quer regras sobre conflitos de interesses públicos
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), afirmou hoje na capital paulista que defende regras com relação a conflitos de interesse, numa referência à crise política envolvendo o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, acusado de multiplicar o seu patrimônio por 20 em quatro anos. "Eu defendo sempre as ações do Poder Público, Judiciário e do Legislativo que dão condições à sociedade brasileira de acompanhar qualquer processo que envolva a administração pública. Que venham novas regras que possam evidentemente zelar pela democracia e pelo bom uso dos recursos públicos", disse, durante rápida passagem pela Convenção Estadual do Partido Progressista (PP) que acontece hoje em São Paulo.
Ele afirmou ainda que "assim como todos os brasileiros" está aguardando explicação do ministro Palocci sobre a multiplicação de seu patrimônio e torcendo para que o caso seja esclarecido da melhor forma possível.
Kassab disse que esteve na convenção do PP - cujo presidente do Diretório Estadual da legenda é o deputado federal Paulo Maluf - não como partidário, mas como prefeito. "Vim como prefeito. Seria até deselegante pensar como partido. Assim como em todas as convenções, vim para dar o apoio, para dar o abraço da cidade de São Paulo", esclareceu, acrescentando que voltará para o ato solene da convenção, às 11 horas, que contará com a participação do vice-presidente da República, Michel Temer.
O prefeito também comentou que neste e no ano seguinte continuará administrando a cidade de São Paulo, e que apenas vai começar a pensar nas próximas eleições em 2012. (Suzana Inhesta - AE)
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PCdoB deve lançar candidato à Prefeitura de Aracaju
Em entrevista a Rádio Liberdade AM, o presidente do PCdoB de Aracaju, Hallison de Souza, falou sobre a atuação da administração municipal. O presidente não hesitou em afirmar que os cinco anos do prefeito Edvaldo Nogueira (PCdoB) marcaram a história da capital sergipana.
Sobre a derrota da candidata a deputada estadual, Tânia Soares, Halisson enfatizou que, apesar da perda eleitoral, Tânia obteve uma votação expressiva, ficando entre as 24 mais votadas, e sem dúvidas, o partido demonstrou uma grande evolução.

Além disso, o presidente relembrou o resultado de uma pesquisa divulgado esta semana, em que a população Aracaju tende a optar por uma candidata mulher - e Tânia Soares, a presidente estadual do PCdoB-SE e atual secretária de governo, foi uma das citadas.

Como já foi decidido na última reunião do comitê estadual do PCdoB, o partido lançará candidatura própria para concorrer à Prefeitura de Aracaju. “Com certeza, Tânia Soares é um dos nomes. Afinal, ela é uma liderança bastante consolidada”, ressaltou Hallison. Outro nome bastante cogitado, segundo presidente, é Jeferson Passos (PCdoB), secretário de Finanças de Aracaju.

