terça-feira, 12 de julho de 2011

Terminator, o sonho mais desejado das transnacionais

Por Silvia Ribeiro
Do grupo ETC
No La Jornada
*
 
Em 1998,  o grupo ETC (então chamado RAFI) denunciou a existência de patentes sobre uma tecnologia que denominou Terminator. Trata-se de uma tecnologia transgênica para fabricar sementes suicidas: são plantadas, dão frutos, mas a segunda geração se torna estéril, obrigando os agricultores a comprarem sementes a cada estação.
Foi desenvolvida pela empresa Delta &Pine (agora Monsanto) com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Monsanto  não é a única: cinco das seis transnacionais que controlam as sementes transgênicas plantadas a nível mundial possuem patentes tipo Terminator. Syngenta é a quem tem o maior número delas.

As empresas que desenvolvem esta absurda tecnologia a chamam de Sistema de Proteção da Tecnologia, com o objetivo de promover dependência e impedir que se usem sementes sem pagar pela patente.

Em seus primeiros folhetos de propaganda, asseguram também que é para que os agricultores do terceiro mundo deixem de utilizar suas sementes obsoletas. Mostravam então claramente suas intenções: terminar com as sementes camponesas e o irritante fato de que a maioria dos agricultores do mundo (camponeses, indígenas, agricultores familiares) use suas proprias sementes no lugar de comprar deles.

A tecnologia suscitou de imediato uma rejeição enorme por parte dos movimentos  camponeses e organizações sociais e declarações de oposição de instituições públicas de pesquisa e do então diretor da FAO, o senegalês Jacques Diouf. Todos afirmaram que é uma tecnologia indesejável. No ano de 2000, o Convênio de Diversidade Biológica das Nações Unidas (CDB), adotou uma moratória global contra a experimentação e o uso da tecnologia Terminator, que continua valendo.

Posteriormente vários países começaram a discutir legislações nacionais para garantir o cumprimento da moratória. Brasil e Índia proibiram em suas leis o uso da tecnologia Terminator.

Mas Terminator é um dos sonhos mais desejados das transnacionais sementeiras e não renunciaram a ele. Traria vantagens enormes em seus monopólios e na dependência dos agricultores. Pouco depois da proibição no Brasil, o agronegócio desse país, clientes e cupinchas da Monsanto, Syngenta e demais transnacionais de transgênicos, apresentaram uma proposta legislativa para eliminar a proibição rejeitada em várias comissões, mas ainda em trâmite.

Além disso, as transnacionais de transgênicos se moveram agressivamente para terminar com a moratória das Nações Unidas propondo através de governos amigos como Canadá, um parágrafo para avaliar a tecnologia Terminator caso por caso, o que poria fim à moratória na oitava Conferência da CBD em Curitiba, Brasil, no ano de 2006.

Na sessão da CDB em 2006, o México apoiou o fim da moratória, ironicamente através de um representante da Comissão Naciona de Biodiversidade. Casualmente, é a mesma pessoa que agora a partir da Comissão Nacional Florestal promove projetos REDD, também com um efeito devastador para as comunidades. Foi isolado pelo restante dos países de todo o Sul do globo.

Em 2006, no CDB em Curitiba, a Via Campesina e organizações de todo o mundo se levantaram e protestaram massivamente para defender a moratória internacional. Em particular, as ações das mulhers da Via Campesina que interromperam as sessões da ONU em uma comovedora ação pacífica na defesa das sementes.

Não obstante, as transnacionais continuam na ofensiva. Agora, afirmam que Terminator é uma garantia da biossegurança, uma falsidade. Na décima conferência da CDB em outubro de 2010 em Nagoya, Japão, novamente o governo do México tentou eliminar a moratória global contra Terminator, dessa vez como se fosse um tema administrativo, de decisões que já não tinham mais vigência. Não conseguiu porque muitos países impediram, mas lhes revelou que são fiéis.

