A aposta do “mercado”, na pesquisa semanal do BC, é de que a taxa de juros vai subir meio ponto percentual nesta quarta-feira. De um lado, o “mercado” financeiro, que aposta em descontrole inflacionário e pede juro maior. Do outro, uma esperança que reúne o ministério da Fazenda, trabalhadores e economistas não alinhados ao “mercado” de que medidas alternativas ao aumento de juros adotadas pelo governo desde o fim de 2010 ajudem a segurar os preços e a própria economia, algo que vários indicadores divulgados nesta terça-feira (19/04) parecem corroborar.
BRASÍLIA – O Banco Central (BC) anuncia nesta quarta-feira (20/04) se mexe ou não na taxa básica de juros, ao concluir a segunda reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do governo Dilma Rousseff, encurralado. De um lado, o “mercado” financeiro, que aposta em descontrole inflacionário e pede juro maior. Do outro, uma esperança que reúne o ministério da Fazenda, trabalhadores e economistas não alinhados ao “mercado” de que medidas alternativas ao aumento de juros adotadas pelo governo desde o fim de 2010 ajudem a segurar os preços e a própria economia, algo que vários indicadores divulgados nesta terça-feira (19/04) parecem corroborar.
Segundo a pesquisa mensal do emprego feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil, em março, o desemprego aumentou pela terceira vez seguida. Saiu de 5,3% em dezembro, passou a 6,1% em janeiro, 6,4% em fevereiro e agora bateu em 6,5%.
O mesmo movimento foi captado pelo Ministério do Trabalho, que todos os meses divulga números sobre contratações e demissões com carteira assinada, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em março, a geração de empregos caiu 65%. No trimestre, são 74 mil vagas a menos do que de janeiro a março de 2010.
Duas confederações patronais também apresentaram informações que apontam diminuição do ritmo na atividade econômica. A confiança empresarial medida em levantamento periódico da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou em abril um índice que recuou pela terceira vez consecutiva e atingiu o patamar mais baixo desde julho de 2009. De acordo com a entidade, confiança menor é igual e menos investimentos e contratações.
Já estudo mensal da Confederação Nacional do Comércio (CNC) a respeito da intenção de consumo das famílias também apurou redução, ou seja, as pessoas pretendem gastar menos.
A diminuição no ritmo da geração de emprego, no otimismo e no consumo indica que haverá menos espaço para remarcação de preços. Aliás, desde janeiro, a inflação oficial segue trajetória descrescente. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, baixou de 0,83% em janeiro, para 0,80% em fevereiro e chegou a 0,79% em março.
“Todos os sinais mais recentes são de que as medidas macroprudenciais já fazem a economia desacelerar”, disse o economista Francisco Lopreato, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acrescentando ainda a queda na compra de imóveis e carros.
As “medidas macroprudenciais” mencionadas pelo economista são ações diferentes do aumento puro de juros mas que também buscam esfriar a economia. Desde o fim do ano passado, o governo subiu a quantia de dinheiro que os bancos recebem dos clientes e precisam deixar parado no BC; dificultou a concessão de empréstimos de longo prazo por parte do sistema financeiro; subiu o imposto cobrado sobre operações financeiras; e cortou R$ 50 bilhões do orçamento. Tudo isso tem, em tese, poder de tirar dinheiro da economia e, portanto, fazê-la desacelerar.
A opção feita pelo governo, contudo, não tem sido bem recebida pelo “mercado”, que ganha dinheiro sempre que o BC sobe os juros e prefere esse tipo de remédio contra a inflação. O setor não para de prever inflação galopante. Na segunda-feira (18/04), pesquisa semanal do BC com agentes privados – do sistema financeiro, em sua maioria – mostrou que o grupo cravou , pela sexta vez seguida, que a inflacão vai aumentar. E a nova previsão (6,29%) aproxima-se do limite máximo que o governo se impõe para 2011, de 6,5% ao ano.
Caso se deixe levar pelo terrorismo do “mercado”, o BC pode sacrificar o país. “Se aumentar a taxa agora, corre o sério risco de desacelerar a economia muito mais do que o próprio BC e a Fazenda desejam, que é um crescimento de 4%, 5%, e jogar a economia brasileira no buraco”, afirmou Lopreato, da Unicamp. “Seria interessante o BC confiar no próprio taco e não subir a taxa de juros já. Podia esperar 40 dias até a próxima reunião do Copom para ver se estes sinais se consolidam”, completou.
