segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Brasil, impasse e urgências

Eduardo Bomfim -Vermelho


É cada vez mais grave o diagnóstico da crise mundial capitalista que atinge em cheio os Países do centro do sistema enquanto as nações que compõem os chamados BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e recentemente a África do Sul, conseguem resistir ao terremoto financeiro e persistem em índices razoáveis ou altos de crescimento.


No entanto os Estados Unidos procuram manter a sua hegemonia unipolar, em profundo declínio econômico, através de uma louca política de agressões militares e chantagens procurando a ocupação de espaços geopolíticos no Oriente Médio e Ásia, avançando sobre as riquezas petrolíferas, circundando militarmente a Rússia, a China e buscando intimidar os demais emergentes, Brasil, Índia e África do Sul.


O Brasil detém a maior reserva florestal do mundo, 12% da água doce do planeta e minerais estratégicos. Deve se transformar em um dos maiores produtores de petróleo, além da possibilidade de ser o celeiro de alimentos da Terra por suas extensões agricultáveis e dimensão continental.


Portanto não é sem motivos que o País vem sofrendo um assédio moral de forte impacto, dirigido pelo complexo multimidiático sob a hegemonia norte-americana cuja intenção é provocar a anemia nacional e a fragmentação da unidade popular.


Assim é que ressuscita no País, com retoques superficiais, a teoria malthusiana, inspiração e justificativa do velho colonialismo inglês para as suas políticas de superioridade racial e contenção do crescimento demográfico nas colônias com vistas à apropriação da natureza e usufruto dos alimentos pelas elites do império.


Com os mesmos objetivos difundem a misantropia, a antropofobia, como base para um ambientalismo santuarista, fundamentalista, cuja intenção é impedir o desenvolvimento nacional a exemplo da bilionária campanha pop star, contrária à edificação da hidrelétrica de Belo Monte.


O Brasil vê-se em crescimento econômico, incorporando dezenas de milhões de pessoas ao mercado de trabalho em um mundo em crise galopante, mas fragilizado como projeto nacional estratégico.


Conflitado entre o seu dialético contínuo ascendente de civilização rica e singular ou a tentativa de brutal aculturação por uma agenda ideológica e cultural global típica da "nova ordem mundial" comum aos Países hegemonizados. Um impasse que impõe a urgência de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento como alternativa econômica e de Nação.

A estratégia chinesa para combater a pobreza

Por Marcelo Justo - Opera Mundi


Apenas duas semanas após declarar que a pobreza rural havia diminuído em mais de 94 milhões de pessoas em uma década, o governo chinês acrescentou, num canetaço, 100 milhões de pobres às suas próprias estatísticas. Modificando a definição do limite de pobreza que passaram de 1274 yuans anuais (menos de meio dólar por dia) para 3165 yuans (quase um dólar) o governo quadruplicou as cifras de pobres no campo - onde reside a metade da população - estimada no ano passado em 27 milhões de pessoas.


Esta singular modificação das estatísticas oficiais forma parte da estratégia do presidente Hu Jintao, que prometeu nesta terça-feira que em 2020 estariam garantidas “a educação, a atenção sanitária e a moradia” de toda a população. Graças a esta mudança na medição, os novos pobres terão acesso aos 27 bilhões de yuans que o governo destinará para combater a pobreza com programas de capacitação, créditos suaves, empregos e em investimentos em infraestrutura.

Após os festejos com que foram anunciados, em meados de novembro, os êxitos da última década, o governo se deteve em uma reflexão mais sóbria sobre o verdadeiro estado das coisas. Se há duas semanas a agência oficial Xinhua citava uma declaração na qual o governo se vangloriava de haver resgatado da pobreza uma população equivalente a “toda a França”, agora a mesma agência reconhece que, com sua nova medição, a China está ficando “dentro do padrão internacional mais aceitado”, um dólar diário, o que não é nenhuma maravilha.


Esta nova medição reflete muito melhor a desigualdade que separa os centros urbanos dos rurais como se evidencia no crescimento do coeficiente Gini, que durante o “milagre chinês” passou de 0,28 em 1978 a 0,45 em 2000. A desigualdade se reflete não só nos ingressos – o salário urbano é hoje quatro vezes superior ao rural – mas também nos serviços. Pela noite, quando as cidades iluminam seus arranha-céus para competir com Nova Iorque, muitos povoados rurais penam sem luz elétrica sob um governo que chegou ao poder em 1949 pela mão de uma revolução camponesa.


A atual estratégia de redução da pobreza do presidente Hu Jintao tem dois eixos: um massivo investimento em infraestrutura na atrasada zona oeste do país e a reforma do sistema de saúde, educação e da previdencia. Um dos modelos de investimento massivo se encontra na região autônoma de Xinjiang, que o governo promove como uma zona especial, similar às que dinamizaram o “milagre chinês”, de Shanghai a Guandong, na costa leste.


Esta região, mais conhecida pelos enfrentamentos de 2009 entre a população Han (maioria étnica chinesa) e a uigur (minoria turco-muçulmana), tem fronteiras com oito países (da Índia e Paquistão à Rússia e o Cazaquistão) e está se convertendo em um centro sub-regional. Junto com este plano de desenvolvimentos provinciais, o governo planeja a universalização da cobertura médica para 2015 e da aposentadoria para 2020, como parte de um ambicioso projeto para que seu impressionante crescimento econômico dependa menos das exportações e mais do consumo doméstico.


A complexidade de um projeto desta amplitude choca com um dos pilares mais frágeis da estratégia de de Hu Jintao: a situação de aproximadamente 200 milhões de trabalhadores migrantes que não têm pleno acesso à saúde e à educação, porque estes serviços só são garantidos em seu lugar de residência original. A vontade política - e até ideológica - está presente.


Pouco depois de assumir como secretário geral do Partido Comunista em 2002, Hu Jintao surpreendeu com suas visitas a lugares históricos da revolução e sua capacidade de recitar de memória, pela televisão, textos básicos do marxismo e do maoísmo. A redefinição de pobreza e o lançamento de ambiciosos programas sociais para toda a década tentam projetar sua influência para além do próximo ano, quando o Partido Comunista elegerá seu novo secretário geral. Se ele irá conseguir, isso dependerá em grande medida do nome do sucessor e dos obstáculos que representa qualquer transformação que englobe simultaneamente um quinto da humanidade.

Campos e Ciro divergem no PSB mas se alinham contra o denuncismo

Para Eduardo Campos, presidente do PSB e governador e Pernambuco, política centrada em denúncias está 'mofada' e afasta população. 'Limpeza é no voto', diz. Já Ciro Gomes, ex-ministro de Lula, critica 'ética relativa': "Precisamos tomar cuidado em transferir chicote moral para certos grupos de mídia". PSB encerra Congresso com plano de avançar como força progressista.



André Barrocal - Carta Maior


BRASÍLIA – Os dois expoentes do Partido Socialista Brasileiro (PSB), quinto maior aliado parlamentar do governo Dilma Rousseff, divergiram em 2010 sobre ter ou não candidato próprio a presidente e, no XII Congresso da legenda, neste fim de semana, reafirmaram a diferença. Mas numa coisa o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e o ex-ministro Ciro Gomes estão de acordo: a onda de denúncias contra ministros estaria fazendo mal à política e ao país.


Para Campos, reeleito presidente do PSB, a opção dos adversários de Dilma – como já ocorria com o ex-presidente Lula – de priorizar o combate ao governo no campo ético despolitizaria o país. Ele expressara o ponto de vista em discurso na abertura do Congresso, sexta-feira (2) à noite, e repetiu neste sábado (3), em conversa com jornalistas.


