Brasil luta por FMI mais à 'esquerda' na sucessão de diretor-geral
Ministro da Fazenda, Guido Mantega, recebe dois candidatos a diretor-geral do Fundo Monetário Internacional e apresenta exigências em troca do voto: apoio a controle de capitais, mais fiscalização de países ricos e uma vicê-presidência para um latino-americano. Ministra da Economia da França e presidente do Banco Central do México fizeram questão de incluir Brasil no início da agenda de viagens, em sinal do prestígio internacional do país.
BRASÍLIA – Emergente “queridinho” do Fundo Monetário Internacional, o Brasil tenta empurrar o FMI mais para a “esquerda”, no processo de sucessão do ex-diretor-geral da instituição, Dominique Strauss-Kahn, afastado por suposto abuso sexual contra uma camareira. Nos últimos dias, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, recebeu dois candidatos para negociar o apoio brasileiro. E deixou claras as condições: que o futuro dirigente mantenha a posição do Fundo favorável a controle de capitais, dê uma vice-presidência para um latino-americano e fiscalize países ricos.
A lista de exigências foi apresentada por Mantega ao presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, nesta quarta-feira (01/06), e à ministra da Economia da França, Christine Lagarde, na segunda-feira (30/05). A francesa começou sua campanha pelo Brasil, e o mexicano incluiu o país logo no início das viagens - só tinha ido a Portugal e Espanha antes. Ambos apontaram a liderança internacional alcançada pelo Brasil para justificar o privilégio.
“Escolhi o Brasil porque ele é hoje um dos grandes países emergentes cujas idéias e propostas contam muito no cenário internacional”, afirmou Christine. “O Brasil tem encabeçado muitas batalhas importantes”, disse Carstens.
Para o Brasil, os elogios não bastam, porém, para arrancar apoio. É fundamental que os postulantes se comprometam a adotar posições defendidas pelo país. “É importante que haja mais de uma candidatura, porque assim temos discussão de propostas”, declarou Mantega.
Uma das reivindicações brasileiras é preservar a recente opinião simpática do Fundo à possibilidade de um país controlar entrada e saída de dólares. Essa é uma janela que o governo deseja que continue aberta para o caso de decidir enfrentar o “mercado” contra a enxurrada de moeda estrangeira que vem ao Brasil lucrar com a maior taxa de juros do planeta.
Em debate na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado no fim de abril, Guido Mantega não descartou a adoção do controle de capitais, dizendo, no entanto, que esse tipo de medida não se antecipa num debate, pois exige “caráter surepresa”.
O controle do fluxo de dólares pode ser necessário para evitar que a moeda estrangeira continue custando barato, o que afeta as exportações brasileiras. “Os países em desenvolvimento têm o direito de crescer e também de fazermos controle de capitais, quando em excesso”, afirmou Guido nesta quarta-feira, em entrevista coletiva ao lado de Carstens.
Para eventualmente controlar o fluxo de dólares, o Brasil precisaria de um volume elevado de reserva da moeda norte-americana, a fim de poder liquidar compromissos externos sem depender do capital especulativo que vem pra cá. Daí que, na sucessão no FMI, a posição sobre grandes reservas internacionais também entra nas negociações.
Outro requisito para levar o voto brasileiro é abrir a cúpula do Fundo para um representante latino-americano. “Nós queremos, sim, uma participação maior nos cargos do Fundo Monetário. É uma maneira de influenciar as decisões”, afirmou o ministro, criticando, de forma indireta, a predominância do interesse dos mais ricos na institutição.
O Brasil deseja, aliás, que o Fundo tenha, no geral, uma atitude diferente diante dos ricos. Mantega acredita que, tradicionalmente, o FMI tenta resolver problemas dos ricos ditando regras aos pobres. A atitude deveria ser no mínmima equilibrada. “O FMI mudou muito nos últimos anos, em que só fiscalizava países em desenvolvimento e dava as costas para os desenvolvidos (…) É importante que volte a fiscalizar os países avançados, ou melhor, os países que têm problemas que causam problemas nos outros”, afirmou Guido.
O Fundo anunciou dia 20 de maio como seria a sucessão de Straus-Kahn: de 23 de maio a 10 de junho, serão apresentadas candidaturas, para que haja uma espécie de decantação até que sobre uma lista tríplice. A eleição está marcada para dia 30 de junho, em Washington.
