segunda-feira, 4 de abril de 2011

A palavra sempre serve aos mais fortes

Ábade Dinouart disse certa vez que o homem se perde na palavra. Nela já se construiu reinos e castelos, e do mesmo modo, grandes mentiras e também grandes monstros, como Hitler. De qualquer modo, a palavra é tão forte que cabalisticamente "o verbo se fez carne". Teologicamente falando ela nos fez gente.
Na última semana dois fatos ocuparam a mídia brasileira, em que a palavra indiscutivelmente esteve presente no centro de decisões e formação de opinião. Morreu José Alencar, homem ícone da decência na política e na vida empresarial, que segundo noticiado na Folha a única mancha foi ter apoiado a Ditadura Militar de 1964.
E o fato pitoresco que ocupou também a mídia, foi a destempero (racional) do considerado folclórico Deputado Federal, Jair Bolsonaro, que segundo os militantes de Movimentos Negros e das causas da Liberdade Sexual, foi puro racismo e a mais descarada declaração de homofobia de um ente do Congresso Nacional.
O Ex-vice-presidente da República foi mestre no que fez, foi honesto na palavra e exemplo para muitos. Bolsonaro foi o bruxo do que existe de mais retrógrado na arte de dizer o que pensa em público, agrediu verbalmente aqueles que opinam diferente dos seus conceitos elementares. Este último colocou definitivamente no seu bolso a idéia de um novo eugenismo no Brasil.
O nosso Ex-vice-presidente que ocupou a mídia com sua despedida elencar deste mundo, com sua persistência deverá servir de exemplo não somente para esta geração, mas para as vindouras. O homem foi tão forte, que venceu diversas vezes a própria morte, com sua fé, vontade de viver e de valorizar a vida em si. Diversas vezes usou da palavra para criticar a proposta econômica do Governo de Lula, sem desarticular o Projeto de Brasil que estava sendo tocado por eles juntos. Alencar serve de exemplo para a humanidade, no uso da palavra para construir um mundo melhor para todos.
Já Jair Bolsonaro representa o tipo de homem público que deve ser banido da vida política nas próximas urnas, ou então o Congresso deve assumir a carapuça do respeito e da dignidade legislativa e expulsá-lo daquela casa de cidadania. Pois entendemos que o sangue é vermelho nas veias de todo mundo, e não acho que somente é azul nas veias desse rapaz, que deve ter como livros de cabeceira o Mein Kampf e o Estado Corporativo.
Racismo e homofobia têm de serem considerados crimes inafiançáveis e não apenas projeto de lei aprovado para ficar no papel. Daqui a pouco teremos seguidores fiéis, racistas e homofóbicos, desse povo cruel e doente. Esta semana teve de tudo, até um tal Marco Feliciano de São Paulo (Deputado) disse que os africanos são amaldiçoados, e até quer comprovar que está na Bíblia, ora... !
O homem e o protótipo de homem se perdem na palavra, e a liberdade de expressão verbal não dá o direito para que indivíduos anacrônicos possam tentar fazer opinião pública contra a corrente de opinião corrente na nossa sociedade. Preto, branco, amarelo, índio, adeptos de opções sexuais diferentes, defensores das mais variadas correntes de ideologias políticas, todos são livres para fazer o que quiserem, desde que respeitem os ditames da lei do consenso do convívio e da decência humana.
Genaldo de Melo

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