sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Atitude digna e firme do PCdoB e Orlando Silva

Editorial do Vermelho

Depois de 12 dias de histérica e criminosa campanha de calúnias operada por forças reacionárias defensoras de interesses escusos e que teve por veículo a mídia golpista antidemocrática e antinacional, o ministro do Esporte, Orlando Silva, que também é membro destacado do Partido Comunista do Brasil e de sua direção nacional, entregou o cargo.

“Defenderei minha honra com mais ênfase”, disse sereno e firme Orlando Silva, com dignidade, em coletiva à imprensa ao deixar o gabinete presidencial, onde se reuniu com a mandatária Dilma Rousseff no final da tarde de quarta-feira (26). Demonstrando elevado nível de compreensão política, agregou: “Nosso Partido não pode ser instrumento de nenhum tipo de ataque ao governo, por isso o resultado da reunião é que a melhor solução é me afastar”.

O PCdoB sai política e ideologicamente fortalecido do episódio, com a consciência tranquila e a convicção reafirmada na inocência, honestidade e integridade de Orlando Silva. As acusações que lhe fizeram revelaram-se falsas. Foram formuladas por fonte desqualificada que se encontra nas barras da Justiça respondendo por diversos crimes. E amplificadas pelos meios de comunicação interessados em fabricar crises políticas e criar um ambiente de instabilidade no país.

A gestão de Orlando Silva e do PCdoB à frente do Ministério do Esporte elevou esta pasta a outra dimensão, obtendo assinalados êxitos políticos e administrativos. Pôs em marcha programas sociais na área do esporte, que se somam ao conjunto das políticas públicas iniciadas por Lula e que têm continuidade agora com a presidente Dilma, e trouxe para o país eventos de dimensões mundiais, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Ressalte-se ainda as políticas aplicadas e o sucesso que alcançaram tanto em termos de difusão massiva de práticas desportivas, quanto nos recordes alcançados pelo Brasil em competições e o aumento do número de nossos atletas com nível de desempenho internacional, como fica evidente no desempenho da delegação brasileira nos Jogos Pan-Americanos, em curso no México.

A crise fabricada em torno do Ministério do Esporte seguiu o roteiro cínico e macabro que se repete nos últimos meses, com o qual as forças reacionárias do país, que têm na mídia conservadora e monopolizada o seu principal porta-voz, pretendem ditar a pauta política e condicionar as ações do governo.


No episódio fizeram-se ouvir também as vozes de tempos antediluvianos, sob a forma de um anticomunismo grosseiro verbalizado por direitistas empedernidos, mas não só. Também atacaram o partido dos comunistas, com linguagem abjeta, escribas que, sendo democratas e defendendo genericamente causas progressistas, em momentos de crise acabam revelando seu verdadeiro caráter. É algo próprio do burguês ilustrado e do social-democrata, um traço cultural de certos círculos políticos e intelectuais do Brasil, cujo poder corrosivo não se deve subestimar.

O Partido Comunista completará no próximo ano 90 anos de existência, em que superou todo tipo de provações. Em meio a um quadro político complexo, os comunistas enfrentam mais este embate com elevado senso de responsabilidade para com o país e uma aguda mirada direcionada para o futuro. Felizmente, isto foi ressaltado por lúcidos analistas políticos e lideranças de outras agremiações governistas que se pronunciaram ao longo destes dias sobre o episódio.

Ficou claro que não se tratou de um ataque exclusivo a uma figura impoluta como Orlando Silva e ao PCdoB. Na alça de mira dos reacionários e sua mídia está o próprio governo da presidente Dilma, que pretendem inviabilizar.

As forças políticas que conduzem o governo precisam tomar consciência disso, para não alimentarem a ilusão de que a demissão de Orlando Silva freia a ofensiva da direita. Esta e seus meios de comunicação continuarão fabricando calúnias e fomentando crises, pois seu verdadeiro objetivo é desestabilizar e, se puderem, derrubar o governo.

Não se pode nem se deve capitular a essas forças, ceder aos seus propósitos. A presidente Dilma tem autoridade, prestígio e força, credenciais para se pôr na contraofensiva e liderar, com os partidos progressistas, entre eles o PCdoB, a mobilização do povo brasileiro para aprofundar as conquistas políticas e sociais iniciadas por Lula e que ela está empenhada em prosseguir e aprofundar.