No Brasil, a proposta do agronegócio se somou a do deputado Cândido Vaccarezza do partido governante (PT) para eliminar a proibição do Terminator. A proposta de Vacarezza foi redigida por uma advogada que trabalha para a Monsanto, segundo denúncias da Campanha por um Brasil Livre de Transgênicos e também divulgadas pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra em dezembro de 2010. A propria advogada reconheceu. A proposta está atualmente em discussão em uma comissão do Congresso, criada especialmente para agilizar a sua discussão.

Os movimentos e organizações estão alertas. Em junho de 2011, na 10ª Jornada de Agroecologia da Via Campesina, no Paraná, Brasil, os mais de 400 participantes de todo o país expressaram sue rejeição a essa proposta. Uma semana depois, se apresentaram e se reijetaram essas tentativas de se legalizar Terminator nas reuniões internacionais de preparação dos movimentos sociais e da sociedade civil à conferência mundial Rio+20 no Rio de Janeiro, com centenas de participantes.

O Brasil presidirá no próximo ano a Rio+20, uma conferência mundial da ONU que deve revisar os compromissos ambientais 20 anos depois da Cúpula da Terra em 1992. Além disso, Graziano Silva que vem do governo brasileiro acaba de assumir a direção da Organização para a Agricultura e Alimentção das Nações Unidas (FAO). O menos que pode fazer o Brasil para ser responsável com ambos os cargos e responsabilidade é manter a proibição contra Terminator a nível nacional e internacional por ser uma das maiores ameaças à soberania alimentar e à biodiversidade. Qualquer outra coisa será um suicídio.


* Tradução - Cepat

Suicídio do agronegócio


Por Rubens Ricupero
Ex-ministro da Fazenda e ex-secretário-geral
da Unctad (braço da ONU para comércio e desenvolvimento)
Na Folha de S. Paulo


Se a agricultura brasileira não conseguir sustentar a impressionante trajetória das últimas décadas, será devido à incapacidade de resolver com inteligência o desafio do meio ambiente.

Talvez não haja na história econômica do Brasil nenhum exemplo tão indiscutível de transformação de eficiência e produtividade como na agropecuária. Essa modernização só se tornou possível graças à pesquisa tecnológica, que erradicou o pessimismo sobre a agricultura tropical.

A tecnologia, afirma-se, permitiria expandir a produção sem devastar mais a floresta e o cerrado que restam. Os 70 milhões de hectares de pastagens degradadas poderiam servir de reserva à expansão agrícola ou florestal.

Em teoria, tudo isso é verdade. Na prática, o que se vê é pouco. Sinais positivos como o aumento de produção em proporção maior do que a expansão da área plantada são largamente compensados pela destruição. De forma inexorável, a fronteira agrícola avança rumo ao coração da floresta amazônica.
O choque da devastação em Mato Grosso estimulada pelo projeto de lei aprovado na Câmara provocou a mobilização do governo em verdadeira operação de guerra. O resultado foi pífio: a destruição apenas se reduziu marginalmente.

Essa mesma desproporção entre esforços de preservação e resultados precários, geralmente revertidos logo depois, caracteriza o panorama de desolação em todas as regiões e em todos os biomas: mata atlântica, caatinga, Amazônia, cerrado, árvores de Carajás convertidas em carvão para o ferro-gusa.

As entidades do agro protestam que suas intenções são progressistas. Contudo o comportament
o de parte considerável de seus representados desmente as proclamações. Mesmo em Estado avançado como São Paulo e lavoura rentável como a da cana, quantos recuperaram as matas ciliares de rios e nascentes?
Tem-se a impressão de reeditar o debate sobre o fim da escravatura. Todos eram a favor, mas a unanimidade não passava de ilusão. É fácil concordar sobre os fins; o problema é estar de acordo sobre os meios e os prazos. Sempre que se falava em datas, a maioria desconversava: o país não estava preparado, era preciso esperar por
futuro incerto e distante.


Em 1847, um agricultor esclarecido, o barão de Pati de Alferes, se escandalizava com a aniquilação da mata atlântica no manual prático que escreveu sobre como implantar uma fazenda de café: "Ela mete dó e faz cair o coração aos pés daqueles que estendem suas vistas à posteridade e olham para o futuro que espera seus sucessores".

