Por Umberto Martins, no sítio Vermelho:
O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a advertir, em relatório publicado nesta quarta-feira, 4, que há sinais de superaquecimento na economia brasileira e pediu que o governo continue a adotar medidas para enfrentar pressões como a ameaça de inflação e o excesso de crédito.
É um “alerta” que se soma à voz das forças conservadoras que conspiram contra o desenvolvimento nacional. Os sinais que estão sendo emitidos pela economia indicam outra coisa. Em junho, a produção industrial caiu 1,6% e o Dieese captou uma ligeira elevação da taxa de desemprego em sete regiões metropolitanas, de 10,9% para 11%, com a destruição de mais de 50 mil postos de trabalho no setor.
Perspectiva de recessão mundial
Em termos absolutos, isto significa cerca de 2,4 milhões de pessoas desempregadas nas regiões pesquisadas (SP, BH, PA, DF, Rio, Salvador e Recife). Não é pouco, é muito na opinião dos sindicalistas que reclamam a redução da jornada. Mas os neoliberais e os cínicos consideram que vivemos uma perigosa realidade de “pleno emprego”, certamente com saudades dos tempos de FHC, quando a taxa medida pelo Dieese chegou a superar os 20%.
A Bolsa de Valores de São Paulo, uma das mais prejudicadas pela instabilidade da economia mundial, despencou 5,72% nesta quinta e acumulou queda de 5,73% em julho. Ao lado disto, uma nova recessão mundial parece estar a caminho, em consequência dos desdobramentos da crise nos Estados Unidos e na Europa. O Brasil não é uma ilha e as perspectivas não são favoráveis ao crescimento.
Como se pode falar em superaquecimento em tais condições?
Diagnóstico falso da inflação
O relatório atribuiu o aumento das pressões inflacionárias, verificadas ao longo deste ano, ao crescimento do PIB brasileiro em 2010, à pressão de demanda e ao nível baixo de desemprego. É uma visão falsa, que serve a propósitos reacionários, já que a causa mais relevante da inflação não se situa aqui, mas no exterior.
A pressão sobre os preços, que teve origem na surpreendente valorização das commodities, não é um privilégio do Brasil, mas um problema internacional que se manifesta na China, na Índia e em muitos outros países. O fenômeno está diretamente ligado à instabilidade monetária mundial, refletida na dança das moedas, e tem por causa principal a política monetária dos EUA, que resultou num inédito derrame de dólares pelo mundo e na consequente depreciação da moeda que serve de referência para a fixação dos preços das commodities. A inflação é um processo de desvalorização da moeda e é natural que a queda do dólar resulte em inflação mundial.
Outra fonte de preocupação apontada pela instituição é a expansão do crédito. A proporção do crédito no Brasil saltou de 20% do PIB em 2004 para 46% e, de acordo com o FMI, o crédito bancário ao setor privado continua em rápida ascensão, com um aumento de 20% em abril de 2011. A verdade é que, apesar deste crescimento e dos cuidados que o sistema financeiro requer, o Brasil ainda figura como um dos países de mais baixa relação crédito-PIB no mundo.
Mais e não menos crescimento
O relatório sugere maior aperto fiscal. Ao contrário do que recomenda o Fundo, que tanto males nos causou no passado e hoje está conduzindo a Grécia e outros países europeus ao abismo, as forças progressistas em aliança com os movimentos sociais lutam por medidas que estimulem o crescimento da produção e do emprego, como a redução das taxas de juros e a jornada de 40 horas semanais.
A mudança da orientação macroeconômica ganha mais sentido diante da nova recessão que se insinua no horizonte da economia mundial em função da crise da dívida na Europa e das notórias fragilidades dos EUA. O país precisa de um controle rigoroso do câmbio e dos fluxos de capitais, como fazem China, Índia e outros países, assim como da ampliação dos investimentos públicos em detrimento do superávit primário. Também necessita sonhar, ambicionar e ter por meta taxas de crescimento do PIB mais robustas, que já foram alcançadas no passado (entre o pós guerra até 1980 a economia nacional cresceu, em média, à razão de 7% ao ano) e que muitos países asiáticos logram na atualidade.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a advertir, em relatório publicado nesta quarta-feira, 4, que há sinais de superaquecimento na economia brasileira e pediu que o governo continue a adotar medidas para enfrentar pressões como a ameaça de inflação e o excesso de crédito.
