Confesso que determinadas críticas ao ex-presidente Lula já começam a incomodar. Querem bater em Lula na ida e na volta.
Explico. Consumada a vitória de Dilma Rousseff, observadores, analistas e sábios de plantão anunciaram a profecia de que em pouco tempo criador e criatura iriam romper e que a presidenta se tornaria incapaz de governar em função de pressões do PT, do movimento sindical, e etc.
Essa previsão não é absurda e tem antecedentes atuais e antigos: Paulo Maluf e Celso Pitta, Orestes Quercia e Luís Antonio Fleury e outros. Mas é possível recordar casos em que criador e criatura mantiveram um entendimento duradouro.
Dois exemplos: eleito com apoio de Getúlio, Eurico Dutra cumpriu seu mandato e devolveu o governo a seu padrinho — eleito com votação consagradora. No Ceará, os tucanos Tasso Jereissatti e Ciro Gomes foram aliados por décadas, revezando-se em vários postos de governo.
O problema desta vez aconteceu o que ninguém esperava. Na primeira oportunidade que apareceu — a discussão sobre o salário mínimo — Lula pediu a palavra para apoiar o governo e chamar seus colegas sindicalistas de oportunistas. Foi o que bastou para que fosse acusado de intromissão e, é claro, de abandonar seus velhos compromissos com a luta sindical — cobrança que, como se sabe, só costuma ser feita quando há interesse no calendário político. Em outras oportunistas, esse afastamento de Lula com suas origens poderia ser apontada como prova de sua “maturidade”.
Na verdade, Lula fez o que tinha combinado: ajudou um projeto de sua sucessora. Não fiquei nem um pouco surpreso com essa atitude. É apenas ingenuidade analítica imaginar que ele iria abandonar Dilma no primeiro embate sério com o movimento social.
Tenho certeza que a manifestação de Lula acabou assumindo uma função preventiva, também. Imagine se ele tivesse ficado quieto. Em breve, já estaria sendo acusado de ter abandonado Dilma. Concorda?
Fonte: Paulo Moreira Leite (Época)
Explico. Consumada a vitória de Dilma Rousseff, observadores, analistas e sábios de plantão anunciaram a profecia de que em pouco tempo criador e criatura iriam romper e que a presidenta se tornaria incapaz de governar em função de pressões do PT, do movimento sindical, e etc.
Essa previsão não é absurda e tem antecedentes atuais e antigos: Paulo Maluf e Celso Pitta, Orestes Quercia e Luís Antonio Fleury e outros. Mas é possível recordar casos em que criador e criatura mantiveram um entendimento duradouro.
Dois exemplos: eleito com apoio de Getúlio, Eurico Dutra cumpriu seu mandato e devolveu o governo a seu padrinho — eleito com votação consagradora. No Ceará, os tucanos Tasso Jereissatti e Ciro Gomes foram aliados por décadas, revezando-se em vários postos de governo.
O problema desta vez aconteceu o que ninguém esperava. Na primeira oportunidade que apareceu — a discussão sobre o salário mínimo — Lula pediu a palavra para apoiar o governo e chamar seus colegas sindicalistas de oportunistas. Foi o que bastou para que fosse acusado de intromissão e, é claro, de abandonar seus velhos compromissos com a luta sindical — cobrança que, como se sabe, só costuma ser feita quando há interesse no calendário político. Em outras oportunistas, esse afastamento de Lula com suas origens poderia ser apontada como prova de sua “maturidade”.
Na verdade, Lula fez o que tinha combinado: ajudou um projeto de sua sucessora. Não fiquei nem um pouco surpreso com essa atitude. É apenas ingenuidade analítica imaginar que ele iria abandonar Dilma no primeiro embate sério com o movimento social.
Tenho certeza que a manifestação de Lula acabou assumindo uma função preventiva, também. Imagine se ele tivesse ficado quieto. Em breve, já estaria sendo acusado de ter abandonado Dilma. Concorda?
Fonte: Paulo Moreira Leite (Época)
Nenhum comentário:
Postar um comentário