terça-feira, 14 de junho de 2011

Em prefácio, Dilma critica falta de planejamento na era FHC

Presidenta abre livro de Maurício Tolmasquim, seu secretário-executivo na época em que foi ministra de Minas e Energia

Após sete anos de sua criação, em 2004, o novo modelo do setor elétrico cumpriu os principais objetivos do governo, que são garantir a segurança do abastecimento de energia, conter o aumento das tarifas e universalizar o serviço de eletricidade. Essa é a avaliação da presidenta Dilma Rousseff, no prefácio do novo livro do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.


Foto: AE
Tolmasquim foi secretário-executivo de Dilma na pasta de Minas e Energia
 
Além de enaltecer os feitos da área que comandou entre 2003 e 2005, Dilma criticou a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso por falta de planejamento, classificando o cenário quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo, em 2003, como "desalentador".

Sobre a época em que assumiu a pasta de Ministério de Minas e Energia (MME), em 2003, Dilma relembra que o País havia acabado de passar por um racionamento e as concessionárias de energia estavam em grandes dificuldades financeiras. Além disso, o setor enfrentava problemas na expansão da geração, com uma série de hidrelétricas paradas por falta de licenças ambientais e sem novos projetos para serem licitados. Havia ainda uma desconfiança generalizada dos investidores sobre a segurança jurídica do negócio. "Para dificultar ainda mais, não havia quadros técnicos no MME (Ministério de Minas e Energia)", afirma Dilma.

No prefácio, a presidenta reconhece que o racionamento teve um "significativo impacto político", com peso nas eleições presidenciais de 2002. Em tom crítico, diz que o "apagão" não se deve apenas à falta de chuvas que comprometeu o nível dos reservatórios das hidrelétricas ou ao crescimento do consumo de energia, mas também à "falta de planejamento e, sobretudo, falta de investimento", aspectos classificados como "carências inadmissíveis do setor elétrico".

Nesse contexto, Dilma relata que o ex-presidente Lula determinou a concepção de uma "resposta duradoura para a questão energética", além de definir as três principais metas do setor: segurança energética, modicidade tarifária e universalização do serviço de energia. A presidenta compara a tarefa de conceber um novo ordenamento jurídico ao setor ao ato de "trocar o pneu com o carro em movimento", missão que escolheu para ser auxiliada por Tolmasquim, que na época era professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Antes de assumir a presidência da EPE, Tolmasquim havia comandado a Secretaria-Executiva na pasta de Minas e Energia.

Novo modelo

Ao longo desses sete anos de existência do novo modelo, Dilma afirma que o setor passou por profundas mudanças. Como exemplo, cita a separação dos segmentos de geração, distribuição e transmissão, que garantiu maior transparência na fixação das tarifas de energia, a adoção de um modelo de maior competição na licitação de novas usinas e a maior facilidade no acesso ao crédito pelos empreendedores. "Isso se traduziu em certeza muito maior na execução dos cronogramas das obras, reduzindo a sensação de risco por parte do investidor", comenta.

Além disso, a presidenta diz que a separação entre os leilões das novas hidrelétricas e as usinas já existentes contribuiu para a modicidade tarifária, assim como a adoção de garantias contratuais para minimizar os riscos de inadimplência do mercado. "São evidências dessa ação do Estado que, afinal, resulta em benefício ao consumidor, a instrução dos leilões de expansão da oferta em geral e a viabilização da competição nos leilões das usinas do Rio Madeira e Belo Monte", afirma Dilma, ressaltando que o marco regulatório gerou a estabilidade para os investimentos.

Hoje, a visão da presidenta é de que o setor elétrico passa por uma situação estável quanto ao suprimento de energia e que o governo teve êxito em conter a escalada do aumento da conta de luz no País. "A partir do novo arranjo institucional, as obras paralisadas saíram do papel, houve investimento expressivo na expansão da oferta e reduziu-se a incerteza na execução dos projetos", destaca Dilma.

A presidenta escreveu o prefácio para o livro Novo Modelo do Setor Elétrico Brasileiro, de autoria de Tolmasquim e publicado pela editora Synergia. Depois de ser lançado na semana passada no Rio de Janeiro e em Brasília, a publicação foi lançada ontem à noite em São Paulo. (AE)

Kassabismo paulista tem militares, engenheiros e procuradores

Decidido a disputar governo em 2014, prefeito nomeou dezenas de coronéis e chamou ex-colegas da Poli para cargos de confiança

Para reforçar seu projeto de ser candidato ao governo de São Paulo em 2014, o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, cercou-se de militares, promotores e engenheiros da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, todos vindos de seu círculo de confiança. Ao longo de seu mandato à frente da administração municipal, Kassab fez nomeações para cargos do primeiro e segundo escalões que apontam o perfil de quem poderá apoiá-lo em à frente de seu novo partido, o PSD.

Foto: AE
Militares estão entre os grupos que ganharam espaço no círculo de confiança do prefeito de São Paulo, que vislumbra candidatura ao governo em 2014

Desde que assumiu a prefeitura, em 2006, Kassab nomeou cerca de 80 oficiais da Polícia Militar, órgão subordinado à Secretaria de Segurança Pública do Estado, sem vínculo direto com a prefeitura. Grande parte foi nomeada no segundo semestre de 2010 e primeiros meses de 2011, quando ganharam força as negociações em torno de sua saída do DEM e subsequente criação de um novo partido.

Em outubro de 2010, ele passou 14 subprefeituras para coronéis aposentados da corporação. No último dia 3 de fevereiro, nomeou como subprefeitos outros cinco oficiais. Ao todo, 22 dos 31 subprefeitos da cidade são ex-coronéis. Além das subprefeituras, cerca de 40 oficiais ocupam cargos na chefia de gabinetes e coordenadorias, entre outras instâncias ligadas à administração municipal.

Os oficiais da reserva nomeados por Kassab são indicados pelo comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, que assumiu na gestão José Serra (PSDB) e permaneceu na gestão Geraldo Alckmin (PSDB). O PSDB é o maior partido da base de apoio de Kassab, que tem em Serra seu principal padrinho político.

Engenheiros da Poli, onde Serra e Kassab se formaram, também ocupam posições estratégicas do governo municipal. Mais de uma dezena de ex-colegas de universidade do prefeito foi nomeada para chefia de gabinetes, subprefeituras, diretorias e coordenadorias.
 
Integram a lista de formados na mais tradicional Escola de Engenharia de São Paulo – que graduou, também, o deputado Paulo Maluf (PP) – os secretários de Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem, e de Habitação, Elton Santa Fé, além do secretário adjunto de Comunicação, Marcelo Rehder. O deputado Guilherme Campos, que também cursou a mesma faculdade, embora em outra turma, já anunciou sua adesão ao projeto de Kassab.

Outro nicho que recebeu atenção especial de Kassab na hora de escolher nomes para cargos de confiança foi a Procuradoria. Em junho de 2010, a prefeitura nomeou três procuradores da Justiça para duas secretarias: Dráusio Lúcio Barreto para a pasta de Serviços e Sérgio Mendonça como secretário-adjunto, além de Edilson Mougenot Bonfim para a Corregedoria-geral do Município.

* Nara Alves, iG, Com informações da Agência Estado

Marina Silva sairá do PV em , dizem aliadospoucas semanas

Aliados de Marina Silva avaliam que a permanência da ex-senadora no PV é inviável e que a saída dela do partido deve ser selada em poucas semanas. Os motivos são a falta de êxito na cruzada por mais democracia no PV e o fim do diálogo com a direção nacional da legenda.

Marina e seu núcleo estão convencidos da impossibilidade de conseguir as mudanças consideradas necessárias para a transformação do partido, tais como alterações no estatuto que permitiriam eleições diretas e o fim de diretórios provisórios. Todos os aliados dão a saída dela e de seu grupo como certa.

"É rápido isso daí. Vai se resolver até o fim de junho. Mas a decisão já está tomada", diz um deles. Outro avalia que o processo de desligamento não dura mais do que 45 dias. O grupo só retarda o anúncio porque estuda os próximos passos a dar. Com Marina sairiam Fábio Feldmann, candidato a governador de São Paulo em 2010; Guilherme Leal, ex-candidato a vice de Marina; e João Paulo Capobianco, secretário executivo do ministério do Meio Ambiente na gestão Marina.

No momento, a tendência mais provável é a criação de um partido, mas outras hipóteses são consideradas. Isso porque não há tempo hábil para fundar uma nova sigla a tempo de participar das eleições municipais de 2012 — a lei exige filiação mínima de um ano aos futuros candidatos. Outro problema seria a falta de bons palanques nos estados para Marina em 2014, problema já sentido dentro do PV, na eleição de 2010.

Por outro lado, a migração para outra legenda é improvável, uma vez que o grupo teme que situação análoga à guerra hoje deflagrada no PV possa se repetir. Ainda assim, assessores de Marina fizeram circular no mês passado rumores de que a ex-senadora teria se aproximado do PPS.
Seguidores
Há dúvidas sobre os membros que poderão precisar do PV para se candidatar em 2012. Fernando Gabeira, que não integra o grupo marineiro, é possível candidato a prefeito do Rio. O secretário de Meio Ambiente de São Paulo, Eduardo Jorge, que vem sendo anunciado como candidato a prefeito por Gilberto Kassab, é outro em situação semelhante.