As regras anunciadas pelo FMI dizem que os candidatos podem ser de qualquer nacionalidade, e esse é um dos elementos mais importantes, sobretudo para o Brasil, no atual debate sucessório. Mantediz ga defende que que se rompa uma tradição nascida depois da Segunda Guerra Mundial que garantia o comando do FMI a um europeu. “É importante a colocação da candidatura de um emergente. Rompe uma regra antiga do FMI”, disse o ministro. “Seria um grande avanço que a escolha se desse pelo mérito, e não pela nacionalidade”, completou. (André Barrocal - CM)
A lista de exigências foi apresentada por Mantega ao presidente do Banco Central do México, Agustín Carstens, nesta quarta-feira (01/06), e à ministra da Economia da França, Christine Lagarde, na segunda-feira (30/05). A francesa começou sua campanha pelo Brasil, e o mexicano incluiu o país logo no início das viagens - só tinha ido a Portugal e Espanha antes. Ambos apontaram a liderança internacional alcançada pelo Brasil para justificar o privilégio.
“Escolhi o Brasil porque ele é hoje um dos grandes países emergentes cujas idéias e propostas contam muito no cenário internacional”, afirmou Christine. “O Brasil tem encabeçado muitas batalhas importantes”, disse Carstens.
Para o Brasil, os elogios não bastam, porém, para arrancar apoio. É fundamental que os postulantes se comprometam a adotar posições defendidas pelo país. “É importante que haja mais de uma candidatura, porque assim temos discussão de propostas”, declarou Mantega.
Uma das reivindicações brasileiras é preservar a recente opinião simpática do Fundo à possibilidade de um país controlar entrada e saída de dólares. Essa é uma janela que o governo deseja que continue aberta para o caso de decidir enfrentar o “mercado” contra a enxurrada de moeda estrangeira que vem ao Brasil lucrar com a maior taxa de juros do planeta.
Em debate na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado no fim de abril, Guido Mantega não descartou a adoção do controle de capitais, dizendo, no entanto, que esse tipo de medida não se antecipa num debate, pois exige “caráter surepresa”.
O controle do fluxo de dólares pode ser necessário para evitar que a moeda estrangeira continue custando barato, o que afeta as exportações brasileiras. “Os países em desenvolvimento têm o direito de crescer e também de fazermos controle de capitais, quando em excesso”, afirmou Guido nesta quarta-feira, em entrevista coletiva ao lado de Carstens.
Para eventualmente controlar o fluxo de dólares, o Brasil precisaria de um volume elevado de reserva da moeda norte-americana, a fim de poder liquidar compromissos externos sem depender do capital especulativo que vem pra cá. Daí que, na sucessão no FMI, a posição sobre grandes reservas internacionais também entra nas negociações.
Outro requisito para levar o voto brasileiro é abrir a cúpula do Fundo para um representante latino-americano. “Nós queremos, sim, uma participação maior nos cargos do Fundo Monetário. É uma maneira de influenciar as decisões”, afirmou o ministro, criticando, de forma indireta, a predominância do interesse dos mais ricos na institutição.
O Brasil deseja, aliás, que o Fundo tenha, no geral, uma atitude diferente diante dos ricos. Mantega acredita que, tradicionalmente, o FMI tenta resolver problemas dos ricos ditando regras aos pobres. A atitude deveria ser no mínmima equilibrada. “O FMI mudou muito nos últimos anos, em que só fiscalizava países em desenvolvimento e dava as costas para os desenvolvidos (…) É importante que volte a fiscalizar os países avançados, ou melhor, os países que têm problemas que causam problemas nos outros”, afirmou Guido.
O Fundo anunciou dia 20 de maio como seria a sucessão de Straus-Kahn: de 23 de maio a 10 de junho, serão apresentadas candidaturas, para que haja uma espécie de decantação até que sobre uma lista tríplice. A eleição está marcada para dia 30 de junho, em Washington.
As regras anunciadas pelo FMI dizem que os candidatos podem ser de qualquer nacionalidade, e esse é um dos elementos mais importantes, sobretudo para o Brasil, no atual debate sucessório. Mantediz ga defende que que se rompa uma tradição nascida depois da Segunda Guerra Mundial que garantia o comando do FMI a um europeu. “É importante a colocação da candidatura de um emergente. Rompe uma regra antiga do FMI”, disse o ministro. “Seria um grande avanço que a escolha se desse pelo mérito, e não pela nacionalidade”, completou. (André Barrocal - CM)
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Aécio Neves é denunciado por ocultar patrimônio e sonegar imposto
Recém alçado a líder máximo da oposição ao governo Dilma Rousseff, senador tucano é acusado por deputados estaduais de Minas Gerais de esconder bens para não pagar Imposto de Renda. Segundo denúncia, salário de R$ 10 mil e patrimônio declarado de R$ 600 mil não explicam viagens ao exterior, festas com celebridades, jantares em restaurantes caros e uso de carrões. Procuradoria Geral da República examina representação para decidir se abre investigação.
