sexta-feira, 3 de junho de 2011

A luta contra a miséria, necessária política de governo

No discurso em que apresentou o Plano Brasil sem Miséria, nesta quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff foi ao ponto: já culparam os pobres por sua própria má sorte, disse ela, combatendo argumentos conservadores e surrados, próprios das classes dominantes retrógradas. Entre esses argumentos, pontifica o de que a pobreza dos brasileiros pode ser explicada pelo longo passado escravista de nosso país.

Mas Dilma deu o verdadeiro nome para esta realidade cínica, injusta e cruel. "Foram precisos mais de quatro séculos para que o combate à pobreza se convertesse de fato em política prioritária de governo”, disse, lembrando que foi somente no governo do ex-presidente Lula que a situação dos mais pobres passou a ser encarada como uma questão de Estado. Efetivamente, a história republicana brasileira é pontilhada de experiências de governos elitistas, conservadores, apanágios das classes dominantes opressoras, calvário do povo pobre e oprimido.

Com o novo programa social lançado nesta quinta-feira (2), a presidente aperfeiçoa a benéfica herança recebida de Lula e dá novos passos no combate à miséria. O programa anunciado, que envolve o Bolsa Família e outros programas sociais do governo federal, vai usar 20 bilhões de reais ao ano mais um crédito adicional de 1,2 bilhão em 2011 para tirar, em três anos, 16,2 milhões de brasileiros da miséria absoluta (são 8,5% do total, incluindo aqueles que vivem com uma renda per capita de 70 reais por mês).

O plano vai ampliar o atendimento do Bolsa Família, incluindo maior número de jovens hoje desatendidos, além de outras medidas. Em todo o Brasil, 16,2 milhões de pessoas vivem na miséria, o equivalente a 8,5 % da população e beneficia principalmente brasileiros que vivem no campo, sem luz, água, saneamento ou qualquer outro benefício da civilização. E atende sobretudo negros e mestiços, que constituem a enorme maioria dos pobres brasileiros.

A ação do governo dá mais um importante passo para reduzir a extrema desigualdade da qual o país é um dos campeões mundiais. E caminha num rumo onde mais passos precisam ser dados para que o país se torne de fato uma pátria justa para todos os brasileiros. O orçamento do plano corresponde a apenas uma parte daquilo que o governo gasta em juros anualmente para alimentar a ciranda da dívida e da especulação financeira que beneficia o capital monopolista-financeiro. Somente no ano passado, foram transferidos mais de 100 bilhões de reais aos especuladores desta ciranda financeira; isto é, gastou mais de cinco com os especuladores daquilo que prevê usar para combater a miséria extrema.

Dilma cumpre a promessa que fez em seu discurso de posse e consolida a inclusão do combate à pobreza como política de governo, aprofundando o as políticas iniciadas por Lula. A medida faz parte do esforço civilizatório inédito iniciado desde a posse do ex-presidente em 2003. Significa a busca do desenvolvimento da nação e de seu povo ao lutar contra uma chaga que infelicita milhões de brasileiros. E indica uma política que precisa ser fortalecida principalmente com o combate aos escandalosos privilégios de especuladores financeiros que engordam suas contas bancárias parasitando, via juros, a economia nacional.

O programa anunciado pela presidente Dilma é merecedor de todos os aplausos. É indispensável agregar que as abissais desigualdades que fazem de nosso país uma das mais cruéis ditaduras sociais do mundo contemporâneo constituem fenômeno complexo porque correspondem à vigência de um sistema intrinsecamente injusto, que é o capitalismo dependente, em cujo vértice estão as classes dominantes – a oligarquia financeira, a grande burguesia monopolista associada ao imperialismo e os latifundiários – detentores de superlucros oriundos da espoliação de milhões de brasileiros.

O Plano Brasil sem Miséria faz todo sentido, principalmente se conjugado com a luta por um Plano Nacional de Desenvolvimento com valorização do trabalho, justiça e progresso social e distribuição de renda, o que só será possível com a realização de reformas estruturais de caráter democrático, patriótico e popular. (Editorial Vermelho)

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