Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital
Direito a Produzir: Investir mais e melhor na pequena agricultura da América do Sul. Esse é o título do novo informe produzido por Oxfam International no marco da Campanha Crece. A publicação se soma ao chamado feito pela organização internacional aos ministros da agricultura reunidos no Encontro de Ministros da Agricultura das Américas, evento que acontece desde ontem (19) na Costa Rica.
Com base em informações de seis países sul-americanos (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru), o relatório destaca a importância da pequena agricultura no combate à fome e à pobreza. Para Oxfam, a agricultura é um setor estratégico na geração de emprego e no crescimento econômico.
Prova disso é que o setor contribui, em média, com 12% do Produto Interno Bruto (PIB) da região. "Segundo os cálculos realizados para o informe mundial sobre Agricultura para o Desenvolvimento do Banco Mundial, o crescimento na agricultura resulta entre dois e três vezes mais eficaz na redução da pobreza que o crescimento em outros setores”, revela.
Destaque para a pequena agricultura. Oxfam aponta que, na América do Sul, é a produção de pequenos agricultores e pequenas agricultoras que vai parar na mesa dos sul-americanos. A pequena agricultura é responsável por 70% dos alimentos consumidos no Brasil e no Peru. No Equador, a pequena agricultura produz 70% do milho e 64% das batatas destinadas a consumo interno.
Apesar da importância, os governos não têm aumentado o investimento no setor. Ao contrário, o relatório revela que o gasto público na agropecuária caiu nos últimos 30 anos, ficando entre 1% e 3% do orçamento. A exceção é Paraguai e Bolívia, países que destinam um pouco menos de 10% do orçamento para a agropecuária.
Além disso, os investimentos vão para empresas e grandes proprietários rurais. "O gasto público para o desenvolvimento agrícola na América Latina tem caído até ficar abaixo dos níveis de vinte anos atrás. Mas o mais preocupante é que o investimento costuma beneficiar os produtores mais vantajosos, capazes de aproveitar as novas oportunidades como as que surgem com os novos tratados comerciais ou a expansão de mercados emergentes como o dos biocombustíveis. Enquanto os pequenos produtores e produtoras devem fazer frente por si só com riscos cada vez mais graves e ingovernáveis, com um acesso mais limitado aos recursos e sem ter a seu alcance os serviços que necessitam para manter seus meios de vida”, afirma.
Segundo o relatório, estima-se que 52 milhões de pessoas vivam com fome na América do Sul. Ademais, a maioria das pessoas que vivem na pobreza ou na pobreza extrema depende da agricultura. No Peru, por exemplo, conforme a publicação, 60% das pessoas pobres vivem da agricultura. Na Bolívia, seis de cada dez habitantes de áreas rurais vivem na pobreza extrema.
Por conta desse quadro, Oxfam pede aos governos sul-americanos que: assegurem o acesso equitativo à terra e à água; aumentem o gasto público destinado à pequena agricultura; ampliem a participação dos pequenos produtores nas decisões relevantes; levem em consideração as necessidades específicas das mulheres; entre outros.
Encontro de Ministros
Desde ontem (19), Costa Rica sedia o Encontro de Ministros da Agricultura das Américas. O evento, que vai até sexta-feira (21), reúne representantes de todos os países do continente com o objetivo de alertar os governantes a investir em inovações e tecnologias que auxiliem no combate à mudança climática e na garantia de segurança alimentar.
O relatório completo está disponível em: http://www.oxfam.org/sites/www.oxfam.org/files/derechoaproducir_oxfamcrece-04102011.pdf
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