De nada adiantou: o café acabou devido à destruição dos solos. A joia da economia imperial deu lugar às cidades mortas fluminenses e paulistas. Não foi só naquela época. No auge da pecuária no vale do rio Doce, como lembra o ex-ministro José Carlos Carvalho, um hectare sustentava 2,8 cabeças de gado; hoje, mal chega a 0,6!

Produto do passado da erosão e da secagem das nascentes, o processo agora se acelera por obra do aquecimento global, que atingirá mais cedo e mais fortemente áreas tropicais como o Brasil. Sem compatibilização entre produção e ambiente, o destino da agricultura será o do suicídio dos fazendeiros fluminenses e do rio Doce.

'Fizemos nosso melhor até o fim', diz ex-repórter do News of the World, demitido por email

A última capa do auto-intitulado "maior jornal do mundo" levou uma mensagem curta e melancólica aos leitores: "Adeus e Obrigado’". Com cerca de cinco milhões de cópias impressas, quase o dobro do normal, o tablóide britânico News of the World foi para as bancas neste domingo (10/07) com as datas de nascimento e de morte da publicação: 1843-2011. Após 168 anos, o jornal semanal em língua inglesa mais vendido no planeta foi tirado de circulação em consequência de sucessivas denúncias de uso de grampos telefônicos ilegais por funcionários e detetives particulares a serviço do veículo.

De acordo com a polícia do Reino Unido, aproximadamente quatro mil pessoas podem ter tido a privacidade violada. O objetivo das escutas era conseguir informações particulares de celebridades, membros da família real e até notícias de vítimas de crimes e de soldados mortos nas guerras do Iraque e do Afeganistão. A divulgação das suspeitas revoltou os ingleses. Com isso o jornal perdeu muitos patrocinadores. James Murdoch, chefe na Ásia e na Europa da News Corporation, dona do News of the World, decidiu fechar o tablóide. A medida foi considerada uma manobra para evitar a perda de credibilidade de outras empresas do grupo. A News Corporation, de propriedade do pai de James, Rupert Murdoch, é um dos maiores conglomerados de mídia do mundo.

Cerca de 200 jornalistas foram demitidos na quinta-feira (07/07) após o anúncio do fim do News of the World. Neil Ashton, de 38 anos, trabalhava como repórter esportivo no tablóide desde 2009. Assim como a maioria dos funcionários que perdeu o emprego, ele não tinha ligação com o jornal na época dos grampos, que teriam ocorrido antes de 2007. Abatido, o jornalista que já trabalhou para os jornais Sunday People e Daily Mail contou que recebeu a demissão por email. Em entrevista exclusiva ao Opera Mundi, Ashton narrou como foram os últimos momentos antes do fim do News of The World.

Houve em algum momento a suspeita de que a drástica decisão de tirar o jornal de circulação aconteceria?

No começo da semana passada tive a sensação de que algo muito ruim aconteceria. Quando foram publicadas as denúncias envolvendo as vítimas do 7/7 (data dos atentados terroristas que provocaram a morte de 56 pesssoas nos transportes públicos de Londres em 2005. As famílias das vítimas teriam tido os telefones grampeados), eu imaginei que não haveria mais solução. A imagem do jornal estava muito manchada e seria difícil mantê-lo em pé após tantas acusações.

Devido aos patrocínios que foram retirados?

Não apenas por isso. Os patrocínios são uma parte do negócio, mas as pessoas precisam confiar no jornal para ele existir. Quando você sabe que o veículo invadiu a caixa de mensagem dos familiares de pessoas mortas, não existe mais nenhuma confiança. A viabilidade da publicação fica mais complicada.

O Sr. começou a trabalhar para o jornal após os grampos. Se sente prejudicado por algo que aconteceu quando não estava lá?

É injusto, claro. Mas a situação é complexa, é difícil julgar. Para piorar o caso, as vítimas dos grampos são muitas e são anônimas. Se fossem conhecidos os nomes de todos os que tiveram a privacidade invadida, o jornal poderia procurar um por um e se desculpar. Mas essa lista não existe e o fechamento do jornal serviu como um pedido de desculpas coletivo.

