Fatia feminina da Esplanada sobe para 10 cargos, faltando só um para presidenta cumprir promessa de dar 30% das vagas a mulheres
Bem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva avisou: “As mulheres estão tomando conta de tudo”. A declaração, dada ontem em Curitiba, preconizava a escolha da presidenta Dilma Rousseff por mais uma mulher no primeiro escalão. Com a nomeação da nova chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT-PR), Dilma aumentou para 10 o número de mulheres no ministério. Ao transferir Ideli Salvatti (PT-SC) da Pesca para as Relações Institucionais, ampliou a participação das mulheres no chamado núcleo duro do governo.
Ex-senadora e atual ministra da Pesca, Ideli teve seu nome confirmado para a pasta de Relações Institucionais nesta sexta-feira, no lugar de Luiz Sérgio (PT-RJ). Com a decisão por Ideli, Dilma ignorou os pedidos de PT e PMDB, que tinham preferência por Cândido Vaccarezza (PT-SP). Já Gleisi foi anunciada na última quarta-feira como substituta do ex-ministro da Casa Civil, Antonio Palocci (PT-SP).
Com as novas nomeações, Dilma reforça a promessa repetida sucessivamente durante a campanha eleitoral em 2010 de dar prioridade às mulheres na montagem da administração. O tamanho da equipe feminina de Dilma supera a fatia de mulheres nomeadas no primeiro ministério de Lula em 2003. Entre elas, a própria Dilma na pasta de Minas e Energia. Dilma havia prometido compor 30% do ministeriado, ou 11 pastas, com mulheres. Ainda falta uma.
Conheça o time feminino de Dilma:
Gleisi Hoffmann (Casa Civil)
Formada em Direito na Faculdade de Curitiba, a senadora Gleisi Hoffmann, de 45 anos, é casada com o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Hoje em seu primeiro mandato eletivo, a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, foi secretária de Estado no Mato Grosso do Sul e secretária de Gestão em Londrina. Fez parte da equipe de transição do governo Lula e diretora da Itaipu Binacional. Petista histórica, a senadora iniciou sua carreira política no movimento estudantil, na União Metropolitana dos Estudantes Secundaristas e Grêmio Estudantil do Cefet na capital paranaense. Também fez parte da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes). Governista radical no Senado, Gleisi apoiou o Código Florestal proposto pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Conhecida nos corredores do Congresso pela beleza, Gleisi rejeitou o rótulo de musa em uma entrevista concedida ao iG em abril deste ano. "Não sou musa do Senado. Sou uma mulher que se cuida", disse. Até ser nomeada, Gleisi exercia seu primeiro mandato de senadora.
Ideli Salvatti (Relações Institucionais)
Ex-senadora e ex-líder do PT e do governo no Congresso, Ideli foi ministra da Pesca de Dilma e, na segunda-feira, tomará posse da pasta de Relações Institucionais. Com formação em Física pela Universidade Federal do Paraná, militou em movimentos de professores e acabou ganhando projeção ao integrar em várias ocasiões a direção do PT de Santa Catarina. O primeiro cargo eletivo que conquistou foi o de deputada estadual, em 1994. Em 2002, tornou-se a primeira mulher a se eleger senadora pelo Estado de Santa Catarina. Na Casa, acabou se firmando como líder da bancada petista a partir de 2006. Três anos depois, assumiu a liderança do governo no Congresso. Recentemente, diante das denúncias que tiraram o senador Gim Argello (PTB-DF) da relatoria do Orçamento de 2011, a então senadora chegou a ser indicada para preencher a vaga. A indicação para o Ministério da Pesca, entretanto, levou a senadora a mudar os planos e repassar a relatoria a sua colega de partido na época, Serys Slhessarenko (MT).
Miriam Belchior (Planejamento)
Primeira mulher a ser confirmada no novo governo, Miriam Belchior é ministra do Planejamento, em substituição ao atual ministro da Comunicações, Paulo Bernardo. Coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ela se destacou na condução do projeto que se transformou em uma das principais bandeiras da campanha presidencial petista. Além de preencher os quesitos técnicos desejados por Dilma para a função, Miriam também ajuda a atender às demandas do PT paulista, em especial da região do ABC, berço político do ex-presidente Lula. Ela foi mulher do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002. Com bom trânsito no partido, Miriam também já atuou no programa Bolsa Família, outra bandeira do governo Lula. Ajudou a comandar a integração de projetos sociais consolidados no programa.
Helena Chagas (Comunicação Social)
Responsável por comandar a equipe de imprensa na campanha presidencial de Dilma e no governo de transição, a jornalista Helena Chagas ocupava até abril de 2010 a diretoria de Jornalismo da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), criada no governo Lula. Substituindo Franklin Martins na Secretaria de Comunicação Social (Secom), trilhou boa parte de sua carreira na grande imprensa. Na televisão, Helena atuou no SBT e, antes disso, na Globo. Também comandou o jornal O Globo em Brasília. Ao lado do jornalista Tales Faria, assinou o Blog dos Blogs no iG. Ao assumir a função no governo, Helena, que se formou pela UnB, segue uma trajetória semelhante à de seu pai, o jornalista Carlos Chagas. Ele exerceu o cargo de secretário de Comunicação da Presidência da República durante o governo de Costa e Silva (1967-1969).
