sexta-feira, 29 de abril de 2011

ARTIGO: DEM e PSDB: Sair do fogo, cair nas brasas

As deformações resultantes das trágicas políticas econômicas do Brasil ainda não foram resolvidas na atual quadra histórica. A formação colonial portuguesa, a submissão ao capital inglês e a dependência ao imperialismo norte-americano geraram uma classe dominante de costas para o País, com os olhos em Lisboa, Londres ou Miami.

A independência política iniciou com dívida externa; o massacre ao Paraguai, atendendo os compromissos da Monarquia com a Inglaterra, aumentou a dependência da jovem nação; o governo de Campos Sales aprofundou os interesses do mercado externo e solidificou o poder do latifúndio agrário-exportador no núcleo central dos governos federal, estaduais e municipais; com Juscelino Kubistchek, o aumento do mercado interno foi à custa de "50 anos de dívida externa em 5"; com a Ditadura Civil-Militar, o Estado serviu de ponta de lança para uma concentração de renda sem precedentes, cujo acúmulo resultou na transferência de capitais para a banca estrangeira; fora o "ensaio geral" de Fernando Collor, foi com Fernando Henrique Cardoso que a lógica da dependência aprofundou as contradições estruturais da subjugação ao controle financeiro de nossa economia.

Nos dois governos do PSDB e do PFL, entre 1995 e 2001, a reinserção do Brasil na divisão internacional do trabalho, alicerçada nas políticas neoliberais, resultou em estagnação econômica, privatizações de setores estratégicos da economia, aumento do desemprego estrutural e mais e mais concentração de renda.

Na maré conservadora, reforçada pela crise do socialismo, reformas do Estado e flexibilização dos direitos trabalhistas foram a marca de um governo que reeditou o predomínio do mercado sobre as necessidades sociais, aprofundando a marca da direita brasileira: a defesa da política e da economia liberal.

Com o Plano Real muitos tucanos diziam que a aliança do PFL com FHC, se este fosse eleito Presidente, enquadraria aqueles na lógica da social-democracia, do Estado de bem-estar social. O que se viu nos oito anos de governo Fernando Henrique foi o contrário: a política econômica centralizada no que sempre defenderam os profetas do livre mercado. As consequências sociais daqueles oito anos todos sabem. Modernização e modernidade viraram sinônimo de abertura ao capital imperialista com o eufemismo de investimento estrangeiro. Com o neoliberalismo, como nunca antes na História deste País, as grandes potências e o capital financeiro deixaram fundo os alicerces das renovadas formas de dominação, deixando a dívida externa ruborizada perto do crescimento da dívida interna, facilitada por um câmbio tão propício ao capital que Campos Sales quase pode ser chamado historicamente de "entreguista progressista".

A virada eleitoral veio em 2002, mesmo que a guinada histórica da política econômica não tenha acontecido com os dois governos de Lula, o qual reconheceu que nunca os banqueiros ganharam tanto no Brasil como em seus mandatos. No varejo, tivemos políticas sociais importantes, retomada de investimentos do Estado e crescimento de renda e do mercado interno, certa retomada produtiva e aumento dos níveis de emprego. No atacado, o superávit primário e as altas taxas de juro continuaram sinalizando ao mercado que mudanças estruturais ainda não viriam, enquanto não foi construída uma correlação de força que possibilitasse romper com a "herança maldita" do neoliberalismo.

A crise do capital ganhou dimensões mundiais, sobretudo em 2008, mas nossas reservas sustentaram uma navegação em mares mais tranqüilos, comparado com os Estados Unidos, a Grécia, a Espanha, Portugal, entre outros. Mas não desarmou a bomba relógio armada na ótica financeira nesta fase de acumulação flexível do capital.

Neste meio tempo, diante de sucessivas derrotas eleitorais no pós-FHC, em 2007, o PFL mudou de nome para DEMocratas (sic), querendo modernizar-se para ficar no mesmo lugar. Numa espécie de pleonasmo vicioso, continuou repetindo a desnecessária ideia sobre as necessidades do mercado como solução para os problemas econômicos do Brasil. Sem mudar de nome, o PSDB permaneceu no mesmo diapasão e ambos foram novamente derrotados nas eleições de 2010.

A crise política destes partidos, representantes maiores do conservadorismo neoliberal brasileiro, leva-os para uma morte anunciada. Ou o paciente reage, ou seus familiares e seus queridos se preparem para seu enterro. Sem subestimar o papel da direita no Brasil, pois seu projeto maior ainda não foi derrotado, a crise política do DEM e do PSDB os deixam embretados na atual conjuntura. Estimula ainda mais que os reacionários da mídia achem um novo líder, tipo Aécio Neves, ou se coloquem cada vez mais como o partido do capital, pautando suas diretrizes no Congresso ou no cotidiano da política.

Enquanto isso, líderes siameses do PSDB e do DEM, assombrados pelas defecções que estão formando o novo PSD, propõem uma cirurgia de unificação dos dois partidos para a solução da crise partidária em que a oposição de direita está situada.

Na Espanha, ditados como "Salir del fuego para caer en las brasas", significam passar de uma situação ruim para outra pior. É o mesmo que "Salir de Málaga y meterse en Malagón". Mas como não é com palha que se acaba o fogo, isto é, insistir com o mesmo remédio para o doente em estado terminal, o que podem querer nossos arautos do neoliberalismo?

Afinal, não foi o próprio Fernando Henrique quem afirmou na terça, 26 de abril corrente, achar "que o mais importante é manter a coesão dos partidos e, desde logo, dizer: aconteça o que acontecer, vamos nos manter unidos com certos objetivos maiores". Mais mercado para o combalido mercado? Mais extermínio de direitos, privatizações, políticas rentistas e exploração do trabalho? Menos investimentos públicos, soberania econômica e desenvolvimento social? Nada diferente disto têm proposto nossos tucanos e democratas.

Como idealizam na política, desconectam-se da realidade e não entendem aqueles que chamam de "povão" e de "populistas", justamente aqueles que cada vez mais têm dito nas urnas CHEGA de PSDB, de DEM ou dos dois juntos. Chega por que não queremos mais do mesmo, separados ou unidos.

