segunda-feira, 25 de julho de 2011

Massacre na Noruega supera chacinas nos EUA e no Brasil

O massacre a tiros de 85 pessoas confessado pelo norueguês Andres Behring Breivik - que também é acusado de ser o responsável pelo carro-bomba que deixou outras sete vítimas em Oslo, capital da Noruega - deixou mais mortos do que a soma de três grandes chacinas: no Realengo (Rio de Janeiro), com 12 vítimas; em Columbine (EUA), com 13; e em Virginia Tech (EUA), com 32 mortos. 

No total, 57 pessoas foram assassinadas nesses tiroteios, 28 a menos do que no massacre na ilha Utoeya que, até agora, soma 85 mortos. A chacina da Noruega ocorreu na última sexta-feira (22), em um acampamento de verão da juventude do Partido Trabalhista do país.

Os atentados noruegueses são a "maior tragédia da história recente do país", afirma Deisy Lima Ventura, professora de relações internacionais da USP (Universidade de São Paulo).

“Não há precedente para uma tragédia dessa magnitude na Noruega. Os países nórdicos não são imunes a atentados, como já houve em Estocolmo, na Suécia [um homem detonou explosivos em um ato terrorista frustrado, em dezembro de 2010], mas nada foi tão grande como agora”.

Comparação com massacres

A especialista chama a atenção para diferenças entre os massacres realizados por indivíduos de forma isolada, em escolas ou locais públicos (como Realengo e Virgínia Tech), e a chacina ocorrida na Noruega.

“Há características próximas, como a de serem atentados motivados por pessoas que aparentemente não se encaixam na vida em sociedade. Mas o massacre norueguês tem um fator político que não existiu na chacina de Realengo”, exemplificou.

O atentado teve a intenção de eliminar o primeiro-ministro da Noruega, Jens Stoltenberg, afirma Deisy Ventura. Ela recorda que Stoltenberg era aguardado pelos jovens do Partido Trabalhista um dia após o atentado.

Além da chacina causada por Breivik - ele chegou disfarçado de policial ao acampamento da juventude e disparou contra as vítimas com um fuzil -, a explosão de um carro-bomba em Oslo, no mesmo dia, diante do edifício-sede do governo do país, deixou outras sete pessoas mortas.

“O primeiro-ministro estava no prédio no momento das explosões. Acredito que em breve saberemos se ele [Andres Breivik] agiu sozinho ou com ajuda de alguém, mas seja como for, há um fator político claro nos atentados”

Até agora, a polícia norueguesa conta 92 mortos. Ao menos quatro outras vítimas podem ser identificadas - o número de corpos deve aumentar nos próximos dias.

Avanço da extrema-direita

Em um país que é referência de democracia, com o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do mundo (0,983 em uma escala que vai de 0 a 1) e com tradição de pacifismo, o massacre faz soar o sinal de alerta com relação às atividades da extrema-direita, afirma a especialista.

Os partidos e grupos de centro-direita na Europa estão sendo "contaminados" com posições extremistas nos últimos anos, ressalta Deisy, que fez doutorado em em direito internacional pela Panthéon-Sorbonne, em Paris.“Existe uma irradiação destas ideias extremistas e xenófobas entre políticos e grupos que não são historicamente radicais”.

Políticos franceses de direita recentemente desqualificaram a candidata à presidência pelo Partido Verde, Eva Joly, por ela ser uma estrangeira naturalizada no país. Ela não teria a "cultura tradicional da França" e por isso está sofrendo preconceito, aponta a professora da USP.

Fonte: R7

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