Também é incerta a permanência do deputado Alfredo Sirkis (RJ). O parlamentar nega que o grupo de Marina esteja prestes a deixar o PV. Pelo contrário, diz identificar uma tendência de negociação que pode, mais à frente, levar a um entendimento entre as facções verdes. Mesmo assim, reclama do comportamento dos dirigentes em relação a Marina. "Ela está descontente e chocada com o modo pelo tratamento dado por um segmento do partido não só a ela, mas às questões importantes que ela coloca."

Desde o fim das eleições, os grupos de Marina e do presidente nacional do PV, José Luiz Penna, disputam o poder no partido. Os marineiros avaliam que Penna não cumpriu compromissos firmados quando da chegada de Marina ao PV. A gota d’água para o grupo foram as recentes intervenções nos diretórios de Mato Grosso e do Ceará, além do isolamento de José Fernando em Minas, todos ligados à ex-senadora.

Da Redação do Vermelho, com informações do O Estado de S. Paulo

O Código Florestal e a questão nacional

O longo e difícil debate acerca da reforma do Código Florestal Brasileiro colocou em destaque, ainda que de forma não suficientemente explícita, a velha e boa questão nacional. De um lado, a lógica dos que associam a conservação e reprodução da natureza aos interesses do Brasil funda-se na simbiose entre ambiente e desenvolvimento.

De outro, a bandeira do conservacionismo é travestida de subordinação dos interesses nacionais a um movimento que se apresenta asséptico, puro e altruísta na defesa da preservação da Terra, mas que na verdade tem na retaguarda protagonista que surgiu na humanidade desde que o homem superou a barbárie e começou a trocar mercadorias: o general comércio.

A grande disputa se dá hoje no campo no ambientalismo. Os foros internacionais, como a Organização Mundial do Comércio e seus ciclos de negociações, como a empacada Rodada Doha, são um palco por demais ostensivo para que os agentes dissimulem seus verdadeiros interesses.

As posições têm de ser claras e duras, tangenciadas unicamente pela busca das mesmas divisas monetárias que orientam as cúpulas ambientais. Nenhum país vai a essas reuniões disposto a chancelar resoluções que limitem o seu desenvolvimento.

Daí porque o interesse comercial tem de extrapolar esses foros, que são tão limitados, e tomar a forma de partidos cosmopolitas que seduzam os corações e as mentes, apresentando-se como despidos de interesses nacionais e trajando o figurino de preocupação com o futuro da humanidade.

O movimento ambientalista assim se robustece como o maior fenômeno ideológico dos nossos tempos. Seu campo fecundo é a realidade que de fato clama por um programa de uso inteligente dos recursos naturais do planeta.

Mas o pano de fundo é o interesse comercial, que, por não poder assim se expressar, assume a roupagem de uma nova utopia que engaja quem não aderiu ou mesmo quem se desiludiu com antigas propostas de efetiva transformação do mundo. Que engajamento mais nobre, universalmente humanitário, poderia pleitear além da defesa de um planeta limpo e saudável?

É evidente que, para as ONGs internacionais, pouco importa o percentual de reserva legal ou a metragem de mata ciliar, já que em nenhum país tais reivindicações constam de suas plataformas ou de suas preocupações.

O Brasil perdeu mais de 23 milhões de hectares de agricultura e pecuária, em dez anos, para unidades de conservação, terras indígenas ou expansão urbana.

Acham pouco. Querem escorraçar plantações de mais de 40 milhões de hectares e plantar mata no lugar. Quem não concorda é acusado de "anistiar" desmatadores, num processo de intimidação que acua almas pusilânimes no governo e na sociedade.

Quebraram a agricultura da África e do México com subsídios bilionários. Pensam que podem fazer o mesmo por aqui. Será?

Por Aldo rebelo - Folha de São Paulo

CREPÚSCULO DOS PARTIDOS OU ESGOTAMENTO CONSERVADOR?

O PSDB contratou uma agência de  publicidade, informa a Folha de hoje. O objetivo é  reformatar  a ‘marca' tucana diante da opinião pública. Sucessivamente derrotado três vezes na tentativa de voltar à Presidência da República,o PSDB entende que errou  " na comunicação". A  agência não trabalhou direito o produto. Ou,  como quer Fernando Henrique Cardoso, não focou adequadamente o consumidor-alvo. "O partido precisa aprender a vender o peixe', diz o grão-tucano, sem piscar diante da palidez das  guelras. A transfiguração da linguagem política  em clichê empresarial tornou-se uma prática  suprapartidária aqui e alhures, em consonância com a supremacia da lógica financeira sobre todas as dimensões da vida social. A finança comanda e pauta a democracia, em vez de ser contrastada e regulada por esta. Os partidos sancionam a transfiguração suicida. Dissolve-se  o alicerce da participação social com descrédito consequente nas organizações políticas. Em recente passagem pelo Brasil, o filósofo Stiván Mészáros comentou a derrocada do socialismo europeu, reduzido a um  aplicativo da ortodoxia financeira, recorrendo à observação de Gore Vidal a propósito do sistema partidário norte-americano: "um sistema unipartidário com duas alas de direita". É nesse vazio de escolhas que avultam conclusões ligeiras, como a da recente pesquisa realizada pelo Datafolha/Box com 1.200  jovens brasileiros. Segunda a leitura feita pelo jornal, a enquete teria demonstrado que para 71% dos entrevistados, é possível fazer política usando a rede  social da Internet sem os partidos. "Esse jovem pensa a política de forma menos hierárquica e mostra uma descrença em relações às instituições formais, como partidos ou governo", diz Gabriel Milanez, pesquisador da Box. "Ela(a juventude) salta instituições", reforçou  Fernando Henrique Cardoso. Tudo muito coerente, sobretudo quando o raciocínio surfa na aparente evidencia dos fatos, como as mobilizações no Egito ou na Espanha. A marcha batida do funeral partidário inscrita no raciocínio de profundidade equivalente a 140 toques  tropeça porém em detalhes expressivos: a) na ditadura egípcia inexistiam organizações partidárias expressivas, razão pela qual a explosão popular desaguou na atual tutela militar; b) na Espanha, como disse Meszáros, campos indivisos unificam as agendas dos socialistas e  dos mercados. No caso brasileiro, talvez fosse melhor inverter a pergunta: a sociedade se afastou dos partidos ou  eles se afastaram das ruas? O PT, por exemplo. Agora sob a direção de Rui Falcão, tem a oportunidade de reverter o espectro da irrelevância com a qual a direita, na verdade, purga a saturação neoliberal. Um bom começo seria trazer os intelectuais de volta à vida da organização, rompendo a terceirização marqueteira para fazer das eleições municipais de 2012 uma virada nas formas de debater e construir um programa para a cidadania
(Carta Maior; 3º feira,14/06/ 2011)
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Bahia: Nesta terça-feira, Wagner pode enviar à Assembléia projeto sobre área metropolitana de Feira de Santana

“Eu soube que o governador vai encaminhar para mim ainda hoje”, disse agora há pouco o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo (PDT) sobre o projeto que prevê a criação de uma região metropolitana em Feira de Santana. Em entrevista ao Política Hoje, Marcelo Nilo afirmou que pode colocar o projeto na pauta de votações da próxima quinta-feira (16), caso o projeto do Executivo chegue às suas mãos nesta terça-feira (14).

O pedetista é favorável a aprovação do projeto que, segundo ele, trará benefícios políticos à região. “Politicamente, é bom. Administrativamente, não muda muita coisa, mas politicamente sim porque fica muito mais fácil conquistar questões políticas quando se luta junto. Dá um peso maior”, afirmou o presidente da AL-BA.

Para serem integrados à Região Metropolitana, os municípios devem ter população urbana igual ou superior a 50% da população total, participação igual ou superior a 4% no PIB do Estado, serem limítrofes e terem fluxo de relação comercial e de movimento pendular com a cidade sede.