Havia entre seus colegas alguém que estivesse na empresa desde a época das escutas?
Talvez duas pessoas no corpo de executivos. Entre os jornalistas, ninguém que eu conheça. Pelo que eu saiba, quase todos os funcionários eram relativamente novos. Esse escândalo começou a ser divulgado por volta de 2006. De certa forma, nós fomos contratados para substituir o time anterior. Mas agora surgiram as novas denúncias e acabou desse jeito.

Como a demissão foi comunicada?

Eu trabalho na rua a maior parte do tempo, quase não fico na redação. Na quinta-feira, tentei falar com um colega e não consegui. Achei estranho, porque é incomum o repórter ligar e não ser atendido. Como o escândalo estava cada vez maior, isso me deixou preocupado. Depois fiquei sabendo que a última edição do jornal seria publicada no domingo. Mais tarde, chegou no meu celular um email de James Murdoch, comunicando a demissão.

Qual foi a sua reação?

Não de total surpresa. Como eu disse, o clima já mostrava que algo ruim estava para acontecer. Mas foi muito triste ouvir a notícia e perceber que aquele era o fim não só do meu emprego, mas de um jornal histórico e tão popular.

A última edição saiu no domingo, mas o trabalho acabou um dia antes. Como foi o clima na redação quando o jornal ficou pronto e seguiu para a impressão?

Foi um misto de tristeza com orgulho. As pessoas estavam muito emotivas, dava para notar lágrimas. É difícil ver acabar algo que você gosta e que faz parte da sua vida. Mas todos demonstraram um enorme senso de responsabilidade. Nós tínhamos que terminar o trabalho da melhor forma possível.

O produto final conseguiu traduzir nas páginas todo esse empenho?

Nós fizemos o nosso melhor até o fim. Espero que as pessoas apreciem isso. Trabalhar para o News of the World era uma coisa diferenciada. Todos os funcionários pensavam assim. Não era apenas um emprego para ganhar dinheiro e pagar as contas. Era algo que se fazia com sentimento. Sempre foi um jornal diferente dos outros, com características únicas, mais investigativas e fortes. Nós sabíamos da importância que o veículo tinha na sociedade britânica e nos sentíamos felizes por fazer parte daquilo.

Agora que acabou, o Sr. acredita que esse episódio pode afetar sua carreira de alguma forma?

Espero que não. Veja, uma coisa é o jornal fechar e eu perder o emprego. Mas nem eu nem os meus colegas podemos ser responsabilizados pelo que aconteceu no passado. Quando formos procurar trabalho, nós temos que ser avaliados pelos nossos currículos, e não por esse escândalo.

O público britânico parece entender essa diferença. Alguns dos seus colegas têm dado entrevistas na televisão sobre o escândalo e sempre exaltam o lado bom do trabalho para o jornal. Essa exposição pode ter um impacto positivo profissionalmente?

Honestamente, eu não quero tirar nenhum benefício dessa situação. O caso dos grampos é muito sério e tem que ser tratado como um problema. Foi um episódio lamentável para a nossa imprensa.

O Sr. já recebeu alguma oferta ou começou a procurar emprego essa semana?

Não. Eu evitei pensar nisso antes de encerrar de vez o trabalho no News of the World. Achei que o melhor era esperar o fim de semana passar e depois seguir com a vida. Nós vamos receber os salários normalmente por 3 meses. Não há tanta pressa para achar outro emprego.

Esse escândalo pode mudar o funcionamento da imprensa britânica?

Espero que sim. Os jornalistas cometem falhas como qualquer outro profissional. Mas existe uma diferença entre errar ao tentar fazer a coisa certa e acertar fazendo algo errado. Não podemos usar meios ilicitos para contar uma história, mesmo que ela seja verdadeira. Nossos erros afetam a vida de outras pessoas e nós devemos ter mais responsabilidade com o publico que confia na gente. É preciso buscar o maior padrão de qualidade possível. Tomara que a nossa imprensa rume para esse caminho.

