No próximo ano, em julho, o México elegerá seu próximo presidente. As três eleições para governos estaduais – especialmente a do Estado do México – funcionam como prévia em relação à presidencial.
O triunfo arrasador do PRI – mantendo governos com grande margem de votos – projeta para 2012 o favoritismo desse partido para voltar a governar o México. O PRI, que havia governado o México durante seis décadas de forma ininterrupta, foi substituído não por uma alternativa substancial à sua política – que teria sido representado pelo PRD -, mas pelo PAN, de Vicente Fox, que deu continuidade ao neoliberalismo implantado e agora deve ceder de novo a presidência ao PRI.
Nas eleições de 2006, quando Lopez Obrador, o candidato do PRD, foi claramente prejudicado por fraude, sendo derrotado por Calderon por uma margem mínima de votos, tanto o PAN como o PRI estavam debilitados, apresentando-se a melhor possibilidade de sua substituição pela esquerda. Que teria que governar em situação difícil, não somente pela crise econômica e social que herdaria, mas também pelas amarras do Tratado de Livre Comércio, que ata sua economia à dos EUA. Mas a própria crise teria possibilitado que o México pudesse diversificar minimamente seu comércio exterior, hoje com mais de 90% com a economia norteamericana em recessão.
Porém configurou-se uma vez mais – a outra foi na década de 80, com a vitória de Cuahutemoc Cardenas, roubada pelo candidato do PRI – a fraude. E, num sistema, além de tudo antidemocrático, em que não há segundo turno, mesmo vitorioso de forma muito questionada, Calderon teve o mandato de seis anos.
Sem legitimidade, ele decidiu colocar a “guerra ao narcotráfico” no centro do seu mandato, tentando com isso, conquistar o apoio que as urnas não tinham lhe dado. Enfrentou um problema gravíssimo, dado que o corredor que leva as drogas para os EUA - o maior mercado mundial de consumo de drogas – passa pelo México, mobilizando quantidade milionárias de recursos, armas e grupos de narcotraficantes organizados.
A ação de ocupação militar desenvolvido pelo governo Calderon jogou álcool no fogo e fez os enfrentamentos armados subirem a um nível até então desconhecido pelos mexicanos, aproximando o país ao que a Colômbia havia vivido. Ao mesmo tempo, a crise econômica, que tem nos EUA seu epicentro e no México um país totalmente dependente dessa economia – praticamente sem comércio com a China, com a Índia, com a América do Sul, os setores mais dinâmicos economicamente do mundo – piorou ainda mais a situação do país e do governo.
O PRI, que manteve sua maquinaria política nos estados, apoiou o governo, mas foi mantendo certa distância, para aparecer agora como alternativa – sem que o seja no conteúdo das políticas – ao esgotamento do PAN. A oposição, por sua vez, desta vez não se apresenta unida em torno de Lopez Obrador, como em 2006, com conflitos internos ao PRD e com o governador da cidade do México, Ebrard como eventual candidato alternativo a Lopez Obrador.
Em suma, uma situação muito difícil para que o México possa romper com o círculo vicioso que o tem deixado dependente dos EUA, preso ao mecanismo perverso do narcotráfico e da violência e distante dos processos de integração latino-americana e do dinamismo do Sul do mundo. Ainda há tempo para que a esquerda mexicana possa tentar evitar um novo ciclo do PRI no poder, começando por uma reviravolta – recuperando a unidade interna e ampliando suas alianças -, para impedir, a partir do ano próximo, um novo mandato de 6 anos – desta vez do governador que termina seu mandato no Estado do México, Peña Nieto - do tradicional partido que dirigiu o México por 6 décadas no século passado. (Emir Sader)
O triunfo arrasador do PRI – mantendo governos com grande margem de votos – projeta para 2012 o favoritismo desse partido para voltar a governar o México. O PRI, que havia governado o México durante seis décadas de forma ininterrupta, foi substituído não por uma alternativa substancial à sua política – que teria sido representado pelo PRD -, mas pelo PAN, de Vicente Fox, que deu continuidade ao neoliberalismo implantado e agora deve ceder de novo a presidência ao PRI.
Nas eleições de 2006, quando Lopez Obrador, o candidato do PRD, foi claramente prejudicado por fraude, sendo derrotado por Calderon por uma margem mínima de votos, tanto o PAN como o PRI estavam debilitados, apresentando-se a melhor possibilidade de sua substituição pela esquerda. Que teria que governar em situação difícil, não somente pela crise econômica e social que herdaria, mas também pelas amarras do Tratado de Livre Comércio, que ata sua economia à dos EUA. Mas a própria crise teria possibilitado que o México pudesse diversificar minimamente seu comércio exterior, hoje com mais de 90% com a economia norteamericana em recessão.
Porém configurou-se uma vez mais – a outra foi na década de 80, com a vitória de Cuahutemoc Cardenas, roubada pelo candidato do PRI – a fraude. E, num sistema, além de tudo antidemocrático, em que não há segundo turno, mesmo vitorioso de forma muito questionada, Calderon teve o mandato de seis anos.
Sem legitimidade, ele decidiu colocar a “guerra ao narcotráfico” no centro do seu mandato, tentando com isso, conquistar o apoio que as urnas não tinham lhe dado. Enfrentou um problema gravíssimo, dado que o corredor que leva as drogas para os EUA - o maior mercado mundial de consumo de drogas – passa pelo México, mobilizando quantidade milionárias de recursos, armas e grupos de narcotraficantes organizados.
A ação de ocupação militar desenvolvido pelo governo Calderon jogou álcool no fogo e fez os enfrentamentos armados subirem a um nível até então desconhecido pelos mexicanos, aproximando o país ao que a Colômbia havia vivido. Ao mesmo tempo, a crise econômica, que tem nos EUA seu epicentro e no México um país totalmente dependente dessa economia – praticamente sem comércio com a China, com a Índia, com a América do Sul, os setores mais dinâmicos economicamente do mundo – piorou ainda mais a situação do país e do governo.
O PRI, que manteve sua maquinaria política nos estados, apoiou o governo, mas foi mantendo certa distância, para aparecer agora como alternativa – sem que o seja no conteúdo das políticas – ao esgotamento do PAN. A oposição, por sua vez, desta vez não se apresenta unida em torno de Lopez Obrador, como em 2006, com conflitos internos ao PRD e com o governador da cidade do México, Ebrard como eventual candidato alternativo a Lopez Obrador.
Em suma, uma situação muito difícil para que o México possa romper com o círculo vicioso que o tem deixado dependente dos EUA, preso ao mecanismo perverso do narcotráfico e da violência e distante dos processos de integração latino-americana e do dinamismo do Sul do mundo. Ainda há tempo para que a esquerda mexicana possa tentar evitar um novo ciclo do PRI no poder, começando por uma reviravolta – recuperando a unidade interna e ampliando suas alianças -, para impedir, a partir do ano próximo, um novo mandato de 6 anos – desta vez do governador que termina seu mandato no Estado do México, Peña Nieto - do tradicional partido que dirigiu o México por 6 décadas no século passado. (Emir Sader)
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