Maria do Rosário (Direitos Humanos)
Representante do PT gaúcho, a deputada Maria do Rosário iniciou sua militância no PC do B. Escolhida para comandar a Secretaria de Direitos Humanos, ela assumiu em 2003 seu primeiro mandato na Câmara, posto para o qual se reelegeu em 2006. Ocupou várias posições na direção nacional do PT. Em 2005, em meio à crise do mensalão, colocou-se como uma das candidatas à presidência nacional do partido pela corrente Movimento PT, grupo que integra dentro da sigla. Perdeu o posto para o deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). Maria do Rosário representou o PT também nas eleições municipais de 2008, quando disputou a Prefeitura de Porto Alegre. Embora tenha conseguido levar a eleição para o segundo turno, terminou o pleito derrotada por José Fogaça (PMDB).
Iriny Lopes (Políticas para Mulheres)
Aos 54 anos, Iriny Lopes (PT-ES) deixou seu terceiro mandato como deputada federal, cargo que conquistou pela primeira vez em 2002, para assumir o comando da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, um dos órgãos do governo que têm status de ministério. Além de ter integrado o Conselho de Ética da Câmara, foi membro de CPIs como a do Banestado e das Escutas Telefônicas Clandestinas, da qual foi relatora. Indicada pelo PT para integrar a Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a deputada também teve atuação nas negociações sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). O projeto foi um dos focos de polêmica durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deve voltar a ser discutido durante a gestão de Dilma.
Izabella Teixeira (Meio Ambiente)
De perfil técnico e com bom trânsito no setor, a ministra do Meio Ambiente assumiu a pasta em abril de 2010, em substituição ao então ministro Carlos Minc, que deixou o governo para disputar uma vaga de deputado no Rio de Janeiro. Nascida em Brasília, ela possui formação em Biologia. A ministra possui ainda mestrado em Planejamento Energético e doutorado em Planejamento Ambiental pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Izabella preenche parte da cota de técnicos prometida por Dilma no ministério. Funcionária de carreira, ela acumula também passagens pelo Ibama. Ainda assim, ela é ligada politicamente a Minc, que acompanha desde os tempos em que ambos estavam na Secretaria do Meio Ambiente no governo do Rio de Janeiro.
Tereza Campelo (Desenvolvimento Social)
Ex-coordenadora de Projetos Estratégicos da Casa Civil, Tereza Campelo comanda o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A pasta é considerada estratégica por abrigar o programa Bolsa Família, menina dos olhos do governo na área social. Tereza é ligada ao PT gaúcho, assim como a própria presidenta eleita. Sua carreira foi construída em boa parte em administrações petistas no Rio Grande do Sul. Economista formada pela Universidade Federal de Uberlândia, Tereza é casada com o também petista Paulo Ferreira, que comandou a Secretaria de Finanças do PT logo após a eclosão do escândalo do mensalão. Ao assumir, Tereza substituiu Márcia Lopes, irmã do ministro Gilberto Carvalho e na época interina do Desenvolvimento Social.
Ana de Hollanda (Cultura)
A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, é filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e irmã de Chico Buarque. Foi secretária de Cultura em Osasco e diretora do Centro de Música da Funarte. Aos 62 anos, a carioca acumula vasta experiência nos palcos. Iniciou sua carreira artística na adolescência, gravou três discos e fez diversos espetáculos teatrais. Além de cantora e atriz, a ministra é escritora. Em menos de seis meses à frente da pasta da Cultura, Ana de Hollanda já enfrentou duas crises. A primeira girou em torno do anteprojeto que modifica a Lei de Direitos Autorais e a segunda veio à tona quando o jornal O Estado de S.Paulo revelou que a ministra vinha adotando a rotina de marcar compromissos oficiais às sextas e segundas-feiras fora de Brasília - principalmente no Rio de Janeiro, onde tem imóvel próprio - e receber a compensação financeira não só pelos dias de trabalho fora da capital federal como pelos sábados e domingos de folga. A ministra devolveu as diárias e se manteve no cargo.
Foto: Agência Brasil
Luiza Bairros tem sólida formação acadêmica e atuação política na área de direitos raciais
Luiza de Bairros (Igualdade Racial)
A ministra-chefe da Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Helena de Bairros, é mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e cursou doutorado no exterior, na Sociologia pela Michigan State University. Luiza foi secretária de Promoção da Igualdade Racial no governo do Estado da Bahia. Gaúcha, ela se mudou para a Bahia em 1979, após ter tido contato com o Movimento Negro Unificado, durante a reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Ao longo de sua trajetória política, a ministra atuou no em iniciativas como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na preparação e acompanhamento da 3ª Conferência Mundial Contra o Racismo. Ela também foi integrante da equipe do Ministério do Governo Britânico para o Desenvolvimento Internacional e trabalhou na pré-implementação do Programa de Combate ao Racismo Institucional para os Estados de Pernambuco e Bahia.
Fonte: Nara Alves, iG
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