“A pauta da política tradicional está mofada, não atrai mais a atenção das pessoas. As denúncias afastam as pessoas da política, e nós precisamos querer atraí-las”, disse o governador. “A limpeza que a sociedade tem de fazer na política é no voto.


”Apesar de ter uma visão crítica sobre certas condutas entre aliados de Dilma – para ele, o casamento PT-PMDB não tem bases muito republicanas -, Ciro apontou, na sexta-feira, ao chegar ao encontro do PSB, qual seria o grande problema da onda de denúncias: alimentar uma “ética relativa”.


“Nós precisamos tomar muito cuidado em transferir o chicote moral da nação para certos grupos de mídia, que faturam contra o governo e setores monopolistas algo ao redor de 1 bilhão de reais por ano”, afirmou o ex-governador do Ceará. “É só preciso ter cuidado com essa ética relativa".


Divergências


No Congresso do PSB, o próprio Ciro Gomes foi vítima de denúncias – com origem em correligionários. No auditório do Senado em que o encontro se realizou, um militante distribuía um jornal de quatro páginas com a manchete “Autoritarismo e golpe mancham a história do PSB no Ceará”, com ataques a Ciro e ao irmão dele, Cid Gomes, governador cearense.


Os dois irmãos foram hostilizados por grupos minoritários, quando tiveram os nomes anunciados no encontro. O motivo do descontentamento de parte do PSB cearense é a intenção da dupla de apoiar um candidato do PT à prefeitura de Fortaleza, em vez de lançar um quadro do partido.


O lançamento do máximo que conseguir de chapas próprias para disputar prefeituras em 2012 é o principal resultado do Congresso do PSB. O partido quer aproveitar que ser pró-Dilma dá Ibope para eleger quantos candidatos puder e, assim, chegar a 2014, ano da sucessão presidencial, mais encorpado. O que fazer com esse capital, porém, separa Eduardo Campos e Ciro Gomes.


Para o governador, o importante é o avanço de forças progressistas. “O PSB sai fortalecido do Congresso, isso ajuda a conceituar mais uma opção nesse campo”, disse Campos. “A dinâmica de crescimento do PSB faz bem à presidenta Dilma. E é bom que essa força política cresça. O PMDB é bom pela governança, mas não tem a identidade histórica que nós temos com esse projeto [Lula-Dilma].


”Já para o ex-ministro, a ampliação do PSB daria suporte a uma candidatura própria a presidente – a dele, de preferência – que rompesse a polarização PT-PSDB. “Quem inventou que o Brasil se divide entre o PT e o PSDB foram os tucanos e petistas de São Paulo. Isso não é real no Brasil”, afirmou. “Eu achava [em 2010], nem precisava que fosse eu, mas eu queria ser eu mesmo, que o partido devia ter candidato a presidente. Acho isso desde sempre e continuarei achando.”

Os fracassos de Heloisa Helena e Marina

Por Emir Sader


Duas candidaturas que poderiam levar à construção de forças alternativas no campo da esquerda fracassaram. Não pela votação que tiveram, mas justamente pela forma como a obtiveram, não puderam acumular forças para poder construir uma força própria. Erros similares levaram a desfechos semelhantes.


Lançaram-se como se fossem representantes de projetos alternativos, diante do que caracterizavam como abandono desse caminho por parte do PT e do governo Lula ou, no caso, especificamente da Marina, de não contemplar as questões ecológicas.


Ambas tiveram em comum, seja no primeiro turno, seja no segundo, a definição de uma equidistância entre Lula e Alckmin, no caso de HH, entre Dilma e Serra, no caso da Marina. Foi um elemento fundamental para que conquistassem as graças da direita – da velha mídia, em particular – e liquidassem qualquer possibilidade de construir uma alternativa no campo da esquerda. Era uma postura oportunista, no caso de HH, alegando que Lula era uma continuação direta de FHC; no caso da Marina, de que já não valeriam os termos de direita e esquerda.