BRASÍLIA – A Procuradoria Geral da República (PGR) vai anunciar em breve se abrirá inquérito para investigar o enriquecimento do chefe da Casa Civil, ministro Antonio Palocci. Os adversários do governo petista acionaram-na depois da notícia de que Palocci comprou apartamento de mais de R$ 6 milhões em São Paulo, no que seria um sinal de “ostentação”. Pois a PGR também examina se é necessário apurar melhor a vida patrimonial de um outro figurão da República, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), líder máximo da oposição atualmente. O tucano entrou na mira do Ministério Público pelo motivo oposto ao de Palocci, a ocultação de bens, o que revelaria sonegação fiscal.
A denúncia de que o senador esconde patrimônio e, com isso, deixa de pagar impostos foi feita ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no dia 30 de maio, pela bancada inimiga do PSDB na Assembléia Legislativa de Minas Gerais.
O fundamento da representação é o “estilo de vida” do senador. Com o salário de R$ 10,5 mil mensais que recebeu por sete anos e quatro meses como governador mineiro, diz a representação, Aécio não teria condições de viajar onze vezes para o exterior com a família, andar de jatinho, dar festas com celebridades, frequentar restaurantes caros e comprar os carrões com que desfila em Minas e no Rio, cidades onde tem apartamentos.
Na declaração de renda apresentada à Justiça eleitoral no ano passado, quando disputou e ganhou um cadeira no Senado, Aécio Neves informou ter patrimônio de R$ 617 mil, que os acusadores dele consideram uma ficção.
“Há claramente um abismo entre o Aécio oficial e o Aécio do jet set internacional. Ele está ocultando patrimônio, e isso leva ao cometimento de sonegação fiscal”, afirma o deputado Luiz Sávio de Souza Cruz (PMDB), líder da oposição ao PSDB na Assembléia mineira e um dos signatários da representação.
Linhas de investigação
O documento sugere duas linhas de investigação à PGR na tentativa de provar que o senador estaria escondendo patrimônio para sonegar impostos, num desfiar de novelo que levaria – e isso a representação não diz - à descoberta de desvio de recursos públicos mineiros para a família Neves.
A primeira linha defende botar uma lupa na Radio Arco Íris, da qual o senador virou sócio em dezembro. Até então, a emissora era controlada apenas pela irmã de Aécio, Andrea Neves. Os denunciantes do senador estranham que a emissora tenha uma frota de doze veículos, sendo sete de luxo, e mantenha parte no Rio de Janeiro. Se a radio não produz conteúdo noticioso nem tem uma equipe de jornalistas, para que precisaria de doze veículos, ainda mais num estado em que não atua?
A hipótese levantada pela denúncia é de que se trata de um artifício para fugir de tributos – a despesa com a frota e a própria existência dela permitem pagar menos imposto de renda. Além, é claro, de garantir boa vida ao senador.
Mas há uma desconfiança maior por parte dos adversários de Aécio, não mencionada na representação. “Queremos saber se tem recurso público nessa rádio. Quanto foi que ela recebeu do governo desde 2003?”, diz o líder do PT na Assembléia, Rogério Correia, também autor da representação. “Há muito tempo que a Presidência da Assembléia impede que se vote essa proposta de abrir os repasses oficiais para a radio Arcio Iris.”
Sócia da rádio, Andrea Neves coordenou, durante todo o mandato do irmão, a área do governo de Minas responsável pela verba publicitária.
A outra linha de investigação aponta o dedo para uma das empresas da qual Aécio declarou ao fisco ser sócio, a IM Participações. A sede da empresa em Belo Horizente fica no mesmo endereço do falido banco que os pais do senador administraram no passado, o Bandeirantes. Do grupo Bandeirantes, fazia parte a Banjet Taxi Aéreo. Que vem a ser a proprietária de um jatinho avaliado em R$ 24 milhões que o senador usa com frequencia, e de graça, para viajar.
O problema, dizem os acusadores do senador, é que a Banjet tem como sócio gestor Oswaldo Borges da Costa Filho, cunhado de Aécio e presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais durante o governo do tucano.
A hipótese levantada na representação é de que teria havido uma “triangulação de patrimônio”. Aécio controlaria a Banjet por meio da IM Participação de Administração. “São essas empresas de participação quem administram inteiras fortunas, para acobertar patrimônio de particulares, que não tem como justificar contabilmente a aquisição de ativos”, afirma o texto.
Neste caso, a representação de novo não diz, mas é outra desconfiança dos denunciantes do senador, também teria havido desvio de recursos públicos mineiros, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico, para a família Neves.
Minas: 'estado de exceção'
Os adversários do senador tentam emplacar uma investigação federal contra Aécio – e por isso se apegam a questões fiscais – para contornar supostos silêncio e omissão de instituições mineiras, que estariam sob controle total do ex-governador.