"A inflação não é esse diabo que muita gente fala. Temos que combatê-la, mas não podemos matar a nossa galinha dos ovos de ouro que é o crescimento da economia brasileira", afirmou em coletiva de imprensa o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ao divulgar os dados do Caged. "Taxas de juros mais altas favorecem o capital especulativo e prejudicam o capital produtivo, inibindo investimentos. Então sempre a alta de juros inibe a criação de empregos no País", completou.
A aposta do “mercado”, na pesquisa semanal do BC, é de que a taxa de juros vai subir meio ponto percentual nesta quarta-feira.
Segundo a pesquisa mensal do emprego feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis maiores regiões metropolitanas do Brasil, em março, o desemprego aumentou pela terceira vez seguida. Saiu de 5,3% em dezembro, passou a 6,1% em janeiro, 6,4% em fevereiro e agora bateu em 6,5%.
O mesmo movimento foi captado pelo Ministério do Trabalho, que todos os meses divulga números sobre contratações e demissões com carteira assinada, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Em março, a geração de empregos caiu 65%. No trimestre, são 74 mil vagas a menos do que de janeiro a março de 2010.
Duas confederações patronais também apresentaram informações que apontam diminuição do ritmo na atividade econômica. A confiança empresarial medida em levantamento periódico da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostrou em abril um índice que recuou pela terceira vez consecutiva e atingiu o patamar mais baixo desde julho de 2009. De acordo com a entidade, confiança menor é igual e menos investimentos e contratações.
Já estudo mensal da Confederação Nacional do Comércio (CNC) a respeito da intenção de consumo das famílias também apurou redução, ou seja, as pessoas pretendem gastar menos.
A diminuição no ritmo da geração de emprego, no otimismo e no consumo indica que haverá menos espaço para remarcação de preços. Aliás, desde janeiro, a inflação oficial segue trajetória descrescente. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, baixou de 0,83% em janeiro, para 0,80% em fevereiro e chegou a 0,79% em março.
“Todos os sinais mais recentes são de que as medidas macroprudenciais já fazem a economia desacelerar”, disse o economista Francisco Lopreato, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acrescentando ainda a queda na compra de imóveis e carros.
As “medidas macroprudenciais” mencionadas pelo economista são ações diferentes do aumento puro de juros mas que também buscam esfriar a economia. Desde o fim do ano passado, o governo subiu a quantia de dinheiro que os bancos recebem dos clientes e precisam deixar parado no BC; dificultou a concessão de empréstimos de longo prazo por parte do sistema financeiro; subiu o imposto cobrado sobre operações financeiras; e cortou R$ 50 bilhões do orçamento. Tudo isso tem, em tese, poder de tirar dinheiro da economia e, portanto, fazê-la desacelerar.
A opção feita pelo governo, contudo, não tem sido bem recebida pelo “mercado”, que ganha dinheiro sempre que o BC sobe os juros e prefere esse tipo de remédio contra a inflação. O setor não para de prever inflação galopante. Na segunda-feira (18/04), pesquisa semanal do BC com agentes privados – do sistema financeiro, em sua maioria – mostrou que o grupo cravou , pela sexta vez seguida, que a inflacão vai aumentar. E a nova previsão (6,29%) aproxima-se do limite máximo que o governo se impõe para 2011, de 6,5% ao ano.
Caso se deixe levar pelo terrorismo do “mercado”, o BC pode sacrificar o país. “Se aumentar a taxa agora, corre o sério risco de desacelerar a economia muito mais do que o próprio BC e a Fazenda desejam, que é um crescimento de 4%, 5%, e jogar a economia brasileira no buraco”, afirmou Lopreato, da Unicamp. “Seria interessante o BC confiar no próprio taco e não subir a taxa de juros já. Podia esperar 40 dias até a próxima reunião do Copom para ver se estes sinais se consolidam”, completou.
"A inflação não é esse diabo que muita gente fala. Temos que combatê-la, mas não podemos matar a nossa galinha dos ovos de ouro que é o crescimento da economia brasileira", afirmou em coletiva de imprensa o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ao divulgar os dados do Caged. "Taxas de juros mais altas favorecem o capital especulativo e prejudicam o capital produtivo, inibindo investimentos. Então sempre a alta de juros inibe a criação de empregos no País", completou.
A aposta do “mercado”, na pesquisa semanal do BC, é de que a taxa de juros vai subir meio ponto percentual nesta quarta-feira.
Fonte: André Barrocal -CM
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