Ainda durante a entrevista, Hallison declarou que a sociedade de Aracaju se surpreenderá em breve com novas consolidações do partido. Isso se explica devido a convites feitos a algumas lideranças importantes para a capital. (De Aracaju, Iana Queiroz )
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PT usará "mão-de-ferro" para garantir apoio ao PMDB
Em texto publicado neste domingo em sua página na internet, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, (www.ruifalcao.com.br) disse que o vai usar “mão de ferro” para garantir que partido priorize o PMDB nas eleições municipais de 2012. O objetivo é garantir a aliança nacional em 2014, “seja para a reeleição de Dilma ou com o lançamento de outra candidatura”.
Segundo Falcão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o vice-presidente, Michel Temer, vão comandar as articulações para a disputa pela prefeitura de São Paulo, onde o PT quer candidato próprio e PMDB deve lançar a candidatura de Gabriel Chalita.
No âmbito estadual, aliados históricos como PC do B e PSB ficarão em segundo plano. As prioridades a partir de agora serão o PMDB e o PR.
Em um texto duro, Falcão disse que se for preciso o PT poderá “asfixiar algumas candidaturas” próprias em benefício do PMDB .
As decisões finais sobre candidaturas e alianças no Estado serão centralizadas pelo conselho político do PT, composto por lideranças locais, prefeitos, líderes no Congresso e Lula, apelidado de “estado maior”.
O PT vai cobrar apoio do PMDB nas 64 cidades paulistas que governa atualmente e já admite abrir mão de candidaturas próprias em cidades importantes como Sorocaba e Campinas. Um levantamento será realizado para saber em quais cidades o PMDB tem candidatos competitivos.
A exceção será a cidade de São Paulo, onde os dois partidos devem ter candidatura própria e podem se aliar em um eventual segundo turno.
Segundo falcão, o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, é o nome preferido no PT para disputar a prefeitura mas já avisou à presidenta Dilma Rousseff que não sairá do governo. “Já a senadora marta Suplicy não conta com o apoio de boa parte da cúpula”, afirmou.
Ainda de acordo com o presidente do partido, “Lula está decidido que para derrotar o PSDB em São Paulo é necessário vencer na capital em 2012. Insiste, ainda, na candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, ainda que ele não tenha boa interlocução com os próprios petistas e seja criticado internamente pela falta de traquejo político. Para Lula, Haddad é palatável para a classe média paulistana, além de ser uma novidade numa eleição que pode ser marcada por personagens já desgastados perante o eleitor”. (Ricardo Garlhado - iG)
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Dilma anuncia medidas de estímulo à Agricultura Familiar
Brasília – Ao comentar o anúncio de um pacote de benefícios voltados para agricultores familiares, a presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (23) que cada centavo investido no setor se multiplica. Em seu programa semanal de rádio Café com a Presidenta, ela avaliou que a liberação de R$ 16 bilhões para financiar a próxima safra é resultado do diálogo permanente com os trabalhadores rurais.
Dilma explicou que para ter acesso ao financiamento pela primeira vez, é preciso procurar o sindicato rural ou a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) local. Caso o produtor já tenha feito algum empréstimo em safras anteriores, basta ir ao banco ou à cooperativa de crédito e solicitar novo financiamento.
O pacote de benefícios anunciado pelo governo inclui juros que variam de 0,5% a 2% e prevê ainda a criação de uma superintendência para habitação rural na Caixa Econômica Federal (CEF). “Não se pode exigir do trabalhador rural os mesmos documentos que se pede ao trabalhador urbano”, disse a presidenta.
Outra determinação trata da possibilidade de venda de alimentos para outros estados. De acordo com Dilma, a dificuldade existe em razão de uma fiscalização feita separadamente por estados, municípios e pelo próprio governo federal. A saída, segundo ela, é o aperfeiçoamento do Sistema Único de Atenção à Sanidade Animal (Suasa).
“Esse sistema não está funcionando ainda muito bem porque falta criar as normas que sejam comuns e respeitadas por todos esses governos. Nós demos prazo de 30 dias para que um grupo de trabalho elabore essas normas. Quando elas forem aprovadas, o Suasa passa a valer”, afirmou. (Paula Laboissière, da Agência Brasil)
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Para relator da reforma política, esquerda precisa de 'foco' para ter maioria
São Paulo – O relator da Comissão Especial da Reforma Política, deputado Henrique Fontana (PT-RS), declarou nesta quinta-feira (19) que a esquerda precisa de foco para buscar a maioria por meio do voto proporcional, modificando a estrutura atual ao qual ele considera "personalista e permeável". A afirmação foi feita durante seminário promovido pela CUT, em São Paulo.
O deputado, que disse considerar esta a "reforma das reformas", reiterou que o voto em lista fechada seria o método ideal para o sistema eleitoral por ter caráter de inclusão. "Não podemos entrar no debate e não ter a maioria. Sou apaixonado pelo voto em lista fechada e não tenho dúvidas dos benefícios que ele pode trazer", disse.
O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Marcus Ianuzi considerou que a lista fechada trará mais benefícios ao eleitor do que pontos desfavoráveis. "Lista fechada seria mais favorável ao eleitor por antecipar o eleitor a informação mais clara e ampliar a participação das mulheres na política [com voto distrital, em geral, elas seriam menos competitivas] e o financiamento público nas campanhas eleitorais", pontuou.
Porém, para Fontana, esse método enfrenta resistências principalmente da oposição, que prefere o voto distrital misto. "Não adianta fazer mil palestras defendendo a lista fechada se a discussão é outra", disse. "A esquerda e o campo popular tem que construir um projeto coletivo. Para nós é importante nos mobilizarmos para essa reforma. A direita e o conservadorismo não precisam disso porque é baseada em outros critérios", afirmou.
Para o ex-deputado Nilmário Miranda, presidente da Fundação Perseu Abramo, o voto proporcional significa pluralidade. Ele criticou o voto distrital. "O distrital inutiliza a maior parte dos votos. Dividir 70 distritos, como em São Paulo, pode não dar em nada e não eleger ninguém. É o avesso ao proporcional."
O presidente da CUT, Artur Henrique, que abriu o evento, declarou que a discussão enriquece também o setor do trabalho e sua democratização. "Assumimos a tarefa de colocar pontos muito além da agenda sindical, temos outra frente de luta. Começamos com a reforma tributária. Temos agenda grande", disse.
Na sexta-feira (27), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará de reunião com as centrais sindicais para discutir o tema. (Leticia Cruz, Rede Brasil Atual)
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Alckmin quer Serra à frente de instituto tucano para "unir o partido"
São Paulo – O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, defendeu publicamente a indicação de seu antecessor, José Serra, para o comando do Instituto Teotônio Vilela, ligado ao PSDB. A sugestão vinha sendo defendida em conversas de líderes tucanos e pode desagradar ao ex-senador Tasso Jereissati (CE), indicado para o posto desde o fim de seu mandato, em janeiro deste ano. O governador paulista acredita que a saída poderia unir o partido.
Alckmin afirma ter discutido a possibilidade com o próprio Serra na quarta-feira (16), quando ambos estiveram em Brasília. "Conversamos sobre isso... Acho Serra um ótimo nome, preparadíssimo, pode dar uma boa contribuição ao partido no Instituto Teotônio Vilela", recomendou. "O que nós vamos fazer é ajudar para unir o partido, para todos estarem representados", disse Alckmin a jornalistas após cerimônia no Palácio dos Bandeirantes nesta quinta-feira (19).
O instituto funciona como centro de estudos e de formação política no PSDB. A escolha da direção do órgão, bem como toda a executiva serão eleitos no próximo dia 28, data da convenção partidária. Atualmente, Luiz Paulo Vellozo Lucas, candidato derrotado na disputa para o governo do Espírito Santo em 2010, comanda o instituto. Ele deve retornar aos quadros do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), do qual é funcionário de carreira concursado.
A acomodação de Serra no instituto contornaria a divisão no PSDB para a definição da presidência da legenda. O senador Sérgio Guerra (PE), que ocupa o posto, é candidato à reeleição, mas Serra estava articulando junto aliados a possibilidade de chegar ao cargo.
Além das incertezas em relação aos rumos dos partidos de oposição – especialmente após o esvaziamento do DEM a partir da criação do PSD pelo prefeito de São Paulo Gilberto Kassab –, os tucanos assistem a divisões internas. Serra, Alckmin e o senador Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, são apontados como interessados em mudar o equilíbrio de forças na sigla, com vistas à candidatura à Presidência da República em 2014. (Brasil atual)
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Bahia: Lideranças ressaltam obra
Lideranças de todos os partidos fizeram questão de marcar presença no evento e destacarem a beatificação como algo que irá valorizar ainda mais as Obras Sociais. Secretários do governo Wagner, e da gestão João Henrique, além de presidentes de partidos e deputados estaduais e federais, assistiram à celebração.