Os comunistas e seus quadros mais destacados, de cabeça erguida, seguem na sua trincheira de luta, cada vez mais empenhados nos esforços para construir um Brasil democrático, soberano, progressista, na perspectiva do socialismo.

Deu na Veja, desconfie! (II)

Messias Pontes - Vermelho

Inegavelmente, e não tem contestação, a revista Veja é o lixo do jornalismo brasileiro. Semanal da editora Abril, da famiglia Civita, esse panfleto perdeu completamente a credibilidade conquistada nos seus primeiros anos de existência. Quando o mafioso Civita entregou na bandeja a cabeça do seu editor-chefe Mino Carta em troca de publicidade da milicanalha, entregou a alma ao diabo e mandou a ética e o jornalismo pro lixão.

Durante o reinado tucano, a famiglia Civita ganhava dinheiro a rodo, imprimindo centenas de milhões de exemplares de livros para o Ministério da Educação com preços superfaturados, já que a lei 8666 – a Lei das Licitações – era completamente burlada em conluio com o Coisa Ruim (FHC) e seu ministro da Educação.

Era dinheiro demais saindo pelo ralo. Mas com a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao Poder Central a editora Abril teve de se submeter à concorrência pública e perdeu a “boquinha”. A partir de então, Roberto Civita declarou guerra ao Lula, ao seu governo, ao PT e aos partidos da base, notadamente ao PCdoB, aliado de primeira hora do ex-metalúrgico desde 1989. “Vou acabar com o Lula, com o seu governo e com esse PT de merda”, bradou Roberto Civita sem pedir segredo, ordenando em seguida que o manual de redação fosse jogado no lixo e elaborado outro.

Foram oito anos de chantagem rasteira, sem o menor escrúpulo. Toda semana, o panfleto editado pela Abril trazia uma ou mais matérias depreciativas ao governo do presidente Lula e aos partidos aliados. As coisas positivas que marcaram o governo do ex-metalúrgico simplesmente eram ignoradas, e, a exemplo da Rede Globo, nada de positivo deveria ser divulgado. E tome chantagem! E tome picaretagem! Não é à toa que o número de assinantes está caindo celeremente. Com isso, as promoções se sucedem sem sucesso, sucessivamente, sem cessar: “faça a assinatura de um ano e ganhe dois”.

Expert em requentar notícias velhas, a Veja especializou-se também em criar factoides, inventar o que for preciso para atingir os seus objetivos. Quem não lembra a “reporcagem” sobre o “grampo” de uma conversa do ministro Gilmar Mendes (ou Gilmar Dantas, segundo o jornalista Ricardo Noblat) e o senador do Demo de Goiás, Demóstenes Torres? Até hoje o áudio da conversa que Veja disse possuir não apareceu. E não vai aparecer porque nunca existiu.

Ali o objetivo era liquidar a carreira policial dos delegados Protógenes Queiroz - que ousou prender duas vezes o megaguabiru Daniel Dantas - e Paulo Lacerda, diretor-geral da ABIN. Por pressão da velha mídia conservadora, venal e golpista e por insistência do então ministro da Defesa, o tucano-peemedebista quinta-coluna Nelson Jobim, o presidente Lula cometeu uma grande injustiça contra aqueles dois excelentes profissionais da Polícia Federal. Usando o então presidente do Supremo Tribunal Federal e o ministro da Defesa, Daniel Dantas soube usar melhor ainda a Veja para se vingar dos dois delegados federais.

A famiglia Civita fez de tudo porém não conseguiu destruir o presidente Lula, o seu governo e o “PT de merda”, mas prometeu acabar com a Dilma, com o seu governo e os partidos aliados. Já conseguiu fazer algum estrago, mas não obterá êxito. A presidenta Dilma não está se deixando pautar por essa mídia que tudo fará para o insucesso do seu governo.

O Objetivo imediato é atingir os comunistas, com a visibilidade dada ao Ministério do Esporte, e assim atingir também a presidenta Dilma. Porém com o Partido Comunista do Brasil a coisa é bem diferente. A ditadura do Estado Novo tentou e não conseguiu; a ditadura militar também seqüestrou, torturou e matou muitos comunistas, mas não conseguiu acabar com o PCdoB. Não é uma decadente revista e alguns colonistas e jornalistas amestrados da velha mídia conservadora, venal e golpista que vão conseguir.