Que o governo de Dilma compreenda de vez o recado das urnas. Que marche ao lado dos movimentos sociais e dos partidos políticos que querem construir uma sólida correlação de forças para que o neoliberalismo seja definitivamente parte de nosso passado, para que a "estabilidade econômica" não seja refém da dependência periférica nem sinônimo de desmonte do Estado Nacional e da dilapidação criminosa do patrimônio público! (Vermelho)

Autor: Diorge Konrad (
Doutor em História Social do Trabalho pela Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Professor Adjunto de História do Brasil e de Teoria da História do Departamento de História da UFSM - RS)

Delúbio é recebido com palmas e choro na volta ao PT

Ex-tesoureiro falou durante 10 minutos em reunião e disse que se apresentava com 'humildade' para pedir apoio à refiliação
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, pivô do escândalo do mensalão, foi ovacionado em sua primeira aparição em uma atividade partidária desde que foi expulso do partido em 2005, por gestão temerária das finanças petistas.
Delúbio participou no início da noite desta quinta-feira da reunião da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), a maior do PT. A reunião foi fechada mas, segundo pessoas que participaram do ato, o ex-tesoureiro foi aplaudido de pé por dezenas de correligionários.
Delúbio falou durante cerca de 10 minutos aos integrantes da CNB. Segundo relatos, ele disse que se apresentava ali com “humildade” para pedir apoio à solicitação de refiliação, que será analisada sábado pelo diretório nacional do partido.
Em momento algum ele fez autocrítica ou admitiu supostos erros cometidos no passado.
Nenhum participante da reunião contestou o pedido de refiliação. Ao contrário, pelo menos 15 participantes da reunião tomaram a palavra para defender a volta de Delúbio aos quadros partidários. Muita gente chorou.
Embora outros setores do partido ainda resistam à volta de Delúbio ao PT, a CNB decidiu por unanimidade encaminhar o pedido ao diretório nacional.(iG)

Wagner comemora votação e anuncia sanção para a próxima semana

A promessa da oposição na Assembleia Legislativa (AL-BA) de entrar na Justiça contra a aprovação da reforma administrativa do governo, alegando “inconstitucionalidade”, não interferiu na comemoração dos governistas.

O líder da bancada que defende os interesses do governador Jaques Wagner (PT) na Casa Legislativa, deputado Zé Neto (PT), conversou com a Tribuna e disse que tanto o chefe do Executivo quanto os integrantes do seu time na AL-BA estão “tranquilos” e que Wagner sanciona o projeto, tornando-o lei, consequentemente, na próxima semana. O parlamentar garantiu que não há nada de inconstitucional na matéria aprovada.

“A oposição confunde o artigo 70 da Constituição do Estado da Bahia, que atribui à Assembleia competência para legislar sobre criação de cargos. Eles (a oposição) confundem isso com o artigo 77, que dá ao governador iniciativa privativa de mandar o projeto original para o Legislativo. Nós podemos alterar o projeto e criar cargos, contanto que não criemos gastos para o Estado”, explanou Zé Neto.

O líder do governo disse ainda que a bancada tem certeza de que não criou, com as emendas, nenhuma despesa adicional ao governo. Ele argumentou ainda que a aprovação da matéria culmina em melhorias expressivas para a população baiana.

“A oposição não pode questionar o mérito porque é altamente necessário o Estado criar secretarias para tratar dependentes químicos, para tratar de assuntos da Copa do mundo, para as mulheres e para o meio ambiente”, defendeu o parlamentar governista.

A oposição, contudo, se reuniu ontem para avaliar o recurso pedindo anulação da aprovação da reforma. De acordo com o líder da minoria, deputado Reinaldo Braga (PR), eles vão aguardar o governador sancionar o projeto para, a partir daí, observar o que houver de “inconstitucional”. Uma nova reunião da bancada oposicionista deve acontecer no início da próxima semana.

 “A gente só pode tomar algum posicionamento quando o governador sancionar a lei. Aí vamos ver se a lei é inconstitucional”, afirmou o deputado Luciano Simões (PMDB).

Um dos pontos mais polêmicos do projeto é a emenda proposta pelo deputado Carlos Geílson (PTN), que também é da oposição, propondo a criação de mais um cargo no Conselho Estadual de Comunicação, autarquia da Secretaria da Comunicação, prevista no projeto original enviado pelo governador. A reforma cria quatro novas secretarias e 174 novos cargos na máquina estadual.

Nesse ínterim, os opositores também ficaram insatisfeitos, pois a bancada propôs que o governo reservasse, no mínimo, 30% dos novos cargos a servidores já concursados do Estado. O relator da matéria, deputado João Bonfim (PDT), deu parecer de rejeição à emenda. (Romulo Faro – TB)

Plano para erradicar pobreza extrema mira 1,5 milhão de famílias

O Plano Nacional de Erradicação da Pobreza Extrema — que será lançado pelo governo federal em maio — tem três grandes eixos de atuação: a universalização do acesso aos programas de transferência de renda, a ampliação e a qualificação dos serviços públicos e a chamada inclusão produtiva, para capacitação de mão de obra.

De acordo com a ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, o plano contemplará 1,5 milhão de famílias que ainda não têm acesso ao Bolsa Família e vivem em condição de pobreza extrema. “Vamos fortalecer os programas de transferência de renda. Nosso grande objetivo é a universalização do Bolsa Família”, disse ela. Atualmente, 13 milhões de famílias recebem o benefício.

São famílias que ainda não têm acesso ao programa porque moram em locais distantes ou porque, mesmo em grandes centros urbanos, não têm acesso à informação, disse a ministra. “Às vezes, a pessoa se sente tão excluída que nem entende que isso é um direito dela. Portanto, nosso trabalho é ir atrás dessas pessoas.”

Nessa busca, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome terá ajuda das demais pastas, para que o governo consiga incluir as famílias nos programas de transferência de renda. “Como anunciou a presidenta Dilma [Rousseff], a ideia é ter sucesso até 2014. Temos de nos preparar para receber essa população que estará entrando no Cadastro Único [sistema de informação sobre famílias que podem ser incluídas em programas sociais]”, afirmou Tereza.

