terça-feira, 14 de junho de 2011

Dilma deu a volta por cima e foi aprovada

A mídia hegemônica brasileira parece não aprender com sua própria experiência e, muitas vezes, se surpreende com os resultados de seus “feitos”. A divulgação, no domingo (12), da pesquisa feita pela Datafolha sobre o governo Dilma Rousseff é um desses momentos, como a manchete de capa da Folha de S. Paulo demonstrou: ”Dilma mantém aprovação apesar de Palocci e inflação”.

A manchete demonstrou algo entre inconformismo e surpresa ante os resultados apresentados pelo Datafolha. Os dados são inequívocos. A presidente Dilma Rousseff tem 87% de aprovação popular (a soma dos itens ótimo, bom e regular); uma outra forma de ver também ilustra o alto apreço que os brasileiros têm pela presidente: a diferença entre os 49% que acham o governo ótimo ou bom e os 10% que o avaliam com ruim ou péssimo são consagradores 39% percentuais favoráveis à chefe do Executivo.

A mídia conservadora bem que tentou e nas últimas semanas bateu duro no governo tendo como pretexto os negócios particulares do então ministro Antonio Palocci e, depois, insinuando uma dependência de Dilma em relação ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não deu certo.

O ex-ministro merece toda reprovação. E já foi tarde. Mas em relação à sua figura, a pesquisa mostrou que a maioria dos brasileiros conhece o caso mas ele não afeta a boa imagem de Dilma. Em relação a Lula, foi pior para a mídia patronal: 64% dos brasileiros (quase dois terços dos consultados) aceitariam a participação do ex-presidente nas decisões da atual mandatária.


Mas a postura de Lula em relação à sua sucessora, e isso todo mundo sabe e percebe, tem sido de prudência, discrição e distância. E Dilma, por sua vez, tem demonstrado no exercício do governo a firmeza que a mídia e os conservadores duvidaram que teria. As decisões de governo que tem tomado demonstram isso, um estilo próprio e uma maneira pessoal de conduzir o governo, assim como as relações com as demais forças sociais e políticas, a partir da base aliada.

Diante do assédio contra Palocci, Dilma tomou a decisão que tinha que tomar e trocou a coordenação política de seu governo, substituindo-o por uma dupla feminina inesperada para os analistas conservadores – as novas ministras Gleisi Hoffmann, que ocupou a vaga deixada por Palocci na Casa Civil, e Ideli Salvatti, a nova titular das Relações Institucionais, que cuidará a partir de agora das relações entre o governo e o mundo político.

Talvez houvesse, no fundo do coração conservador, a esperança de uma saída conservadora, à direita, para a crise que eles criaram, cujo alvo não era Antonio Palocci mas a própria presidente da República. Não deu certo e a saída adotada pela mandatária aponta em outra direção, a do fortalecimento dos setores mais desenvolvimentistas do governo. Ponto negativo para a mídia e para os conservadores.

Dilma chamou para si também a linha de frente da articulação política, trazendo duas auxiliares dotadas de características semelhantes a ela própria (daí o mantra que a mídia passou a entoar, chamando Gleisi de “Dilma da Dilma”). Para surpresa e mesmo desapontamento dos conservadores, a presidente não vacilou em demitir aquele que era tido, desde o início de seu mandato, como o “superministro”, esvaziando a crise.

Esta resposta rápida pode ser entendida também como um aprendizado da crise de 2005. O governo não pode e não quer perder tempo – este é o recado dado. O que a mídia conservadora ainda não percebeu é aquilo que ficou registrado na pesquisa do Datafolha: Dilma tem apoio popular para agir. E demonstrou que tem vontade e disposição para corresponder a esse apoio. (Editorial do Vermelho)

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