“Aqui no estado nós vivemos num regime de exceção. A imprensa, o tribunal de contas, a Assembléia Legislativa são todos controlados pelo Aécio”, diz Rogério Correia. “Esse Aécio que aparece sorrindo em Brasília é o 'Aécio ternura'. Mas aqui em Minas tem um 'Aécio malvadeza'”, afirma Savio Cruz, usando expressões que no passado referiam-se ao falecido senador Antonio Carlos Magalhães.
Aécio Neves foi procurado, por meio da assessoria de imprensa, para comentar a denúncia, mas não havia respondido até o fechamento da reportagem. A Procuradoria informou, também por meio da assessoria, que não há prazo para o procurador Roberto Gurgel decidir se abre ou não a investigação contra o senador. (AB - CM)
A denúncia de que o senador esconde patrimônio e, com isso, deixa de pagar impostos foi feita ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no dia 30 de maio, pela bancada inimiga do PSDB na Assembléia Legislativa de Minas Gerais.
O fundamento da representação é o “estilo de vida” do senador. Com o salário de R$ 10,5 mil mensais que recebeu por sete anos e quatro meses como governador mineiro, diz a representação, Aécio não teria condições de viajar onze vezes para o exterior com a família, andar de jatinho, dar festas com celebridades, frequentar restaurantes caros e comprar os carrões com que desfila em Minas e no Rio, cidades onde tem apartamentos.
Na declaração de renda apresentada à Justiça eleitoral no ano passado, quando disputou e ganhou um cadeira no Senado, Aécio Neves informou ter patrimônio de R$ 617 mil, que os acusadores dele consideram uma ficção.
“Há claramente um abismo entre o Aécio oficial e o Aécio do jet set internacional. Ele está ocultando patrimônio, e isso leva ao cometimento de sonegação fiscal”, afirma o deputado Luiz Sávio de Souza Cruz (PMDB), líder da oposição ao PSDB na Assembléia mineira e um dos signatários da representação.
Linhas de investigação
O documento sugere duas linhas de investigação à PGR na tentativa de provar que o senador estaria escondendo patrimônio para sonegar impostos, num desfiar de novelo que levaria – e isso a representação não diz - à descoberta de desvio de recursos públicos mineiros para a família Neves.
A primeira linha defende botar uma lupa na Radio Arco Íris, da qual o senador virou sócio em dezembro. Até então, a emissora era controlada apenas pela irmã de Aécio, Andrea Neves. Os denunciantes do senador estranham que a emissora tenha uma frota de doze veículos, sendo sete de luxo, e mantenha parte no Rio de Janeiro. Se a radio não produz conteúdo noticioso nem tem uma equipe de jornalistas, para que precisaria de doze veículos, ainda mais num estado em que não atua?
A hipótese levantada pela denúncia é de que se trata de um artifício para fugir de tributos – a despesa com a frota e a própria existência dela permitem pagar menos imposto de renda. Além, é claro, de garantir boa vida ao senador.
Mas há uma desconfiança maior por parte dos adversários de Aécio, não mencionada na representação. “Queremos saber se tem recurso público nessa rádio. Quanto foi que ela recebeu do governo desde 2003?”, diz o líder do PT na Assembléia, Rogério Correia, também autor da representação. “Há muito tempo que a Presidência da Assembléia impede que se vote essa proposta de abrir os repasses oficiais para a radio Arcio Iris.”
Sócia da rádio, Andrea Neves coordenou, durante todo o mandato do irmão, a área do governo de Minas responsável pela verba publicitária.
A outra linha de investigação aponta o dedo para uma das empresas da qual Aécio declarou ao fisco ser sócio, a IM Participações. A sede da empresa em Belo Horizente fica no mesmo endereço do falido banco que os pais do senador administraram no passado, o Bandeirantes. Do grupo Bandeirantes, fazia parte a Banjet Taxi Aéreo. Que vem a ser a proprietária de um jatinho avaliado em R$ 24 milhões que o senador usa com frequencia, e de graça, para viajar.
O problema, dizem os acusadores do senador, é que a Banjet tem como sócio gestor Oswaldo Borges da Costa Filho, cunhado de Aécio e presidente da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais durante o governo do tucano.
A hipótese levantada na representação é de que teria havido uma “triangulação de patrimônio”. Aécio controlaria a Banjet por meio da IM Participação de Administração. “São essas empresas de participação quem administram inteiras fortunas, para acobertar patrimônio de particulares, que não tem como justificar contabilmente a aquisição de ativos”, afirma o texto.