Outro objetivo do plano é ampliar e qualificar os serviços públicos que o Estado brasileiro oferece, como saúde, educação e assistência social. Segundo a ministra, uma parcela importante da população pobre não tem acesso total ou parcial a tais serviços. Isso ocorre porque os serviços que são apresentados não são adequados a essa população. “Vamos repensar tais serviços para que cheguem a essas pessoas”, disse a ministra.

Com o lançamento do plano, serviços que hoje são oferecidos a apenas uma parcela da população de baixa renda, como o recente programa de acesso a medicamentos para tratamento de hipertensão e diabetes, deverão chegar à população em pobreza extrema. De acordo com a ministra, das quatro doenças que mais atingem a população em pobreza extrema no mundo, duas são exatamente a hipertensão e o diabetes.

“Apesar de a população padecer desses males, e os medicamentos serem distribuídos gratuitamente, eles não estão chegando a essas pessoas. Vamos ter de montar uma estratégia para garantir que esse e outros serviços que oferecemos cheguem a essa população”, diz a ministra.

O Plano de Erradicação da Pobreza Extrema também prevê o aumento da mão de obra qualificada no Brasil. Para Tereza Campello, embora o país cresça de forma sustentável, ainda há falta de mão de obra especializada. “Nossa população do Bolsa Família continua não tendo acesso a essas oportunidades. Portanto, estamos organizando um conjunto de ações que envolvem qualificação e outras ações importantes”, concluiu a ministra.

Fonte: Agência Brasil

Governo Dilma será mais de esquerda do que foi o de Lula, diz Stédile

São Paulo – O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse hoje (28) que o governo da presidenta Dilma Rousseff será mais de esquerda do que foi o de Lula.

De acordo com o dirigente, a coalizão que apoia Dilma tem maior participação de setores populares, o que torna o momento mais favorável para os movimentos sociais alcançarem suas reivindicações.

“Durante o governo Lula, a correlação de forças para os movimentos era muito pior. No primeiro mandato quase derrubaram ele. No segundo, avançou um pouquinho mais, mas também foi muito difícil.

O que estou dizendo é que a correlação de forças e o ambiente político na sociedade é mais favorável a termos mudanças agora do que na época do Lula”, afirmou, em palestra na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco.

Stédile citou a Força Sindical e a Igreja Universal do Reino de Deus como exemplos de movimentos que não apoiavam o governo de Lula e passaram a fazê-lo com Dilma.

"Acho que essas forças populares agora no governo Dilma mais amplas. Apesar de ser um governo de composição, poderá dar um respaldo para ela fazer as mudanças estruturais que precisam ser feitas, se ela quiser cumprir o programa de superar a pobreza”.

Apesar de prever um governo federal mais à esquerda, o dirigente do MST reconheceu que o movimento sem terra tem se desmobilizado nos últimos anos.

"Quando as famílias percebem que não há força política no governo para fazer a reforma agrária, as expropriações são lentas, eles recuam. Por que eu vou acampar se o meu primo já está lá a quatro anos? Mas isso não significa que não haja uma base social latente que pode se mobilizar a qualquer momento”. São Paulo – O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, disse hoje (28) que o governo da presidenta Dilma Rousseff será mais de esquerda do que foi o de Lula.

De acordo com o dirigente, a coalizão que apoia Dilma tem maior participação de setores populares, o que torna o momento mais favorável para os movimentos sociais alcançarem suas reivindicações.

“Durante o governo Lula, a correlação de forças para os movimentos era muito pior. No primeiro mandato quase derrubaram ele. No segundo, avançou um pouquinho mais, mas também foi muito difícil.

O que estou dizendo é que a correlação de forças e o ambiente político na sociedade é mais favorável a termos mudanças agora do que na época do Lula”, afirmou, em palestra na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), no Largo São Francisco.

Stédile citou a Força Sindical e a Igreja Universal do Reino de Deus como exemplos de movimentos que não apoiavam o governo de Lula e passaram a fazê-lo com Dilma.

"Acho que essas forças populares agora no governo Dilma mais amplas. Apesar de ser um governo de composição, poderá dar um respaldo para ela fazer as mudanças estruturais que precisam ser feitas, se ela quiser cumprir o programa de superar a pobreza”.

Apesar de prever um governo federal mais à esquerda, o dirigente do MST reconheceu que o movimento sem terra tem se desmobilizado nos últimos anos.

"Quando as famílias percebem que não há força política no governo para fazer a reforma agrária, as expropriações são lentas, eles recuam. Por que eu vou acampar se o meu primo já está lá a quatro anos? Mas isso não significa que não haja uma base social latente que pode se mobilizar a qualquer momento”.(VoteBrasil)

São Paulo: Crise no PSDB atinge comando estadual

Resolvida a disputa no diretório municipal, agora problemas atingem direção da sigla no Estado: deputados querem mesmo tratamento dado a vereadores
SÃO PAULO - A exemplo dos vereadores paulistanos, a bancada de deputados federais do PSDB de São Paulo resolveu pleitear maior espaço na formação da nova Executiva estadual, que será eleita daqui a uma semana.
Inspirados pelas demandas dos vereadores, que conseguiram ampliar a influência na cúpula partidária municipal após racha que resultou na saída de seis parlamentares, os deputados decidiram pedir, na formação da Executiva estadual, o mesmo espaço obtido pelos colegas tucanos da Câmara Municipal. A palavra de ordem é "isonomia".
Em almoço na terça-feira, no Senado, os deputados Luiz Fernando Machado, coordenador da bancada paulista, e Vaz de Lima e o senador Aloysio Nunes Ferreira avaliaram que os parlamentares devem ter mais representatividade na cúpula partidária, já que a presidência do partido ficará com um deputado estadual, Pedro Tobias, que conta com o apoio do governador Geraldo Alckmin.
A bancada federal quer na Executiva estadual pelo menos os cinco postos que os vereadores obtiveram na cúpula municipal. Entre eles, a vice-presidência, a primeira-tesouraria e a secretaria-geral, para a qual não há nome de consenso. O ex-governador José Serra chegou a ser procurado por deputados federais para tratar do assunto.
Eles aceitam eleger Tobias presidente estadual, mas querem indicar um nome da bancada para secretário-geral. Tobias defende a recondução do atual secretário-geral, César Gontijo. "Defendo ele de novo porque precisa ser alguém que toca o dia a dia do partido. E ele fez um bom trabalho. Quem tem mandato não toca muito a vida partidária", afirmou Tobias. Para o deputado, o partido não deve usar como critério para a escolha do presidente e demais cargos o revezamento entre deputados federais e estaduais - o atual presidente é um deputado federal. Ele defende eleição direta, em que todos os tucanos possam participar. "Isso está sendo acertado. Todo mundo será acomodado", disse Tobias. Os parlamentares acreditam que o grupo de Alckmin vai ceder espaço para evitar um novo desgaste político.
Fonte: Julia Duailibi, de O Estado de S.Paulo