O secretário Jorge Solla ressaltou o trabalho dos hospitais com gestão e sub-gestão das Obras Sociais. Segundo ele, o Hospital Santo Antonio, na Cidade Baixa, é o de maior atendimento na rede SUS no Norte e Nordeste.

O presidente do DEM, José Carlos Aleluia, reforçou que esse seria “um reconhecimento por parte do Vaticano de uma certeza que todos baianos já tinham: a santidade de Irmã Dulce”. Longe dos holofotes políticos, o presidente do PR baiano, César Borges, disse que conheceu e esteve muitas vezes com Irmã Dulce, que, segundo ele, “tinha a presença de Deus”.

Os deputados federais Nelson Pelegrino (PT) e Antonio Brito, que também preside o PTB, lembrou a luta pela continuidade das Obras de Irmã Dulce.

Apesar de longe do cenário de atuação política, a liderança do PSDB baiano, Jutahy Magalhães não refutou em falar das denúncias envolvendo o ministro da Casa Civil, Antonio Palloci. “É inadmissível a omissão dele e nenhuma palavra da presidente”, criticou, citando ainda que ele como advogado tem ciência “que não existe nenhuma cláusula de confidencialidade para patrimônio”, como alega Palloci, no caso de não dar esclarecimentos sobre a fortuna conquistada nos últimos anos. Juathy ainda exaltou a figura de Serra como alguém de muito prestígio e preparo para presidir o Instituto do PSDB. (Lilian Machado - TB)
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Dilma e Wagner celebram beatificação
A cerimônia de beatificação de Irmã Dulce, que mobilizou milhares de fiéis católicos a renderem homenagens à história da freira, também levou ao Parque de Exposições muitos políticos e autoridades.

A presidente Dilma Rousseff, (PT) que há quase dois anos visitou em Salvador as Obras Sociais Irmã Dulce, quando veio agradecer a cura do câncer, ontem celebrou na companhia do governador Jaques Wagner (PT), da primeira- dama, Fátima Mendonça, e do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), o reconhecimento da Igreja à obra de fé do “Anjo Bom da Bahia”.

Acompanharam ainda a presidente, durante o rito, os seus auxiliares, os ministros do Desenvolvimento
Agrário, Afonso Florence, da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, e da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o prefeito de Salvador, João Henrique (PP). A presidente e o governador apenas assistiram à celebração e saíram do local sem falar com a imprensa. A assessoria do governo justificou como impedimento, a ventania e a forte chuva que voltou a cair no final do evento.

A chefe executiva que chegou ao Parque acompanhada pelo governador, antes de seguir para ala vip reservada próximo ao altar, cumprimentou fiéis e conheceu Claudia Araújo, primeira
pessoa a receber o milagre de Irmã Dulce. A despeito dos rumores negativos referentes à sua relação com o ministro das Cidades, Mário Negromonte (PP), a presidente sinalizou entendimento. O ministro foi a primeira autoridade a ser cumprimentada por ela. Depois, todos seguiram discretamente para o local reservado.

O
evento, além de reunir aliados de Dilma e Wagner, também trouxe à Bahia o principal adversário do PT no cenário nacional, nas últimas eleições presidenciais, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), que ficou em um local de visão menos privilegiada. O ex-presidenciável permaneceu ao lado de lideranças tucanas na Bahia, os deputados federais Jutahy Magalhães e Antonio Imbassahy e o presidente do PSDB baiano, Sérgio Passos.

Serra afastou qualquer iniciativa de abordagem sobre política com a imprensa, mas fez questão de ressaltar o legado deixado por Irmã Dulce. “Essa não é uma vitória de alguém e sim da solidariedade. Cinco em cada seis consultas médicas e três em cada dez cirurgias de Salvador são feitas nas Obras Sociais que a Irmã Dulce construiu, e isso já é um milagre”, enfatizou. (lilian Machado -TB)
Org.: Genaldo de Melo









Estratégias de manipulação

1- A estratégia da diversão

Elemento primordial do controle social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e da mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio contínuo de distracções e informações insignificantes.

A estratégia da diversão é igualmente indispensável para impedir o público de se interessar pelos conhecimentos essenciais, nos domínios da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética.

"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais" (extraído de
"Armas silenciosas para guerras tranquilas" )

2- Criar problemas, depois oferecer soluções

Este método também é denominado "problema-reacção-solução". Primeiro cria-se um problema, uma "situação" destinada a suscitar uma certa reacção do público, a fim de que seja ele próprio a exigir as medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Exemplo: deixar desenvolver-se a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público passe a reivindicar leis securitárias em detrimento da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos.

3- A estratégia do esbatimento

Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la progressivamente, de forma gradual, ao longo de 10 anos. Foi deste modo que condições sócio-económicas radicalmente novas foram impostas durante os anos 1980 e 1990. Desemprego maciço, precariedade, flexibilidade, deslocalizações, salários que já não asseguram um rendimento decente, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se houvessem sido aplicadas brutalmente.


4- A estratégia do diferimento

Outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa mas necessária", obtendo o acordo do público no presente para uma aplicação no futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque a dor não será sofrida de repente. A seguir, porque o público tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que "tudo irá melhor amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Finalmente, porque isto dá tempo ao público para se habituar à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.

Exemplo recente: a passagem ao Euro e a perda da soberania monetária e económica foram aceites pelos países europeus em 1994-95 para uma aplicação em 2001. Outro exemplo: os acordos multilaterais do FTAA (Free Trade Agreement of the Americas) que os EUA impuseram em 2001 aos países do continente americano ainda reticentes, concedendo uma aplicação diferida para 2005.