O fracasso não esteve na votação – expressiva , nos dois casos – mas na incapacidade de dar continuidade à campanha com construção de forças minimamente coerentes. Para isso contribuiu o estilo individualista de ambas, mas o obstáculo politico fundamental foi outro – embora os dois tenham vinculações entre si: foi o oportunismo de não distinguir a direita como inimigo fundamental.


Imaginem o erro que significou acreditar que Lula e Alckmin eram iguais! Que havia que votar em branco, nulo ou abster-se! Imaginem o Brasil, na crise de 2008, dirigido por Alckmin e seu neoliberalismo! Imaginem o erro de acreditar que eram iguais Dilma e Serra! E, ao contrário de se diferenciar e denunciar Serra pelas posições obscurantistas sobre o aborto, ficar calada e ainda receber todo o caudal de votos advindos daí, que permitiu a Marina subir de 10 a 20 milhões de votos?


Não decifraram o enigma Lula e foram engolidas por ele. O sucesso efêmero das aparições privilegiadas na Globo as condenaram a inviabilizar-se como líderes de esquerda. Muito rapidamente desapareceram da mídia, conforme deixaram de ser funcionais para chegar ao segundo turno, juntando votos contra os candidatos do PT. E, pior, o caudal de votos que tinham arrecadado, em condições especiais, evaporou.


Plinio de Arruda Sampaio, a melhor figura do PSOL, teve 1% de votos. Ninguem ousa imaginar que Marina hoje teria uma mínima fração dos votos que teve.Ambas desapareceram do cenário politico. Ambas brigaram com os partidos pelos quais tinham sido candidatas. Nenhuma delas se transformou em líder política nacional. Nenhuma força alternativa no campo da esquerda foi construída pelas suas candidaturas.


Haveria um campo na esquerda para uma força mais radical do que o PT, mas isso suporia definir-se como uma força no campo da esquerda, aliando-se com o governo quando ha coincidência de posições e criticando-o, quando ha divergências.


O projeto politico do PSOL fracassou, assim como o projeto de construção de uma plataforma ecológica transversal – que nem no papel foi construída por Marina -, reduzindo-as a fenômenos eleitorais efêmeros. O campo político está constituído, é uma realidade incontornável, em que a direita e a esquerda ocupam seus eixos fundamentais. Quem quiser intervir nele tem de tomar esses elementos como constitutivos da luta política hoje.


Pode situar-se no campo da esquerda ou, se buscar subterfúgios, pode terminar somando-se ao campo da direita, ou ficar reduzido à intranscendência.

Educação, cultura e desenvolvimento

Selvino Heck
Assessor Especial da Secretaria Geral da Presidência da República
Adital


"...pois o tal ‘desenvolvimento’ atingido ainda aparta 80% da humanidade das condições mínimas devida na Cultura da Paz, com justiça ambiental e social”Carta aberta de educadores e educadoras por um mundo justo e feliz2ª Jornada Internacional de Educação ambientalRio+20 na transição para Sociedades sustentáveis).


"Desenvolvimento não é só crescimento econômico. É também social, ambiental, cultural”(Márcio Pochmann, abertura da 2ª Conferência do Desenvolvimento, novembro de 2011)."A educação é estratégica para as próximas gerações, em especial quando novos atores entram emcena no Brasil” (Márcio Pochmann, Ciclo de debates do Fórum Direitos e Cidadania, julho de 2011).


"A educação está hoje permeada pela idéia de ascensão social. Só a cultura pode quebrar essa idéia”.(Marilena Chauí, Ciclo de Debates do Fórum Direitos e Cidadania, setembro de 2011).
A partir das frases/citações acima, abri minha participação na Mesa de encerramento da 2ª Conferência do Desenvolvimento, promovida pelo IPEA – Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas -, com o título Educação, Cultura e Desenvolvimento, coordenada por Juana Nunes Pereira, Diretora de Projetos do Ministério da Cultura (MINC), promotor da Mesa, com participação do presidente do IPEA, Márcio Pochmann, da Secretária Nacional da Juventude, Severine de Macedo, pelo professor José Jorge da UNB e por Leandro da Costa Fialho, Coordenador Geral de Ações Educacionais Complementares do Ministério da Educação.