Ex-ministro de Lula vai integrar grupo de observadores na Líbia

Para ex-titular dos Direitos Humanos, diplomacia de Dilma para a área sofreu apenas ajustes em relação a antecessor
SÃO PAULO - Paulo Vannuchi, ex-ministro dos Direitos Humanos no governo Lula, vai integrar uma comitiva de observadores internacionais - entre eles o ex-primeiro-ministro da Espanha José María Aznar e o ex-procurador-geral do presidente americano Lyndon Johnson, Ramsey Clark - que visitarão a Líbia nos próximos dias à convite de organizações não-governamentais. De acordo com o ex-ministro, o objetivo é detectar situações de violação de direitos e formatar propostas de políticas a serem implementadas no país.
Nesta quarta-feira, 27, ao anunciar no 8º Congresso Nacional de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) sua ida à Líbia, o ex-ministro elogiou o novo direcionamento do governo Dilma Rousseff sobre os direitos humanos no Irã. "É a mesma diplomacia, mas com ajustes. Os ajustes que foram feitos eu saúdo, são positivos", avaliou Vannuchi ao comparar a política externa do atual governo com a do governo em que participou.
A uma plateia de aproximadamente 500 metalúrgicos, o ex-ministro ressaltou que a política de Dilma é a mesma de Lula, mas que "continuar não é repetir". "O que deve ter pesado é a condição especial da presidente, mulher, ex-presa política, torturada, sobretudo com a sensibilidade que nenhum homem poderá ter sobre um problema específico de opressão à mulher", disse, referindo-se ao caso da sentença de morte por apedrejamento da iraniana Sakineh Ashtiani.
Para Vannuchi, a decisão do governo brasileiro de apoiar o envio de um relator da ONU para investigar a situação dos direitos humanos no Irã não aconteceu no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva porque a questão não foi cogitada na época. "Essa votação não teve antes, então não se pode comparar uma coisa com outra", argumentou. "São momentos diferentes e, neste sentido(votação), a posição sobre os direitos humanos no Irã melhorou", completou. Ele lembrou ainda que Lula ofereceu asilo à iraniana.
Fonte: Daiene Cardoso, da Agência Estado

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Bahia: Oposição obstrui votação da reforma administrativa na Assembleia

Se na Câmara o clima foi de satisfação plena com a aprovação do Parque Tecnológico, na Assembleia Legislativa, onde a reforma administrativa encaminhada pelo governo estadual estava em pauta, não se pôde dizer o mesmo e os que apostavam numa votação “tranquila” foram surpreendidos. O clima esquentou durante a sessão.
O “reboliço” aumentou quando o relator do projeto, deputado João Bonfim (PDT), fez a leitura do parecer com 25 emendas das duas bancadas.
Após obstrução por cerca de duas horas, o deputado Paulo Azi (DEM) anunciou que, se o governo, cujo líder é o deputado Zé Neto (PT), mantivesse o projeto na pauta, iria retirar a bancada do plenário e recorreria à Justiça alegando “inconstitucionalidade” por conta de “várias” emendas propostas que criariam novos cargos.
 Os oposicionistas argumentaram que o Artigo 77 da Constituição do Estado da Bahia veda a criação e/ou extinção e aumento de custos ao governo por parte do Poder Legislativo.
Entre as modificações consideradas inconstitucionais, estava a emenda de um oposicionista, o deputado Carlos Geílson (PTN). Ele propôs a inclusão de um representante da Associação Baiana de Jornalismo Digital (ABJD) no Conselho de Comunicação, proposto pelo governo no texto original da reforma.
A emenda foi aceita pelo relator, o que culminou, inclusive, num acordo para que o PTN votasse a favor da reforma. O clima esquentou ainda mais quando o relator João Bonfim anunciou a rejeição de outra emenda da oposição, a que prevê que 30% dos 173 novos cargos que serão criados pelo governo sejam destinados a servidores concursados do estado.
Alegando a apresentação de “uma nova reforma administrativa”, o deputado Luciano Simões (PMDB) pediu tempo ao presidente da AL-BA, deputado Marcelo Nilo (PDT), para que a bancada oposicionista avaliasse a “nova” proposta. Nilo concordou e interveio para que o líder governista, Zé Neto, concordasse com o pleito da minoria, o que acabou acontecendo.
Até o fechamento desta edição não havia entendimento entre governo e oposição para a apreciação e nos corredores do parlamento já se falava num possível adiamento da votação para a próxima semana.
Caso fiquem mantidas as emendas e seja constatada a inconstitucionalidade, o projeto deverá ser devolvido ao governador Jaques Wagner para os ajustes, afinal, compete só ao Poder Executivo criar cargos e onerar a máquina.
A reforma cria as novas secretarias de Administração Penitenciária e Ressocialização e a da Comunicação. A proposta prevê ainda o desmembramento da Secretaria de Promoção da Igualdade (Sepromi), subdividida em Políticas para Mulheres e Étnico-racial; cria a Superintendência de Tratamento e Apoio a Drogados, que será integrada à Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH);  transforma a Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) em pasta ordinária até 2014; funde o Instituto do Meio Ambiente (Ima) ao Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá); e constitui oficialmente a chefia de Gabinete e a Assessoria de Relações Internacionais. (Romulo Faro – TB)

PCdoB em Salvador decide por candidatura própria em 2012

Reunido na noite desta quarta-feira (27), na sede do partido, o Comitê Municipal do PCdoB em Salvador decidiu pela apresentação de pré-candidatura própria à Prefeitura de Salvador nas eleições de 2012, indicando os nomes da deputada federal Alice Portugal e do deputado federal Daniel Almeida como nomes credenciados e a serem examinados pelo partido para uma candidatura ao Executivo municipal.
O Comitê Municipal decidiu ainda intensificar o ciclo de debates sobre Salvador, realizado em conjunto com a Fundação Maurício Grabois, com o objetivo de refletir mais aprofundadamente sobre os problemas da cidade e subsidiar a elaboração do programa de governo.

A decisão tem como base a recente resolução do Comitê Central do partido que propõe maior protagonismo do PCdoB nas disputas eleitorais em todo o país. “O PCdoB em Salvador reúne condições de lançar e sustentar uma candidatura majoritária e inclusive com possibilidade de ir para a disputa do segundo turno. Fomos o segundo partido mais votado na cidade para deputado estadual em 2010. Temos prestígio político e eleitoral suficientes para apresentar ao eleitorado nossas propostas e nosso programa de governo, ao tempo que temos possibilidade de ter uma chapa completa de candidatos a vereador, além de boa presença nos movimentos sociais organizados e uma razoável estrutura partidária”, afirma o presidente do PCdoB em Salvador, Geraldo Galindo.

Com base na resolução do Comitê Municipal, a direção do partido vai procurar o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), para informá-lo da decisão e reafirmar a participação do PCdoB nos projetos políticos capitaneados por ele no âmbito estadual e pela presidente Dilma Rousseff em âmbito nacional, porém, resguardando a sua independência e o legítimo direito de se apresentar com fisionomia própria perante o eleitorado.

“A apresentação de um nome do partido em Salvador é absolutamente legítima.Como pode haver dois turnos, é natural que os partidos se apresentem no primeiro turno e no segundo, se houver, possam fazer as alianças com aquele que tenha mais afinidade do ponto de vista político e programático”, ressaltou Galindo.

Fonte: Eliane Costa - Vermelho

Ignorado no Brasil, FHC dá conselhos à oposição venezuelana

Devoto de Jesus Cristo, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, tem muito a agradecer aos céus. Sob a liderança da deputada María Corina Machado, a oposição venezuelana adotou como conselheiro o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso – cujos brados não se fazem mais ouvir nem sequer entre tucanos mais ilustres. É um abraço de históricos derrotados.
O insucesso de FHC se traduz na rejeição cada vez mais cristalizada a seu governo (1995-2002) e na resistência do alto tucanato a evocar seu legado. Já o infortúnio da oposição a Chávez tem uma expressão mais nítida: desde 1998, a direita venezuelana acumula 15 derrotas em disputas eleitorais, referendos e plebiscitos. Em comum, ambos não escondem uma natureza elitista, antipopular – talvez a maior barreira para os conservadores voltarem ao poder nos dois países.

No artigo “O Papel da Oposição”, divulgado há duas semanas, FHC estertorou que o PSDB deve abrir mão tanto dos movimentos sociais quanto do “povão”. Segundo ele, “enquanto o PSDB e seus aliados persistirem em disputar com o PT influência sobre os ‘movimentos sociais’ ou o ‘povão’, isto é, sobre as massas carentes e pouco informadas, falarão sozinhos”. A repercussão foi tão negativa que desconcertou Fernando Henrique. “Passei a ser cautelosíssimo. Pensei que ninguém fosse ler”, admitiu.

Já Corina Machado, em entrevista à Folha de S. Paulo, igualmente subestima os laços formados entre o “povão” venezuelano e o governo Chávez. “Os pobres foram usados e manipulados. Claro que o governo gosta de pobres, mas para mantê-los pobres. O governo precisa que eles fiquem dependentes do Estado e não quer uma sociedade autônoma que gere emprego por suas próprias fontes”, esbraveja a deputada.

O encontro entre o malfadado ideólogo da oposição brasileira e expoentes do conservadorismo da Venezuela ocorreu nesta terça-feira (26), em São Paulo, durante o debate “A América Latina em um Mundo em Transformação”, realizado pelo Instituto Fernando Henrique Cardoso. Não ficou claro o que o ex-presidente tem a dizer a opositores do país vizinho.

Depois de três derrotas consecutivas do consórcio PSDB-DEM em eleições presidenciais – duas delas para o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva –, quais lições teria FHC a ofertar? Por sinal, num momento em que se especula a fusão entre tucanos e “demos” para aplacar a ruína da oposição à presidente Dilma Rousseff, ao menos FHC teve a humildade de reconhecer que os venezuelanos é que, por ora, dão o “exemplo” da unidade.

“Se quisermos ter um objetivo maior, como têm os venezuelanos hoje, que é de voltar a ter uma situação em que o PSDB exerça um papel construtivo no Brasil, na República, nós temos de estar unidos", discursou o ex-presidente. A referência era à debandada de lideranças do PSDB – ou “revoada no ninho tucano”, para usar uma expressão que vai ganhando contornos de lugar-comum.

Esvaziamento
Nas eleições de 2008, o PSDB fez a maior bancada da Câmara Municipal de São Paulo, com 14 vereadores eleitos. O campeão de votos, Gabriel Chalita, deixou a legenda já em 2009. Há duas semanas, mais seis vereadores, dos 13 remanescentes, também abandonaram a legenda, assim como Walter Feldmann, fundador do PSDB e atual secretário do governo Kassab.

Na onda de “destucanização”, ainda em curso, podem surfar mais dois ou três vereadores, além de Ricardo Montoro, filho do ex-governador Franco Montoro. Correligionários de Alckmin já insinuam – a começar pelo “Painel” da Folha de S. Paulo – que o ex-governador paulista José Serra está por trás do esvaziamento do PSDB, num suposto revide ao atual governador, Geraldo Alckmin.

FHC não poderia ter contexto mais adverso para dar ensinamentos de oposição. Em meio ao “fogo amigo” nas altas e baixas rodas do tucanato, sobram ao ex-presidente poucos temas a explorar numa plateia onde há ansiosos direitistas loucos para derrubar Chávez e a Revolução Bolivariana.

Por onde sair, então? O ex-presidente brasileiro pede que a presidente Dilma Rousseff e o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, sejam sensíveis no trato com a Venezuela. “O Brasil tem interesses comuns com a Venezuela – e nós não podemos, de repente, ter uma atitude que possa ser compreendida como contrária à Venezuela", esclarece FHC. Mas, afinal, foi o partido dele ou o da Dilma que lutou contra a adesão venezuelana ao Mercosul?