Neste caso, a representação de novo não diz, mas é outra desconfiança dos denunciantes do senador, também teria havido desvio de recursos públicos mineiros, por meio da Companhia de Desenvolvimento Econômico, para a família Neves.
Minas: 'estado de exceção'
Os adversários do senador tentam emplacar uma investigação federal contra Aécio – e por isso se apegam a questões fiscais – para contornar supostos silêncio e omissão de instituições mineiras, que estariam sob controle total do ex-governador.
“Aqui no estado nós vivemos num regime de exceção. A imprensa, o tribunal de contas, a Assembléia Legislativa são todos controlados pelo Aécio”, diz Rogério Correia. “Esse Aécio que aparece sorrindo em Brasília é o 'Aécio ternura'. Mas aqui em Minas tem um 'Aécio malvadeza'”, afirma Savio Cruz, usando expressões que no passado referiam-se ao falecido senador Antonio Carlos Magalhães.
Aécio Neves foi procurado, por meio da assessoria de imprensa, para comentar a denúncia, mas não havia respondido até o fechamento da reportagem. A Procuradoria informou, também por meio da assessoria, que não há prazo para o procurador Roberto Gurgel decidir se abre ou não a investigação contra o senador. (AB - CM)
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O latifúndio está indo longe demais no País
Encorajados pela impunidade, os latifundiários e madeireiros brasileiros, notadamente no Norte do País, continuam tingindo de vermelho o solo daquela região. E o pior é que vem crescendo assustadoramente a barbárie ali praticada sem que nada ou praticamente nada seja feito para impedir que isso aconteça. No Norte do País as mortes são anunciadas com muita antecedência pelos camponeses, líderes sindicais, Comissão Pastoral da Terra e diversas entidades de defesa dos direitos humanos.
Somente na semana passada os pistoleiros, a serviço dos latifundiários e madeireiros, tiraram a vida de quatro trabalhadores: o casal de extrativista José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna, no Pará. Logo em seguida, na mesma localidade, o também agricultor Eremilton Pereira dos Santos, testemunha dos crimes, foi assassinado como queima de arquivo. O quarto trabalhador rural covardemente assassinato foi o líder sindical Adelino Ramos, carinhosamente chamado de Dinho, em Rondônia. Todos lutavam contra o latifúndio e em defesa da mata.
Em abril do ano passado, no município cearense de Limoeiro do Norte, na localidade de Tomé, na Chapada do Apodi, o ambientalista José Maria Filho, conhecido como Zé Maria do Tomé, foi barbaramente assassinado com nada menos de 25 tiros, mas até hoje os criminosos e os mandantes continuam impunes.
Respeitada liderança naquela região, o ambientalista já tinha sido ameaçado de morte por denunciar o uso abusivo de agrotóxico nas plantações de banana na Chapada do Apodi, fato pesquisado pelo Núcleo Tramas, da Universidade Federal do Ceará, coordenado pela médica e professora Raquel Rigotto, que constatou a presença de agrotóxico na água da região e doenças causadas pelo veneno usado. Ainda hoje a viúva Lucinda Xavier chora a morte do marido e a impunidade dos criminosos. O povo clama por justiça, mas esta não existe para os pobres.
Ontem, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará denunciaram que um sindicalista, um agricultor e dois vereadores de Nova Ipixuna seriam os próximos, de uma extensa lista, marcados para morrer. Em nota, a Fetagri afirma que madeireiros e fazendeiros disseminaram um clima de terror no assentamento Praialta/Piranheira, exatamente no local onde foram mortos José Cláudio Ribeiro da Silva , Maria do Espírito Santo no dia 24 e o Eremilton Pereira dos Santos quatro dias depois.
De acordo com a Fetagri, os quatro ameaçados de morte são o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Ipixuna, Eduardo Rodrigues da Silva; o presidente da Associação do Assentamento Praialta/Piranheira, Osmar Cruz Lima, além dos vereadores do município, João Batista Delmondes e Valdemir de Jesus Ferreira, ambos do PT. Eles passaram a integrar a lista por denunciarem grilagem de terras e extração ilegal de madeira. As famílias estão apavoradas e entram em pânico quando aparece alguém de carro ou motocicleta na comunidade. Por conta das ameaças, Eduardo Rodrigues foi aconselhado a sair por alguns tempos do assentamento. Ele estaria protegido por amigos no município paraense de Marabá.
Fiscais do IBAMA e agentes da Polícia Federal realizaram uma vistoria no último sábado no assentamento Praialta/Piranheira e comprovaram um cenário de devastação de espécies nobres de árvores, como Angelim, ipê roxo, ipê amarelo e castanheira, árvore cujo corte é proibido por lei em razão de correr risco de extinção.