5- Dirigir-se ao público como se fossem crianças pequenas

A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. Exemplo típico: a campanha da TV francesa pela passagem ao Euro ("os dias euro"). Quanto mais se procura enganar o espectador, mais se adopta um tom infantilizante. Por que?

"Se se dirige a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reacção tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos". (cf.
"Armas silenciosas para guerra tranquilas" )

6- Apelar antes ao emocional do que à reflexão

Apelar ao emocional é uma técnica clássica para curtocircuitar a análise racional e, portanto, o sentido crítico dos indivíduos. Além disso, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para ali implantar ideias, desejos, medos, pulsões ou comportamentos...

7- Manter o público na ignorância e no disparate

Actuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão.

"A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores". (cf.
"Armas silenciosas para guerra tranquilas" )

8- Encorajar o público a comprazer-se na mediocridade

Encorajar o público a considerar "fixe" o facto de ser idiota, vulgar e inculto...

9- Substituir a revolta pela culpabilidade

Fazer crer ao indivíduo que ele é o único responsável pela sua infelicidade, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços. Assim, ao invés de se revoltar contra o sistema económico, o indivíduo se auto-desvaloriza e auto-culpabiliza, o que engendra um estado depressivo que tem como um dos efeitos a inibição da acção. E sem acção, não há revolução!...

10- Conhecer os indivíduos melhor do que eles se conhecem a si próprios

No decurso dos últimos 50 anos, os progressos fulgurantes da ciência cavaram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dirigentes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" chegou a um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema chegou a conhecer melhor o indivíduo médio do que este se conhece a si próprio. Isto significa que na maioria dos casos o sistema detém um maior controle e um maior poder sobre os indivíduos do que os próprios indivíduos.
por Sylvain Timsit
Pátria Latina

Obama nunca admitiria ao vivo, para o mundo, que...

Fatos de campo decidirão se os EUA realmente "valorizam a dignidade do vendedor de rua tunisiano, mais que o poder brutal do ditador". Comecemos então com um fato. Para o presidente Barack Obama dos EUA, a Arábia Saudita não fica no Oriente Médio. Talvez a Casa de Saud tenha deslocalizado os desertos e o petróleo para a Oceania, sem contar a ninguém. No discurso da 5ª-feira, do qual se extraiu a frase acima, e no qual, segundo o evangelho da Reuters, Obama "exporia uma nova estratégia dos EUA, dirigida a um mundo árabe cético", nem os céticos árabes, nem, aliás, o resto do mundo, absolutamente, ouviram as palavras fatídicas "Arábia" e "Saudita". Até Índia, Indonésia e Brasil foram mencionados.

Muito difícil explicar como os EUA, sempre segundo o evangelho da Reuters, planejam "modelar o resultado dos levantes populares", se começam por sequer pronunciar o nome da potência do Oriente Médio que está por trás da contrarrevolução que se ergue para esmagar a grande revolta árabe de 2011.

Obama tentou modelar o que os Clintonitas definem como "realismo ambicioso". Está mais para ficção ambiciosa. Ao insistir no conjunto de "princípios" dos EUA e ao tentar nada sutilmente monopolizar todo o campo moral – lançando ordenações sobre mudança de regime, de Muammar Gaddafi ("Já era!") a Bashar al-Assad da Síria ("Ou reforma ou Fora!"), Obama tentou reescrever a história, carimbando "Washington" no coração do impulso dos árabes pró-democracia. Talvez engane os norte-americanos. Não enganou a rua árabe.

Foram precisos três meses para Obama conseguir afinal se pronunciar sobre a dinastia al-Khalifa no Bahrain – e ainda não falou do chefe de todos, a Arábia Saudita. Deixou os ditadores do Bahrain escapar do anzol, com luva de veludo oferecida pelo Departamento de Estado, ao mesmo tempo em que se deslocou na direção de um script aprovado por Riad/Telavive, culpando o Irã, mal-mãe-de-todos-os-males: "Constatamos que o Irã tentou tirar vantagem do torvelinho na região, e que o governo do Bahrain tem interesse legítimo no império da lei. Mesmo assim, temos insistido publicamente e privadamente que as prisões em massa e o uso da força bruta conflitam com os direitos universais dos cidadãos do Bahrain, e não são meio legítimo para impedir as reformas."

É ainda mais orweliano que qualquer simples "força bruta": é a Universidade do Bahrain, por exemplo, obrigando os alunos a assinar juramento de obediência ao governo em que prometem não desafiar a monarquia, sob pena de expulsão.

Para encurtar, eis a versão concisa da Nova Política de Obama para o Oriente Médio. Apoiamos os "nossos" filhos da puta (ditadores) que sejam sofisticados o bastante para espancar, prender e matar seus próprios cidadãos sem ultrapassar o degrau mais baixo das centenas (caso do Bahrain). Nos incomodamos ‘só um pouquinho’ com os "nossos" colaboradores na guerra ao terror que espancam, prendem e matam cruelmente o próprio povo, sem sair do padrão "poucas centenas" de vítimas (Iêmen). Estamos fortemente inclinados a reduzir muito nosso apoio a ditadores pouco confiáveis, aliados ao Irã, que espancam, prendem e matam seu próprio povo à escala de "muitas centenas" (Síria).

Declaramos guerra –usando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) como se fosse braço armado da ONU– contra ditadores encharcados em petróleo e nada confiáveis que espancam, prendem e matam o próprio povo em números pressupostos de milhares (Líbia). E não diremos palavra, mudez total, sobre os "nossos" filhos da puta e monarcas que impedem preventivamente que se ouça qualquer protesto democrático (Jordânia, Marrocos, Arábia Saudita) ou invadem territórios próximos para massacrar qualquer protesto pacífico (Arábia Saudita).