“Como distinguir a defesa dos direitos humanos com a participação da Venezuela na América Latina, no Mercosul, de acordo com os nossos interesses? Espero que o governo, sobretudo com o novo chanceler, tenha sensibilidade suficiente para ao mesmo tempo atender aos interesses do Brasil e da Venezuela”, diz FHC. Que não fique o dito pelo não-dito: o ex-presidente acredita mesmo que o Itamaraty teve mais “sensibilidade” sob sua gestão – aquela que tirava até os sapatos para os Estados Unidos – do que o Itamaraty de Lula e Celso Amorim.

E, como a unidade da oposição é um fato apenas na Venezuela, a conclusão da atividade no Instituto FHC não surpreende: esperemos não tanto por conselhos e artigos de Fernando Henrique sobre o “papel da oposição” – mas pelo desfecho do processo da fusão entre PSDB e DEM.

O povo e as mudanças

Enquanto isso, Corina Machado sonha com o fim da era Chávez na Venezuela bolivariana e da ascensão da esquerda no continente. Sua aposta: “A mudança de modelo, não somente de governo, terá efeito direito em toda a região. Vai contribuir para fortalecer instituições e avançar rumo à democratização e crescimento real. Com a saída de Chávez, a América Latina vai emergir como novo polo de desenvolvimento e atração de investimento, crescimento e inclusão social."

A Venezuela realiza eleições presidenciais em 2012, dois anos antes do Brasil. Conquanto o sentimento conservador possa crescer na sociedade, sobressai a saudável certeza de que a direita, lá e cá, ainda é incapaz de entender que o povo latino-americano ousou mudar – e aprovou as mudanças.
Fonte: André Cintra - Vermelho

Dilma considera ''erro'' Dutra renunciar ao comando do PT

A presidente Dilma Rousseff vai fazer um último apelo para o presidente do PT, José Eduardo Dutra, não renunciar ao cargo e prolongar sua licença médica até setembro, quando o partido promoverá um congresso para reformar seu estatuto.
O governo avalia que uma sucessão apressada poderia criar problemas. Tanto Dilma quanto o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estão dispostos a evitar a troca de comando agora.
Na conversa que manteve com Lula, na segunda-feira à noite, no Rio, Dutra disse não se sentir confortável em deixar o partido aguardando por sua recuperação e afirmou que iria renunciar ao cargo amanhã, na reunião do Diretório Nacional do PT. Dutra está licenciado do cargo desde 22 de março, por causa de crises hipertensivas, que culminaram com forte depressão.
Dilma iria ao Rio hoje, para uma agenda de trabalho, mas adiou a viagem para sexta-feira. Ela tentará encontrar-se pessoalmente com Dutra antes da reunião do PT. Se não conseguir, conversará por telefone. Para a presidente, é um "erro" Dutra renunciar ao cargo, já que ele tem mandato até 2013 e pode renovar a licença.
Setembro. Mesmo se Dutra se mantiver irredutível, a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB) vai propor que o novo presidente do PT seja escolhido só em setembro. A ideia é que o deputado estadual Rui Falcão, primeiro-vice-presidente, fique no cargo nesse período.
"Se o Dutra de fato sair, o Rui ou qualquer integrante do Diretório Nacional pode dirigir o partido até o Congresso Extraordinário do PT, em setembro", disse Francisco Rocha, coordenador da CNB. Até agora, o nome mais cotado para substituir Dutra é o do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). Em todas as conversas, Lula insiste que é preciso dar "peso político" à Executiva Nacional.
A posição da CNB - corrente que abriga Dutra - deve prevalecer, pois a tendência tem 56% das cadeiras do Diretório Nacional. Mas não sem resistências. "Se Dutra renunciar, o partido deve eleger logo o novo presidente, até para evitar especulações", disse o ex-presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). (Vera Rosa – AE)

Lula diz não ter mais idade para disputas com FHC

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recusou nesta quarta-feira, 27, o desafio feito pelo também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de disputar uma nova eleição. "Não vou responder. Ele, como eu, vamos disputar no além. Não temos mais idade para isso", afirmou Lula, durante o 8º Congresso Nacional dos Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizado em um hotel de Guarulhos.
A proposta do tucano foi feita em meio à polêmica sobre o artigo que escreveu para a revista "Interesse Nacional", no qual defendeu que o PSDB deveria deixar de buscar diálogo com o "povão" e tentar conquistar votos na nova classe média brasileira. A crítica de Lula a essa análise veio de Londres, onde estava para uma palestra a investidores da Telefônica: "Não sei como alguém que estudou tanto depois diz que quer esquecer do povão. O povão é a razão de ser do Brasil. E do povão fazem parte a classe média, a classe rica, os mais pobres, porque todos são brasileiros".
Na semana passada, FHC aproveitou-se de uma entrevista a um programa de rádio para responder a Lula na forma da provocação: "Ele (Lula) esquece-se de que eu o derrotei duas vezes. Quem sabe ele queira uma terceira. Eu topo."(AE)

Em 2012, a vez da 'micropolítica'

A tendência é irreversível: cada nicho do eleitorado brasileiro será mapeado e vai virar alvo de diferentes abordagens em campanhas políticas. Não haverá apenas uma estratégia, mas várias. Microtargeting é nome da onda, uma técnica largamente utilizada nos Estados Unidos e que dá os primeiros passos no Brasil após ter sido utilizada na campanha de reeleição de Sérgio Cabral (PMDB) no Rio.
Especialista no assunto, o economista brasileiro Maurício Moura, professor na Universidade George Washington, nos Estados Unidos, explica que microtargeting é "fatiar o eleitorado e olhar para as fatias com uma lupa". Cada microssegmento, com suas diferentes aspirações, pode ser alvo de um discurso específico do candidato interessado em seus votos. A mensagem política também pode atingir os grupos de diferentes formas: televisão, mala direta, e-mail e até visitas porta a porta.
A experiência com o microtargeting na campanha de Cabral foi relatada pelo consultor na versão latino-americana da revista Campaings & Elections, e também em uma palestra na Universidade George Washington, em março deste ano.
No Brasil, Moura encontrou um grande obstáculo para "fatiar" o eleitorado em diferentes perfis: a falta de dados públicos e detalhados sobre a população. (Daniel Bramatti – AE)

