A presidente Dilma superou com êxito a primeira grave crise política do seu mandato. Dizemos primeira com certa desolação, pois era desejável que fosse a única. Mas a ótica realista com que miramos a situação política nacional nos leva a crer que sobrevirão novas situações delicadas a pôr à prova a estabilidade do governo. E é para isso que a esquerda tem de se preparar.
Crises futuras poderão surgir devido a múltiplos fatores. O Brasil vive uma disjuntiva entre dois projetos antípodas. De um lado, as classes dominantes retrógradas e o imperialismo tudo fazem para manter o país nas tenazes da dominação do capital monopolista-financeiro e impedir o progresso social. Estas forças sofreram três derrotas eleitorais sucessivas, mas movimentam seus peões no tabuleiro da política nacional a fim de recobrar posições de mando. De outro lado estão as forças progressistas e uma difusa base de apoio da atual mandatária, na pugna por um Brasil democrático, soberano e de progresso social.
Do embate entre esses dois pólos, é natural que ocorram conflitos políticos de envergadura, o que não é necessariamente um mal. Este é o fio condutor da história republicana brasileira e, salvo nos interregnos ditatoriais, das crises podem surgir situações novas que sinalizem no sentido da evolução progressiva do quadro político. Nesse sentido, nada a temer.
Mas as crises políticas podem ser o resultado também da manifestação das debilidades estruturais no interior das forças que sustentam o projeto de mudanças encabeçado desde 2002 por Lula e agora pela presidente Dilma. Se entre as forças que conduzem tal processo surgem fatores de degenerescência, as próprias mudanças pretendidas podem ficar a meio caminho e transformar-se no seu oposto.
O caso Palocci foi pedagógico porque demonstrou precisamente a degenerescência de um setor importante das forças progressistas do país, que de vetor de transformações políticas e sociais, transformou-se num mecanismo estéril de luta pragmática do poder pelo poder. Palocci, desde os tempos de Lula, tornou-se tão funcional aos interesses do grande capital, que não foi sem constrangimento que a oposição conservadora agitou a bandeira da sua defenestração e a base do governo, também constrangida, foi quase obrigada ao silêncio.
Quando as figuras de proa de um projeto de mudanças, as autoridades de um partido oriundo dos movimentos sociais e de organizações de esquerda, convertem-se em estipendiários, sob a forma de milionárias consultores de grandes empresários, isto se torna um fator endógeno de crise, porquanto é um atestado de que uma parte da esquerda se mostra como a manifestação de um novo conservadorismo, o embrião de uma nova direita. O raciocínio é o mesmo, quando se constata que o preenchimento de cargos eletivos depende de que as campanhas sejam irrigadas por milhões de reais oriundos de caixas informais de grandes grupos empresariais, cujos negócios devem sua prosperidade às ligações privilegiadas com os centros de poder político;
Assim, o movimento virtuoso de superação da crise empreendido pela presidente Dilma , escolhendo novas auxiliares capazes e iniciando uma nova agenda de contatos com as forças políticas de sua base de sustentação, novas relações com os governadores e dinamizando o funcionamento governamental, precisa de mais alguns lances para se completar e ganhar sentido progressivo.
Acertar na articulação política não é apenas limpar prateleiras. É atender as demandas da grande e não da pequena política. Pôr na ordem do dia apenas a liberação de emendas orçamentárias e nomeações para os escalões inferiores da administração pública e do poder político é amesquinhar o que fazer político e menoscabar as instituições republicanas.
Articulação política é promover a unidade a mais ampla possível das forças capazes de dar impulso às grandes transformações pelas quais de há muito a nação reclama, é criar as condições políticas e sociais para realizar as reformas estruturais democráticas, indispensáveis para fazer do Brasil uma grande nação progressista. Desse modo, do ponto de vista da esquerda aliada, a articulação do governo deve pôr na ordem do dia as reformas política, tributária, educacional, da mídia, agrária e urbana. (Editorial do vermelho)
Crises futuras poderão surgir devido a múltiplos fatores. O Brasil vive uma disjuntiva entre dois projetos antípodas. De um lado, as classes dominantes retrógradas e o imperialismo tudo fazem para manter o país nas tenazes da dominação do capital monopolista-financeiro e impedir o progresso social. Estas forças sofreram três derrotas eleitorais sucessivas, mas movimentam seus peões no tabuleiro da política nacional a fim de recobrar posições de mando. De outro lado estão as forças progressistas e uma difusa base de apoio da atual mandatária, na pugna por um Brasil democrático, soberano e de progresso social.
Do embate entre esses dois pólos, é natural que ocorram conflitos políticos de envergadura, o que não é necessariamente um mal. Este é o fio condutor da história republicana brasileira e, salvo nos interregnos ditatoriais, das crises podem surgir situações novas que sinalizem no sentido da evolução progressiva do quadro político. Nesse sentido, nada a temer.
Mas as crises políticas podem ser o resultado também da manifestação das debilidades estruturais no interior das forças que sustentam o projeto de mudanças encabeçado desde 2002 por Lula e agora pela presidente Dilma. Se entre as forças que conduzem tal processo surgem fatores de degenerescência, as próprias mudanças pretendidas podem ficar a meio caminho e transformar-se no seu oposto.
O caso Palocci foi pedagógico porque demonstrou precisamente a degenerescência de um setor importante das forças progressistas do país, que de vetor de transformações políticas e sociais, transformou-se num mecanismo estéril de luta pragmática do poder pelo poder. Palocci, desde os tempos de Lula, tornou-se tão funcional aos interesses do grande capital, que não foi sem constrangimento que a oposição conservadora agitou a bandeira da sua defenestração e a base do governo, também constrangida, foi quase obrigada ao silêncio.
Quando as figuras de proa de um projeto de mudanças, as autoridades de um partido oriundo dos movimentos sociais e de organizações de esquerda, convertem-se em estipendiários, sob a forma de milionárias consultores de grandes empresários, isto se torna um fator endógeno de crise, porquanto é um atestado de que uma parte da esquerda se mostra como a manifestação de um novo conservadorismo, o embrião de uma nova direita. O raciocínio é o mesmo, quando se constata que o preenchimento de cargos eletivos depende de que as campanhas sejam irrigadas por milhões de reais oriundos de caixas informais de grandes grupos empresariais, cujos negócios devem sua prosperidade às ligações privilegiadas com os centros de poder político;
Assim, o movimento virtuoso de superação da crise empreendido pela presidente Dilma , escolhendo novas auxiliares capazes e iniciando uma nova agenda de contatos com as forças políticas de sua base de sustentação, novas relações com os governadores e dinamizando o funcionamento governamental, precisa de mais alguns lances para se completar e ganhar sentido progressivo.
Acertar na articulação política não é apenas limpar prateleiras. É atender as demandas da grande e não da pequena política. Pôr na ordem do dia apenas a liberação de emendas orçamentárias e nomeações para os escalões inferiores da administração pública e do poder político é amesquinhar o que fazer político e menoscabar as instituições republicanas.
Articulação política é promover a unidade a mais ampla possível das forças capazes de dar impulso às grandes transformações pelas quais de há muito a nação reclama, é criar as condições políticas e sociais para realizar as reformas estruturais democráticas, indispensáveis para fazer do Brasil uma grande nação progressista. Desse modo, do ponto de vista da esquerda aliada, a articulação do governo deve pôr na ordem do dia as reformas política, tributária, educacional, da mídia, agrária e urbana. (Editorial do vermelho)
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