terça-feira, 14 de junho de 2011

CREPÚSCULO DOS PARTIDOS OU ESGOTAMENTO CONSERVADOR?

O PSDB contratou uma agência de  publicidade, informa a Folha de hoje. O objetivo é  reformatar  a ‘marca' tucana diante da opinião pública. Sucessivamente derrotado três vezes na tentativa de voltar à Presidência da República,o PSDB entende que errou  " na comunicação". A  agência não trabalhou direito o produto. Ou,  como quer Fernando Henrique Cardoso, não focou adequadamente o consumidor-alvo. "O partido precisa aprender a vender o peixe', diz o grão-tucano, sem piscar diante da palidez das  guelras. A transfiguração da linguagem política  em clichê empresarial tornou-se uma prática  suprapartidária aqui e alhures, em consonância com a supremacia da lógica financeira sobre todas as dimensões da vida social. A finança comanda e pauta a democracia, em vez de ser contrastada e regulada por esta. Os partidos sancionam a transfiguração suicida. Dissolve-se  o alicerce da participação social com descrédito consequente nas organizações políticas. Em recente passagem pelo Brasil, o filósofo Stiván Mészáros comentou a derrocada do socialismo europeu, reduzido a um  aplicativo da ortodoxia financeira, recorrendo à observação de Gore Vidal a propósito do sistema partidário norte-americano: "um sistema unipartidário com duas alas de direita". É nesse vazio de escolhas que avultam conclusões ligeiras, como a da recente pesquisa realizada pelo Datafolha/Box com 1.200  jovens brasileiros. Segunda a leitura feita pelo jornal, a enquete teria demonstrado que para 71% dos entrevistados, é possível fazer política usando a rede  social da Internet sem os partidos. "Esse jovem pensa a política de forma menos hierárquica e mostra uma descrença em relações às instituições formais, como partidos ou governo", diz Gabriel Milanez, pesquisador da Box. "Ela(a juventude) salta instituições", reforçou  Fernando Henrique Cardoso. Tudo muito coerente, sobretudo quando o raciocínio surfa na aparente evidencia dos fatos, como as mobilizações no Egito ou na Espanha. A marcha batida do funeral partidário inscrita no raciocínio de profundidade equivalente a 140 toques  tropeça porém em detalhes expressivos: a) na ditadura egípcia inexistiam organizações partidárias expressivas, razão pela qual a explosão popular desaguou na atual tutela militar; b) na Espanha, como disse Meszáros, campos indivisos unificam as agendas dos socialistas e  dos mercados. No caso brasileiro, talvez fosse melhor inverter a pergunta: a sociedade se afastou dos partidos ou  eles se afastaram das ruas? O PT, por exemplo. Agora sob a direção de Rui Falcão, tem a oportunidade de reverter o espectro da irrelevância com a qual a direita, na verdade, purga a saturação neoliberal. Um bom começo seria trazer os intelectuais de volta à vida da organização, rompendo a terceirização marqueteira para fazer das eleições municipais de 2012 uma virada nas formas de debater e construir um programa para a cidadania
(Carta Maior; 3º feira,14/06/ 2011)
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário