quinta-feira, 28 de abril de 2011

Lula alega acordo com Dilma para não intervir no governo

O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Guarulhos, na Grande São Paulo, que tem evitado comentar os temas nacionais porque fez um acordo com a presidente Dilma Rousseff de não intervir nos assuntos do governo. Além disso, ele argumentou que a decisão tem por objetivo dar uma lição aos antecessores. "Queria ensinar a alguns ex-presidentes como é importante ser um ex-presidente sem dar palpites", afirmou, em uma referência implícita ao ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, com quem tem trocado farpas nas últimas semanas.
Lula, que participou no fim da noite de ontem do Congresso Nacional de Metalúrgicos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em Guarulhos, disse que ainda não conseguiu "desencarnar" da Presidência. "Eu ainda não desencarnei totalmente do meu mandato de presidente. Não é uma tarefa fácil." Durante os 55 minutos de discurso, ele disse que está com "uma comichão", uma vontade forte, de voltar a viajar e fazer caravanas pelo País. "Eu estou com vontade de tudo, mas tenho de me controlar. Só com autocontrole vou conseguir desencarnar", brincou.
Ao descrever a sua gestão como a que "mais" interagiu com os movimentos sociais, Lula afirmou que em nenhum outro País um presidente esteve tão disponível para ouvir a sociedade. "Duvido que, na história da humanidade - eu costumo dizer nunca antes na história do Brasil -, tenha havido um governo que tenha exercitado a democracia com tanta plenitude como exercemos. Nenhum segmento da sociedade deixou de ser ouvido."
O ex-presidente admitiu também que o termo "nunca antes" era usado para afrontar a oposição. "Era para provocá-los, para dizer que ''nunca antes'' eles não fizeram nada." No primeiro encontro com líderes sindicais desde que deixou a Presidência, Lula declarou que se sentia, junto com os antigos companheiros, como se vivesse o "primeiro dia de militância". "Nem todo mundo pode retornar para casa de cabeça erguida", disse. (Daiene Cardoso – AE)

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