 
Fonte: Opera Mundi

Não confie neles, Muammar

Os boatos dizem que OTAN ofereceu um negócio debaixo da mesa para o coronel Gaddafy, para que ele se demita ao receber uma declaração de imunidade em troca. Isto levanta duas questões: primeiro, a palavra da OTAN tem a credibilidade de um viciado em heroína a precisar da próxima dose e em segundo lugar, será que aqueles por trás dessa cruzada mal concebida, finalmente, viram a loucura das suas ações?

Quando você receber uma oferta da OTAN, há duas coisas que você deve fazer: lembre-se do cara vestindo um gabardine sujo que sai por trás de algumas pilhas de sacos na estação ferroviária e diz entre dentes aos transeuntes: "Ei cara, você quer comprar um relógio de pulso romeno de segunda mão, bem barato, n’é?" e em segundo lugar, você diz Não!

Por quê? Porque a OTAN tem mentido repetidamente. A OTAN mentiu para a Rússia, afirmando que não iria avançar para o leste, instalando-se nos países do antigo Pacto de Varsóvia. Olhem só onde a OTAN está agora – a cercar a Rússia no norte nos Estados Bálticos, passando da Polónia para a Bulgária a oeste, ao sul na Turquia e, como se isso não bastasse, está fazendo propostas para a Geórgia, um espinho no lado da Rússia, como foi tão admiravelmente demonstrado pelo acto assassino de Tblissi no verão de 2008.

O destino da Geórgia, é verdade, seria o destino da OTAN se tentasse alguma coisa contra a Rússia, ou seja, uma chuva de mísseis tão espessa que eles iriam apagar o sol antes de fazer uma cratera de 20 quilômetros de cada lado de uma formação militar nas fronteiras da Rússia. Sem qualquer problema, para não falar da capacidade de destruir todas as cidades dos países membros deste organização. Como as tropas georgianas e os seus conselheiros militares "voltar para dentro" (sotaque sulista dos EUA) descobriram, antes de serem degolados, a Spetsnaz é uma força bem valente, assim como os soldados das divisões chechenos, os queridinhos do Ocidente, como os mercenários ocidentais entre os georgianos se sentiram muito bem antes de serem enviados para casa nos "sacos-corpo".

As mesmas nações inventaram a descarada mentira para criar um casus belli contra o Iraque, onde não existia nenhuma, inventando a história que o governo de Saddam Hussein havia tentado obter urânio yellowcake do Níger, em seguida, falsificando documentos para realçar a afirmação, e depois, obtendo relatórios da media ignorante para reivindicar que Bagdá estava tentando obtê-lo (país errado) da Nigéria; depois, em seguida, houve uma tese de doutorado copiado e colado da Net fornecendo "maravilhosa inteligência" para Colin Powell apresentar à ONU. Tivemos fábricas de produtos químicos que forneciam leite para os bebês e tivemos "provas" de armas de destruição maciça e os locais apontados onde estavam, exceto que não existiam. Como disse o próprio Saddam Hussein.

Nós viamos os meios de comunicação demonizando o presidente iraquiano e ligando-o a Al-Qaeda, apesar de ele e bin Laden se odiarem. Enquanto isso, nós ouvíamos os países da OTAN reclamando sobre hacking enquanto ainda faziam a mesma coisa contra o Iraque, contra o Irã e agora contra a Líbia.

E agora temos a OTAN mentindo como sempre sobre o casus belli neste estado norte-africano, alegando que os pobres inocentes civis desarmados estavam sendo atacados, quando o que realmente aconteceu todo o mundo sabe - milhares de terroristas armados, lançados pela própria OTAN, correndo malucos nas ruas, incendiando edifícios governamentais, estuprando meninas e matando as pessoas na rua, degolando negros. A OTAN nunca mencionou o Relatório da ONU fornecendo a base para um prémio humanitário a ser concedido ao coronel Gaddafi em março deste ano, nunca mencionou qualquer de suas muitas ações na União Africana, prestando serviços gratuitamente ao passo que de antemão, os africanos tiveram que pagar fortunas para o mesmo para os fornecedores ocidentais.