É um “alerta” que se soma à voz das forças conservadoras que conspiram contra o desenvolvimento nacional. Os sinais que estão sendo emitidos pela economia indicam outra coisa. Em junho, a produção industrial caiu 1,6% e o Dieese captou uma ligeira elevação da taxa de desemprego em sete regiões metropolitanas, de 10,9% para 11%, com a destruição de mais de 50 mil postos de trabalho no setor.
Perspectiva de recessão mundial
Em termos absolutos, isto significa cerca de 2,4 milhões de pessoas desempregadas nas regiões pesquisadas (SP, BH, PA, DF, Rio, Salvador e Recife). Não é pouco, é muito na opinião dos sindicalistas que reclamam a redução da jornada. Mas os neoliberais e os cínicos consideram que vivemos uma perigosa realidade de “pleno emprego”, certamente com saudades dos tempos de FHC, quando a taxa medida pelo Dieese chegou a superar os 20%.
A Bolsa de Valores de São Paulo, uma das mais prejudicadas pela instabilidade da economia mundial, despencou 5,72% nesta quinta e acumulou queda de 5,73% em julho. Ao lado disto, uma nova recessão mundial parece estar a caminho, em consequência dos desdobramentos da crise nos Estados Unidos e na Europa. O Brasil não é uma ilha e as perspectivas não são favoráveis ao crescimento.
Como se pode falar em superaquecimento em tais condições?
Diagnóstico falso da inflação
O relatório atribuiu o aumento das pressões inflacionárias, verificadas ao longo deste ano, ao crescimento do PIB brasileiro em 2010, à pressão de demanda e ao nível baixo de desemprego. É uma visão falsa, que serve a propósitos reacionários, já que a causa mais relevante da inflação não se situa aqui, mas no exterior.
A pressão sobre os preços, que teve origem na surpreendente valorização das commodities, não é um privilégio do Brasil, mas um problema internacional que se manifesta na China, na Índia e em muitos outros países. O fenômeno está diretamente ligado à instabilidade monetária mundial, refletida na dança das moedas, e tem por causa principal a política monetária dos EUA, que resultou num inédito derrame de dólares pelo mundo e na consequente depreciação da moeda que serve de referência para a fixação dos preços das commodities. A inflação é um processo de desvalorização da moeda e é natural que a queda do dólar resulte em inflação mundial.
Outra fonte de preocupação apontada pela instituição é a expansão do crédito. A proporção do crédito no Brasil saltou de 20% do PIB em 2004 para 46% e, de acordo com o FMI, o crédito bancário ao setor privado continua em rápida ascensão, com um aumento de 20% em abril de 2011. A verdade é que, apesar deste crescimento e dos cuidados que o sistema financeiro requer, o Brasil ainda figura como um dos países de mais baixa relação crédito-PIB no mundo.
Mais e não menos crescimento
O relatório sugere maior aperto fiscal. Ao contrário do que recomenda o Fundo, que tanto males nos causou no passado e hoje está conduzindo a Grécia e outros países europeus ao abismo, as forças progressistas em aliança com os movimentos sociais lutam por medidas que estimulem o crescimento da produção e do emprego, como a redução das taxas de juros e a jornada de 40 horas semanais.
A mudança da orientação macroeconômica ganha mais sentido diante da nova recessão que se insinua no horizonte da economia mundial em função da crise da dívida na Europa e das notórias fragilidades dos EUA. O país precisa de um controle rigoroso do câmbio e dos fluxos de capitais, como fazem China, Índia e outros países, assim como da ampliação dos investimentos públicos em detrimento do superávit primário. Também necessita sonhar, ambicionar e ter por meta taxas de crescimento do PIB mais robustas, que já foram alcançadas no passado (entre o pós guerra até 1980 a economia nacional cresceu, em média, à razão de 7% ao ano) e que muitos países asiáticos logram na atualidade.
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