O Brasil está à beira de se tornar a 5ª economia do mundo, em meio à crise econômica dos países ricos ditos desenvolvidos, da ascensão dos BRICs – Brasil, Rússia, Índia e China. Ineditamente, a instabilidade à direita sacode a Europa e a estabilidade à esquerda acontece na América do Sul. A Mesa promovida pelo Ministério da Cultura não poderia ser mais oportuna.


A crise do projeto neoliberal de desenvolvimento neoliberal traz sofrimento para os pobres e trabalhadores, mas também coloca em xeque o modelo econômico implantado a partir da queda do Muro de Berlim e do socialismo real. O mercado não salvou os povos nem levou ao fim da história. Ao contrário, destruiu sociedades, levou ao desemprego, trouxe concentração de renda brutal, fez do mercado financeiro o centro da economia, implantou valores como o individualismo cego e sem fronteiras, o lucro como última fronteira do sentido de viver. Para que solidariedade, partilha, fazer coletivo, justiça social? Para que simplicidade, respeito à natureza, vida comunitária, Bem-viver?


Este mundo e seus valores estão ruindo. Mas o que colocar no lugar? Que tipo de economia? Quais relações sociais? Qual o papel da educação e da cultura num novo projeto de desenvolvimento? Qual a nova utopia, qual o horizonte, como tão bem diz Eduardo Galeano, a guiar e orientar corações e mentes?


As respostas estão surgindo aqui e ali. Certamente não estão na rotina de fazer o mesmo ou na educação tradicional. Como disse Leandro da Costa Fialho, do MEC, podem estar na integração entre a educação formal e a educação popular, por exemplo. "A educação popular, antes de se tornar lei, é uma prática social presente nos diversos movimentos da sociedade. Antes de se tornar direito adquirido, a educação popular é uma prática social e cultural. O papel da educação popular na transformação significa a criação de uma nova ordem. Ela não é, portanto, um assunto exclusivamente político e econômico. Implica também uma dimensão ética e cultural. A educação popular reconhece a vida cotidiana e a experiência como espaços de espaços de construção da nova hegemonia ou nova maioria. A educação popular valoriza a cultura popular como fonte de identidade e força de um projeto nacional popular” (Texto para debate "Educação popular como política pública”, da Rede de Educação Cidadã – RECID – www.recid.org.br).


Segundo Álvaro Garcia Linera, vice-presidente da Bolívia e considerado por muitos o mais importante latino-americano contemporâneo, "a reivindicação da educação como direito coletivo é fundamental. É um fato universal. Não é sindical ou reivindicatório. Os jovens chilenos que lutam pela educação, que o fazem também na Europa, estão lutando por um novo universo, por um novo entendimento do que é patrimônio de todos para serem humanos, para serem cidadãos, independentemente do território ou da condição econômica” (‘Não haverá nunca mais uma Bolívia sem índios’ – www.cartamaior.com.br).


A resposta pode estar na promoção de "valores e aspirações da sociedade em um olhar sistêmico que traga ao centro dos debates as dimensões humana, espiritual e cultural como base para a mudança de comportamento”, como diz o documento "Um Acordo para o Desenvolvimento Sustentável e a Conferência Rio+20”, recém lançado pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e Entidades Signatárias, "Contribuições para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20” (www.cdes.gov.br).