‘Solução final’ ou morte!

Sobre a questão absolutamente central para todo o mundo árabe, Obama fez como se manifestasse prudência e equilíbrio e apoiasse uma solução de dois estados para Israel/Palestina, nas fronteiras de 1967, "com fronteiras permanentes entre a Palestina e Israel, Jordânia e Egito, e fronteiras permanentes entre Israel e a Palestina". É o cutucão mãe de todos os cutucões, fingindo que assim poria fim a todos os cutucões: nenhum governo israelense jamais aceitará tal ideia –nem que, como Obama sugeriu-, ganhe o direito de decidir que percentagem quer conservar, das terras palestinas que roubou.

Israel jamais definiu as próprias fronteiras. Desde 1948 –de fato, desde antes–, os sionistas sonham com uma "Grande Israel" do Nilo ao Eufrates. Como o Eufrates não estava e hoje está ainda muito menos à venda, os sionistas optaram por ocupar toda a Palestina do Mandato britânico. Esse é o significado (sempre ocultado) de o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu insistir em que os palestinos reconheçam Israel como "o estado judeu" [expressão que Obama, sim, usou no discurso, reconhecendo, portanto, o próprio
Obama, o "estado judeu" dos sonhos sionistas (NTs)].

Se os palestinos reconhecerem algum "estado judeu", 1,5 milhão de palestinos –que já são subcidadãos em Israel– ficariam instantaneamente sem nação e seriam expulsos em massa para o bantustão palestino, configurado como "solução final" para o "problema demográfico" dos sionistas.

O conjunto de condições que os palestinos teriam de aceitar foi como Obama repetir um press release emitido em Telavive: contra a unificação dos partidos Hamas e Fatah; e contra o plano de os palestinos requerem que a Assembleia Geral da ONU, em setembro, reconheça o estado palestino. Nem um pio sobre a expansão das colônias já construídas em territórios ocupados da Cisjordânia; apenas uma solicitação a Israel para que cesse "atividades de assentamento" (o que é isso?! Será primo da "atividade militar cinética"?) Não surpreende que a imprensa em Israel esteja festejando o discurso como vitória de Netanyahu.

E quando Obama disse que "adiamentos sem fim não farão desaparecer o problema", aí, errou completamente. Adiamentos sem fim estão, sim, fazendo desaparecer o problema, estão fazendo a limpeza étnica do problema. Exatamente porque sempre usaram a tática dos "adiamentos sem fim" é que todos os governos israelenses jamais pararam de construir nos territórios ocupados, até cercarem completamente Jerusalém Leste, ao mesmo tempo em que, sem parar um dia, usaram uma estratégia de "dividir para governar" (jogando o Fatah contra o Hamás) para debilitar o moral e a resistência dos palestinos.

Nenhuma retórica de florilégio consegue ocultar o fato de que se tratou, só e sempre, de "proteger" Israel (mencionada 28 vezes no discurso). Quem queira ainda mais provas, espere o fim de semana, quando Obama falará na Conferência Anual do American Israel Public Affairs Committee, AIPAC [Comitê EUA-Israel de Assuntos Públicos]; e depois, na 2ª-feira, quando Netanyahu falará àquele parlatório deslocalizado de Telavive conhecido como Congresso dos EUA.

Por hora, a rua árabe esbraveja que Obama estragou tudo, de vez. E Israel, furiosa, disse que não, não, não, nenhuma concessão, em nenhum caso.

A culpa é do "crescente xiita"

Obama e sua retórica escorregadia jamais poriam em risco o pacto de trocar petróleo-por-segurança que liga os EUA aos sauditas e ambos ao diabo. (O lado preferido do diabo ainda é tema a ser debatido). Sobretudo quando a Casa de Saud –e os fabricantes norte-americanos de armas– lambem os beiços, antegozando um negócio monstro de $60 bilhões, que envolve dúzias de jatos de combate F-15, que hão de derrotar a "ameaça existencial" chamada Irã. (Epa! Mas não é o que Israel repete, à guisa de explicação para o que faz? Ora... EUA, Israel... É tudo a mesma coisa.)

Obama nunca, em nenhum caso, admitiria ao vivo, para o mundo, que está em curso uma contrarrevolução na qual se reúnem EUA, Arábia Saudita e Israel, ativos desde o final de fevereiro, para esmagar a grande revolta árabe de 2011 – como Asia Times Online noticia desde o início.

Obama em nenhum caso admitiria que a arma de escolha dessa contrarrevolução é o chamado "antixiismo" – contra os xiitas persas no Irã, tanto quanto contra os xiitas árabes no Bahrain, na Arábia Saudita, no Iraque, no Líbano, em Omã e na Síria. Epa! Em sentido trágico, mas previsível, aí está uma estratégia típica da al-Qaeda!

Obama em nenhum caso admitiria que a ideia do "crescente xiita" –invenção do rei Abdullah II, rei-de-Playstation da Jordânia, em 2004– foi desengavetada, deram-lhe uma espanada para tirar o pó, e está sendo usada, esperam eles todos, com mais sucesso.

Obama em nenhum caso admitiria que a obsessão demente de Washington contra o Irã – demência à qual Israel acrescenta combustível e assopra – já pode ser vista hoje, graficamente exposta, como preconceito sectário de EUA/Sauditas/Israel contra o xiismo. (E que consagração para os xiitas, serem discriminados, simultaneamente, pelos preconceitos religiosos de cristãos/judeus/wahabitas, unidos todos numa só "coalizão de vontades"!)