A Região Metropolitana será integrada por Feira de Santana, Amélia Rodrigues, Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe, Tanquinho e São Gonçalo dos Campos. Outros dez municípios serão abrangidos pelo processo de expansão numa segunda fase: Coração de Maria, Santa Bárbara, Anguera, Antônio Cardoso, Irará, Candeal, Ipecaetá, Santanópolis, Serra Preta e Riachão do Jacuípe. Na quinta-feira (16), o projeto será apresentado em Feira de Santana durante sessão itinerante da Assembleia Legislativa da Bahia, às 14h, no Centro de Cultura Amélio Amorim. (Amanda Barboza - Politicahoje)

Bahia: Wagner nega que medalha seja forma de bajulação

Além do governador Jaques Wagner, foram premiados nesta segunda-feira, na sede da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo (PDT), o presidente da Empresa Gráfica da Bahia, Luiz Gonzaga, e o diretor do Banco do Nordeste, Paulo Ferraro – que não estava presente. Aos três foi concedida a medalha Ranulfo Oliveira.
Em seu discurso, Ernesto Marques, ex-assessor do governador e membro da ABI, garantiu que a homenagem prestada a Jaques Wagner não era “vassalagem ou bajulação”. Olhando para Wagner, Ernesto disse que “sob o governo de Vossa Excelência, a verba de propaganda não foi usada para garrotear nenhum veículo”. Ernesto também defendeu que, atualmente, qualquer denúncia pode ser feita sobre o governo do estado e que o governador era uma “liderança no processo de restauração da liberdade de imprensa” na Bahia.
Em conversa com o Política Hoje, Wagner reiterou as palavras de seu antigo assessor e garantiu não ser “do tipo de político que mude por bajulação”. “É fato que, hoje, existe mais liberdade de imprensa”, complementou. Essa é apenas a sétima vez que a medalha do Mérito Jornalístico é concedida a alguém. Das vezes anteriores, sempre foi concedida a personagens ou instituições ligadas ao jornalismo, pela ordem: Jorge Calmon, Associação Brasileira de Imprensa, Ranulfo Oliveira, Simões Filho, Jorge Amado e Afonso Maciel Neto.  
Em seu discurso, Wagner também brincou com o jornalista Samuel Celestino: “Imagine o que diriam se um de nós [da política] ficasse 24 anos no poder”, disse, referindo-se ao tempo de permanência de Samuel na presidência da ABI. Mais tarde, ainda em tom de brincadeira, afirmou que “Nilo está querendo chegar lá”. O presidente da AL-Ba está em seu terceiro mandato como presidente da Casa. (Rodrigo Aguiar - Políticahoje)

Dilma deu a volta por cima e foi aprovada

A mídia hegemônica brasileira parece não aprender com sua própria experiência e, muitas vezes, se surpreende com os resultados de seus “feitos”. A divulgação, no domingo (12), da pesquisa feita pela Datafolha sobre o governo Dilma Rousseff é um desses momentos, como a manchete de capa da Folha de S. Paulo demonstrou: ”Dilma mantém aprovação apesar de Palocci e inflação”.

A manchete demonstrou algo entre inconformismo e surpresa ante os resultados apresentados pelo Datafolha. Os dados são inequívocos. A presidente Dilma Rousseff tem 87% de aprovação popular (a soma dos itens ótimo, bom e regular); uma outra forma de ver também ilustra o alto apreço que os brasileiros têm pela presidente: a diferença entre os 49% que acham o governo ótimo ou bom e os 10% que o avaliam com ruim ou péssimo são consagradores 39% percentuais favoráveis à chefe do Executivo.

A mídia conservadora bem que tentou e nas últimas semanas bateu duro no governo tendo como pretexto os negócios particulares do então ministro Antonio Palocci e, depois, insinuando uma dependência de Dilma em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não deu certo.

O ex-ministro merece toda reprovação. E já foi tarde. Mas em relação à sua figura, a pesquisa mostrou que a maioria dos brasileiros conhece o caso mas ele não afeta a boa imagem de Dilma. Em relação a Lula, foi pior para a mídia patronal: 64% dos brasileiros (quase dois terços dos consultados) aceitariam a participação do ex-presidente nas decisões da atual mandatária.


Mas a postura de Lula em relação à sua sucessora, e isso todo mundo sabe e percebe, tem sido de prudência, discrição e distância. E Dilma, por sua vez, tem demonstrado no exercício do governo a firmeza que a mídia e os conservadores duvidaram que teria. As decisões de governo que tem tomado demonstram isso, um estilo próprio e uma maneira pessoal de conduzir o governo, assim como as relações com as demais forças sociais e políticas, a partir da base aliada.

Diante do assédio contra Palocci, Dilma tomou a decisão que tinha que tomar e trocou a coordenação política de seu governo, substituindo-o por uma dupla feminina inesperada para os analistas conservadores – as novas ministras Gleisi Hoffmann, que ocupou a vaga deixada por Palocci na Casa Civil, e Ideli Salvatti, a nova titular das Relações Institucionais, que cuidará a partir de agora das relações entre o governo e o mundo político.

Talvez houvesse, no fundo do coração conservador, a esperança de uma saída conservadora, à direita, para a crise que eles criaram, cujo alvo não era Antonio Palocci mas a própria presidente da República. Não deu certo e a saída adotada pela mandatária aponta em outra direção, a do fortalecimento dos setores mais desenvolvimentistas do governo. Ponto negativo para a mídia e para os conservadores.

Dilma chamou para si também a linha de frente da articulação política, trazendo duas auxiliares dotadas de características semelhantes a ela própria (daí o mantra que a mídia passou a entoar, chamando Gleisi de “Dilma da Dilma”). Para surpresa e mesmo desapontamento dos conservadores, a presidente não vacilou em demitir aquele que era tido, desde o início de seu mandato, como o “superministro”, esvaziando a crise.

Esta resposta rápida pode ser entendida também como um aprendizado da crise de 2005. O governo não pode e não quer perder tempo – este é o recado dado. O que a mídia conservadora ainda não percebeu é aquilo que ficou registrado na pesquisa do Datafolha: Dilma tem apoio popular para agir. E demonstrou que tem vontade e disposição para corresponder a esse apoio. (Editorial do Vermelho)

Em defesa das coligações partidárias

A reforma política está em discussão. Alguns grandes partidos advogam a cláusula de barreira, o voto distrital (misto ou puro) etc. A novidade é que agora também querem proibir a coligação partidária na eleição proporcional, mas mantendo-a para a eleição de prefeito, governador e presidente. Um casuísmo para prejudicar as agremiações menores. Se conseguirem seu intento, os partidos pequenos e médios ficam impedidos de se unir para buscar crescer junto ao eleitorado.

Constituir ou não alianças faz parte da natureza da atividade política de partidos, entidades e indivíduos. Vedá-las é uma agressão à democracia e a um direito fundamental da ação partidária. Sem a coligação, partidos que têm mesmos objetivos seriam obrigados a disputar entre si. O artigo 17, §1º, da Constituição, que, em sintonia com o direito de livre associação, assegura aos partidos autonomia “para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais”, seria desvirtuado.

Com a manutenção do quociente eleitoral, o fim da coligação ampliará a quantidade de votos descartados quando do cálculo de eleitos, impedindo o acesso de pequenos – e até médios – partidos ao Parlamento. Mais uma vez os beneficiários seriam os grandes partidos. Um golpe na diversidade partidária. Na década de 50, esta tese já foi condenada como antidemocrática e prejudicial às pequenas agremiações pelo grande Barbosa Lima Sobrinho. Hoje, ministros do Judiciário, juristas e parlamentares dos mais diversos partidos levantam suas vozes em defesa das coligações. O ministro Ayres Brito, do Superior Tribunal Federal, expressou que não vê “exotismo na figura da coligação, porque ela é um subproduto do regime proporcional de votação”.

Partidos que foram pequenos no passado hoje têm um grande eleitorado, e até governam o Brasil, graças às coligações. A reforma só se justifica se ampliar a liberdade partidária e o leque de opções ideológicas disponíveis ao eleitor. Caso contrário, não será reforma, mas retrocesso político. E isso estamos chamados a evitar. (Inácio Arruda - O Povo)

Marina admite crise, mas é evasiva sobre saída do PV

A ex-senadora Marina Silva (PV) foi evasiva hoje sobre a possibilidade de deixar o PV, partido que enfrenta atualmente uma crise política. A candidata da sigla à sucessão presidencial em 2010 frisou mais de uma vez que seu propósito atual é democratizar o PV e torná-lo um partido "moderno". Ela reconheceu que a sigla atravessa um momento de dificuldade, mas evitou criticar diretamente a atual direção e disse esperar que esta fase seja contornada. "Agora, nós estamos diante de um desafio muito grande, que é de fazer, em nós, aquilo que propomos para os outros", disse, em entrevista ao Programa Roda Viva, da TV Cultura.

A crise que atinge o PV se arrasta desde março, quando aliados da ex-senadora propuseram, em um documento, mudanças na estrutura partidária. O grupo de Marina Silva defende uma ampla campanha de filiação, recadastramento dos filiados e a promoção de eleições diretas para a direção do partido. A iniciativa encontrou resistência entre lideranças do partido, entre elas o atual presidente nacional do PV, José Luiz Penna. Diante do impasse, aliados da ex-senadora cogitaram sua saída do partido e a eventual criação de uma nova legenda, cujo nome inicial seria Partido da Causa Ecológica (PCE).

Na entrevista, a ex-senadora refutou o novo nome. "Eu acho até que o nome que deram denuncia a falta de proximidade com o tema." A ex-candidata do PV foi questionada ainda sobre que nome daria caso tivesse a intenção de criar uma nova sigla. "Eu não estou colocando essa questão agora, senão você perde o investimento que você está fazendo", respondeu. "O PV tem que decidir o que quer. Se ele quer ser um partido ou apenas uma sigla." A ex-senadora negou ainda que esteja dando um prazo para deixar a legenda e reconheceu que a demora da direção nacional em dar uma resposta às novas reivindicações "cria um desconforto".