A OTAN, o mesmo grupo que organizou o seqüestro de Slobodan Milosevic e de sua detenção ilegal na Haia, tribunal canguru que ainda não lançou qualquer caso contra um único membro da OTAN por crimes de guerra, apesar da enorme evidência nesse sentido, agora faz aberturas a Muammar al-Qathafi, sugerindo-lhe que se demita aceite a imunidade.

Muammar, acredite nisso, e dê um milhão de dólares para o relógio de pulso romeno de segunda mão.

A questão é que agora finalmente a OTAN vê o que está acontecendo no oeste da Líbia, vê que Gaddafy é genuinamente popular no seio da maioria das tribos de todo o país e sabe que em termos militares, sua cruzada falhou rotundamente. Eles nunca esperavam estarem a gastar ainda 50 a 100 mil dólares por aeronave por dia, voando a 100 saídas por dia, em julho de 2011, eles nunca esperavam que as Forças Armadas da Líbia iriam resistir à tempestade e lançar a ofensiva contra os terroristas que a OTAN apoia.

Mais uma vez, o caminho a seguir é que a OTAN desengate, alegando que a zona de exclusão aérea foi imposta e permitindo que a União Africano lidere as negociações entre os dois lados. Ninguém deve acreditar nunca na OTAN, porque, dada a história recente desta organização, a OTAN tem tanta credibilidade como um viciado em heroína desesperado pela próxima dose.

Foto: Muammar al-Qathafi, AP

Timothy Bancroft-Hinchey
Pravda.Ru

O fantasma da moratória ronda os Estados Unidos e ameaça o mundo

Tudo que era sólido desmancha no ar. A frase de Marx e Engels no Manifesto Comunista parece muito apropriada à situação inusitada vivida hoje pelos EUA. O fantasma da moratória ronda o império e já assusta o mundo. Quem diria?

Por Umberto Martins - Vermelho

Autoridades em economia política como Maria da Conceição Tavares e Luiz Gonzaga Belluzzo, entre outros, julgavam que a dívida dos Estados Unidos não devia ser considerada um problema. Isto porque foi contraída em dólares e teoricamente pode ser paga sem maior esforço que a mera emissão de papel-moeda pelo Federal Reserve (banco central estadunidense). A idéia, de aparência lógica e simplória, não sobrevive aos fatos.
Garantia dramática
Nesta segunda-feira (11), Barack Obama assegurou, durante entrevista coletiva na Casa Branca, que os Estados Unidos “nunca deixaram nem deixarão de pagar suas dívidas”. A garantia dramática foi feita após encontro do presidente com lideranças dos partidos Republicano e Democrata do Congresso. Obama tenta convencer os parlamentares a apoiar um novo teto para a dívida pública. Não é uma tarefa fácil num legislativo controlado por uma oposição que tem os olhos voltados para o pleito presidencial de 2012.

No domingo (10), a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, também advertiu para a possibilidade de moratória na maior economia capitalista do mundo, que será inevitável caso não se viabilize um acordo entre o governo e o congresso. As consequências para a economia mundial, ainda convalescente da crise propagada pelo império em 2008 e ameaçada pela turbulência financeira na Europa, podem ser trágicas. A inadimplência americana seria "um golpe tremendo às bolsas ao redor do globo, porque os Estados Unidos são um país muito importante para o restante do mundo", alertou em entrevista à rede ABC.

4/5 do PIB mundial


Atualmente, o limite de endividamento dos EUA é de US$ 14,3 trilhões (cerca de R$ 23,2 trilhões), o que significa 92,3% de todas as riquezas produzidas por lá em um ano, ou seja, do Produto Interno Bruto (PIB). É necessário esclarecer que os números abrangem apenas os débitos públicos. O endividamento total do país (governos, empresas e indivíduos) é bem maior. Equivalia em 2009, segundo dados do FMI, a cerca de US$ 49 trilhões, ou 4/5 do PIB mundial.