A oposição conservadora está fazendo de tudo para inviabilizar o governo da presidenta Dilma e joga todas as suas fichas no insucesso da Copa das Confederações que aqui será realizada em 2013; da Copa do Mundo de 2014 das Olimpíadas de 2016.

Na audiência pública desta terça-feira 25 na Câmara dos Deputados, da Comissão Especial da Lei Geral da Copa de 2014, a oposição conservadora tentou tumultuar, mas não conseguiu. Foi uma verdadeira baixaria, contudo o ministro Orlando Silva não aceitou a provocação e, na maior tranqüilidade, esclareceu todos as questões aos deputados.

O PM João Dias Ferreira, que já foi preso por corrupção e responde a nada menos de 11 processos, é a principal fonte da revista de chantagem para atacar o ministro do Esporte, o PCdoB e o governo da presidenta Dilma Rousseff. Contudo não tem a menor credibilidade, dado que não tem curriculum vitae e sim folha corrida. Além do mais, mentiu para a Polícia Federal no início desta semana ao declarar estar doente para não depor, mas estava sadio para se reunir com a oposição conservadora no Senado, no mesmo dia.

Cadê as provas contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, que a revista de chantagem da Abril disse que iria divulgar? O bandido que o acusou já voltou atrás e disse que não possui nenhuma prova do envolvimento do ministro do Orlando Silva (PCdoB), e de seu antecessor Agnelo Queiroz (PT), no suposto esquema de desvios de recursos públicos do Ministério. João Dias afirmou peremptoriamente que não gravou diálogos de Orlando Silva e que não há nada que o incrimine.

A desacreditada Rede Globo usa o máximo de tempo dos seus telejornais para tentar confundir a opinião pública com afirmações levianas, mentirosas e caluniosas contra o ministro e o seu partido. Está repetindo a mesma cantilena que utilizou na campanha presidencial do ano passado, quando fez de tudo, até contratou técnico legista para “provar” que o candidato demotucano José Serra foi atingido por um “objeto contundente” na cabeça. Acabou desmoralizada porque o que atingiu a cabeça do “Zé” Bolinha foi tão-somente uma bolinha de papel arremessada por correligionário seu, já que os opositores estavam a mais de 200 metros e nenhuma força humana seria capaz de atingir a cabeça do candidato a uma distância tão grande com uma simples bolinha de papel. Isto rendeu até um gostoso samba.

Toda a apuração das denúncias foi solicitada pelo próprio ministro Orlando Silva que apelou à Polícia Federal, ao Ministério Público, à Controladoria Geral da União e ao Tribunal de Contas da União a irem fundo na investigação e punição dos responsáveis por desvio de recursos públicos. O ministro lembrou que o seu partido tem 90 anos de história em defesa do povo trabalhador brasileiro, 90 anos de combate à corrupção, e que não tolera desvio de conduta dentro e fora do Partido.

E agora, canalhas colonistas e amestrados!?

A morte de Kadafi

Editorial edição 452 do Brasil de Fato

Após 8 meses enfrentando os intensos bombardeios promovidos pelas tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o presidente da Líbia Muamar Kadafi foi preso e assassinado no dia 20 de outubro. O acontecimento é o ápice da trama feita pela França, Inglaterra e Estado Unidos para se apoderar das reservas petrolíferas em condições ainda mais favoráveis, lucrar com a indústria bélica, sempre acionada nas crises econômicas do capitalismo, e vislumbrar exorbitantes lucros com a reconstrução do país que eles destruíram.

Como homem e estadista, escreveu o jornalista lusitano Miguel Urbano no dia do seu assassinato, Muamar Kadafi foi uma personalidade complexa, cuja vida refletiu suas contradições. O seu governo, de 42 anos de existência, intercalou períodos de prosperidades socioeconômicas e de identidade com o pan-arabismo com um governo autocrático e, nas duas ultimas décadas, preocupado em abrir a economia e ser bem recebido pelas potências capitalistas do ocidente. De vilão, promotor do terrorismo mundial, assim retratado pela mídia burguesa até os anos de 1990, passou a ser fotografado de braços dados com os principais chefes de Estados do ocidente. Tornou-se um aliado importante na luta contra o terrorismo e, principalmente, contra a migração africana ao continente europeu.