Na avaliação dela, o PV tem agora todas as possibilidades de se tornar "este novo partido". A ex-senadora disse que ainda espera uma resposta da direção da agremiação sobre o tema. "Existiu uma parte (do PV) que reagiu muito mal às propostas. Agora, o problema é que três meses se passaram e não foi dada nenhuma resposta ainda", disse. "A minha condição é de que o PV precisa dar esse passo. Ele precisa promover a democratização do partido."

A ex-senadora disse ainda que não pretende ficar a priori na cadeira de candidata à sucessão presidencial pelo PV. Na avaliação dela, é necessário pensar bem o assunto. "Não vou ficar a priori na cadeira de presidente. Eu vou trabalhar pelo PV." (AE)

Entrevista: Walter pinheiro

WALTER PINHEIRO
Fotos: Tiago Melo/BN

"achei importante a posição da presidenta na saída de Palocci, quando reformulou: Casa Civil cuida de gestão e Relação Institucional cuida da política"
Por Rafael Rodrigues
Bahia Notícias: Após a queda de Antônio Palocci da Casa Civil, ficou evidente um mal estar entre o Congresso e o governo, no tocante à articulação política. Qual a análise que o senhor faz da articulação política dos cinco primeiros meses do governo Dilma?

Walter Pinheiro:
Eu acho que houve erro na concepção. Palocci fazia uma parte e Luiz Sérgio fazia outra. A Relação Institucional foi criada exatamente para resolver este problema. Quem fazia a Casa Civil, era José Dirceu. Lula foi lá e criou a Relação Institucional, que foi assumida em seu primeiro mandato por Aldo Rebelo. Com Dilma, a gente tinha os dois fazendo as mesmas coisas. Óbvio que dava choque. Palocci, até por ter o comando de uma pasta mais forte, e ter a experiência de ter vindo de outro governo, terminava absorvendo diversas tarefas. Por isso que eu achei importante a posição da presidenta na saída de Palocci, quando reformulou: Casa Civil cuida de gestão e Relação Institucional cuida da política, e os dois interagem para relacionar o governo tanto para dentro quanto para fora.

BN: Essa onda de matérias que já saíram na imprensa que coloca em questão o passado da nova ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, pode vir a atrapalhar a sua atuação na pasta?

WP:
As pessoas vão comparando coisas distintas. É muito natural que um escritório possa trabalhar em uma campanha de um parlamentar e depois ter a oportunidade de orientar nas questões legislativas. Tanto na Câmara quanto no Senado, os parlamentares podem contratar consultorias. Ela fez esse contrato e, pelo valor, não acredito que tenha usado serviços eleitorais e agora está pagando. Até porque, na prestação de contas dela já consta o pagamento que fez a esse escritório durante o período eleitoral. A outra questão é uma tarefa de consultoria. Aos parlamentares é dado o direito de ter consultoria enquanto exerce o mandato. No caso dela, esse é o primeiro período que ela assume mandato parlamentar. Quando ela tinha o escritório de consultoria, ela não era nem parlamentar. O conflito que se criou, no caso de Palocci, foi a partir da forma, o jeito, que tipo de consultoria era essa. É obvio que o montante (de dinheiro) assustou a todo mundo. Ganhar tanto em pouco tempo. Isso chamou mais atenção do que o fato de ele prestar consultoria sendo parlamentar.

"A minha vida inteira foi marcada por uma luta para que a gente pudesse aprovar leis que combatessem a intolerância, o preconceito, a homofobia, a discriminação, a luta pelas liberdades"
BN: Setores do PT divulgaram uma carta em repúdio à participação do senhor em uma marcha contra o projeto que criminaliza a homofobia, promovida pelo pastor Silas Malafaia. O senhor disse que não estava na marcha, mas ainda assim é um dos opositores à proposta...

WP:
Eu participar de uma marcha ou de uma campanha dos evangélicos buscando fazer alterações na lei é extremamente normal. Eu defendo fazer alterações na lei. Agora, a minha vida inteira foi marcada por uma luta para que a gente pudesse aprovar leis que combatessem a intolerância, o preconceito, a homofobia, a discriminação, a luta pelas liberdades. Até diferentemente do que o repórter do G1 divulgou, que eu subi e desci do trio, eu até nem poderia estar lá, porque estava fazendo uma ressonância magnética em uma clínica em Brasília. Ele me entrevistou dentro da Câmara, no momento em que a Frente Parlamentar Evangélica fazia uma reunião. Eu tenho posição muito clara e firme: tanto o movimeno LGBT, quando a Frente Parlamentar Evangélica, quanto a Frente em Defesa da Vida, todo mundo conhece minha posição com relação ao PL 122. Eu defendo que temos que ter uma lei de combate à homofobia, como diversas leis que combatem o preconceito. Estou discutindo, em um grupo que participo no Senado, qual a lei que vamos aprovar. Eu, Marta Suplicy, Paulo Paim, Gleisi Hoffman participava desse grupo, e outros senadores.

BN: O senhor sempre fala que o crime tem que ser tipificado na lei. Explique para o nosso leitor que alteração é essa que propõe no projeto.

WP:
É muito genérico chegar e dizer “toda a forma de violência”. Produzir panfleto fomentando a discriminação e a homofobia não é uma violência? Para mim é. Promover o combate ao homossexual e agredi-lo com palavras é outra forma de violência. Precisa tipificar, tratar isso. Como é que o Estado, o Judiciário, vão se comportar para pegar uma pessoa que é homofóbica, se você não tiver uma regra contra as pessoas que buscam incitar a violência, como, por exemplo, na internet, ou por escrito. Como essa pessoa vai pagar? Se deixar no genérico, é muito solto.

BN: E quanto à polêmica cartilha contra a homofobia?

WP:
Temos que trabalhar também a educação. Por isso defendi junto dentro do Ministério da Educação que a cartilha para as escolas seja uma cartilha de orientação para que as pessoas adotem práticas de combate à homofobia, de combate ao preconceito, ao racismo. O Ministro da Educação aceitou a nossa ponderação e vai reeditar a cartilha para orientar as pessoas para que não adotem práticas homofóbicas.

"(A Cartilha Antihomofobia) não buscava fazer exatamente para as pessoas uma linha de orientação de combate às práticas homofóbicas"
BN: A cartilha que vazou na internet, não está adequada?

WP:
Eu acho que ela não educava, não orientava, não buscava fazer exatamente para as pessoas uma linha de orientação de combate às práticas homofóbicas. A cartilha era muito mais uma orientação sexual. Orientação sexual ou orientação de fé são coisas muito melindrosas para você produzir. Por exemplo, eu sou contra que o Estado brasileiro tenha o ensino da religião. Qual é a religião? Alguns querem ser evangélicos, outros católicos, outros espíritas. Então, que orientação de fé o Estado vai fazer? E se eu não quiser ter fé nenhuma? Eu tenho uma orientação de fé, mas não é o Estado nem partido nenhum que determina qual é, pois é uma escolha pessoal. Política é orientação coletiva.

BN: O senhor concorda com o argumento, então, de que essa cartilha criava sugestionamentos para a sexualidade dos alunos?

WP:
Ela era uma cartilha que tinha uma orientação de conotação também sexual. Eu acho que tem que ter uma cartilha que faça a educação e orientação do combate às todas as formas de preconceito e de intolerância. É importante que a cartilha seja nesse sentido.

BN: O senhor afirmou, em entrevistas, que o PT não deveria ir negociar com os partidos da base para 2012 com uma posição fechada quanto à escolha do candidato. Não parece que é isto que está acontecendo. Até mesmo o governador já manifestou sua predileção pelo deputado federal Nelson Pelegrino. O senhor acha correta esta postura do partido? Teme que a base vá rachada para a eleição municipal?

WP:
Wagner declarar que o candidato do PT dele é Nelson está correto.

BN: Mas vindo dele, o governador do Estado, não impõe uma preferência?

WP:
Eu posso declarar que meu candidato, dentro do PT, é Nelson. A diferença é que o PT não vai escolher candidato agora. Não está na hora ainda. O PT tem é que conversar com os partidos da base – vários já disseram aí que têm candidatos. Então, temos que conversar entre os partidos, montar um programa, discutir o que queremos com Salvador e as outras 416 cidades do estado. A partir disso, ver os nomes que os partidos estão oferecendo. Não podemos reunir os aliados e dizer “nosso programa é esse, nosso candidato é esse. Venham a nós todos vós que estais cansados”. Não dá para ser assim, não somos deuses. Temos que dizer “temos um nome, mas antes de apresentá-lo, primeiro queremos discutir uma proposta”. Queremos reeditar e, se possível, ampliar a mesma frente que apoiou Wagner na reeleição. Vamos discutir isso com calma.

"Dou um conselho ao pessoal do BRT: troque de porta-voz. Miguel passou pelo Bahia e levou o clube para a terceira divisão; passou pela Transalvador tão rápido que ninguém viu. (...)
Tudo o que ele defendeu não deu certo. Será que o BRT presta?"
BN: A fórmula para ter os partidos da base pode passar pelo apoio em outros municípios do estado, então?