Lula alega acordo com Dilma para não intervir no governo

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Guarulhos, na Grande São Paulo, que tem evitado comentar os temas nacionais porque fez um acordo com a presidente Dilma Rousseff de não intervir nos assuntos do governo. Além disso, ele argumentou que a decisão tem por objetivo dar uma lição aos antecessores. "Queria ensinar a alguns ex-presidentes como é importante ser um ex-presidente sem dar palpites", afirmou, em uma referência implícita ao ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, com quem tem trocado farpas nas últimas semanas.
Lula, que participou no fim da noite de ontem do Congresso Nacional de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em Guarulhos, disse que ainda não conseguiu "desencarnar" da Presidência. "Eu ainda não desencarnei totalmente do meu mandato de presidente. Não é uma tarefa fácil." Durante os 55 minutos de discurso, ele disse que está com "uma comichão", uma vontade forte, de voltar a viajar e fazer caravanas pelo País. "Eu estou com vontade de tudo, mas tenho de me controlar. Só com autocontrole vou conseguir desencarnar", brincou.
Ao descrever a sua gestão como a que "mais" interagiu com os movimentos sociais, Lula afirmou que em nenhum outro País um presidente esteve tão disponível para ouvir a sociedade. "Duvido que, na história da humanidade - eu costumo dizer nunca antes na história do Brasil -, tenha havido um governo que tenha exercitado a democracia com tanta plenitude como exercemos. Nenhum segmento da sociedade deixou de ser ouvido."
O ex-presidente admitiu também que o termo "nunca antes" era usado para afrontar a oposição. "Era para provocá-los, para dizer que ''nunca antes'' eles não fizeram nada." No primeiro encontro com líderes sindicais desde que deixou a Presidência, Lula declarou que se sentia, junto com os antigos companheiros, como se vivesse o "primeiro dia de militância". "Nem todo mundo pode retornar para casa de cabeça erguida", disse. (Daiene Cardoso – AE)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Governo deve amaciar cortes de restos a pagar

Pressionado pela base aliada que nos bastidores ameaçou uma rebelião contra o Planalto nas votações no Congresso por causa do "cancelamento" de emendas parlamentares, o governo sinalizou ontem que vai amaciar o corte. O calote dos chamados restos a
pagar de orçamentos anteriores, de 2007 a 2009, deve ficar entre R$ 1,5 bilhão e R$ 3 bilhões e nem todo este montante será cortado de emendas, segundo um parlamentar envolvido nas negociações.

A questão tem provocado polêmica no Congresso porque cerca de metade dos restos a pagar dizem respeito a emendas. Hoje, há R$ 9,8 bilhões em risco de cancelamento desse período, sendo que R$ 5,2 bilhões são de emendas parlamentares, segundo dados do ministério do Planejamento. Até sexta, a presidente Dilma Rousseff vai anunciar o tamanho da tesourada para tentar interromper a insatisfação parlamentar.

A tendência é que os restos a pagar de 2009 sejam prorrogados pelo menos até o final de agosto e que o cancelamento atinja somente convênios dos anos de 2008 e 2007 que ainda não estejam em execução. Decreto assinado ainda pelo presidente Lula determinava o cancelamento dos restos a pagar destes três anos que não fossem liquidados até 30 de abril. (AE)

Bahia: Negromonte ameniza tensão política

O ministro das Cidades, Mário Negromonte, foi ao Senado, ontem, para conversar com o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), e aproveitou para amenizar o clima de tensão instalado no governo em função dos atrasos nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da Copa do Mundo de 2014.

Em entrevista ao G1, Negromonte confirmou que a presidente Dilma Rousseff está preocupada com a situação das

"A presidenta é uma senhora educada, não puxa a orelha de ninguém. Logicamente que ela fica preocupada com o que está acontecendo, a questão de alguns atrasos. Tivemos uma reunião com ela ontem [segunda] e outros ministros para levar um relatório sobre como estariam as obras do PAC na área de mobilidade. Estamos fazendo um alerta a prefeitos e governadores para que acelerem projetos", afirmou Negromonte.

O ministro das Cidades também negou que haja desorganização nas ações do governo relacionadas ao Mundial de 2014: "Tem muita organização, muita reunião, muito planejamento. O que falta realmente é ter algumas ações. Os estados têm problemas

Então, prefeitos e governadores estão buscando as soluções".
No dia 20 de abril, o ministro das Cidades disse que seis das 12 cidades brasileiras que irão sediar a Copa do Mundo de 2014 estavam com obras atrasadas.
"Nossa parte [do Ministério das Cidades] é mobilidade urbana e vamos ter que ter a responsabilidade de levar o torcedor até a catacra. São 12 capitais-sede da Copa. Boa parte está com problema. Eu diria meia dúzia", disse, durante cerimônia de formatura de
novos diplomatas, no Itamaraty.

Negromonte admitiu ainda que será preciso aumentar o ritmo de trabalho para concluir todas as obras de mobilidade urbana que viabilizarão o Mundial.
"Nós estamos monitorando essas obras, mas muitas têm problemas jurídicos, ambientais, problemas de licitação. Tem gargalos que estamos desobstruindo. Depois que iniciar essas obras, vamos ter que trabalhar de manhã, de tarde e de noite para avançarmos", afirmou.

Segundo o ministro, a "única certeza" do governo é a de que a Copa tem data certa para ser realizada. "Existe uma preocupação de que não vai trazer prejuízo para o andamento das obras. A única certeza que temos é que a data da Copa não pode ser adiada".
Fonte: Tribuna da Bahia
ações em torno do Mundial e do PAC, mas não fez nenhuma cobrança exagerada aos integrantes do governo.ambientais, problemas jurídicos, problemas em terrenos.

O dólar com seus dias contados

O dólar tem seus dias contados

A moeda americana se transformou na maior bolha especulativa da história e está condenada a uma forte queda. Os ataques contra o euro são apenas uma cortina de fumaça para esconder a falência da economia americana, defende a jornalista suíça Myret Zaki em seu último livro.