A guerra liderada pela Otan para derrubá-lo do poder o obrigou a retornar às origens do seu governo, traído pelos aliados do ocidente. Com o tempo o povo líbio, livre das versões editadas pela mídia sediada nos países imperialistas, saberá situar na história o real significado do seu governo.

Mas, além do que foi o governo Kadafi , os acontecimentos que iniciaram em fevereiro e culminaram com o assassinato de um chefe de Estado que causou um jubiloso suspiro da Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, frente às câmeras de televisão, outros fatos merecem atenção.

Mais uma vez a ONU virou um joguete nas mãos das potências capitalistas. As primeiras mobilizações populares, na Líbia, surgiram em 15 de fevereiro. Um mês depois, em 17 de março, a ONU deu autorização para os países aliados à Otan intervirem e tomar todas as medidas necessárias para proteger a população civil. Foi a senha para que a Otan iniciasse o genocídio, bombardeando as principais cidades do país. Pode agora a ONU atestar, olhando para os escombros causados pelos bombardeios aéreos, que os milhares de mortos não eram civis? E, se ficar comprovado que a Otan extrapolou a autorização que recebeu, a ONU terá disposição e capacidade para julgar e puni-la? Na Síria, segundo a própria ONU, mais de 3 mil pessoas foram mortas pelo governo ditatorial daquele país. Em nenhum momento a ONU sinalizou adotar a mesma medida que foi fundamental para derrubar Kadafi . Continuar repetindo que seu objetivo era proteger os civis é um exercício de hipocrisia ou pensar que a população mundial é completamente desprovida de inteligência.

Tentar caracterizar essa agressão imperialista nos marcos das lutas populares que caracterizam a Primavera Árabe é outro acinte à inteligência humana. As revoltas populares que derrubaram os governos ditatoriais da Tunísia e do Egito, e que se espalharam por todo o Oriente Médio e norte da África, se caracterizaram por manifestações massivas e que primaram pela resistência pacífica. A Otan aproveitou-se das diferenças e conflitos existentes entre as etnias líbias para dar um caráter popular à sua ofensiva contra Kadafi . Os rebeldes antikadafistas mais pareciam personagens saídos do filme Mad Max, como escreveu o jornal britânico Daily Mail. Eram soldados e mercenários contratados, treinados e armados pela Otan. Hoje, fortemente armados. Esse contingente de mercenários será combustível para que o conflito, a violência, os assassinatos e o medo junto à população continuem existindo.

Agora, frente à reação da opinião pública mundial, a ONU pede que sejam investigadas as circunstâncias em que ocorreu o assassinato do presidente líbio. O governo provisório, o Conselho Nacional de Transição (CNT), afirma que fará a investigação. Há dúvidas se foi mesmo um assassinato, depois de estar preso, desarmado e imobilizado? Falta então encontrar os responsáveis. Para ambos, ONU e CNT, é necessário apenas um espelho e visitar Londres, Paris e Washington para encontrar os que estão com as mãos sujas de sangue do povo líbio.

Dois dias antes do assassinato, em Trípoli, Hillary Clinton disse aos estudantes líbios que esperava que Kadafi fosse logo preso ou morto. Ou seria o desejo de vê-lo preso e morto? Foi assim com o ex-aliado, agente da CIA Manuel Noriega, presidente do Panamá deposto e mantido preso incomunicável nos EUA desde 1990. Saddan Hussein, serviçal dos EUA nas guerras contra os curdos e o Irã, foi deposto da presidência do Iraque, julgado por funcionários estadunidenses, sem direito a defesa e enforcado de forma vil. Agora, foi a vez de Kadafi . Assim, não faltam exemplos recentes que atendem os desejos da atual Secretária de Estado dos Estados Unidos.

O desrespeito e agressão à soberania dos povos é são constantes na política externa dos EUA. Julgam-se a maior democracia do planeta porque a cada cinco anos trocam a bunda que senta na cadeira presidencial. No entanto, todos acabam declarando e perpetuando guerras para imporem seus interesses ao mundo. Que se envergonhem os que concederam o Prêmio Nobel da Paz aos que promovem genocídios. Certamente no futuro ficarão aprisionados em seus países, como é hoje o caso de Henry Kissinger, Nobel da Paz em 1973, temeroso de ser preso se vistar alguns países da Europa e da América do Sul.