WP:
O Estado tem que ser pensado como um projeto político. Pode ser que em algum lugar o candidato do PT não seja tão competitivo e, em vez de fazer a disputa pela disputa, a gente apoia outro candidato. Por isso é importante ter um olhar muito mais amplo. Agora, é legítimo que o PT apresente um nome junto ao programa para discutir com a frente para tentar eleger o prefeito de Salvador.

BN: Em entrevista ao Bahia Notícias, Miguel Kertzman (ex-coordenador municipal da Copa) disse que o senhor era um “lobista dos grandes conglomerados” porque defendia o VLT como modal para o transporte público de Salvador...

WP:
Nenhum grande conglomerado apresentou o VLT, então eu não posso ser lobista do nada. Ele errou na tinta. Eu era lobista dos grandes conglomerados do VLT e ele porta-voz do lobby do BRT, era isso? Então, eu até dou um conselho ao pessoal do BRT: troque de porta-voz. Miguel passou pelo Bahia e levou o clube para a terceira divisão; passou pela Transalvador tão rápido que ninguém viu – a única coisa que fluiu rápido no trânsito de Salvador foi a passagem dele, porque o trânsito continua engarrafado –; foi representante da prefeitura para assuntos da Copa e não sei nem se conseguiu chegar na copa, ficou lá nos fundos, no quintal, do lado de fora; e foi comentarista também em uma rádio de Salvador, a Metrópole, passou “The Flash”. Então, eu disse ao pessoal do BRT “cuidado, porque esse porta-voz não tem tanta credibilidade”. Tudo o que ele defendeu não deu certo. Será que o BRT presta?

BN: Já que a proposta do VLT não está mais no jogo, qual modal o senhor prefere?

WP:
Tenho acompanhado, estudado e pedido todas as propostas que foram apresentadas na Secretaria de Planejamento, respeitando o tempo limite de divulgação. Eu me debruço sobre essa questão. Fui eu a primeira pessoa, em 2008, a puxar esse assunto. Discutimos a transferência da rodoviária quando eu era o secretário de Planejamento. Também tirar o Detran dali e levar para Valéria a parte de vistoria e a parte dos documentos fica aqui nos SAC’s. Temos que reformular o sistema metropolitano de transportes, não só pensar em um corredor de transportes para a Copa do Mundo. A Copa serão só três jogos e, nos dias dos jogos, o trânsito fica vazio, porque as pessoas vão para casa ou para o bar para ver, não tem engarrafamento. A Copa tem que ser a janela de oportunidades para a gente ir em cima do governo federal buscar dinheiro e fazer um bom sistema de transporte.

"A gente devia mudar o nome para TVB. No baiano vai embora é “bora”. Então Vai Bora! Não dá mais"
BN: E qual o da sua preferência?

WP:
Dois me chamaram a atenção: o monotrilho, pela novidade. Ele me parece que, ecologicamente, se ajusta ao que eu queria em Salvador com o VLT, uma coisa mais leve. Na minha proposta de VLT não era só Avenida Paralela. Tinha no canteiro central da BR-324, para levar até à nova rodoviária, tinha na Cidade Baixa, tinha um no Centro Histórico, do Campo Grande à Praça da Sé, onde tinha um bonde ali, passando pela Avenida Sete. Outra proposta interessante é a do metrô em definitivo. Daria sentido aos 12km (entre a Lapa e Pirajá), completaria com mais 22km até Lauro de Freitas, e faria um complemento com o sistema de transporte envolvendo Retiro até Calçada, Largo do Tanque. São projetos que achei que ficaram bem ajustados. Com esses dois sistemas, a gente pode dialogar com o sistema de ônibus que tem na cidade, com o trem suburbano. Uma estrutura modal com vários meios de transporte interligados, inclusive a barca, enquanto a ponte Salvador-Itaparica não chega, e as barcas que levam às ilhas da cidade.

BN: O senhor ainda vê credibilidade na TWB para continuar como a operadora do serviço de ferry boat até 2031, quando vence o contrato?

WP:
A gente devia mudar o nome para TVB. No baiano vai embora é “bora”. Então Vai Bora! Não dá mais. A gestão já ficou comprovadamente esgarçada e ruim. Era importante a gente pensar um novo modelo de gestão para aquilo. Agora, eu volto a insistir: eu já briguei com o governo federal, vou brigar agora na discussão do PPA (Plano Plurianual) para ter recursos para fazer a grande obra do vetor oeste, não só a ponte. A gente resolveria esse problema de rotas de saída, e ganharia um novo vetor de desenvolvimento para Salvador e Região Metropolitana, Recôncavo e outras áreas.
Fonte: BAHIA NOTÍCIAS

Bahia: Ângelo e Marialvo comentam precipitação de Wagner

Os vereadores petistas na Câmara de Feira de Santana se manifestaram sobre o anúncio do governador Wagner, afirmando que o deputado Zé Neto é seu favorito para ser candidato do PT a prefeito de Feira de Santana. Ângelo Almeida não ficou surpreso. “O governador se manifestou a favor de seu líder do governo na Assembleia. É muito barulho com isso. Era esperada essa posição. Meu nome continua à disposição para o debate. Nas Prévias acho que devemos discutir com escolas, universidades, sindicatos, movimentos sociais, imprensa”, afirmou. Mais uma vez Ângelo mostrou equilibro que caracteriza seu mandato e o credencia como forte candidato a disputar a Prefeitura pelo PT feirense.
Já Marialvo Barreto, bem ao seu estilo combativo, não poupou palavras para demonstrar sua insatisfação. “Criou constrangimentos. A palavra de Wagner tem peso, ele é o governador. Mas gerou desconforto em Feira, que tem outros bons pré-candidatos. Deveria buscar unidade. Deveria haver diálogo. Três candidatos fortes atualmente: Sergio, Zé Neto e Ângelo”. Marialvo também não deixou de cutucar os membros da Executiva que estão por aí fazendo campanha antecipada em nome de Zé Neto, como o Aquibahia denunciou semana passada. Alberto Nery e José Rocha estiveram em programa de rádio fazendo campanha pra Zé Neto. (AquiBahia)

Bahia: Petistas rebatem declarações de Alice

As polêmicas declarações da deputada federal, pré-candidata do PCdoB à prefeitura de Salvador, Alice Portugal, concedidas a Tribuna ontem confirmaram o clima de divergência, existente entre o partido e o PT, em relação à estratégia eleitoral para vitória da base na corrida municipal de 2012, na capital.
Petistas baianos com representação estadual e federal minimizaram o impacto das palavras da comunista, porém discordaram de forma enfática de seu posicionamento. Em entrevista, a deputada não só reafirmou a postulação da legenda, como também mandou recado ao dizer que “o PT precisa entender que os aliados existem”.

Nos bastidores, há quem registre sinais de desentendimento dentro da base. O presidente do PT, Jonas Paulo, rebateu o questionamento da deputada ao dizer que: “Se o PT não entendesse seus aliados não estaria tendo reunião com os partidos, como a que teve hoje (ontem). Se estou fazendo esse movimento é porque estamos fazendo parceria com os aliados, mas queremos ressaltar que o projeto deve estar em primeiro lugar”, enfatizou.
 
O deputado federal Nelson Pelegrino, mais cotado para se firmar como pré-
candidato do PT na sucessão ao Palácio Thomé de Souza, considerou a legitimidade do PCdoB, mas deixou claro que a posição do aliado histórico não corresponde à expectativa do governador Jaques Wagner, que deve ser o grande condutor do processo eleitoral.

“É um direito do PCdoB, mas eu sou da tese do governador, que prega a união em torno do lançamento de uma só candidatura. Temos que deixar as portas abertas”, avisou.

Segundo Pelegrino, a tendência do PT é a de trabalhar na perspectiva de construção da aliança não apenas em Salvador, como em todo o estado. “Inclusive em outros lugares que o PCdoB tem pré-candidato”, disse numa alusão aos municípios em que os comunistas já teriam postulantes, a exemplo de Vitória da Conquista.
Questionado sobre a oposição que pode se unir em torno de uma única candidatura, prejudicando a tática, Pelegrino afirmou: “Se a oposição se unir é natural que a base também se una”.

Forte aliada de Pelegrino, a deputada estadual Maria Del Carmem (PT) comungou de seu pensamento. “É legítimo que Alice lance pelo seu nome, sua história de atuação na vida política, mas nós temos um projeto em comum encabeçado pelo governador Jaques Wagner”.  (Romulo Faro -TB)

Bahia: Democratas anuncia que terá candidato à prefeitura de Salvador

O discurso de que a oposição baiana, leia-se PSDB, DEM, PMDB e PPS, se uniria em prol de uma única candidatura para a disputada vaga no Palácio Thomé de Souza não deve se confirmar. Além do PSDB, ontem foi a vez do DEM oficializar que terá candidato próprio para o embate.

