segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Copa de 2014: “Para o Brasil encantar o mundo”

Questões comerciais à parte, pois não podemos concordar com o pagamento de milhões de reais dos cofres municipais e estaduais do Rio de Janeiro a uma empresa ligada à TV Globo, do ponto de vista político e social o “pontapé inicial” da Copa do Mundo de Futebol de 2014, que terá por sede o Brasil, foi evento promissor, a julgar pelas afirmações da presidente da República durante o sorteio preliminar que definiu os grupos das eliminatórias.

Foi positivo o discurso da presidente Dilma Rousseff, que fez, em nome de nosso povo, um convite aos povos do mundo inteiro a conhecerem melhor o Brasil. Além da disputa no campo de jogo, em que todos esperamos que o Brasil conquiste o hexa-campeonato, é este o melhor sentido da realização da Copa do Mundo no país: o contato com outros povos, a relação internacional que se estabelece para além dos laços diplomáticos e comerciais e da inserção geral do Brasil no concerto das nações. Apesar da mercantilização e de o magno torneio esportivo mundial estar sujeito aos ditames de uma indústria cada vez mais lucrativa, é justo apostar nas competições esportivas como fator de congraçamento entre nações e povos e fazer da nossa condição de anfitriões uma oportunidade para mostrar algo mais para além do futebol.

Dilma deu um recado preciso ao ser assertiva quanto ao compromisso do governo com a realização de uma Copa “com muita segurança” e, na contramão dos abutres que apregoam o fracasso na construção dos estádios e demais obras, prometeu “toda a infraestrutura necessária” e um “eficiente sistema de transporte”, além de “avançada tecnologia de comunicação”.

Fez bem igualmente a presidente ao dizer que o Brasil está fazendo a sua parte para que a Copa do Mundo de 2014 “seja a melhor de todos os tempos”. Ela faz profissão de fé no “novo Brasil”, cuja construção está agora sob seu comando e assegura que o país estará pronto para “encantar o mundo” em 2014.

Em todos os sentidos, a realização da Copa do Mundo poderá ser positiva para o Brasil. Os seus reflexos se farão sentir na economia, infraestrutura, geração de empregos e prestígio internacional. Não há dúvidas de que o governo está empenhado em que o evento seja coroado de êxito e deixe um legado de progresso para o país.

A confiança nessa perspectiva deve ter correspondência também quanto às preocupações sociais. A construção de estádios e demais obras de infraestrutura tem consideráveis impactos sociais, sobretudo no que se refere ao deslocamento de milhares de pessoas das suas residências, sujeitas à desapropriação legal. É indispensável que o governo crie as condições necessárias para minorar os sofrimentos eventualmente acarretados à população, não apenas por meio de indenizações, mas também na criação de condições de vida adequadas.

Igualmente, é mister que o governo tome a distância necessária dos interesses mercantis e dos métodos espúrios da Fifa e da CBF e não permita o envolvimento da coisa pública com essas entidades privadas encarregadas da organização da Copa do Mundo. É notório que essas entidades não primam pela honestidade nem pela salvaguarda do interesse público, embora o manipulem. Elas defendem interesses inconfessáveis e são dirigidas por execráveis figuras, que extraem do futebol lucros e poder pessoal por meios ilícitos.

Estas entidades desonram as tradições esportivas do Futebol. No caso específico do Brasil, há sobejas razões para temer que fique comprometida a respeitabilidade das instituições do país. Seria salutar que a realização da Copa do Mundo criasse as condições e propiciasse a oportunidade para acabar com a era de desmandos e corrupção na entidade que controla o nosso futebol.

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