Wikileaks aponta Wiliam Waack como informante do governo dos EUA

O repórter William Waack, da Rede Globo de Televisão, foi apontado como informante do governo norte-americano, segundo post do blog Brasil que Vai – que citou documentos sigilosos trazidos a público pelo site Wikileaks há pouco menos de dois meses. De acordo com o texto, Waack foi indicado por membros do governo dos EUA para “sustentar posições na mídia brasileira afinadas com as grandes linhas da política externa americana”.


Por essa razão, ainda segundo o texto, é que se sentiu à vontade para protagonizar insólitos episódios na programação que conduz, nos quais não faltaram sequer palavrões dirigidos a autoridades do governo brasileiro.

O post informa ainda que a política externa brasileira tem “novas orientações” que “não mais se coadunam nem com os interesses estadunidenses, que se preocupam com o cosmopolitismo nacional, nem com os do Estado de Israel, influente no ‘stablishment’ norte-americano”. Por isso, o Departamento de Estado dos EUA “buscou fincar estacas nos meios de comunicação especializados em política internacional do Brasil” – no que seria um caso de “infiltração da CIA [a agência norte-americana de inteligência] nas instituições do país”.

O post do blog afirma ainda que os documentos divulgados pelo Wikileaks de encontros regulares de Waack com o embaixador do EUA no Brasil e com autoridades do Departamento de Estado e da Embaixada de Israel “mostram que sua atuação atende a outro comando que não aquele instalado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”.

Fonte: R7

O xadrez chinês

Durante a “guerra global ao terrorismo”, do presidente George Bush, a China se expandiu vertiginosamente e ocupou posições cada vez mais importantes, dentro do tabuleiro econômico e geopolítico asiático, enquanto os EUA permaneciam atolados no seu “grande médio oriente”.

José Luís Fiori* - Carta Maior

“One of the most important challenges for the US foreign policy is to effect a transition from immediate and vexing challenges of the Middle East to the long-term and deeply consequential issues in Asia”.
Kurt Campbell, US assistant secretary for east Asia and Pacific, FT,12/10/2011

No dia 21 de outubro de 2011, o presidente Barack Obama anunciou o fim da “guerra da América no Iraque”, e a retirada definitiva das tropas norte-americanas do território árabe. E tudo indica que não foi uma decisão isolada do governo Obama, devendo ser somada à outras iniciativas muito importantes, como a de negociar com as forças talibãs do Afeganistão, distanciar-se do radicalismo israelita, apoiar a mudança dos governos aliados do norte da África, aceitar uma nova safra de governos islâmicos moderados, em quase todo o “Grande Médio Oriente”, e finalmente, reconhecer, de forma implícita, a participação do Irã, neste redesenho político regional.

Em tudo isto é possível identificar traços de derrota e de vitória norte-americana, mas talvez o mais importante sejam duas mudanças estratégicas de largo fôlego, que estão sendo sinalizadas pela nova posição dos americanos: a primeira, na administração do poder global dos EUA, que passa a ser mais “imperial” e “terceirizada”; e a segunda, nas suas prioridades, que passam a ser a Ásia, e a disputa pela hegemonia do Pacífico Sul. Numa tentativa de recuperar, em pleno vôo, o tempo perdido pelos EUA durante a “guerra global ao terrorismo”, do presidente George Bush. Uma década em que a China se expandiu vertiginosamente e ocupou posições cada vez mais importantes, dentro do tabuleiro econômico e geopolítico asiático, enquanto os EUA permaneciam atolados no seu “grande médio oriente”.

Esta mudança de prioridade, entretanto, não significa que haja consenso dentro do establishment norte-americano, sobre a forma de enfrentar o “desafio chinês”. Pelo contrário, existe uma divisão irreconciliável entre duas posições opostas. De um lado se colocam os democratas e os republicanos que pensam como Henry Kissinger, e consideram que a expansão chinesa pode ser benéfica para o mundo, e para os interesses norte-americanos, se os EUA souberem construir uma parceria estratégica com a China, administrando divergências e conflitos de interesse, evitando um enfrentamento frontal, e compartindo, no longo prazo, a supremacia regional, com os chineses. No lado oposto, se posicionam os que compartem a convicção do cientista político, John Mearsheimer, de que “uma China rica será inevitavelmente um estado agressivo e determinado a conquistar a hegemonia regional”. Concluindo junto com ele, que os EUA deve se antecipar, bloqueando os interesses chineses e estabelecendo alianças militares com todos os concorrentes regionais da China.