Na tarde de ontem, em encontro na sede do partido, os líderes democratas, inclusive, bateram o martelo em torno dos nomes do presidente José Carlos Aleluia e do deputado federal ACM Neto.
“Nos comprometemos a trabalharmos juntos e mais para frente decidiremos em torno de um nome. Ficou acertado também que continuaremos dialogando com os outros partidos de oposição com o objetivo de forjar uma chapa bastante competitiva”, afirmou Aleluia.
Há menos de uma semana, o PSDB também anunciou que terá candidatura própria a prefeito e a vice nas grandes e médias cidades baianas em 2012 e a capital baiana, sem dúvida, não ficará de fora. Em entrevista à Tribuna, o presidente estadual da sigla, Sérgio Passos, afirmou em “alto e bom som” que um partido com forte representatividade nacional, sendo o adversário mais forte em âmbito federal, não pode ficar à margem do processo eleitoral.

“Portanto, vamos trabalhar para lançarmos candidatos na capital e nas grandes cidades do interior e nas pequenas de porte o máximo possível.

Onde não lançarmos na cabeça de chapa queremos ter participação”, avisou. Perguntado sobre se isso não seria contraditório com o objetivo de unificação das oposições, Passos disse que: “Na política, todos colocam suas posições para depois, através das convergências, se buscarem a formação daquilo que se deseja”, disse.

O próximo a divulgar essa possibilidade tende a ser o PMDB, liderado pelo deputado federal Lúcio Vieira Lima. A opinião de Lúcio é de que a eleição em dois turnos abre caminho para esse movimento.

“Na verdade, a base aliada vai ter vários candidatos. É como tem que ser. No segundo turno, os partidos próximos ideologicamente conversam em termos de projeto”. No PMDB, os nomes mais cotados são o do ex-ministro Geddel Vieira Lima, o do ex-deputado federal  Marcelinho Guimarães e o ex-secretário Fábio Mota. (fernanda Chagas - TB)

Renan apresenta voto contra fim da reeleição


Relator na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) apresentou voto contrário às propostas que mudam a Constituição para acabar com a possibilidade de reeleição de presidente da República, governadores e prefeitos e para instituir mandato de cinco anos.
Os integrantes da comissão vão decidir amanhã (15) se seguem o relator ou se aprovam os textos originais, apresentados pela Comissão da Reforma Política do Senado.
Ao se posicionar a favor da reeleição no Executivo, Renan relembrou argumentos que levaram à aprovação da Emenda Constitucional 16, como o tempo insuficiente do mandato de quatro anos para os desafios dos cargos. Para ele, a reeleição permite aos eleitores “premiar os bons governantes com um mandato adicional e punir os maus governantes com a recusa desse mandato”.
Ao rejeitar o mandato de cinco anos, o peemedebista disse ser esta proposta “uma espécie de contrapartida” pelo fim da reeleição no Executivo.

Contra o aumento do mandato, o relator argumenta que a mudança resultaria na não coincidência entre o mandato do presidente da República e o dos parlamentares, “fator que dificulta a governabilidade e facilita a ocorrência de crises institucionais”. Para ele, a mesma duração de mandatos do Executivo e do Legislativo favorece a sintonia de agenda dos dois Poderes. (TB)

PT questiona limites

O PT ajuizou no Supremo Tribunal Federal (STF) uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) questionando os limites geográficos do município de Barra do Mendes (a 406 km de Salvador).
Na ação, o partido afirma que em 2001 um deputado estadual apresentou à Assembleia Legislativa do estado um projeto que corrigia “os limites do município de Barra do Mendes, restaurado em 1958, através da Lei 1.034, desmembrado do município de Brotas de Macaúbas”.

Segundo o PT, a lei não seguiu o que determina a Constituição. A legenda alega que a população dos municípios envolvidos não foi ouvida na época e diz que a lei estadual “afronta norma constitucional asseguradora do direito do município e da população de preservar a integridade e unidade de seu território”.
O partido sustenta que a mudança nos limites de Barra do Mendes desmembrou parte do território do município vizinho de Brotas de Macaúbas, atingindo mais de 680 pessoas, além de outras localidades. (TB)

Ideli diz que será 'afável' na abordagem com Congresso

A nova ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, afirmou que será "firme nos princípios e afável na abordagem" com os parlamentares no cumprimento de sua nova missão. A catarinense que tem fama de "pavio curto" ponderou em seu discurso de posse no cargo que seus oito anos de mandato como senadora renderam-lhe "cicatrizes" e conferiram-lhe "coragem" para enfrentar os desafios do Congresso de "peito aberto".


Foto: AE
A nova ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, na cerimônia de posse

Ao tomar posse no cargo em solenidade realizada hoje no Palácio do Planalto, a nova ministra afirmou que manter uma relação de "respeito" com todos os partidos que compõem a base aliada será a "tarefa central" de sua gestão à frente da nova pasta. Ela ressaltou que, paralelamente, estabelecerá um "debate respeitoso e republicano com a oposição".

Numa alusão indireta à utilização de cargos e nomeações no governo como ferramentas de trabalho da articulação política do Planalto, a nova ministra frisou que a "argumentação" será a arma que utilizará no cotidiano aos que desejarem discutir com ela e com o governo "os grandes temas nacionais". Ideli enfatizou que seu trabalho será "conversar, conversar, conversar e negociar" com os líderes da base e da oposição no Congresso.

Apesar do discurso de respeito com os aliados e a oposição, Ideli lembrou que será firme e saberá dizer "não" quando for preciso. "Quando necessário vou dizer não, mas com amabilidade". Ao final, ela ressaltou que caberá a ela apenas "coordenar" a articulação política do governo, porque esta é uma tarefa que compete a todos que participam da gestão da presidente Dilma Rousseff. (AE)

Crise deixa Dilma mais dependente do PMDB, diz Serra

"São quatro consequências de efeitos incertos, mas dificilmente positivos para os rumos do seu mandato", escreveu em seu blog

O ex-governador de São Paulo José Serra, presidente do Conselho Político do PSDB, afirmou hoje, em seu blog, que as trocas ministeriais do governo dificilmente vão causar um efeito positivo para a presidente Dilma Rousseff.


Foto: Divulgação Ampliar
Serra: Governo "não sabe a que veio"
"Nesse processo, a presidente desgrudou-se precocemente do seu antecessor, arranhou a bancada do seu partido na Câmara dos Deputados, tornou-se mais dependente do seu aliado principal, o PMDB, e trouxe para suas mãos a tarefa de negociar projetos e nomeações com o Congresso Nacional e os partidos, com vistas a revitalizar o processo de loteamento político herdado do governo anterior", escreveu. "São quatro consequências de efeitos incertos, mas dificilmente positivos para os rumos do seu mandato."

Serra avaliou que até agora o atual governo federal não mostrou capacidade para estabelecer objetivos e se antecipar aos problemas. O tucano afirmou que a fraqueza maior da atual gestão é "não saber bem a que veio" e disse ver "tropeços" na infraestrutura e "frustrações" nas áreas de saúde, saneamento e educação. "Coisas como 'Brasil sem Miséria' e 'Programa de Vigilância de Fronteiras' ou algo assim, por exemplo, são puros factoides destinados a ganhar um passageiro espaço gratuito nos jornais de TV", criticou.

Na semana passada, o ex-governador avaliou, também em seu blog, que o ex-ministro-chefe da Casa Civil Antonio Palocci era o personagem forte de um "governo hesitante" e "fraco do ponto de vista político e administrativo". "O PT não dispõe de ninguém para substituir Palocci nas funções que exercia. A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), certamente, não terá essa pretensão", afirmou. (AE)

Sarney defende sigilo eterno de documentos

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), defendeu hoje a manutenção do sigilo eterno sobre documentos considerados ultrassecretos. A nova ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, afirmou que o governo vai defender o sigilo eterno para atender ao desejo de ex-presidentes, como Sarney e Fernando Collor (PTB-AL), hoje senadores e integrantes da base aliada.
Na visão de Sarney, a abertura de documentos históricos pode "abrir feridas" do passado. "Os documentos históricos que fazem parte da nossa história diplomática, do Brasil, e que tenham articulações, como o Rio Branco teve que fazer muitas vezes, não podemos revelar esses documentos, senão vamos abrir feridas". Ele afirmou que é preciso manter o segredo para "preservar" o Brasil.

"Eu tenho muita preocupação que hoje nós tenhamos a oportunidade de abrir questões históricas que devem ser encerradas para frente no interesse nacional. Nós devemos olhar o Brasil. Ultimamente, todos nós nos acostumamos a bater um pouco no nosso País. Vamos amar o nosso país e preservar o que ele tem", disse.
Sarney nega, porém, que sua defesa do sigilo eterno tenha como objetivo ocultar ações suas quando presidiu o País. Ele afirmou que é preciso divulgar tudo que for relativo ao "passado recente". "Sou um homem que nada tenho a esconder".