Esta não é a primeira vez, e certamente não será a última, que o dilema (de aumentar o teto da dívida pública) é apresentado ao congresso dos EUA. A questão envolve interesses contraditórios e tem múltiplos aspectos. O endividamento cresceu de forma extraordinária nos últimos anos em função da resposta das autoridades econômicas à crise, que implicou numa brutal elevação das despesas públicas e emissões bilionárias de papel-moeda.

Intervenção ineficaz


A intervenção do Estado, voltada basicamente para o resgate de bancos e banqueiros falidos, não revelou eficiência no combate à crise econômica ou pelo menos da chamada economia real. O índice de desemprego continua elevado (voltou a subir em junho para 9,2%), sinalizando uma economia estagnada e em desaceleração mais de três anos após o início da chamada Grande Recessão, no final de 2007.

É neste contexto que ocorrem os conflitos em torno do nível de endividamento e controle do déficit público. Preocupado com a economia, que pode determinar seu destino nas eleições presidenciais do próximo ano, Obama quer reduzir os cortes e aumentar os impostos das camadas mais ricas da população.

Silêncio sobre gastos militares


Os republicanos querem mais cortes e menos impostos para os poderosos. Parece uma polêmica entre esquerda e direita, conservadores e progressistas, mas não é este o caso. Os gastos militares do império, que ascendem a mais de US$ 1 trilhão de acordo com alguns especialistas, não são questionados por democratas ou republicanos, muito embora pesquisa recente revele que mais de 70% dos contribuintes norte-americanos são contra a intervenção militar do império em outros países, como acontece nesses dias na Líbia, Afeganistão e Iraque.

Não restam dúvidas que os Estados Unidos, bem mais que Grécia e Portugal, estão excessivamente endividados. A dívida, negligenciada por alguns economistas iludidos pelo suposto poder do dólar, é o pano de fundo da crise que se instalou em 2007 e contaminou o mundo, desdobrando-se nos dramas que estão em curso na zona euro.

Superconsumo e superprodução

O excesso de endividamento foi fomentado pela política monetária do país, marcada por juros negativos, já na gestão de Alan Greenspan no banco central e especialmente a partir da recessão de 2001, quando a taxa básica foi reduzida a 1%. O crédito, farto, barato e fácil, alimentou a bolha imobiliária e o consumismo desbragado da sociedade, resultando no que chegou a ser caracterizado como “crise do subprime” (hipotecas com alto risco de inadimplência).

Com ampla liquidez, o sistema financeiro emprestou até a quem não tinha renda, emprego ou patrimônio. Isto alavancou, a um só tempo, o superconsumo interno e a superprodução mundial de mercadorias. O processo de reprodução ampliada do capital em todo o mundo foi fortemente influenciado pela dívida e o déficit comercial norte-americano transformou-se numa via privilegiada para a realização de capitais estrangeiros de diferentes origens (Japão, Alemanha, China). A hipertofria do sistema financeiro, chamada por alguns de "financeirização da economia", também tem a ver com os débitos do império.

Com a crise, chegou também a hora da verdade, pois esta funciona, em certa medida, como um purgante para a economia enferma, impondo o ajuste interno e um maior equilíbrio entre poupança, consumo e investimentos. Mas a mão forte do Estado imperialista foi acionada em sentido contrário, inclusive impedindo a destruição de capital fictício.
Parasitismo
A dívida reflete o crescente parasitismo da economia americana, que ainda hoje vive bem além dos próprios meios que produz, à custa de trabalho alheio (no caso, de outros povos). É produto do hiato entre a poupança interna (“chocantemente baixa” segundo Joseph Stiglitz) e os investimentos, preenchido pelo capital estrangeiro. Compreende-se, portanto, que mais de dois terços da dívida pública do país seja dívida externa.

Não foram apenas economistas renomados que compraram e difundiram a falsa ideia de que os EUA não deviam se preocupar com dívidas, pois mantêm o poder de emissão da moeda mundial. Os governantes também se iludiram e não vacilaram em estimular o parasitismo. Certamente a posição especial do dólar na economia mundial favoreceu ilusões e permitiu a acumulação de déficits externos que já teriam levado qualquer outro país do mundo à bancarrota.