Na prática, entretanto, o caminho vem sendo construído longe dos dois extremos, através de negociações e respostas pragmáticas, mais ou menos agressivas, segundo as circunstâncias. Desde 2009, pelo menos, o governo chinês vem defendendo sua soberania sobre o “Mar do Sul da China”, de forma cada vez mais assertiva, considerando-o parte do seu “core interest”, em conflito com o Vietnã, Filipinas, Malásia Taiwan e Brunei. Recentemente, os governos do Vietnã e das Filipinas denunciaram uma “séria violação das leis internacionais” por parte da China, na sua disputa pelas ilhas Paracel e Spartly, e ambos governos fizeram acenos explícitos em favor de uma presença militar mais ativa dos EUA, na região.

Por outro lado, a secretária de estado, Hillary Clinton, declarou no Vietnã, em 2010, que o mesmo “Mar do Sul da China”, “faz parte do interesse nacional dos EUA”, e que os EUA se sentem no direito e dever de participar de qualquer conflito e negociação regional, em franco desafio à posição chinesa. Esta disputa deve seguir e se aprofundar, com o aumento geométrico da importância econômica regional da China e com o fortalecimento contínuo do Comando Pacífico dos EUA, que já é o seu comando regional mais poderoso.

Além disto, deve-se incluir nesta competição, a participação de outros estados poderosos, como é o caso do Japão, Índia, Rússia e também do Vietnã. E o que se deve prever é um aumento contínuo do poder militar dos EUA, simultâneo com o crescimento da dependência econômica de toda a região, com relação ao desenvolvimento chinês. E o que é mais paradoxal, é que a própria relação econômica siamesa entre a China e os EUA deve aumentar junto com a sua disputa regional, configurando um quadro e um desafio de enorme complexidade. Neste contexto, o mais provável é que a disputa e os próprios conflitos se prolonguem e se repitam, por muito tempo, e com um alto grau permanente de incerteza.

Como se fosse numa partida de wei gi, o jogo chinês em que a regra básica (como no caso do go japonês) é a do “cerco contínuo”, e da “coexistência combativa”, com os adversários, sem que existam jamais vitórias nem vitoriosos definitivos. Uma espécie de jogo de xadrez, sem xeque-mate.



*José Luís Fiori, cientista político, é professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Corrupção, mídia e farsa

Por Beto Almeida, no jornal Brasil de Fato:

A farsa da oligarquia da mídia contra a corrupção está em marcha. No feriado do dia 12, a TV Globo fez até plantão, com repórter na Esplanada, em Brasília, interrompendo a programação normal, para falar de toda a sua grande esperança e torcida para que a denominada Marcha contra a Corrupção fosse massiva.

Que diferença da TV Globo dos anos de 1980 quando sonegou ao povo, até não poder mais, informações sobre a Campanha das Diretas-Já, quando milhões de cidadãos foram às ruas para conquistar, finalmente, o voto direto e enterrar a ditadura, defendida pela emissora!

Há uma tentativa de “teorização vulgar”, quando jornalistas tucanos, como Eliane Cantânhede - que chegou a considerar um comício do PSDB como uma “manifestação de massa cheirosa” - esforçam-se por argumentar que algo inédito estaria ocorrendo nestas manifestações porque não registram presença de partidos, sindicatos, movimento estudantil ou social.

Segundo dizem, esta característica conferiria um novo conteúdo à manifestação, de modernidade, espontaneísmo, sem contaminação político-partidária, como a negar o papel da liberdade partidária e sindical, conquistada pelo povo após o funeral da ditadura. Há uma dose de farsa nisto tudo, primeiro porque alguém pagou pelas vassouras (que lembram Jânio Quadros) da manifestação, que também contou com convocação da juventude do PSDB.

As greves de várias categorias por melhor remuneração e condição de trabalho, a luta que continua pela reforma agrária, pelo direito a moradia, mostram claramente que partidos, sindicatos e movimentos sociais não estão cooptados. Ao contrário, estão arrancando conquistas legítimas. Esta é uma conclusão importante. Outra, é sobre a aliança que determinados segmentos da esquerda estão realizando com a TV Globo, terminando por reforçar, involuntariamente, o discurso conservador de que a corrupção foi inventada por Lula-Dilma. Isto sim deve ser motivo de preocupação, sobretudo após a assustadora aliança de setores da esquerda com a OTAN em sua agressão imperialista à Líbia.