Segundo a ministra de Relações Institucionais, o governo vai apoiar alterações no texto que tramita no Senado sobre a lei de acesso a informações. A proposta aprovada na Câmara prevê um limite de 50 anos para a manutenção do sigilo de documentos ultrassecretos. Ideli afirma que a intenção do governo é retornar ao projeto original enviado ainda pelo presidente Lula, no qual não havia limite para a renovação do prazo de sigilo dos documentos. (AE)

MP no Senado expõe constrangimento entre Gleisi e Jucá

Impasse sobre tramitação ameaça "acordo de cavalheiros" e recoloca em lados opostos ministra da Casa Civil e líder do governo


Um desentendimento entre a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), deve trazer à tona esta semana o primeiro constrangimento para a nova composição da articulação política do Executivo no Congresso. O motivo é o impasse sobre um “acordo de cavalheiros”, firmado há oito anos entre os líderes partidários, que trata da tramitação de Medidas Provisórias (MPs) na Casa.

Uma semana antes de assumir a chefia da Casa Civil, a então senadora Gleisi criticou publicamente o líder governista, após sessão tumultuada no plenário que resultou na derrubada de duas MPs. Na ocasião, ela classificou de “condução errada” a decisão de Jucá de manter acordo com a oposição que estabelece um prazo mínimo de tempo para o plenário avaliar as MPs.

 
O tema volta à baila esta terça-feira, quando à meia-noite caduca a MP 525, que permite a contratação de professores substitutos por universidades. Pelo acordo, no entanto, a sessão de hoje seria apenas a primeira de três pela qual a MP teria que passar antes de ir à votação.

Assim como Gleisi, senadores petistas da atual legislatura defendem o fim do entendimento – costurado de maneira informal no início do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Eles defendem que o governo exerça a força da maioria para garantir a aprovação das MPs, cujos conteúdos são considerados prioritários pelo governo.

“É uma das coisas que quero fazer, colocar o acordo em rediscussão”, afirma ao iG o líder do PT, senador Humberto Costa (PE). “Não somos obrigados a cumprir um acordo feito em outro momento, em que a correlação de forças era diferente. Não podemos ficar subordinados a ele. A configuração do Senado mudou, é outro desenho”.

Ironicamente, o acordo mantido por Jucá, que não tem previsão no Regimento Interno da Casa, foi acertado em abril de 2003 por um petista, o ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), que na época era líder do governo no Senado.

Na época, a avaliação era que, sem a confortável maioria que o governo goza hoje no plenário, o Planalto dependia da oposição para aprovar as MPs. O acordo era também uma forma de aumentar o prazo de discussão das medidas provisórias, que costumavam chegar da Câmara dos Deputados faltando poucos dias para expirar.

Mérito

A MP 525 é a primeira editada pela presidenta Dilma Rousseff que chega ao Senado – as anteriores foram editadas no governo Lula ou deixaram de ser apreciadas pela Câmara dos Deputados. Procurado, Jucá não retornou as ligações até o fechamento da reportagem. Para Humberto Costa, o mérito da MP 525 "não deve sofrer questionamento". “O que deve gerar polêmica é o fato de que ela chega aqui no dia em que expira sua validade”, assinala.

Segundo o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR), o posicionamento da bancada em relação à MP 525 será definido em reunião, na tarde de hoje. Porém, o tucano diz que defende a manutenção do acordo. “O mínimo que se possa exigir é tempo para o parlamentar olhar o projeto”, argumenta o tucano. “Essas medidas que derrubamos há duas semanas foram editadas pelo Lula. Não são três dias de tramitação, são meses. O que o governo quer é uma aprovação no escuro, que ninguém saiba o que se está aprovando”. (Fred raposo - iG)

Na posse de ministros, Dilma descarta separação entre técnicos e políticos

Na posse de ministros, Dilma descarta separação entre técnicos e políticos
Dilma Rousseff dá posse a novos ministros da equipe de governo (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)

São Paulo – Durante a cerimônia de posse dos ministros Ideli Salvatti e Luiz Sérgio, respectivamente na Secretaria de Relações Institucionais e na Pesca e Aquicultura, a presidenta Dilma Rousseff deixou claro que gestão eficiente e decisões políticas caminham juntas. Com a declaração nesta segunda-feira (13), em Brasília, ela tenta afastar a ideia de que a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, terá apenas funções de coordenação, sem atribuições de articulação política.

"Do meu ponto de vista, não existe dicotomia entre governo técnico e político", avisou. "Valorizo muito a capacidade técnica e a gestão eficiente (...). Simultaneamente, tenho a convicção que as decisões políticas constituem a base das decisões governamentais", afirmou Dilma. A presidenta acredita que, para alcançar um padrão de desenvolvimento elevado, é necessário uma administração eficiente pelo governo, com "absorção das técnicas mais avançadas disponíveis".

Dilma prosseguiu: "A importância que meu governo atribui à atividade política se reflete na compreensão de que a continuidade das grandes transformações necessárias ao desenvolvimento econômico e social do Brasil só podem nascer da negociação, da articulação de interesses e da nossa capacidade de identificar afinidades e convergências onde à primeira vista parece existir só conflito e diferença".

Gleisi assumiu a vaga ocupada por Antonio Palocci, demissionário por causa do desgaste político provocado pela revelação de que seu patrimônio cresceu 20 vezes nos últimos 20 anos. Por ter uma formação ligada à gestão pública e trajetória política mais breve e até levando em conta o tom de seu discurso de posse, a avaliação de analistas políticos foi de que a articulação ficaria mais a cargo de Ideli ou da própria Dilma.

Além da avaliação sobre o papel da Casa Civil, há ainda queixas relacionadas à distância mantida por outros ministérios e pela própria Presidência da República em relação aos parlamentares.

Conciliadora

Dilma Rousseff adotou um tom de aproximação com os partidos que compõem a coalisão de governo. Dilma convocou os partidos da base para "trabalharem juntos".

"Para trilhar esses caminhos (do desenvolvimento) e fazer o que o país espera de nós precisamos trabalhar todos juntos. O governo não é só o Poder Executivo, mas a ampla coalisão que soubemos pactuar e que representa, antes de mais nada, o povo que nos elegeu", disse a presidenta 
Política fiscal compatível

Dilma ainda afirmou que a política fiscal e monetária do país é compatível com o crescimento e a geração de empregos. Segundo a presidenta, o governo atua desde o início do ano de forma determinada a manter a estabilidade econômica do país, controlar a inflação e garantir superávit primário.

"Ao mesmo tempo, essa política monetária e fiscal foi e é compatível com a garantia do crescimento e da geração de empregos", afirmou. (Anselmo Massad - RBA)

Ideli quer ajuda da oposição na relação com Legislativo

Ideli quer ajuda da oposição na relação com Legislativo
Para Ideli, o diálogo entre o governo e a oposição iria contribuir para aprimorar a relação entre Legislativo e Executivo (Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

São Paulo – Ao tomar posse como ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Ideli Salvatti declarou que tanto governo como oposição precisam contribuir para aprimorar a relação entre Executivo e Legislativo. Prometendo muito diálogo, a nova ministra afirmou que será "firme nos princípios e afável na abordagem".

"Sempre ganhei mais batalhas conciliando do que divergindo", afirmou. "Não sou pessoa de duas palavras. Acordos serão cumpridos, mas, se modificados, comunicados e negociados", comprometeu-se.
O trabalho na secretaria "será o de conversar, conversar, conversar e negociar", resumiu Ideli. "Governo e oposição podem e devem contribuir para a boa relação entre Legislativo e Executivo", sugeriu. "Contem comigo, conversem comigo, divirjam e convirjam comigo."

Ideli ocupava o ministério da Pesca e Aquicultura e trocou de posição com Luiz Sérgio. As dificuldades nas relações entre governo e Congresso Nacional foram decisivas para a mudança, a segunda no primeiro escalão do governo da presidenta Dilma Rousseff em menos de uma semana. Antes, Antonio Palocci deixou a chefia da Casa Civil para a senadora Gleisi Hoffmann.

A nova ministra terá, ainda nesta semana, um primeiro desafio, o de negociar a inclusão do regime diferenciado de contratações (RDC) em uma das Medidas Provisórias em pauta na Câmara dos Deputados. O modelo altera licitações para projetos relacionados à Copa do Mundo de 2014.

Pesca


Luiz Sérgio, por sua vez, disse que se sentia "apenas mudando de trincheira". Ele deixou a pasta em meio a críticas de que não estaria sendo eficiente no diálogo do governo com Congresso. O ministro afirmou, no entanto, que cumpriu sua tarefa, buscando mais ouvir que falar na relação com deputados, senadores, governadores e prefeitos.

Ao tomar posse hoje na pasta da Pesca, Luiz Sérgio considerou que o governo colecionou vitórias no Congresso durante sua gestão e lembrou a aprovação de cinco medidas provisórias, além do reajuste do salário mínimo.

Luiz Sérgio disse que sua intimidade com a questão da pesca vem da infância em Angra do Reis (RJ). Como deputado, ele participou de mobilizações para a criação da pasta durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Vamos arregaçar as mangas, jogar as redes e pescar", anunciou o ministro. Ideli, ao assumir, desejou sorte ao sucessor, e pediu ainda que ele "cuide bem dos peixinhos". (RBA)

Sem tirar Penna do comando, Marina deve produzir dissidência no PV

Sem tirar Penna do comando, Marina deve produzir dissidência no PV
A ex-senadora Marina Silva pode fundar nova legenda (Foto: Talita Oliveira/Flickr)

São Paulo – A ex-senadora Marina Silva (PV-AC) está prestes a sair do partido. Dois meses depois de atritos relacionados à sucessão da executiva nacional da legenda, os entraves não parecem ter sido superados e a candidata terceira colocada na eleição à Presidência da República em 2010 estaria disposta a criar um novo partido, também ligado à questão ambiental.