As autoridades apelaram à emissão para resgatar títulos do Tesouro. Isto produziu inflação no mundo e apressou a desmoralização do dólar, mas não tirou a economia estadunidense do pântano. A crise do capitalismo americano é profunda e estrutural. Sinaliza o esgotamento da ordem econômica internacional, fundada com base na realidade que emergiu após a 2ª Guerra Mundial e ancorada na hegemonia dos EUA e supremacia do dólar. O mundo mudou e o império já não é o mesmo. A necessidade de uma nova ordem mundial não é apenas um desejo dos povos. É um imperativo candente dos novos tempos.

Dilma efetiva secretário-executivo como ministro dos Transportes

 

Ministro interino dos Transportes desde a demissão do senador Alfredo Nascimento (PR-AM) por suspeita de corrupção, Paulo Sérgio Passos será efetivado no cargo, por decisão da presidenta Dilma Rousseff. Novo ministro é filiado ao PR, partido de Nascimento que teria montado um esquema de desvio de verbas nos Transportes. Presidenta acredita que Passos tem perfil mais técnico e menos suscetível influência de correligionários.

BRASÍLIA – O secretário-executivo do ministério dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, ministro interino da pasta, será efetivado no cargo, por decisão da presidenta Dilma Rousseff. O anúncio foi feita na noite desta segunda-feira (11/07) pela Secretaria de Imprensa da Presidência, em nota que informava que Dilma tinha convidado Passos, e que ele tinha aceitado.

O novo ministro havia assumido provisoriamente o comando dos Transportes no dia 8 de julho, quando o senador Alfredo Nascimento (AM) pedira demissão por suspeitas de que participava de um esquema de desvio de verba pública no ministério em favor do partido dele, o PR.

Passos também pertence ao PR. Ele é servidor público de carreira e tinha se filiado durante a gestão de Nascimento, ainda no governo Lula, para melhorar o trânsito junto a deputados e senadores do partido.

O secretário-executivo era a opção preferencial de Dilma para o cargo desde a demissão de Nascimento. A presidenta vê em Passos alguém com perfil mais técnico e menos sujeito a influências de militantes do PR, o que seria desejável para melhorar a execução de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Ao mesmo tempo, Dilma pode dizer que, com Passos, o ministério dos Transportes continua na cota do PR, já que o novo ministro é filiado ao partido. Esta era a principal preocupação da presidenta: fazer a sucessão de Nascimento sem brigar com o PR e perder o apoio de deputados e senadores do partido em votações no Congresso.

O PR gostaria, no entanto, de ver um perfil oposto ao de Passos no cargo que controla desde 2003. Alguém com quem parlamentares do partido se sentissem mais à vontade para procurar quanto tivessem algum tipo de reivindicação para fazer, por exemplo.

A efetivação de Paulo Sérgio Passos deve ser publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (12/07).

No mesmo dia, o diretor-geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot, participará de audiência pública no Senado para explicar a suposta participação dele no esquema que levou à demissão de Nascimento.

Depois de a denúncia ter sido feita em reportagem da revista Veja, Pagot tinha sido um dos nomes afastados do cargo pelo agora ex-ministro. Mas, ao contrário os outros três afastados, a exonoração de Pagot não foi formalizada até até agora no Diário Oficial. E não há certeza de que será. Depende das explicações que ele vai dar ao Senado.

A ida dele ao Senado resulta de convite feito pelos senadores Blairo Maggi (PR-MT) e Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP). O primeiro tem interesse nas explicações e Pagot porque é padrinho da indicação dele para comandar o DNIT, ainda no governo Lula. Pagot foi secretário de Maggi quando o atual senador governou o Mato Grosso.

Já o segundo, como adversário do governo, deseja prejudicar a gestão Dilma Rousseff ao expor Pagot a uma sabatina.

Fonte: Carta Maior