"...no período de inflação alta, os ativos financeiros foram indexados à taxa diária de juros, de modo que sua variação mantinha os seus preços constantes. Além disso, com alta inflação, toda a dívida pública (LFTs) era refinanciada diariamente no overnight, pagando a taxa de juros Selic ...O Banco Central mantém esse sistema monetário, que era funcional no período de hiperinflação, até hoje....pagando ainda hoje a taxa de juros Selic, que corrige os títulos públicos de longo prazo (isso)aprisionou toda poupança nacional no mercado de moeda de curtíssimo prazo. As conseqüências dessas regras operacionais são devastadoras. O sistema bancário, para competir com o Banco Central, tem que pagar aos seus depositantes, taxas de juros mais elevadas que a Selic e ainda garantir também liquidez... O Tesouro Nacional (em contrapartida) tem um concorrente que paga a mesma taxa de juros Selic nas operações overnight, mas que ainda garante liquidez imediata aos bancos. Diante desse concorrente (o governo) não conseguirá alongar o prazo da sua dívida pública, mesmo que venha a ter superávits sistematicamente. Diante desse quadro, o BC aprisiona, na ponta curta da curva de taxa juros, praticamente toda a poupança financeira do país (...) O mercado de títulos privados de longo prazo também não tem como prosperar (...) para reduzir a taxa de juros no Brasil é preciso desmontar esse ...verdadeiro entulho herdado do período de hiperinflação' (Ioshiaki Nakano; Valor).
(Carta Maior; 4ºfeira,15/06/ 2011)
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