sexta-feira, 6 de maio de 2011

Marta já recorre até a líderes de bairro por vaga em 2012

Senadora se lançou em série de reuniões e contatos por espaço no processo que definirá candidato à Prefeitura de São Paulo
A senadora Marta Suplicy está em plena campanha pela vaga petista na disputa para Prefeitura de São Paulo em 2012. Nas últimas semanas, Marta fez uma série de reuniões e contatos, inclusive com a base do PT e partidos aliados, com o objetivo de romper o atual isolamento e viabilizar sua volta à prefeitura, posto que ocupou entre 2001 e 2004.
Segundo dirigentes petistas, Marta tem telefonado diretamente até para lideranças de bairro. “Ela mesma telefona e anuncia: aqui é Marta Suplicy. Não diz nem ‘senadora’”, disse uma fonte do partido. Nas conversas ela pede apoio, lembra dos avanços de sua gestão, e oferece acordos políticos.
Na avaliação de líderes do partido em São Paulo, Marta não tem condições políticas de disputar uma prévia. Nos últimos anos, ela se afastou do grupo que a apoiava desde a disputa pela prefeitura, em 2000, chagando a romper relações com alguns de seus antigos colaboradores.
O trunfo de Marta é o bom desempenho nas pesquisas de opinião e o ponto fraco é a rejeição. De acordo com integrantes da direção partidária, o diretório estadual do PT encomendou ao cientista político Gustavo Venturi, da Fundação Perseu Abramo, uma série de sondagens nas principais cidades paulistas, entre elas a capital.
Dirigentes petistas afirmam que Marta trabalha com a hipótese de que o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, não vai se arriscar a deixar o ministério para entrar em uma disputa que pode ter como adversário o ex-governador José Serra (PSDB). Depois de quase chegar ao segundo turno na eleição para o governo paulista em 2010, Mercadante tem manifestado a aliados que cogita guardar as fichas para repetir a empreitada em 2014.
Mercadante é apontado como candidato natural à prefeitura caso se disponha a entrar na disputa. Até agora o ministro não se manifestou sobre o assunto, mas ouviu do comando partidário um pedido para que se decida no máximo até o meio do ano.
Outro nome forte para ocupar a vaga petista na eleição para a Prefeitura de São Paulo é o ministro da Educação, Fernando Haddad. Com a simpatia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele ampliou a agenda na capital paulista nas últimas semanas e passou a investir em conversas com líderes partidários. Haddad reuniu-se com a bancada estadual do PT no mês passado. O ministro, entretanto, custa a obter apoio dentro do PT e, segundo os críticos, não demonstra a tenacidade de Marta, nem o potencial de votos de Mercadante.
Chapa
Marta já começou até a idealizar a chapa que gostaria de encabeçar. Na última semana, por exemplo, a petista organizou um jantar em Brasília e convidou peemedebistas de São Paulo. Além de reforçar que é candidata em 2012, disse que gostaria de poder repetir a chapa nacional, com o PMDB na vice. Marta não citou nomes.
No mês passado, entretanto, a ex-prefeita reuniu-se com o deputado Gabriel Chalita, que está prestes a trocar o PSB pelo PMDB para disputar a prefeitura paulistana e é visto como o vice dos sonhos do PT. No encontro, relatado por aliados do deputado, Marta teria tentado convencer Chalita a ser o vice em sua chapa. Em resposta, ouviu que não há chances de ele abrir mão de concorrer e que sua migração para o PMDB ocorre com a garantia de que poderá se lançar candidato.
Um dos acenos de Marta na direção de Chalita foi relatado ao iG pelo senador Valdir Raupp (PMDB-RO). Segundo o peemedebista, a conversa ocorreu durante um vôo para Brasília. “Você sabe quel é o meu sonho, né Chalita?”, disse a senadora. “É o mesmo que o meu, Marta”, respondeu o deputado. Segundo Raupp, ambos se referiam ao desejo de ter o outro como vice.
Assim como a ex-prefeita, Haddad também se sentou com Chalita para tratar da eleição. O assunto foi o tema principal de um almoço entre os dois, ocorrido ontem, em Brasília. 
Estratégia
Setores do PT contrários à candidatura de Marta defendem a candidatura de Chalita. O raciocínio é que o deputado, ex-secretário de Educação no governo do tucano Geraldo Alckmin, com bom trânsito na Igreja Católica e na classe média, deve tirar votos dos adversários e empurrar a disputa para o segundo turno.
Nesse grupo, predomina a tese de que deve haver um pré-acordo com Chalita para um eventual segundo turno. Marta foi procurada na quarta-feira para comentar o assunto mas não respondeu. Segundo sua assessoria, ela não manifestou publicamente o desejo de ser candidata. Em entrevista à coluna Poder Online, no mês passado, a ex-prefeita reconheceu que já avalia a possibilidade de se lançar.
Segundo o vereador Antonio Donato, presidente do PT de São Paulo, o partido vai definir o nome no segundo semestre desta ano e a senadora é uma alternativa. “É claro que a Marta tem todas as qualificações para ser a candidata”, disse Donato.(iG)

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