terça-feira, 14 de junho de 2011

Sem tirar Penna do comando, Marina deve produzir dissidência no PV

Sem tirar Penna do comando, Marina deve produzir dissidência no PV
A ex-senadora Marina Silva pode fundar nova legenda (Foto: Talita Oliveira/Flickr)

São Paulo – A ex-senadora Marina Silva (PV-AC) está prestes a sair do partido. Dois meses depois de atritos relacionados à sucessão da executiva nacional da legenda, os entraves não parecem ter sido superados e a candidata terceira colocada na eleição à Presidência da República em 2010 estaria disposta a criar um novo partido, também ligado à questão ambiental.

Segundo jornais da velha mídia, lideranças ligadas a Marina estariam em debate nesse sentido. Entre os nomes citados a figuras que migraram para o PV em 2009, como João Paulo Capobianco, secretário executivo do ministério do Meio Ambiente, e Guilherme Leal, candidato a vice na chapa à Presidência. Outras figuras estão no partido há mais tempo, como Fabio Feldman, que disputou o governo paulista no ano passado. O deputado Alfredo Sirkis (RJ) também manifestou insatisfação.
 
A articulação de uma legenda nova ou uma nova migração poderia ser definida depois da eleição municipal de 2012, o que liberaria Marina para apoiar figuras de diferentes colorações partidárias. Segundo a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, o nome provisório é algo próximo de "Partido da Causa Ecológica".

Marina foi para o PV em agosto de 2009, deixando o PT após 28 anos. Em março deste ano, diante de medidas que postergaram a sucessão interna no PV, Marina encabeçou o movimento "Transição Democrática", que almejava ser uma corrente dentro da legenda. Entre as demandas estavam questões como transparência e maior democracia nas relações intrapartidárias.

As mudanças no funcionamento do PV estavam pactuadas desde a filiação de Marina, mas vinham sendo adiadas. No fim de abril, ela descartou ocupar a presidência, há 14 anos nas mãos do deputado federal José Luiz de França Penna (SP). Sete dos 14 deputados federais do PV estariam entre os descontentes.

A manobra de Penna sugere que há setores dentro do PV insatisfeitos com a possibilidade de conceder mais influência aos novos membros. Lideranças próximas ao presidente, vistos como mais pragmáticos, consideram que Marina representou menos avanços do que o esperado.

Marina teve papel de destaque nas negociações que tentavam conter o avanço dos ruralistas no debate do Código Florestal, em maio. Como líder do PV e com autoridade de ter recebido 19,6 milhões de votos no primeiro turno de 2010, ela atraiu atenção da mídia para a possibilidade de anistia a desmatadores e garantiu interlocução com o governo de Dilma Rousseff – também contrário à medida. (Anselmo Massad - RBA)

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