Anteontem o governo federal anunciou a criação de um grupo interministerial para discutir quais medidas serão tomadas para conter a violência no campo. O anúncio foi feito após reunião comandada pelo presidente em exercício, Michel Temer, e representantes de alguns ministérios. Esse grupo será formado pelos Ministérios da Justiça, Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Secretaria de Direitos Humanos, Secretaria Geral da Presidência e Gabinete Institucional.
Segundo relato do advogado da Comissão Pastoral da Terra do Pará, José Batista Afonso, no ano passado a entidade havia entregue a lista ao ministro da Justiça. Informa ainda que, desde 1985, é feita a publicação de nomes das pessoas ameaçadas de morte e tudo isso é do conhecimento público. O que relata o advogado da CPT é alarmante: 1.588 pessoas foram assassinadas de 1985 até hoje, e que 91 mandantes dos crimes foram julgados, contudo, somente 21 foram condenados e apenas um cumpre pena, no caso Vitalmiro de Bastos, pela morte da missionária Dorothy Stang em fevereiro de 2005, em uma propriedade rural a cerca de 50 quilômetros do município de Anapu, no Pará.
O problema está na estrutura fundiária. Enquanto o governo federal não decidir realizar uma verdadeira reforma agrária, crimes semelhantes continuarão a acontecer. É inconcebível que o Brasil seja o único país das Américas a não realizar a reforma agrária. (Messias Pontes - Vermelho)
Somente na semana passada os pistoleiros, a serviço dos latifundiários e madeireiros, tiraram a vida de quatro trabalhadores: o casal de extrativista José Cláudio Ribeiro da Silva e sua mulher Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna, no Pará. Logo em seguida, na mesma localidade, o também agricultor Eremilton Pereira dos Santos, testemunha dos crimes, foi assassinado como queima de arquivo. O quarto trabalhador rural covardemente assassinato foi o líder sindical Adelino Ramos, carinhosamente chamado de Dinho, em Rondônia. Todos lutavam contra o latifúndio e em defesa da mata.
Em abril do ano passado, no município cearense de Limoeiro do Norte, na localidade de Tomé, na Chapada do Apodi, o ambientalista José Maria Filho, conhecido como Zé Maria do Tomé, foi barbaramente assassinado com nada menos de 25 tiros, mas até hoje os criminosos e os mandantes continuam impunes.
Respeitada liderança naquela região, o ambientalista já tinha sido ameaçado de morte por denunciar o uso abusivo de agrotóxico nas plantações de banana na Chapada do Apodi, fato pesquisado pelo Núcleo Tramas, da Universidade Federal do Ceará, coordenado pela médica e professora Raquel Rigotto, que constatou a presença de agrotóxico na água da região e doenças causadas pelo veneno usado. Ainda hoje a viúva Lucinda Xavier chora a morte do marido e a impunidade dos criminosos. O povo clama por justiça, mas esta não existe para os pobres.
Ontem, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Pará denunciaram que um sindicalista, um agricultor e dois vereadores de Nova Ipixuna seriam os próximos, de uma extensa lista, marcados para morrer. Em nota, a Fetagri afirma que madeireiros e fazendeiros disseminaram um clima de terror no assentamento Praialta/Piranheira, exatamente no local onde foram mortos José Cláudio Ribeiro da Silva , Maria do Espírito Santo no dia 24 e o Eremilton Pereira dos Santos quatro dias depois.
De acordo com a Fetagri, os quatro ameaçados de morte são o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Ipixuna, Eduardo Rodrigues da Silva; o presidente da Associação do Assentamento Praialta/Piranheira, Osmar Cruz Lima, além dos vereadores do município, João Batista Delmondes e Valdemir de Jesus Ferreira, ambos do PT. Eles passaram a integrar a lista por denunciarem grilagem de terras e extração ilegal de madeira. As famílias estão apavoradas e entram em pânico quando aparece alguém de carro ou motocicleta na comunidade. Por conta das ameaças, Eduardo Rodrigues foi aconselhado a sair por alguns tempos do assentamento. Ele estaria protegido por amigos no município paraense de Marabá.
Fiscais do IBAMA e agentes da Polícia Federal realizaram uma vistoria no último sábado no assentamento Praialta/Piranheira e comprovaram um cenário de devastação de espécies nobres de árvores, como Angelim, ipê roxo, ipê amarelo e castanheira, árvore cujo corte é proibido por lei em razão de correr risco de extinção.
Anteontem o governo federal anunciou a criação de um grupo interministerial para discutir quais medidas serão tomadas para conter a violência no campo. O anúncio foi feito após reunião comandada pelo presidente em exercício, Michel Temer, e representantes de alguns ministérios. Esse grupo será formado pelos Ministérios da Justiça, Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário, Secretaria de Direitos Humanos, Secretaria Geral da Presidência e Gabinete Institucional.
