segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Bahia: Oposição a Wagner não mostra a cara

A renovação em 49% na Assembleia Legislativa tem provocado novos efeitos na Casa, neste início de Legislatura. Além das comissões instaladas em tempo recorde, nos corredores do Legislativo baiano, comenta-se que a bancada de oposição, atualmente com dezoito deputados, caracterizada por fiscalizar as ações do governo, ainda não mostrou a própria cara.
Poucos são os deputados que têm arriscado subir à tribuna para provocar questionamentos ao Executivo estadual, cabendo aos mais novos o papel de liderança em alguns raros discursos de contestação. Uma das situações emblemáticas seria o posicionamento do deputado Adolfo Menezes (PRP), que, apesar de pertencer ao bloco oposicionista formado com o DEM, não esconde seu apoio ao governo. O mais inusitado é que ele acabou sendo o escolhido para presidir a Comissão de Segurança Pública, tema apontado como o mais espinhoso para a gestão Jaques Wagner.
Segundo Menezes, não há constrangimento no fato de ele ser governo e estar em um bloco de oposição. “Eu sempre fui governo. Além disso, a oposição deixou que meu nome fosse indicado, mas ela também ganhou com isso, pois pôde formar mais um bloco, o que possibilitou mais tempo para falar e mais participação na Casa”, justificou. Também conforme o deputado, há justificativas louváveis em seu nome ter sido indicado para a presidência da Comissão de Segurança. “O governo me pediu com o intuito de que tivesse alguém de confiança no comando”, explicitou.
A surpresa na escolha do próprio Reinaldo Braga (PR) para liderança da bancada da minoria também define esse novo cenário “aparentemente morno” da AL. Conhecido pela máxima da tranquilidade e antigas alianças com os governos, seu nome ainda destoa à frente da liderança.
Em reação às possíveis críticas, o republicano diz que ainda há tempo para intensificar o combate.  “Acabamos de formar as comissões e os projetos ainda nem apareceram”, alega. “Tem muito deputado experiente como Paulo Azi (DEM) e Elmar Nascimento (PR) que ainda não inauguraram a tribuna, mas muitos novos já fizeram discurso sobre os homicídios, a situação da saúde, que realmente deixa a desejar, enfim a violência, que entendemos ser um problema de gestão, entre outros”, cita, incorporando as cobranças.

Novatos se destacam na Casa

Dos novatos, o peemedebista Alan Sanches é um dos que mais têm se destacado nas cobranças ao governo do Estado através da atuação parlamentar. Nas poucas vezes em que a oposição se mostrou, centralizaram os pronunciamentos nas áreas da segurança, com as elevadas taxas de homicídios, a criação das novas secretarias, a inconstitucionalidade do ICMS e o abandono de Itaparica.
Logo após a reabertura dos trabalhos na Assembleia, por exemplo, o deputado Alan Sanches, que é vice-líder da oposição, mostrou-se surpreso com o anúncio por parte do governador Jaques Wagner do contingenciamento de R$ 1,06 bilhão nos gastos públicos, ao mesmo tempo que anunciou a criação de três novas secretarias. “Sem dúvida, as inovações são louváveis.
Afinal, o sistema carcerário baiano está um caos e precisa ser revisto. As mulheres também precisam de maior apoio por parte do poder público, mas o meu questionamento é: as novas pastas não implicarão em nomeação de novos secretários, de novos cargos comissionados, serviços terceirizados, entre outras demandas que, consequentemente, acabarão por onerar o cofre público estadual? Diante do anúncio de corte que preocupou a todos, o discurso do governador ficou, no mínimo, paradoxal”, destacou.
Diferente de Alan, que tem se colocado como voz dissonante da oposição, o silêncio de alguns veteranos, como o democrata Paulo Azi, que sempre se posicionou de forma contrária a Wagner, e de Gildásio Penedo, do mesmo partido, confirmam os rumores de “baixa empolgação”. Mas segundo, o deputado Elmar Nascimento (PR) - que andou “baixando a poeira” depois das eleições -, tirar conclusões agora é precipitação. “O mandato começou agora. Não podemos ficar batendo de graça”, desconversa.
O correligionário Sandro Régis também alega o clima de início. “Isso ainda deve evoluir. Começamos agora e confiamos em nosso experiente líder”. O deputado Leur Lomanto Jr.(PMDB) concorda que o debate deve esquentar mesmo depois do Carnaval. “A partir daí vamos fazer uma oposição coerente, identificando outros gargalos do estado e pontuando ainda mais na questão da segurança e na necessidade de atração de novos investimentos”, promete.(Lilian Machado - TB)

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