Obama em nenhum caso admitiria que –como observou Joseph Massad, professor de política árabe em Columbia (um dos raros comentaristas que viu a identidade)– "a repressão violenta apoiada pelos EUA no Bahrain, na Arábia Saudita, em Omã, no Iêmen, na Jordânia, no Marrocos, na Argélia e nos Emirados Árabes Unidos anda de mãos dadas com a intervenção por EUA-UE-Qatar na Líbia. Em todos os casos, trata-se de salvaguardar os poços de petróleo para as empresas do ocidente, depois de haver novos governos nos países em que os cidadãos levantaram-se e exigiram democracia."

Obama em nenhum caso admitiria que a luta em curso, da qual depende a definição dos tempos que vivemos, trava-se entre a grande revolta árabe de 2011, conduzida nas ruas pelas multidões, e a contrarrevolução comandada por EUA/Arábia Saudita/Israel.

As classes do diz-que-disse em Washington apelidaram o discurso de "Cairo II" – atualização do discurso original, em 2009, para "vender" democracia ao mundo árabe. Washington comprou o discurso: encontrou baratinho, em banca de saldão.

Cairo, isso sim, teria muito mais a dizer sobre democracia no mundo árabe, que a retórica de Obama em versão "Yes-vocês-podem-acreditar-se-se-esforçarem".

Temos de esperar que o Cairo e o resto do Egito consigam eleger governo soberano e independente. Se acontecer, então, sim, começará a revolução árabe real. Agora, somos todos egípcios.

Pepe Escobar
Global Research / Asia Times Online
 

Reforma política: a democratização do poder

Nos próximos meses serão coletadas assinaturas para que as propostas de uma iniciativa popular de reforma política sejam levadas ao Congresso e tramitem como projeto de lei. José Antônio Moroni, da Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma do Sistema Políitco, apresenta a inciativa e discute suas perspectivas.

LE MONDE DIPLOMATIQUE BRASIL – Qual o conceito de reforma política trabalhado pela Plataforma dos Movimentos Sociais?

JOSÉ ANTÔNIO MORONI – A plataforma nasce em 2004/2005, diante do desconforto de várias organizações, redes e movimentos da sociedade civil com o que estava sendo apresentado como proposta de reforma política. O entendimento apresentado pela imprensa e pelos partidos era que a reforma política é igual à reforma do processo eleitoral, das normas eleitorais. Esse conceito, além de reduzir a complexidade do tema a um dos aspectos, acaba trazendo outra consequência: os sujeitos reconhecidos para interferir no debate seriam apenas os parlamentares e os partidos. A sociedade ficaria de fora.
Ora, a questão da forma de fazer política e exercer o poder e seus mecanismos é um debate no qual a sociedade tem todo o direito de participar e decidir. Afinal, todo o poder, inclusive o da representação, é uma delegação da sociedade. Com isso, elaboramos o conceito de reforma do sistema político que coloca no centro do debate não apenas o processo eleitoral e a representação, mas também o poder, suas formas de exercício e controle, e principalmente o debate sobre quem tem o poder de exercer o poder.
Assim, estruturamos a plataforma em cinco grandes eixos: fortalecimento da democracia direta; fortalecimento da democracia participativa/deliberativa; aperfeiçoamento da democracia representativa; democratização da informação e comunicação; e transparência e democratização do Judiciário.

DIPLOMATIQUE – Quais são as estratégias da plataforma para alcançar uma reforma com essa amplitude?

MORONI – Sempre tivemos duas estratégias básicas: uma de diálogo e debate na sociedade, e outra de atuar na institucionalidade. Atuar na institucionalidade é promover o diálogo e a pressão para que o Parlamento abra espaço à participação da sociedade civil e vote uma reforma que atenda aos interesses da sociedade e não fique apenas nas regras eleitorais. Para isso fomos cofundadores, em 2007, da Frente Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular e participamos ativamente de todo o debate no Parlamento. Da mesma forma, como em 2007, participamos na elaboração da proposta do Executivo, e em 2010 cobramos do Judiciário e do Ministério Público o respeito à lei que obrigava os partidos a terem 30%, no mínimo, de mulheres como candidatas. Infelizmente os partidos descumpriram a lei e o Judiciário não fez nada.
No debate com a sociedade, que é a nossa principal estratégia, atuamos no sentido da construção dessa pauta nas organizações e na própria sociedade, fazemos mobilizações, elaboramos propostas consensuais em processos amplos e democráticos, elaboramos materiais (cartilhas, programas de rádio, vídeo etc.). Essas duas estratégias se articulam, pois não adianta ficar só dialogando com a institucionalidade sem ter a participação ampla da sociedade e vice-versa.

DIPLOMATIQUE – Como está sendo o processo de construção da iniciativa popular para a reforma do sistema político?

MORONI – A plataforma discute com o MCCE [Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral], que articulou duas iniciativas populares, contra a compra de votos e o ficha limpa, desde 2008. Chegamos num consenso que, após o ficha limpa (que é um dos elementos da reforma), a reforma do sistema político deveria ser submetida ao Congresso por iniciativa popular. Estamos discutindo há mais de três anos a estratégia (iniciativa popular) e o conteúdo. No final de março apresentamos um texto consulta para recebermos sugestões e críticas. Agora estamos concluindo a sistematização das sugestões recebidas para ver como as incorporamos, ou não, na proposta. Vamos dar retorno a todas as pessoas que colaboraram com este processo. No começo de junho vamos dar início à coleta de assinaturas. Vale lembrar que todo esse processo está sendo discutido com muitas organizações e movimentos, e isso demora, porque é necessário respeitar o tempo de cada organização.

DIPLOMATIQUE – Você pode fazer uma breve apresentação das propostas contidas no texto base?