Segundo jornais da velha mídia, lideranças ligadas a Marina estariam em debate nesse sentido. Entre os nomes citados a figuras que migraram para o PV em 2009, como João Paulo Capobianco, secretário executivo do ministério do Meio Ambiente, e Guilherme Leal, candidato a vice na chapa à Presidência. Outras figuras estão no partido há mais tempo, como Fabio Feldman, que disputou o governo paulista no ano passado. O deputado Alfredo Sirkis (RJ) também manifestou insatisfação.
 
A articulação de uma legenda nova ou uma nova migração poderia ser definida depois da eleição municipal de 2012, o que liberaria Marina para apoiar figuras de diferentes colorações partidárias. Segundo a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o nome provisório é algo próximo de "Partido da Causa Ecológica".

Marina foi para o PV em agosto de 2009, deixando o PT após 28 anos. Em março deste ano, diante de medidas que postergaram a sucessão interna no PV, Marina encabeçou o movimento "Transição Democrática", que almejava ser uma corrente dentro da legenda. Entre as demandas estavam questões como transparência e maior democracia nas relações intrapartidárias.

As mudanças no funcionamento do PV estavam pactuadas desde a filiação de Marina, mas vinham sendo adiadas. No fim de abril, ela descartou ocupar a presidência, há 14 anos nas mãos do deputado federal José Luiz de França Penna (SP). Sete dos 14 deputados federais do PV estariam entre os descontentes.

A manobra de Penna sugere que há setores dentro do PV insatisfeitos com a possibilidade de conceder mais influência aos novos membros. Lideranças próximas ao presidente, vistos como mais pragmáticos, consideram que Marina representou menos avanços do que o esperado.

Marina teve papel de destaque nas negociações que tentavam conter o avanço dos ruralistas no debate do Código Florestal, em maio. Como líder do PV e com autoridade de ter recebido 19,6 milhões de votos no primeiro turno de 2010, ela atraiu atenção da mídia para a possibilidade de anistia a desmatadores e garantiu interlocução com o governo de Dilma Rousseff – também contrário à medida. (Anselmo Massad - RBA)

Ainda se homenageia Hitler na Áustria e a Ditadura Militar em SP

O inestimável Carlos Lungarzo, da Anistia Internacional, foi o sexto signatário da petição Pela supressão dos elogios ao golpismo, à ditadura e ao terrorismo de Estado na página virtual da Rota.

Logo na abertura do seu comentário, tão relevante que vale a pena o reproduzirmos na íntegra, fez uma comparação com o que, para ele, seria o absurdo dos absurdos:

"Vocês já imaginaram caminhar por uma rua de Berlim e, de repente, encontrar uma estátua de Adolf Hitler??? Ou, então, consideram seriamente se seria possível existirem na prefeitura de Roma documentos oficiais elogiando Mussolini??? E lembrem que o prefeito de Roma é neofascista. Mas mesmo assim ele não teria coragem, nem permitiriam que fizesse isso.

O Estado de São Paulo está na cabeça do mundo dos que louvam tiranos, torturadores, genocidas e terroristas de Estado. Vejam quantas ruas, pontes, praças, têm nomes dos assassinos da ditadura. Uma rua da cidade onde foi prefeito o atual governador tem o nome do psicopata que inventou o Opus Dei, aquela seita dos que se cortam a carne com correntes farpadas. Vivemos numa sociedade patológica, mas isso não é pretexto válido para a falta de ação do Judiciário e de outras autoridades. Tirem de uma vez esse site!!!"
Não existe estátua de Hitler em rua nenhuma de Berlim, mas o execrável tirano continua sendo até hoje cidadão de honra da cidade austríaca de Amstetten.

Certo, não se trata de nenhuma metrópole. Com 52 km2 de área e 22,6 mil habitantes, Amstetten só teve sua existência notada fora da Áustria em outro contexto igualmente deplorável, como lar de Josef Fritzl, que escravizou e violou sua filha durante 24 anos.

Reverenciar a memória de um dos piores genocidas de todos os países e todos os tempos é pior ainda.

Segundo um vereador do partido verde, Raphael Lueger, autoridades municipais de Amstetten estão inteiradas da homenagem a Hitler mas nunca quiseram fazer nada para sua cassação.

"Sempre disseram que a situação se subentende e que não é preciso uma revogação separadamente. Mas eu me pergunto: por que simplesmente não se revoga?", disse Lueger à imprensa.

Agora, sob vara dos ecologistas e da mídia, o prefeito local promete tornar nula e sem efeito a homenagem conferida em 1939 ao grande ditador.

Enquanto isto, em São Paulo, permanece intocada a homenagem que uma corporação paga com o dinheiro dos contribuintes presta a uma ignóbil ditadura no próprio portal do (dito democrático) Governo estadual.

Não são só umas poucas frases soltas e esquecidas, mas sim uma afirmação de princípios, que tem tudo a ver com as bárbaras agressões a manifestantes e jornalistas no sábado passado.

A Rota sempre foi a unidade mais identificada com a ditadura militar, dentre todas da corporação. E é nesses deploráveis exemplos que se espelham os policiais militares quando agem exatamente como era regra nos anos de chumbo, cerceando a liberdade de expressão, massacrando cidadãos e vandalizando a cidade.

Os que conspiram para a fascistização da sociedade têm na Rota -- que no passado ajudou a derrubar um presidente da República e a esmagar a resistência à tirania, e no presente se vangloria impunemente dessas proezas -- uma permanente fonte de inspiração

Amstetten, pelo menos, promete cassar a homenagem a Hitler.

Já o Governo Alckmin permanece de braços cruzados face à homenagem aos sucedâneos brasileiros de Hitler.

A PETIÇÃO

Eis a íntegra da
petição que ainda está recebendo assinaturas ( http://www.peticaopublica.com/?pi=P2011N10044 ) e será depois encaminhada à Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo:

"Já se passaram 25 anos desde que a ditadura militar foi para a lixeira da História, mas nada mudou na página virtual do 1º Batalhão de Polícia de Choque - Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota).

Tal batalhão orgulha-se de haver outrora ajudado a massacrar os paupérrimos revoltosos de Canudos e a reprimir o heróico levante do Forte de Copacabana.

Pior ainda, faz questão de destacar que esteve presente na "Revolução de 1964, quando participou da derrubada do então Presidente da República João Goulart, apoiando a sociedade e as Forças Armadas, dando início ao regime militar com o Presidente Castelo Branco".

E, como se ainda vivêssemos no Brasil de Médici, enxerga sua atuação nos anos de chumbo a partir de um aberrante viés totalitário:

"Sufocado o foco da guerrilha rural no Vale do Ribeira, com a participação ativa do então denominado Primeiro Batalhão Policial Militar 'TOBIAS DE AGUIAR', os remanescentes e seguidores, desde 1969, de 'Lamarca' e 'Mariguela' continuam a implantar o pânico, a intranqüilidade e a insegurança na Capital e Grande São Paulo. Ataques a quartéis e sentinelas, assassinatos de civis e militares, seqüestros, roubos a bancos e ações terroristas. Estava implantado o terror".

"Mais uma vez dentro da história, o Primeiro Batalhão Policial Militar “TOBIAS DE AGUIAR', sob o comando do Ten Cel SALVADOR D’AQUINO, é chamado a dar seqüência no seu passado heróico, desta vez no combate à Guerrilha Urbana que atormentava o povo paulista".

Nós, democratas de São Paulo e do Brasil, repudiamos a utilização do portal do governo paulista para manter vivo o culto ao golpismo, ao arbítrio, ao obscurantismo e à barbárie.

Não aceitamos que, tanto tempo depois da volta do País à civilização, ainda continuem no ar esses infames elogios à derrubada de um presidente legítimo e às ações repressivas executadas durante a vigência do terrorismo de estado, marcada por atrocidades, execuções covardes, estupro de prisioneiras, ocultação de cadáveres e o sem-número de outros crimes com que os déspotas intimidavam nosso povo, para mantê-lo subjugado.

Exigimos a imediata reciclagem da página da Rota, suprimindo-se os conceitos, valores e juízos incompatíveis com o estado de direito.

Repudiamos veementemente a omissão dos ex-governadores José Serra e Alberto Goldman, que nada fizeram para sanar tais aberrações, embora seus governos houvessem sido delas alertados. A falta de comprometimento com a democracia e a liberdade é ainda mais grave por terem sido ambos perseguidos pela ditadura militar. Não só faltaram com seu dever de democratas, como deixaram de honrar o próprio passado.

E conclamamos o governador Geraldo Alckmin a dar um fim, de uma vez por todas, a tal entulho autoritário, que emascula seu governo e envergonha o povo paulista".

Fonte: Celso Lungaretti - Jornal O Rebate