Por Emir Sader
A eleição presidencial do México, em julho de 2012, pode permitir que o país possa, pela primeira vez, romper com as políticas neoliberais que devastam o país. Em 2000, depois de sete décadas de governos do PRI, este foi derrotado, mas os dois governos do PAN representaram continuidade com as politicas herdadas.
Em 2006, o candidato da esquerda, Lopez Obrador, foi vítima de uma clara fraude – na recontagem de uma parte dos votos suspeitos, terminou ficando 0,7% atrás do candidato do PAN. Um candidato que recebeu pouco mais de um terço dos votos – com todas as denúncias de fraude -, conquistou a presidência do Mexico por 6 anos, no primeiro turno.
Seu governo tem sido um desastre para o país, a ponto que a candidata do seu partido está em terceiro lugar nas pesquisas, projetando-se uma disputa entre o candidato do PRI, Pena Nieto e o do PRD, Lopez Obrador. Este foi escolhido em consulta previa organizada pela esquerda, o outro, pela desistência dos outros pré-candidatos.
Diante do fracasso do governo Calderon, os dois disputam para ver quem aparece como a verdadeira mudança. O PRI canta loas ao tempo anterior aos dois governos do PAN, em particular aos níveis de desenvolvimento econômico e a políticas que circunscreviam ao narcotráfico, relativamente neutralizado anteriormente. Se vale de uma maquina partidária nacional reconstruída e, principalmente, da grande maioria dos governos estaduais.
Seu candidato tem performances públicas sofríveis, tendo que se valer de grande campanha de marketing, que inclui seu casamento com conhecida artista de novela mexicana.
A transformação real pode vir de uma eventual vitória de Lopez Obrador, principal líder da esquerda mexicana, que percorreu o país incansavelmente durante os últimos 5 anos, organizando comitês populares, que congregam a mais de 2 milhões de pessoas e que agora podem ser o fator essencial na sua nova campanha presidencial.
A disputa se dará entre os dois Pena Nieto – continuidade disfarçada de mudança – e Lopez Obrador – que representa a possibilidade real de ruptura do modelo neoliberal e aproximação do México dos processos de integração regional. Os EUA olham muito preocupados para a eleição mexicana e a América Latina olha com esperança.
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