MORONI – Primeiro, um lembrete: a iniciativa popular não pode apresentar mudanças constitucionais. Isso limitou as nossas propostas, por exemplo, para a possibilidade de revogação de mandatos pela própria população, que é uma ideia que apoiamos.
Optamos por apresentar na iniciativa dois eixos da plataforma: a democracia direta e a democracia. Escolhemos deixar de fora a democracia participativa/deliberativa porque essa é uma agenda mais voltada ao diálogo com o Executivo e menos com o Parlamento. Nesta área não precisamos, no momento, de mudanças legislativas, mas sim de tornar os instrumentos que temos (conselhos, conferências, audiências publicas, ouvidorias etc.) espaços de partilha de poder. Isso não se faz apenas por mudanças legislativas, e sim pela prática política democrática. Na questão da democratização da informação e da comunicação, e na questão do Judiciário, ainda estamos discutindo qual a melhor estratégia a ser usada.
Com esse recorte, estruturamos a iniciativa popular em quatro eixos: fortalecimento da democracia direta; democratização e fortalecimento dos partidos políticos; reforma do sistema eleitoral; e controle social do processo eleitoral.

DIPLOMATIQUE – Você poderia detalhar melhor o que significa cada um desses eixos?

MORONI – No que diz respeito à democracia direta, trabalhamos com a seguinte concepção: quando escolhemos nossos parlamentares não estamos passando uma procuração em branco. Portanto, trabalhamos com a ideia que a representação tem limites. Hoje não tem. Elencamos um conjunto de temas que a representação não pode decidir. Isso é uma mudança enorme na ideia do poder total à representação. E nós já temos os instrumentos de democracia direta para fazer isso, que são o plebiscito e o referendo. Acontece que a Lei 9.709/98, que regulamentou esses mecanismos, limitou o seu uso. Por isso, elaboramos uma nova normatização. Outra questão é a simplificação para o processo da iniciativa popular, que hoje é complexo e oneroso: por exemplo, permitir o uso da urna eletrônica e da assinatura pela internet. Atualmente, só pode ser em papel impresso e com o título de eleitor. Precisamos coletar 1,5 milhão de assinaturas e, quando o projeto chega ao Parlamento, ele tem o mesmo rito que qualquer outra proposta apresentada por um parlamentar. Propomos que a iniciativa popular tenha uma tramitação própria e que seja votada em caráter de urgência. Defendemos também que plebiscitos e referendos possam ser convocados por iniciativa popular; e não como é hoje, quando apenas o Parlamento pode convocá-los. Outro ponto são as cláusulas pétreas e os direitos fundamentais não poderem ser objeto de plebiscitos e referendos. Defendemos ainda que a sociedade tenha participação nas campanhas dos plebiscitos e referendos, e que estes não possam ter financiamento privado em suas campanhas. Defendemos a proibição, na iniciativa popular, de qualquer recurso público ou de empresas, e que seja apresentada uma prestação de contas de todo o processo de elaboração da iniciativa popular.

DIPLOMATIQUE – E a questão dos partidos?

MORONI – Para qualquer proposta de mudança no processo eleitoral, precisamos discutir os partidos. Por isso, colocamos um conjunto de propostas que buscam democratizá-los e fortalecê-los. Sem isso não teremos grandes mudanças na representação. Defendemos que, nos partidos, o poder esteja nos filiados e não na direção, e que as coligações sejam aprovadas pelos filiados com quórum mínimo de 30%. Propomos ainda que os partidos só possam ser financiados com recursos do fundo partidário e dos filiados –empresas não podem financiar partidos–, e que a prestação de contas periódicas e sistemáticas seja obrigatória.

DIPLOMATIQUE – Quais são as propostas para as eleições?

MORONI – Um primeiro ponto é o financiamento democrático. O que temos hoje é uma forma de financiamento que mescla público e privado, que acaba sendo público, porque quando uma empresa contribui com uma campanha, ela coloca esse custo nos produtos que nós adquirimos, portanto, estamos pagando. Quando não acrescenta o valor nos serviços que presta ao Estado, o que é uma forma de corrupção. Desse processo vem o chamado "caixa dois". Além disso, esse sistema de financiamento é fonte de desigualdades na disputa. Quem está no poder ou tem maior possibilidade de chegar sempre terá mais recursos que os demais, reproduzindo e aumentando as desigualdades presentes na sociedade. Por isso, chamamos de financiamento democrático o financiamento público exclusivo, pois somente ele possibilita uma igualdade maior nas disputas eleitorais.
Outra questão é a lista transparente. O atual sistema de escolha de candidato é o menos transparente, pois você vota num e acaba elegendo outro, e personaliza a política, enfraquecendo os partidos. Com a lista, elaborada de forma democrática pelos partidos, isso acaba. Mas, para isso, quem deve definir a ordem da lista são todos os filiados do partido e não sua cúpula. Outro argumento fundamental para nós é que somente pela lista transparente podemos criar mecanismos que diminuam a sub-representação de vários segmentos, entre eles as mulheres. Um país que tem apenas 8% de mulheres na Câmara dos Deputados não é democrático. Assim, defendemos que, na lista, seja respeitada a alternância de sexo. Mas não só as mulheres são sub-representadas, também os indígenas, a população negra e LGBT, os jovens, as pessoas com deficiência, a população rural etc. Nesse caso, defendemos que os partidos adotem mecanismos para incluir tais segmentos na lista, deixando público quais foram os critérios usados. Outra questão importante é não favorecer quem já é parlamentar. Defendemos também o fim das votações secretas, do foro privilegiado, da imunidade parlamentar, a fidelidade partidária e programática, que partidos com comissão provisória não possam lançar candidatos etc. Outro ponto importante da nossa proposta é a obrigação de cumprir o mandato. Isto é, se foi eleito deputado federal, não pode assumir algum cargo no Executivo e continuar a ser parlamentar. Vai ter que renunciar. Isso vale também para quem é parlamentar e disputa eleição para prefeito, por exemplo.
No que diz respeito à Justiça Eleitoral, apresentamos um conjunto de propostas com vista à sua democratização. Basicamente, é incluir a representação da sociedade civil no processo eleitoral e na sua fiscalização. Todas as propostas podem ser acessadas no site www.reformapolitica.org.br.