Segundo relato do advogado da Comissão Pastoral da Terra do Pará, José Batista Afonso, no ano passado a entidade havia entregue a lista ao ministro da Justiça. Informa ainda que, desde 1985, é feita a publicação de nomes das pessoas ameaçadas de morte e tudo isso é do conhecimento público. O que relata o advogado da CPT é alarmante: 1.588 pessoas foram assassinadas de 1985 até hoje, e que 91 mandantes dos crimes foram julgados, contudo, somente 21 foram condenados e apenas um cumpre pena, no caso Vitalmiro de Bastos, pela morte da missionária Dorothy Stang em fevereiro de 2005, em uma propriedade rural a cerca de 50 quilômetros do município de Anapu, no Pará.
O problema está na estrutura fundiária. Enquanto o governo federal não decidir realizar uma verdadeira reforma agrária, crimes semelhantes continuarão a acontecer. É inconcebível que o Brasil seja o único país das Américas a não realizar a reforma agrária. (Messias Pontes - Vermelho)
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Ladrão de Banco
Eu também já fui ladrão, confesso.
Este colunista e um amigo, a quem chamarei de Hermann, trabalhávamos em um banco privado. Começávamos o expediente às 7 da manhã, quando não mais cedo, e terminávamos, melhor dizendo, por volta das 20 horas fazíamos um breve intervalo para o outro dia. Isso, é claro, quando não demonstrávamos maiores provas de amor ao ofício estendendo a jornada até as 22 horas. Ainda assim, não chegávamos a ganhar o pão com o suor do próprio rosto, porque: a) o que ganhávamos não dava para o pão acompanhado de qualquer proteína; b) não suávamos, porque o trabalho era sob o frescor do ar-condicionado. Mas alguma coisa ganhávamos, como veremos.
Uma bela noite entrou em nossa pequena sala o gerente. Entrou com caixas de sorvete, preciosos sorvetes de frutas tropicais. Cajá, mangaba, caju... Se um gênio nos perguntasse àquela hora das 21 horas, em 1981:
- Homem, o que desejas? Vida eterna, ouro, ser amado pela maja de Goya....
Nós responderíamos, sem dúvida e sem vacilar:
- Primeiro o sorvete, gênio. E depois conversamos sobre o resto.
Quando a agência mergulhou no silêncio, eu e Hermann nem nos falamos. Eu me levantei e fui olhar, somente olhar, a cara dos sorvetes. E pelo nome na tampa, percebi que um deles era de cajá. Ora, ver é permitido. Ver não dói. Somente ver, Deus. Ora. Com artes de arrombador de cofres eu retirei a tampa da caixa. E vi a cor amarela.
Ver dói. Sorvete de cajá às 9 da noite, em dois bancários com fome, e com aquela raiva que nos possuía, com aquele ódio de classe acumulado, eu lhes digo, o cajá tem uma força maior que a do sexo. E por isso eu comandei uma assalto rápido.
- Hermann, se a gente fizer assim, eles nem vão notar.
E com isso dei o exemplo. Com uma colher fazia raspagens, retirava lâminas da superfície do cajá, rebaixava o tamanho delicadamente (tão delicado quanto um homem com fome assalta uma presa), de forma e de formas a deixar o volume do sorvete bem distribuído, em uma mesma altura. No entanto, Hermann foi com muita ambição no pote. Eu não quero incriminar o meu cúmplice, mas acredito até hoje que ele foi o culpado. Ele acabou com o sorvete!
O animal me disse depois que não pôde seguir as minhas instruções de calma, “vá com calma, Hermann, atenção, cuidado”, enquanto aquela polpa amarela, melhor que as majas de Goya, era devorada em profundas horizontais por este orientador. Sedento, ele esvaziou todo o conteúdo! O certo é que restou uma caixa vazia, que tampamos atenciosos, e com recomendações de estima retornamos a embalagem ao mesmo lugar e temperatura.
No outro dia voltou o gerente. Eu e Hermann baixamos nossas cabeças, extremamente concentrados nas somas e subtrações de valores. Em torno de nós, melhor dizendo, em nossas costas ouvimos um silêncio, aquele silêncio dos filmes de caubói que vem antes do ataque dos índios. Súbito, um grito. É agora. Eu não pude nem olhar para Hermann. Ele também nem me viu. Mergulhamos a cara nos relatórios de conta corrente.
- Quem foi que roubou o meu sorvete? Quem foi?!
As evidências nos apontavam como autores do crime. Eu e Hermann éramos os últimos a sair. Talvez também os de pior condição social e financeira do próspero Banco. Em vez do cherchez la femme, e a fêmea era aquela maravilhosa polpa amarela, os sinais anunciavam: busquem os fodidos. E por isso o gerente nos recriminou, olhando ora para mim, ora para Hermann:
- Quem rouba sorvete é ladrão. Quem rouba sorvete, assalta um banco!