Diz mais o documento: "A educação é eixo prioritário e estruturante do desenvolvimento, vetor para libertar os potenciais de criatividade, inovação e de produção e, especialmente, elemento viabilizador da construção cultural para um novo padrão de convivência com o meio ambiente.” E propõe: "Incentivar a mobilização das redes sociais para o processo de mudança de cultura e de valores na transição para o novo padrão de produção e consumo e a economia verde inclusiva. Promover a participação da sociedade civil na governança do desenvolvimento, por meio do fortalecimento das organizações da sociedade, redes sociais e associações de diversos tipos; e da implantação e fortalecimento de mecanismos participativos e de escuta, como conselhos, audiências públicas, mesas de diálogo, ouvidorias, entre outros, em todas as esferas nacionais e multilaterais.”


Ou, talvez, como propõe a Carta aberta de educadores e educadoras por um mundo justo e feliz: "Precisamos aprender e exercitar outras formas de fazer políticas públicas a partir das comunidades, e exigir políticas estatais comprometidas com a qualidade de vida dos povos. Para tanto, faz-se urgente fortalecer os processos educadores comprometidos com a emancipação humana e a participação política na construção de sociedades sustentáveis, onde cada comunidade humana sinta-se comprometida, incluída e ativa no compartilhamento da abundância das riquezas e da Vida no nosso Planeta: Aprendizagem transformadora, Alfabetização ecológica, Educação popular ambiental, Eco-pedagogia, Educação Gaia, Educ-Ação sócio-ambiental. Mais que nunca apelamos por uma educação capaz de despertar admiração e respeito pela complexidade da sustentação da vida, tendo como utopia a construção de sociedades sustentáveis por meio da ética do cuidar, e de proteger a bio e a sociodiversidade” (www.tratadoeducacaoambiental.net).


O caminho está aberto. Mãos à obra.


Em dois de dezembro de dois mil e onze.

Globo, Estadão e Folha demitem

Por Altamiro Borges


Na semana passada, o sítio Meio & Mensagem revelou que a Editora Globo pretende reduzir em 30% o seu quadro de funcionários. Os cortes tiveram início já na segunda-feira (28), com demissões nas redações das revistas Época São Paulo, Globo Rural e Monet. Cerca de 300 profissionais devem perder o emprego até o final do ano, incluindo jornalistas, publicitários e funcionários administrativos.


Já na quinta-feira (1), o Portal Imprensa informou que o Estadão demitiu cerca de 20 jornalistas e decidiu extinguir vários dos seus históricos suplementos, com o “Agrícola” (1955) e o “Feminino” (1953). Esta seria a “primeira leva” dos dispensados. O diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour, afirmou que os cortes se devem à “transição de mídias e às receitas instáveis”.


Reestruturação e piora da qualidade


Pouco antes, no início de novembro, o Grupo Folha deu início ao corte de 10% do número dos seus funcionários com cerca de 40 demissões. “Editores, repórteres especiais e fotógrafos, alguns com mais de 20 de anos casa, estão entre os demitidos”, informou o Portal Imprensa. O caderno “Folhateen” e a sucursal da Agência Folha em Cuiabá foram fechados.


Para o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, a onda de demissões comprova a avareza dos monopólios midiáticos. “É mais uma manobra das empresas que descartam profissionais em troca de lucro e esquecem a qualidade jornalística dos seus veículos. Elas tratam os funcionários como meros números, numa equação financeira”, afirma Guto Camargo, presidente da entidade.


Descartado como bagaço


“Na verdade, os jornais trabalham com um número limitado de profissionais, que acumulam horas-extras excessivas, 'pescoções' intermináveis e multiplicidade de funções, como trabalhar para o impresso e também para o portal, enquanto o faturamento das empresas aumenta”, completa. Para ele, a tal “reestruturação” é uma desculpa esfarrapada dos ambiciosos empresários do setor.


O Sindicato dos Jornalistas estuda as vias jurídicas para atuar nos casos de demissões em massa nas redações da Folha, Globo e Estadão. Em todos os cortes, as empresas mostraram total desprezo pela categoria e nem sequer negociaram com a entidade de classe. Muitos jornalistas que vestiam a camisa da empresa, sendo mais realistas do que rei, foram descartados como bagaço.