DIPLOMATIQUE – A aplicação dessas alterações no sistema político brasileiro poderia mudar o país? Em qual sentido? Por exemplo, é possível afirmar que, em consequência disso, a educação ou a saúde vai melhorar?

MORONI – Com certeza esse conjunto de propostas melhora a forma de fazer e pensar a política, assim como o próprio exercício do poder e o seu controle. Teremos no Parlamento, por exemplo, representantes de todos os segmentos defendendo seus legítimos interesses e de forma pública, republicana e transparente. Teremos uma mudança, em médio prazo, na cultura política. Isso é fundamental. Com o sistema proposto, a população poderá cobrar e acompanhar mais os seus representantes, e cobrar dos partidos coerência nas suas promessas de campanha e no seu modo de agir. Com isso, se saúde e educação são prioridades na sociedade, deverão ser também para os partidos e governo.

DIPLOMATIQUE – Por outro lado, quais grupos sociais saem perdendo com (e por isso farão de tudo para impedir) essa reforma política?

MORONI – No longo prazo, penso que toda a sociedade sai ganhando. De imediato, quem perde com essas mudanças são os oportunistas, as oligarquias, tanto urbanas como rurais, o poder econômico, os que fazem da política instrumento de riqueza e fonte de impunidade e, principalmente, quem financia a política para depois ter favores do Estado. Basta ver quem está contra essa nova forma de fazer política e quais interesses estão sendo contrariados.

DIPLOMATIQUE – De que modo os partidos políticos têm recebido essas propostas?

MORONI – Se em outros temas é difícil falar em posição partidária, neste, então, é mais complexo. Nas tentativas de votação que já tivemos, da reforma política no seu aspecto eleitoral, percebemos que uma coisa é dialogar com os partidos via suas instâncias, outra é dialogar com as lideranças partidárias no Parlamento, e outra ainda é conversar com os parlamentares. Na maioria das vezes, esses três grupos têm propostas diferentes, e aí reside uma grande dificuldade da sociedade, pois não há um interlocutor capaz de negociar uma proposta. Esse quadro vem mudando, e muito. Temos uma ótima recepção dos partidos e também de vários parlamentares às nossas propostas. Se é a maioria, é difícil dizer, pois ainda há muitos formando posição. A plataforma se reúne periodicamente com fundações partidárias de sete partidos, construímos consenso em várias propostas e as fundações dialogam com as instâncias partidárias. Queremos que a Frente Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular também faça esse trabalho com os partidos.

DIPLOMATIQUE – E o governo federal apóia a iniciativa popular para a reforma do sistema político ou você acredita que essa não é uma prioridade do Executivo?

MORONI – Tanto o governo Fernando Henrique (sim, esse tema vem de longe) quanto o governo Lula não se envolveram no tema da forma como deveriam. Argumentavam, de forma equivocada, que esse era um tema do Legislativo. Não é, é de toda a sociedade e de toda a institucionalidade. Portanto, o Executivo não tem o direito de esconder a sua posição. O governo Lula mandou uma proposta de reforma eleitoral para o Congresso, em 2007, que tem certa semelhança com a nossa. O governo Dilma ainda não se posicionou, o que eu acho uma omissão. O Executivo precisa dizer para a sociedade o que ele defende num tema tão fundamental para a democracia. Penso também que a reforma política (seja ela qual for) só será votada no Congresso se tiver pressão da sociedade, e o Executivo articulando um processo de negociação. Sem isso, por si só, não acredito que o Parlamento consiga chegar num consenso majoritário. Acho que caminhamos nessa direção, a sociedade pressionando (a iniciativa popular ajuda, e muito, nessa pressão) e o Executivo articulando a negociação. Eu leio que a entrada do Lula como esse elemento negociador tem o aval do governo. Não acho que o PT faria isso sem ter o apoio da presidenta. Portanto, estamos caminhando na direção certa. Outro aspecto é que os partidos de oposição também precisam definir o que eles defendem, sem isso fica difícil um processo de negociação.

DIPLOMATIQUE – Quais as chances dessas propostas serem aprovadas até o final deste ano?

MORONI – Esse é um grande desafio, mas acredito que nunca estivemos tão perto de conseguir a aprovação de uma reforma política que aponte para uma mudança estrutural do poder no Brasil. Porém, para isso, os partidos devem acelerar a sua tomada de posição, e a sociedade precisa pressionar mais.

DIPLOMATIQUE – Como a população pode participar desse processo?

MORONI – A plataforma tem realizado reuniões e encontros nos estados, quando são discutidas com a sociedade as nossas propostas, e recebemos sugestões. Tudo isso é sistematizado e vira instrumento de debate na plataforma. Foi essa metodologia que usamos na construção da plataforma, assim como na iniciativa popular. Produzimos materiais cujo acesso está ao alcance de todo cidadão, para organizar debates e nos encaminhar suas contribuições. Lançamos, no final de março, programas de rádio que são ótimos instrumentos para provocar o debate, e agora começamos a produzir vídeos e mais cartilhas. Tudo isso com muita dificuldade financeira, porque nos sustentamos com contribuições das organizações. Todos os nossos materiais podem ser acessados no site www.reformapolitica.org.br.

Por Luís Brasilino
Do Le Monde Diplomatique Brasil
Edição de maio