"A queda do dólar se prepara. É inevitável. O principal risco no mundo atualmente é uma crise da dívida pública americana. A maior economia mundial não passa de uma grande ilusão. Para produzir 14 trilhões de renda nacional (PIB), os Estados Unidos geraram uma dívida de mais de 50 trilhões que custa 4 trilhões de juros por ano."

O tom está dado. Ao longo das 223 páginas de seu novo livro, a jornalista Myret Zaki faz uma acusação impiedosa contra o dólar e a economia americana, que considera "tecnicamente falida".

A jornalista se tornou, nos últimos anos, uma das mais famosas escritoras de economia da Suíça. Em seus últimos livros, ela aborda a situação desastrosa do banco suíço UBS nos Estados Unidos e a guerra comercial no mercado da evasão fiscal. Na entrevista a seguir, Myret Zaki defende a tese de que o ataque contra o euro é para desviar a atenção sobre a gravidade do caso americano.

Swissinfo.ch: A Senhora diz que o crash da dívida americana e o fim do dólar como lastro internacional será o grande acontecimento do século XXI. Não seria um catastrofismo meio exagerado?
Myrette Zaki: Eu entendo que isso possa parecer alarmista, já que os sinais de uma crise tão violenta ainda não são tangíveis. No entanto, estou me baseando em critérios altamente racionais e fatuais. Há cada vez mais autores americanos estimando que a deriva da política monetária dos Estados Unidos conduzirá inevitavelmente a tal cenário. É simplesmente impossível que aconteça o contrário.

Swissinfo.ch: No entanto, esta constatação não é, de forma alguma, compartilhada pela maioria dos economistas. Por quê?
MZ: É verdade. Existe uma espécie de conspiração do silêncio, pois há muitos interesses em jogo ligados ao dólar. A gigantesca indústria de asset management (investimento) e dos hedge funds (fundos especulativos) está baseada no dólar. Há também interesses políticos óbvios. Se o dólar não mantiver seu estatuto de moeda lastro, as agências de notações tirariam rapidamente a nota máxima da dívida americana. A partir daí começaria um ciclo vicioso que revelaria a realidade da economia americana. Estão tentando manter as aparências a todo custo, mesmo se o verniz não corresponde mais à realidade.

Swissinfo.ch: Não é a primeira vez que se anuncia o fim do dólar. O que mudou em 2011?
MZ: O fim do dólar é realmente anunciado desde os anos 70. Mas nunca tivemos tantos fatores reunidos para se prever o pior como agora. O montante da dívida dos EUA atingiu um recorde absoluto, o dólar nunca esteve tão baixo em relação ao franco suíço e as emissões de novas dívidas americanas são compradas principalmente pelo próprio banco central dos EUA.

Há também críticas sem precedentes de outros bancos centrais, que criam uma frente hostil à política monetária americana. O Japão, que é credor dos Estados Unidos em um trilhão de dólares, poderia reivindicar uma parte desta liquidez para sua reconstrução. E o regime dos petrodólares não é mais garantido pela Arábia Saudita.

Swissinfo.ch: Mais do que o fim do dólar, a Senhora anuncia a queda da superpotência econômica dos EUA. Mas os Estados Unidos não são grandes demais para falir?
MZ: Todo mundo tem interesse que os Estados Unidos continuem se mantendo e a mentira deve continuar por um tempo. Mas, não indefinidamente. Ninguém poderá salvar os americanos em última instância. São eles quem terão que arcar com o custo da falência. Um período muito longo de austeridade se anuncia. Ele já começou. Quarenta e cinco milhões de americanos perderam suas casas, 20% da população sairam do circuito econômico e não consomem mais, sem contar que um terço dos estados dos EUA estão praticamente falidos. Ninguém mais investe capital no país. Tudo depende exclusivamente da dívida.

Swissinfo.ch: A Senhora diz que o enfraquecimento da zona euro representa nada menos do que uma questão de segurança nacional para os Estados Unidos. Será que não estamos entrando numa espécie de paranoia antiamericana?
MZ: Todos nós amamos os Estados Unidos e preferimos ver o mundo cor-de-rosa. No entanto, após o fim da Guerra Fria e da criação do euro em 1999, uma guerra econômica foi declarada. A oferta de uma dívida pública sólida em uma moeda forte iria provavelmente diminuir a demanda pela dívida dos EUA. Mas os Estados Unidos não podem deixar de se endividar. Essa dívida lhes permitiu financiar as guerras no Iraque e no Afeganistão e garantir a sua hegemonia. Eles têm uma necessidade vital dela.

Em 2008, o euro era uma moeda levada muito a sério pela OPEP, os fundos soberanos e os bancos centrais. Ela estava prestes a destronar o dólar. E isso os EUA queriam impedir a todo custo. O mundo precisa de um lugar seguro para depositar seus excedentes, e a Europa está sendo totalmente impedida de aparecer como sendo esse lugar. É precisamente por isso que os fundos especulativos têm atacado a dívida soberana de alguns países europeus.

Swissinfo.ch: O que vai acontecer depois da queda anunciada do dólar?
MZ: A Europa é hoje a maior potência econômica e tem uma moeda de referência sólida. Ao contrário dos Estados Unidos, é um bloco em expansão. Na Ásia, o yuan passará a ser a moeda de referência. A China é a melhor aliada na Europa. Ela tem interesse em apoiar um euro forte para diversificar seus investimentos. Por outro lado, ela precisa de um aliado como a Europa na OMC e no G20 para evitar de ter que reavaliar sua moeda em breve. Hoje, a Europa e a China atuam como duas forças gravitacionais que atraem em suas órbitas os antigos aliados dos Estados Unidos: o Japão e a Inglaterra.

Swissinfo.ch: E o que vai acontecer com o franco suíço?
MZ: Seu papel de valor refúgio ainda vai crescer. No caso de uma crise da dívida soberana dos EUA, haverá uma grande procura pelo franco suíço. O franco suíço tem quase o mesmo status que o ouro e não está pronto a cair face ao dólar. Em uma revisão do sistema monetário, a Suíça terá que escolher um lado. Porque eu não estou convencida de que o franco suíço possa continuar existindo sozinho, o seu papel como valor refúgio é muito prejudicial para a economia suíça.

Fonte: Samuel Jaberg, swissinfo.ch. Adaptação: Fernando Hirschy