O fato é que muitos anos depois desse furto soubemos que o gerente se transformara em um criminoso procurado pela polícia federal. Motivo: ele tomara conta, com excessivo zelo, de valores de clientes do Banco. Pior: assim como a fome sobre a caixa do sorvete de cajá, que começou pela superfície e foi até o fundo, o nosso Catão comera além da conta muitas aplicações de amarelo mais valioso.
Acreditem, esta história tem moral. Aliás, duas: primeira - em obediência ao ladrão que rouba ladrão, estamos há mais de 30 anos perdoados; segunda - leitor, se não for seu, não comece jamais a comer um sorvete de cajá. É irresistível. (Urariano Mota - Vermelho)
Uma bela noite entrou em nossa pequena sala o gerente. Entrou com caixas de sorvete, preciosos sorvetes de frutas tropicais. Cajá, mangaba, caju... Se um gênio nos perguntasse àquela hora das 21 horas, em 1981:
- Homem, o que desejas? Vida eterna, ouro, ser amado pela maja de Goya....
Nós responderíamos, sem dúvida e sem vacilar:
- Primeiro o sorvete, gênio. E depois conversamos sobre o resto.
Quando a agência mergulhou no silêncio, eu e Hermann nem nos falamos. Eu me levantei e fui olhar, somente olhar, a cara dos sorvetes. E pelo nome na tampa, percebi que um deles era de cajá. Ora, ver é permitido. Ver não dói. Somente ver, Deus. Ora. Com artes de arrombador de cofres eu retirei a tampa da caixa. E vi a cor amarela.
Ver dói. Sorvete de cajá às 9 da noite, em dois bancários com fome, e com aquela raiva que nos possuía, com aquele ódio de classe acumulado, eu lhes digo, o cajá tem uma força maior que a do sexo. E por isso eu comandei uma assalto rápido.
- Hermann, se a gente fizer assim, eles nem vão notar.
E com isso dei o exemplo. Com uma colher fazia raspagens, retirava lâminas da superfície do cajá, rebaixava o tamanho delicadamente (tão delicado quanto um homem com fome assalta uma presa), de forma e de formas a deixar o volume do sorvete bem distribuído, em uma mesma altura. No entanto, Hermann foi com muita ambição no pote. Eu não quero incriminar o meu cúmplice, mas acredito até hoje que ele foi o culpado. Ele acabou com o sorvete!
O animal me disse depois que não pôde seguir as minhas instruções de calma, “vá com calma, Hermann, atenção, cuidado”, enquanto aquela polpa amarela, melhor que as majas de Goya, era devorada em profundas horizontais por este orientador. Sedento, ele esvaziou todo o conteúdo! O certo é que restou uma caixa vazia, que tampamos atenciosos, e com recomendações de estima retornamos a embalagem ao mesmo lugar e temperatura.
No outro dia voltou o gerente. Eu e Hermann baixamos nossas cabeças, extremamente concentrados nas somas e subtrações de valores. Em torno de nós, melhor dizendo, em nossas costas ouvimos um silêncio, aquele silêncio dos filmes de caubói que vem antes do ataque dos índios. Súbito, um grito. É agora. Eu não pude nem olhar para Hermann. Ele também nem me viu. Mergulhamos a cara nos relatórios de conta corrente.
- Quem foi que roubou o meu sorvete? Quem foi?!
As evidências nos apontavam como autores do crime. Eu e Hermann éramos os últimos a sair. Talvez também os de pior condição social e financeira do próspero Banco. Em vez do cherchez la femme, e a fêmea era aquela maravilhosa polpa amarela, os sinais anunciavam: busquem os fodidos. E por isso o gerente nos recriminou, olhando ora para mim, ora para Hermann:
- Quem rouba sorvete é ladrão. Quem rouba sorvete, assalta um banco!
O fato é que muitos anos depois desse furto soubemos que o gerente se transformara em um criminoso procurado pela polícia federal. Motivo: ele tomara conta, com excessivo zelo, de valores de clientes do Banco. Pior: assim como a fome sobre a caixa do sorvete de cajá, que começou pela superfície e foi até o fundo, o nosso Catão comera além da conta muitas aplicações de amarelo mais valioso.
Acreditem, esta história tem moral. Aliás, duas: primeira - em obediência ao ladrão que rouba ladrão, estamos há mais de 30 anos perdoados; segunda - leitor, se não for seu, não comece jamais a comer um sorvete de cajá. É irresistível. (Urariano Mota - Vermelho)
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